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As Organizações não-Governamentais (ONGs)

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R. S.Int – Responsabilidade Social Interna S.Ext – Responsabilidade Social Externa

2.10 As Organizações não-Governamentais (ONGs)

As Organizações Não-Governamentais – ONGs são organizações formais que

não são vinculadas ao governo e exercem uma ou mais funções sociais, sem fins lucrativos.

Atualmente as ONGs são entidades mais eficazes e maduras, com bases em ideais de cidadania. Em função dessa maturidade e da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio Ambiente – ECO 92, realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, o numero de ONGs cresceu consideravelmente.

Segundo Melo Neto e Froes (2001), as ONGs freqüentemente implementam projetos junto às populações que demandam do Estado bens e serviços. Essas populações são organizadas em movimentos sociais, os quais são delineados em projetos. Para que os projetos sociais obtenham consistência e sejam efetivados são necessárias às obtenções de recursos, a qualificação do pessoal que irá exercer suas atividades na ONG e, principalmente a avaliação constante com vistas à continuidade dessas organizações sem fins lucrativos.

Nesse contexto, as ONGs segundo a legislação vigente devem atender a no mínimo um segmento de atuação.

Brasil (1999), apud Silveira (2003), afirma os objetivos sociais a que uma ONG tem, no mínimo, por finalidade atender: promoção da assistência social; promoção da cultura; conservação e defesa do patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da educação; promoção gratuita da saúde; promoção da segurança alimentar e nutricional; defesa do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; promoção do voluntariado; combate à pobreza e promoção do desenvolvimento econômico e social; experimentação de novos modelos sócio-produtivos; assessoria jurídica com promoção de direitos estabelecidos e construção de novos direitos e promoção de valores universais.

De acordo com Melo Neto e Froes (1999, p. 20), os três segmentos de atuação tradicionais de serviços comunitários que mais crescem no Brasil são: a educação; a saúde e os serviços sociais, a cultura e recreação.

Segundo Siqueira (2003), em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais – ABONG, entidade que reúne mais de 250 ONGs, as principais áreas de atuação são: educação (52,04%), organização e participação popular (38,27%), justiça e promoção de direitos (36,37%) e fortalecimento de outras ONGs e movimentos populares (26,02%). Ainda, de acordo com dados da pesquisa, os beneficiários das ações sociais dessas entidades são: as crianças e adolescentes com 40,31%; mulheres (39,29%); população em geral (29,08%) e 25% beneficiam trabalhadores e sindicatos. Acrescenta-se que as organizações populares e movimentos sociais, são também assistidos por ONGs, totalizam 61,73%.

Em recente pesquisa realizada sob supervisão do Instituto ETHOS e do Jornal

Valor, intitulada: Atuação social das empresas: percepção do consumidor, a respeito da

atuação com dados coletados em 2004, e divulgada em 2005, as ONGs, como grupo de defesa do meio ambiente e da área social, são as instituições que gozam de maior confiança da população para trabalhar pelos interesses da sociedade. De uma amostra de 1.000, 25% dos entrevistados declararam ter muita confiança nas ONGs.

As ONGs, conforme dados da pesquisa (tabela 1) superaram outras instituições como: As Nações Unidas (17%); Sindicato de trabalhadores (16%); A imprensa e a mídia (14%); Governo Federal (12%); Grandes companhias brasileiras (12%) e Companhias internacionais no Brasil (8%), quanto a muita confiança para tratar dos interesses da sociedade. Dos pesquisados, 30% informaram que não têm nenhuma confiança nas empresas internacionais sediadas no Brasil.

A tabela 1 consolida os dados quanto ao grau de confiança do entrevistado em diversas instituições elencadas na questão para trabalhar pelos interesses da sociedade.

Tabela 1 - Instituições mais confiáveis para trabalhar pelo interesse social Por favor, diga o quanto você confia em cada uma das seguintes instituições para trabalhar pelo interesse de nossa sociedade.

