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As primeiras escolas protestantes

No documento vanessabarbosaleiteferreira (páginas 36-39)

M. Lander a Juiz de Fora

2 OS PROTESTANTES NO BRASIL

2.4 As primeiras escolas protestantes

Os primeiros estabelecimentos de ensino protestantes começaram a estabelecer-se nos tempos finais do Império, destacando-se a Escola Americana em 1870 (em São Paulo, que atendia ao ensino elementar), o Mackensie College em 1880 (desmembramento da Escola Americana), o Colégio Piracicabano em 1881 para meninas, em São Paulo, e o Colégio Americano em Porto Alegre, em 1885.

Com a separação entre a Igreja e o Estado e a laicização do ensino administrado nos estabelecimentos públicos, sobreveio a instituição do sistema de neutralidade escolar. Com o advento da República, as escolas protestantes conquistam sucessivos e rápidos progressos tanto no sentido de expansão, quanto no de comparação de seu ímpeto de renovação. Segundo

Fernando de Azevedo (1963), foi em grande parte, devido ao poder da influência de pastores e educadores protestantes que as ideias pedagógicas americanas começaram a circular no Brasil, inicialmente em São Paulo, com a fundação da Escola Americana em 1871 e a instalação do Colégio Piracicabano em 1881. Da mesma forma, elas se refletiram, como já mencionado no movimento das reformas de Leôncio de Carvalho nos anos de 1878-1879, no parecer de Rui Barbosa em 1882-1883 e nas mudanças de Caetano de Campos. Ainda, de acordo com o intelectual Fernando de Azevedo (1963, p. 620), os núcleos principais de influência tanto protestante, quanto americana assentavam-se no Colégio Granbery em Juiz de Fora, Minas Gerais, fundado em 1889, e em São Paulo, através da Escola Americana em 1871, em cuja origem surgiu o Colégio Mackensie no ano de 1886. Essas escolas, fundadas pelas igrejas Metodista e Presbiteriana, além de outras de distintas denominações protestantes, foram responsáveis pela introdução de novas propostas pedagógicas, como já sabido, colaborando sobremaneira para a educação feminina mediante a instauração de classes mistas desde 1871, nos cursos do Mackensie e em outras instituições, dando início assim, à co- educação.

Algumas considerações sobre as relações do Brasil com a nação americana são dignas de serem destacadas no último quarto do século XIX. Um surto de progresso e de prosperidade no Brasil ao lado de uma melhora social foram experimentados em diversas regiões do país a partir da década de 1860. Porém, como preço desse progresso, a nação se tornaria mais dependente do mercado do café, que já contava com os Estados Unidos como seu principal consumidor. A Inglaterra ainda ocupava o posto de primeiro lugar, como importador, ficando os Estados Unidos em terceiro, mas conquistando a passos largos o estabelecimento de seu predomínio, inclusive como exportador (BANDEIRA, 2007).

Não custou muito àquele país que se tornasse responsável pelos sucessivos superávites ocorridos no Brasil no período, o que obviamente interferia nas decisões da Monarquia. Vários projetos foram aprovados favorecendo a nação americana, o que culminou com a decisão imperial de promover a imigração em massa de americanos.

Segundo Luiz Alberto Moniz Bandeira (2007) entre 1865 e 1868, após terminada a Guerra da Secessão, cerca de 3.000 sulistas, ex-confederados, emigraram para o Brasil, atraídos pelas terras férteis. Estabeleceram-se eles no Paraná, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo, Pernambuco e Paraná. Assim, vários livros sugiram nos Estados Unidos com o propósito de estimular a emigração, sendo que os primeiros investimentos americanos no Brasil datam também da década de 1860.

A partir de 1870, as relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos melhoraram ainda mais. A visita de D.Pedro II aos Estados Unidos, em 1876, ampliou de maneira sem precedentes as relações diplomáticas entre os dois países. E, mais ainda, a aceitação pelo imperador do convite do então presidente Grant para a comemoração do centenário da Independência americana e para a visitação à Exposição de Filadélfia constituiu um triunfo inigualável da política nacional.

Tendo sido o forte relacionamento Estados Unidos-Brasil, um poderoso fator que abriu caminho para uma maior penetração dos norte-americanos no Brasil, também o foi por meio de missões religiosas. Os episcopais chegaram em 1859, os presbiterianos em 1862, e, por volta de 1869, se fundou a primeira escola protestante, denominada Colégio Internacional. Os missionários americanos logo lançaram mão da hábil estratégia de se fixarem em pontos diversificados do país, tendo em vista uma maior abrangência de seus objetivos de catequese. Estes se consumavam através da religião e do ensino. Bandeira (2007, p. 190) afirma que a ofensiva religiosa representava também “um prenúncio da expansão econômica dos Estados Unidos”.

Torna-se imprescindível concluir que os fatos sociais e culturais ocorridos, principalmente na segunda metade do século XIX, concorreram para a história da educação brasileira através da influência pedagógica americana que se fez importante motivador da criação, transformação e inovação em nossa educação. Obviamente algumas práticas não se perpetuaram, ao passo que outras foram aplicadas erroneamente, não resultando em qualquer progresso ou melhoramento. Porém, um período intenso de debates e reflexões de natureza política e educacional irrompeu dentro de um turbilhão de ideias advindas da nação americana, que contribuíram decisivamente para a valorização do professor e do aluno, direcionando-os para um significado maior do ensino e da aprendizagem.

Para Maria Lucia de Arruda Aranha (2006) não subsistia ainda no século XIX o que hoje se pode denominar como “Pedagogia brasileira”. Justifica tal fato basicamente por acreditar que, na ânsia de captar ideias novas e novos rumos para a educação, os intelectuais brasileiros se perderam em meio a ideias europeias e norte-americanas que aqui chegaram fragmentadas e distantes de uma realidade nacional. Acreditamos, que a maioria dessas “fórmulas” e concepções não estariam adequadas ao nosso país, apesar de não podermos debitar exclusivamente os fracassos das rotas escolhidas e percorridas a essas experiências e fórmulas recebidas.

No documento vanessabarbosaleiteferreira (páginas 36-39)