• Nenhum resultado encontrado

As propostas de ações educativas voltadas para o ensino de história

CAPÍTULO III. Um herói afrocêntrico e quilombista no ensino de história

3.2. As propostas de ações educativas voltadas para o ensino de história

O Movimento Negro Unificado/MNU foi o responsável por uma série de importantes desdobramentos no campo político e cultural no âmbito dos movimentos sociais negros. Colocou na pauta da discussão política brasileira o enfretamento ao racismo, a ―ideologia do branqueamento‖ e ao ―mito da democracia racial‖. Promoveu a assunção do dia 20 de novembro como o Dia Nacional da consciência Negra e a ascensão de Zumbi dos Palmares ao panteão dos heróis brasileiros, ―como um dos líderes negros que deve ser lembrado, recontando-se a história dos diversos quilombos espalhados pelo país e das muitas revoltas organizadas pelos negros‖ (GOMES, 1997, p. 21).

Os posicionamentos do MNU trouxeram ainda a abertura de canais de comunicação entre os vários organismos negros, e entre estes e os demais grupos políticos ligados a partidos políticos, sindicatos e centrais sindicais, assim como o estabelecimento de posições quanto à forma de atuação política dos vários organismos negros. Inclusive houve aproximações com a Igreja Católica, através dos Agentes de Pastoral Negros/APNs.

Nessa perspectiva, o MNU assume, através de suas ações estruturantes, um compromisso com a revisão historiográfica que abordasse a trajetória da população negra no Brasil, levando em conta o seu protagonismo numa perspectiva afrocêntrica e quilombista, voltada para a construção da identidade negra assentada na experiência histórica do Quilombo dos Palmares e na liderança de Zumbi dos Palmares.

Outrossim, a educação foi eleita como o campo estratégico por onde esse conhecimento histórico criticado e renovado poderia se disseminar socialmente, tornando possível a estruturação de um corpus didático-pedagógico voltado para a implementação de um ensino pluricultural.

Em seu primeiro documento, a Carta de Convocação para o ato público contra o racismo do dia 7 de julho de 1978, escrito no dia 18 de junho de 1978, o Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial/MUDR, embrião do MNU, já há um sentido pedagógico da história demarcando o texto. A convocação conclama a presença do ativismo que pretende continuar protagonizando a luta contra a exploração secular sobre a população negra, lembrando que as ―entidades negras devem desempenhar o seu papel histórico em defesa da Comunidade Afro-Brasileira‖ (GONZALEZ, 1982, p. 43-44).

O Manifesto do dia 4 de novembro de 1978, lançado pelo já renomeado Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, destinado ao povo brasileiro, anuncia a

assunção de um novo marco cronológico para a história da população negra no Brasil: o dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. Anuncia o eixo fundador da ancestralidade negra brasileira: Zumbi dos Palmares. Anuncia a gênese da nação brasileira: a República Negra de Palmares, que existiu no então território pernambucano entre os anos de 1595 e 1695. Uma anunciação que visa não somente recontar a História do Brasil, mas lutar para que essa versão ganhe força e se estabeleça, a fim de que abra caminho para uma nova sociedade brasileira:

Hoje, estamos unidos numa luta de reconstrução da sociedade brasileira, apontando para uma nova ordem, onde haja a participação real e justa do negro, uma vez que somos os mais oprimido dos oprimidos; não só aqui, mas em todos os lugares onde vivemos.

Por isso negamos o 13 de maio de 1888, dia da abolição da escravatura, como um dia de libertação.

Por que? Porque nesse dia foi assinada uma lei que apenas ficou no papel, encobrindo uma situação de dominação em que até hoje o negro se encontra: JOGADO NAS FAVELAS, CORTIÇOS, ALAGADOS E INVASÕES, EMPURRADO PARA A MARGINALIDADE, A PROSTITUIÇÃO, A

MENDICÂNCIA, OS PRESÍDIOS, O DESEMPREGO E O

SUBEMPREGO e tendo sobres si ainda, o peso desumano da VIOLÊNCIA E REPRESSÃO POLICIAL.

Por isso, mantendo o espírito de lua dos quilombos, GRITAMOS contra a situação de exploração a que estamos submetidos, lutando contra o RACISMO e toda e qualquer forma de opressão existente na sociedade brasileira, e pela mobilização e organização da comunidade, visando uma REAL emancipação política, econômica, social e cultural (GONZALEZ, 1982, p. 58-59).

Na Carta de Princípios, aprovada na Assembleia Nacional, nos dias 09 e 10 de setembro de 1978, no Rio de Janeiro, o MNUCDR reitera que, entre as suas prioridades, estão a luta pela melhoria da assistência à educação, e pela ―reavaliação do papel do negro na História do Brasil‖ (GONZALEZ, 1982, p. 65-66).