Base total da amostra

(1000) confiança Muita confiança Alguma Não muita confiança Nenhuma confiança NS/NR

% % % % %

ONGs como grupo de defesa de meio ambiente e da área social 25 40 20 14 2 As Nações Unidas 17 35 19 25 3 Sindicato de trabalhadores 16 35 23 26 1 A impressa e a mídia 14 38 26 22 - Governo federal 12 42 23 23 - Grandes Companhias brasileiras 12 46 24 17 1 Companhias Internacionais no Brasil 8 31 30 30 1

Fonte: Pesquisa Instituto ETHOS (2004) – Responsabilidade social das empresas:

De acordo com o Censo Institucional – as empresas da Maré: dados do censo Maré 2000, realizado pelo CEASM e o Observatório de Favelas, com o apoio do SEBRAE/RJ, o número de ONGs encontrado foi de 12 com atividades nas comunidades do Complexo da Maré.

Correa (2003) sugere que sejam estudados casos de empresas que realizam parcerias com ONGs na realização de seus projetos sociais, a fim de analisar como essas ONGs orientam as empresas e de que maneira é escolhido o foco dos projetos sociais.

Pandolfi e Grynszpan (2003, p.162) questionam, em entrevista no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas, um líder comunitário da Maré que participou da criação da associação de moradores da Nova Holanda, quanto à atuação das ONGs na Maré. O entrevistado, morador da Maré desde 1980, responde que a primeira ONG a ser formada na Maré foi a Maré Limpa, em 1992, cujo foco inicial era o meio ambiente, mas que, posteriormente passou a gerir os Postos de Saúde que funcionavam dentro dos Cieps (Centros Integrados de Educação Pública). No caso da Maré, as necessidades da população geram os movimentos sociais os quais se transformam em ONGs que por sua vez escolhem o foco do projeto social.

Pandolfi e Grynspan (2003) classificam as ONGs em: ONGs de “dentro” e ONGs “de fora”. As ONGs de dentro são aquelas criadas e existentes na própria comunidade. Segundo os autores, dentre as diversas ONGs que atuavam na região à época da pesquisa do CPDOC, uma das mais importantes era o CEASM. O Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré – CEASM - foi criado em 1997 por moradores e ex-moradores para o desenvolvimento de projetos educativos e culturais, principalmente junto à população mais jovem. Na área cultural desenvolveu o projeto Rede Memória visando resgatar a história da Maré. Desenvolveu, também o Censo 2000 visando o conhecimento sócio-demográfico da região.

Outras ONG de dentro também eram administradas por moradores da comunidade local, como: a União Esportiva Vila Olímpica da Maré – UEVOM, responsável pela administração da Vila Olímpica; a Maré Limpa; O Centro de Integração Corpo e Mente, que oferecia atendimento psicológico e fonoaudiólogo a crianças e adolescentes.

De acordo com estes mesmos autores, o CEASM é considerado uma ONG bem- sucedida de origem local que teve, como outras, sua criação dentro da própria favela. Essas ONGs em comunidades de baixa renda passaram a gerir e executar as ações sociais comunitárias, sendo constituídas em modelos de organização e de captação de recursos. Os recursos alocados passaram a gerar no interior da comunidade benefício a todos pela implementação de projetos.

As ONGs de fora que atuavam na Maré, de acordo com os pesquisadores do CPDOC eram: Ação Comunitária do Brasil, com curso de pedreiro e de datilografia, na Vila do João; Rotary Club, com cursos de corte costura e uma oficina de serralheria; a ONG Enda Brasil e o Viva Rio, desenvolvendo projetos como o Viva Cred, a fim de financiar pequenas e micro empresas da comunidade, e ainda o Balcão dos Direitos e salas para exibição do Telecurso 2000.

Para Pandolfi e Grynszpan (2003) o fato de ser considerada uma ONG de dentro não traduz, em cada uma delas, os anseios da comunidade em projetos e a garantia do financiamento dos projetos, sendo assim prejudicadas suas possibilidades de continuidade e de crescimento. Contudo, outras ONGs passaram a ganhar visibilidade e reconhecimento pelos moradores e por parceiros por exercerem grande capacidade na

gestão de captação de recursos e execução de projetos a um número considerável de pessoas.

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