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As Principais Ocupações das Mulheres antes da

CAPÍTULO II – As Mulheres e a Revolução Industrial

1. As Principais Ocupações das Mulheres

1.1. As Principais Ocupações das Mulheres antes da

No início do século XVIII, as ocupações mais frequentes das mulheres, na cidade de Londres,152 eram o serviço doméstico,153 depois a confecção e o arranjo de roupas e a enfermagem. Em meados do mesmo século, a situação manteve-se inalterada, mas, durante o século XIX, tornou-se habitual as mulheres procederem

151

Deborah Gorham, The Victorian Girl and the Feminine Ideal (London: Croom Helm, 1982) 8.

152Londres, à semelhança de outras cidades inglesas, também se caracterizou pelo comércio da

prostituição, uma autêntica chaga no século XIX. Nesta cidade, as mulheres ganhavam dinheiro facilmente e a probabilidade de serem impedidas pelas autoridades policiais era fraca. O seu comportamento reflectia a própria conduta da classe social de origem.

153O serviço doméstico é anterior à industrialização, que viria a modificar as características do

trabalho, o qual passou a ser predominantemente feminino. Anteriormente, o número de homens e mulheres era semelhante, mas, no início do século XIX, as mulheres começaram a dominar: primeiro, sendo a proporção de oito para um e, posteriormente, de vinte e duas para um. Os patrões exigiam frequentemente que as/os criadas/os permanecessem solteiras/os e não tivessem filhos. O normal era o/a criado/a ser jovem e permanecer na casa do patrão após sair da casa dos pais, até se casar e constituir família. Embora o serviço doméstico existisse em todo o país, tornou- se mais habitual nas áreas urbanas, verificando-se um grande desenvolvimento, na medida em que possuir um/a criado/a passou a estar associado a prestígio social. Assim, as famílias da classe média com possibilidades financeiras contratavam pelo menos um/a criado/a, que se tornava criado/a para todo o serviço, não desfrutando de um mordomo, de um cocheiro ou de um lacaio, como as famílias da elite. Muitos/as criados/as trabalhavam para famílias que não pertenciam à aristocracia: donos de lojas, artesãos, escreventes ou comerciantes. Geralmente, estes/as criados/as eram contratados por um ano, o que fazia com que não se preocupassem com o facto de ficarem temporariamente desempregados/as. Consequentemente, muitas mulheres preferiam permanecer nesta situação a casarem-se e terem filhos. No entanto, a vida de um/a criado/a caracterizava-se pela solidão. Só muito raramente é que podiam sair da casa do patrão e acabavam por ter pouco dinheiro para gastar. (S. Steinbach 17-19.)

à limpeza das casas, cuidarem da roupa, comprarem comida e prepararem as refeições.154 Muitas mulheres trabalhavam como criadas antes do casamento, mas depois ficavam normalmente em casa; faziam todas as tarefas domésticas sozinhas, ou então recorriam à ajuda das filhas mais velhas. Assim, cozinhavam, cuidavam das roupas, limpavam a casa e cuidavam dos filhos. Uma das funções da mulher consistia em assegurar a respeitabilidade da família, o que nem sempre era fácil, pois estava dependente de muitas variáveis:

It could be judged in many ways: how conscientious a woman was about returning borrowed items; whether a family needed its female head to earn wages year-round, seasonally, or not at all; whether a couple was legally married; whether a family had a parlour in which to entertain company; whether husband or wife drank and how often; whether a family could afford Sunday clothes, sent the children to Sunday school, attended church services, or enjoyed a proper Sunday dinner; whether the children ran around the neighbourhood unsupervised or used coarse language; whether a family could afford a proper funeral (…)155

Algumas mulheres consideravam o trabalho doméstico a tempo inteiro a melhor forma de assegurar a respeitabilidade da família e condições de vida decentes, pelo facto de o tempo ser inteiramente disponibilizado para a família, até porque o trabalho feminino era mal pago nas indústrias, como já foi referido. Podiam gerir melhor o orçamento familiar e dar mais apoio aos filhos. De facto, as mulheres sentiram muitas dificuldades quando trabalhavam nas fábricas, na medida em que a conciliação da vida familiar com o trabalho passou a ser dificílima:

For women the separation of work and home and the new discipline of the factory made their diverse activities less easy to combine. The

154S. Steinbach 10. 155

factories created special problems for nursing mothers, or women with very small children. Engels describes the women rushing home in the factory break to feed their babies. Not surprisingly they stopped breast- feeding as soon as they could.156

No entanto, não foi possível para as mulheres continuarem em casa por muito mais tempo, na medida em que as condições de vida se degradaram, afigurando-se indispensável a contribuição feminina para equilibrar o orçamento familiar e garantir a subsistência, como também vimos atrás. Assim, viram-se forçadas a sair de casa e a abandonar os filhos, de forma a trabalhar nas novas unidades fabris, onde passavam o dia inteiro.

No século XVIII, a vida das mulheres não foi fácil, em parte devido à alta taxa de mortalidade que contribuiu para o aumento do número de viúvas, de mulheres abandonadas e mães solteiras. Tornou-se difícil para estas mulheres sobreviverem apenas com o seu ordenado, principalmente porque ganhavam pouco e tinham crianças a seu cargo. Nas áreas rurais, a situação agravava-se, pois a oferta de emprego tornava-se menor; um grande número das mães solteiras trabalhava como empregadas domésticas, fiandeiras, ou então, nas quintas dos agricultores. Contudo, tornava-se quase impossível manter um emprego regular e ganhar o suficiente para assegurar a subsistência da família. Nas cidades, muitas mulheres começavam um negócio, mas outras não tinham emprego, o que contribuiu para o aumento da fome, dos suicídios, do crime e da prostituição, principalmente em Londres.