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História

No documento vanessabarbosaleiteferreira (páginas 49-53)

M. Lander a Juiz de Fora

3 A EDUCAÇÃO AMERICANA: HISTÓRIA E PRINCÍPIOS

3.1 História

É o objetivo da educação americana a conquista da “instrução universal”, a fim de prover o cidadão com o conhecimento e habilidades necessárias para o alcance do seu bem- estar individual e público.

A origem da nação norte-americana foi realizada pelos colonos americanos (os Settlers), que chegaram à costa leste da América do Norte no início do século XVII, quando coube ao maior grupo dos colonizadores, os Puritanos, a fundação da Colônia da Baía de Massachusetts em 1630.

Como outros imigrantes, também os Puritanos procuravam por liberdade para praticar sua religião. Acreditavam que todas as pessoas deveriam ser capazes de ler a Bíblia. Desse modo, com apenas alguns anos após sua chegada, vieram a criar um sistema de educação em sua colônia. Logo, em 1634, abriram a Latin grammar school (escola de gramática do Latim), estabelecimento de ensino que preparava para uma educação superior. Em 1636, a Universidade de Harvard foi inaugurada com o propósito de treinamento de ministros religiosos. Em 1634 e 1638, taxas foram criadas pelos Puritanos para a manutenção de escolas e, em 1642 e 1647, a Bay Colony criou uma lei determinando que todos os pais proporcionassem a seus filhos as facilidades de aprendizagem da leitura (THE UNITED STATES INFORMATION AGENCY, 1986).

Por conseguinte, os Puritanos em menos de 20 anos iniciaram duas práticas que até os dias atuais continuam alcançando a juventude americana: a obrigatoriedade da educação para todas as crianças e a obrigatoriedade de taxas públicas destinadas às escolas.

Durante os séculos XVII e XVIII, os ingleses deram continuidade ao desenvolvimento de novas colônias ao longo da costa leste do continente, com cada colônia assumindo sua própria economia, seu próprio governo e desenvolvendo suas próprias tradições culturais e religiosas, contando-se, porém, com a maioria dos grupos religiosos protestantes. Em quatro de julho de 1776 foi declarada a independência das treze colônias que, com a guerra em 1781, conquistaram sua liberdade da Inglaterra.

Dessa maneira, os Estados Unidos constituíram-se em república federativa, representada por um governo central e por representantes do povo, cuja Constituição garantia a cada estado o direito de prover a educação a seus habitantes.

Ainda no final do século XVIII, a educação elementar já se achava a cargo de cada distrito ou vila, com a permissão que havia obtido do Estado, de administrar seu ensino em nível elementar. Tais escolas, em sua maioria, deparavam-se em construções rudimentares, contando com apenas uma sala e somente um professor para todos os alunos. Era ele contratado pelos cidadãos da comunidade, ensinando o que a comunidade queria ou de que necessitasse (THE UNITED STATES INFORMATION AGENCY, 1986).

A educação requerida nos primórdios de 1800 almejava apenas o conhecimento da escrita, do nome, da aprendizagem da aritmética simples, de regras locais de conduta e da leitura.

Os primeiros colonizadores acreditavam na capacidade do letramento ou alfabetização como forma de preservação da liberdade de religião. Da mesma forma, os americanos, já no princípio do século XIX, confiavam em que a habilidade da leitura seria de extrema importância para a preservação de uma república democrática. Thomas Jefferson (1743-1823), terceiro presidente dos Estados Unidos, acreditava na excelência da educação como garantia de preservação da liberdade.

Durante seu termo presidencial entre 1801 e 1809, preconizou ele a “cruzada contra a ignorância” e a necessidade de popularização da escola elementar. E, a exemplo da Inglaterra, a expansão do ensino se deu mormente através das associações locais e das igrejas protestantes, que abraçavam como filosofia um compromisso com a alfabetização (VEIGA, 2007).

A instituição de um sistema da educação nacional padronizado foi cogitada principalmente durante a presidência de Jefferson, que, no entanto, consciente dos efeitos negativos que acarretaria uma política educacional controlada pelo governo, não deixou que nada fosse modificado.

Não obstante o controle da educação nos Estados Unidos permanecer sob a orientação dos estados e dos governos locais, muitos procedimentos educacionais levados a efeito pelo governo nacional se verificaram, além das mudanças de várias naturezas que ocorreram no país no transcurso do século XIX.

A partir desse século, o método Lancaster começou a ser utilizado. As escolas seriam administradas em associação ou por conselhos comunitários e pelo Ministério da Educação dos Estados Unidos. Este, criado em 1867, funcionava apenas quase que como um mero

compilador de estatística, devido a grande descentralização entre escola e Estado (VEIGA, 2007).

