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As novas tecnologias no contexto brasileiro

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1.2 A APROXIMAÇÃO DA CIÊNCIA COM A ARTE SOB A ÓTICA DA

1.3.4 As novas tecnologias no contexto brasileiro

Cientistas e ambientalistas, preocupados com o meio ambiente, tentam solucionar de maneira responsável o problema do acúmulo destes materiais nos aterros sanitários e lixões municipais, através da aplicação de metodologias de degradação ou reciclagem, bem como, o desenvolvimento dos bioplásticos, que são uma mistura de polímeros sintéticos e naturais que podem ser biodegradados (CANTO, 1999).

Conforme a Gazeta Mercantil, (2005) o projeto em tramitação no Poder Legislativo brasileiro, mencionava que o plástico biodegradável deveria substituir as embalagens PET num prazo de quatro anos. Argumenta que o Polietileno Tereftalato (PET), de alto poder de degradação ambiental, demora mais de 200 anos para se decompor quando despejado na natureza. As pesquisas propõem que os plásticos à base de materiais biopolímeros, se decomponham em torno de 100 a 132 dias após contato com um ambiente microbiologicamente ativo.

Durante o Seminário Nacional Bioplástico: uma Alternativa Viável, que aconteceu no Plenarinho da Assembléia Legislativa, foram discutidas alternativas para a substituição da produção de plástico à base de petróleo por materiais à base de vegetais como cana-de-açúcar, mamona ou milho. O deputado Giovani Cheirini, autor do projeto de lei que proíbe a utilização de embalagens à base de polietileno e polipropileno alerta que "a preservação ambiental exige a procura de produtos que não aumentem a degradação do planeta", justificou Cheirini (GAZETA MERCANTIL, 19/05/2005).

O texto também menciona que a Central de Cooperativas Nova Amafrutas, com sede em Benevides (PA), estuda a viabilidade de produzir plástico a partir do amido modificado da mandioca. O bioplástico, como é chamado, já é produzido na Europa a partir da casca da batata. Os estudos, financiados pelo governo holandês e Banco da Amazônia no valor de R$ 800 mil, estabeleceu prazo para ser concluídos (até outubro de 2005) (ibid., 2005). Trabalho feito em parceria com o Instituto de Pesquisa Holandês (IDT). Segundo G. Mercantil (2005) para a Nova Amafrutas, a produção do bioplástico a partir da mandioca pode vir a ser uma nova alternativa de mercado para a agricultura familiar no Pará (ibid., 19/05/2005).

O novo plástico biodegradável (bioplástico) feito a partir da cana-de-açúcar é visto como uma nova tecnologia que promete revolucionar o mercado do álcool e do açúcar. Segundo José

Geraldo Pradella, engenheiro químico responsável pelo projeto e chefe do Agrupamento de Biotecnologia do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de São Paulo, onde a tecnologia foi desenvolvida, esses materiais são facilmente integrados ao meio ambiente; se o bioplástico for depositado em locais adequados, como os chamados ambientes microbiologicamente ativos (solos, rios não degradados, cursos d’água saudáveis, aterros sanitários, biodigestores e usinas de compostagem), maior será a facilidade de decomposição do plástico (GAZETA MERCANTIL, 19/05/2005).

A tecnologia de produção do bioplástico está na conversão microbiológica de bactérias do gênero alcalígenes, que consomem a sacarose proveniente da cana-de-açúcar, transformam parte dela em grânulos intracelulares que são poliésteres (com propriedades semelhantes aos poliésteres advindos do petróleo) e, após passarem pelo processo de extração, separação e purificação, dão origem ao bioplástico. Através desse processo, são gerados dois tipos de plástico biodegradável: o PHB-polihidroxibutirato (destinado, principalmente, à produção de moldes injetados, ou seja, artefatos pequenos, como utensílios domésticos, escolares, frascos e embalagens para as indústrias cosméticas e alimentícias) e um copolímero de PHB/HV - polihidroxibutirato/hidroxivalerato (destinado a processos de extrusão por sopro, utilizados na produção de embalagens grandes, como as de PET) (garrafas plásticas) (STEVENS, 2002).

Explica Stevens (2002), que os polímeros naturais já possuem agentes plastificantes, contudo, durante os processos de extração e purificação essa propriedade pode alterar-se sendo necessário introduzi-la de forma a evitar um produto final frágil, ou seja, sem as características esperadas. Os bioplásticos podem ser obtidos a partir de misturas entre polímeros naturais ou biosintéticos, acrescido de um agente plastificante e eventualmente outros aditivos considerando as características do material a ser produzido (STEVENS, 2002, p.105). Os bioplásticos apresentam características semelhantes aos plásticos sintéticos, tais como maleabilidade, transparência, resistência ao uso, etc., mas diferem quanto às qualidades da biodegradação.

O bioplástico é um concorrente do plástico convencional (feito a partir de derivados do petróleo) e, apesar de ser um pouco mais caro em relação ao sintético, oferece diversos benefícios como o não impactamento do meio ambiente e não contribuição para o aumento do CO2 na atmosfera, na medida em que fecha o ciclo toda vez que se degrada. Assim, o desenvolvimento de novas tecnologias a exemplo dos plásticos verdes, os bioplásticos,

propõem qualidades biodegradáveis próprias para a compostagem e totalmente integradas à natureza, o que promovem ao meio ambiente, potencial de sustentabilidade na escala produtiva.

Segundo Stevens (2002) os bioplásticos são plásticos que são biodegradáveis, ou seja, cujos componentes são derivados inteiramente ou quase inteiramente de fonte renovável. São produtos naturais que são sintetizados e catabolizados por diversos microrganismos e que são utilizados em diversas aplicações biotecnológicas. Eles podem ser assimilados por muitas espécies (biodegradável) e não causam efeitos tóxicos (biocompatíveis). Esses produtos conferem grande vantagem em relação aos produtos sintéticos convencionais (LUENGO, 2003). A biocompatibilidade é característica de materiais que não provocam nenhum tipo de efeito tóxico, ou reações adversas no manuseio, na aplicação ou no uso do próprio produto.

Ao explicar o termo sustentabilidade considerando um enfoque mais coerente com as questões ambientais, menciona Capra (1998):

São estes então, alguns dos princípios básicos da ecologia - interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade, diversidade e, como conseqüência de todos esses, sustentabilidade. À medida que o nosso século se aproxima do seu término, e que nos aproximamos de um novo milênio, a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa capacidade de compreender esses princípios e viver em conformidade com eles (p. 235).

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