É importante ressaltar, porém, a título de futura comparação com a educação brasileira, que a difusão da escola elementar americana no século XIX envolveu apenas a população branca livre. Considerando-se que a escravidão foi abolida em 1865, e não havendo escolas interétnicas, a expansão educacional acarretou a criação de escolas para negros.

No decorrer de 1800, a população cresceu sensivelmente e, em 1850, trinta e um Estados se achavam constituídos quando o país chegava a mais de 23 milhões de habitantes, sendo que antes da segunda metade do século, a indústria, as estradas de ferro e outras estruturas sociais e econômicas cresceram rapidamente. Em consequência do progresso, grande e inesperado volume de imigrantes invadiu o país, trazendo consigo um grande número de católicos. Os recém-chegados foram responsáveis por propagar uma nova cultura social e religiosa, que, como não podia deixar de acontecer, causou profundo mal-estar aos já estabelecidos habitantes, provocando grandes tensões.

Entre 1861 e 1865, a irrupção de guerra civil dividiu o país. O Norte (União) e o Sul (Federação) se enfrentaram. Um dos resultados desse conflito foi o fim da escravidão.

Praticamente a totalidade dos eventos e mudanças que se verificaram no decorrer do século inteiro, desencadearam penetrantes e indeléveis transformações na educação americana.

A partir da primeira década de 1830, numerosos pensadores idealizaram reformas para as crescentes escolas. Horace Mann (1796-1859), secretário da educação em Massachusetts, por exemplo, planejou o aprimoramento da qualidade nas escolas e o treinamento para professores, além do direcionamento de algumas responsabilidades pedagógicas para o Estado e a ampliação das common schools (escolas públicas), quando foi fundada a primeira escola normal estatal dos Estados Unidos.

Frederick Barnard (1809-1889), tornando-se diretor da Universidade de Mississipi, introduziu ali as ciências experimentais. Do mesmo modo, foi criado em 1830, pelo educador William Russel (1798-1879) o Instituto Americano de Instrução, que se destinava à profissionalização docente, tendo sido ele também o editor de um jornal voltado para a educação denominado “American Journal of Education”, que fora fundado em 1826, e que defendia teorias educacionais utilitárias e liberais (VEIGA, 2007).

Entre 1820 e 1860, centenas de escolas de nível secundário foram abertas em todo o país. Até o século XX, o objetivo principal dessas escolas consistiu em oferecer Latim e outros cursos acadêmicos como preparação para a Faculdade.

As escolas normais se expandiram a partir do ano 1850, tendo por objetivo a profissionalização da atividade docente. No decorrer do mesmo período, escolas superiores de educação foram criadas nas universidades, como a Havard Graduate School of Education, esta com o propósito de habilitar a formação em administração escolar.

No ano de 1852, a primeira lei que garantia a obrigatoriedade da educação de seis a dezesseis anos foi promulgada em Massachusetts. Nas décadas seguintes, em virtude do regime federativo, a gratuidade e a obrigatoriedade foram sendo asseguradas gradualmente, Estado por Estado, de forma que, em 1886, transformou-se em lei em dezesseis deles. Vale relembrar que, a partir de 1917, o governo federal passou não somente a participar eficazmente como a influenciar a educação através do Smith-Hughes Act, legislação que provê fundos para escolas secundárias, destinando pelo menos a metade de seu programa para atendimento à educação vocacional.

No início do século XX, a educação em todos os Estados Unidos, que já era compulsória, experimentou as grandes mudanças que ocorreram em todo seu decurso. O filósofo John Dewey, e o educador Francis Wayland Parker se tornaram os grandes responsáveis pelo implemento da educação moderna. Disciplinas inovadoras, como história, ciências e redação, começaram a ser oferecidas, da mesma forma que cursos eletivos. Dewey e Parker advogavam que as escolas deveriam ser responsáveis pelo desenvolvimento e aplicação das habilidades especiais e específicas de cada criança, evitando métodos formais de ensino. As concepções de John Dewey, já mencionadas, foram acrescidas da crença de que cada escola devesse ser uma pequena comunidade democraticamente regida. A instrução individualizada e o “aprender fazendo” (learning by doing) foram amplamente adotados e convenientemente denominados como “educação progressiva”.

Em 1918, a Committee, uma organização de professores nomeada Associação Nacional da Educação, fixou sete novos objetivos no ensino secundário, que seriam o comando das habilidades fundamentais, vivência familiar, habilidades vocacionais, cidadania, o uso correto do leisure time (tempo livre) e conduta ética. Novos cursos foram incluídos nos currículos, tais como história, geografia, ciências e inglês. O esporte e outras atividades, após o horário escolar, também passaram a fazer parte do currículo.

No documento vanessabarbosaleiteferreira (páginas 49-53)