Segundo Lélia Gonzalez, essas, dentre outras perspectivas, levaram os ativistas do MNUCDR a debater suas ideias em âmbito nacional e internacional, através da participação em:

a) Congressos – como o II Congresso das Culturas Negras das Américas, realizado no Panamá em 1980;

b) Seminários – ―Democracia para o Brasil‖, Nova Iorque, 1979; ―A

Mulher sob o Apartheid‖ (promovidos pela ONU), no Canadá e na

Finlândia, em 1980 (dos quais fui vice-presidente); ―Situação Política,

Econômica e Social do Brasil‖, Itália, 1981;

c) Simpósios – ―Economia e Política do Mundo Negro‖, Los Angeles,

d) Encontros – IV Encontro da Associação de Estudos Latinoamericanos, Pittsburg, 1979; Encontro Preparatório da Conferência da Década da Mulher, Suíça, 1980; II Encontro da Associação de Estudos da Herança Africana, Pittsburg, 1979;

e) Conferência – ―Os Direitos Humanos e a Missão da Mulher‖ (promovida pelo Conselho Mundial das Igrejas), Veneza, 1979; Conferência Alternativa da Década da Mulher, Copenhague, 1980; Sansões contra a África do Sul (promovida pela ONU), Paris, 1981;

f) Palestras (Estados Unidos, Europa e África: Senegal, Alto Volta e Mali), entrevistas imprensa falada, escrita e televisada dos três continentes citados), participação em manifestações (Dia da Libertação Africana, 25 de abril: vale ressaltar que o Dia Nacional da Consciência Negra, o nosso 20 de novembro, foi comemorado em Londres, em 1980) etc. (GONZALEZ, 1982, p. 61-62).

Diante da incessante busca pela interação dialógica com outras instâncias dos movimentos sociais negros e não-negros, essas ações viabilizavam a necessária troca de experiências a fim de fortalecer as iniciativas da entidade. No entanto, o intercâmbio fora fundamental para a fundação da própria entidade. Como foi o caso da participação do ativismo negro baiano no Ciclo de Palestras ―Noventa anos de abolição: uma reflexão crítica‖, e sua interação com a ativista Lélia Gonzalez.

Segundo Ana Célia Silva, já enquanto militantes do MNU, um grupo de professores ativistas, a partir da ―hipótese de que o povo negro, em sua grande parte, não se via com direitos de lutar por direitos, uma vez que se sentia desigual e dizendo saber qual o seu lugar na sociedade branca‖, criaram o Grupo de Educação Robson Silveira da Luz125

, do MNU da Bahia (SILVA, 1997, p. 32).

Segundo Ana Célia Silva:

Este grupo atuou junto às demais entidades negras, escolas oficiais públicas e particulares bem como universidades, recontando a história do negro no Brasil e na África, a história dos quilombos e das insurreições negras, evidenciando os grandes vultos ocultados pela história oficial, desmistificando democracia racial e denunciando o racismo existente em nosso país.

O trabalho nos colégios era desenvolvido com os alunos, a convite dos professores, de forma episódica, nos eventos do calendário oficial, como o 13 de maio e o dia do folclore. Pouco depois introduzimos o 20 de

125 Robson Silveira da Luz foi acusado no dia 18 de junho de 1978 de roubar frutas na feira. Foi preso e levado

para o 44º Departamento de Polícia de Guaianazes, na zona Leste de São Paulo. Ele tinha 27 anos e era negro. Torturado pelos policiais, acabou morrendo. No mesmo ano, quatro atletas negros são discriminados e, pelo fato de serem negros, são impedidos de entrarem e treinarem no Clube de Regatas Tietê, também em São Paulo. Na época, ainda de ditadura, duas mil pessoas, individualmente ou como integrantes de diversas entidades sociais de várias partes do país, protestaram contra esses crimes racistas em frente ao Teatro Municipal de São Paulo. Ali nascia o Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial (MUCDR), embrião do futuro MNU.

novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, nesse calendário, que passou a ser celebrado em várias escolas oficiais. (SILVA, 1997, p. 32).

Um importante desdobramento das ações do Grupo de Educação Robson Silveira da Luz, do MNU da Bahia foi a pressão junto à Secretaria de Educação do Estado da Bahia que resultou no desenvolvimento de um curso de especialização sobre o estudo da história e da cultura da África, destinado a professores da rede, que teve a duração de um ano. Esse curso, por sua vez, resultou na introdução da disciplina Introdução aos Estudos da História e da Cultura da África Pré-Colonial, aprovado pela portaria nº 6068, de 11 de junho de 1985, e adotada na parte diversificada dos currículos de 1º e 2º graus da Rede Pública Estadual. De acordo com Ana Célia Silva:

Essa disciplina foi ministrada durante dois anos pelos professores que haviam feito o curso. A experiência encerrou-se pela absoluta falta de apoio do governo [...] Entre os fatores de insucesso ficou patente para mim que muitos dos professores da disciplina não acreditavam que existisse racismo no Brasil. [...] Tinham enorme dificuldade em identificar o eurocentrismo do sistema de ensino brasileiro [...]. (SILVA, 1997, p. 33).

No contexto das ações do Grupo de Educação Robson Silveira da Luz, do MNU, a ativista e pedagoga Ana Célia Silva, defendeu em 1988 a sua dissertação ―Estereótipos e preconceitos em relação ao negro no livro didático de comunicação e expressão de primeiro grau nível 1‖, em razão da:

oportunidade de observar que as crianças negras e pardas auto-rejeitavam-se e rejeitavam-se mutuamente, ao mesmo tempo em que as de pele mais clara as rejeitavam ostensivamente. As professoras que presenciavam essas cenas diziam que eram coisas de crianças. (1997, p. 33).

A expansão de ações voltadas para o trabalho de formação do professor numa perspectiva pluricultural se tornaram essenciais para o ativismo negro, uma vez que, através delas, podia-se verificar a dinâmica do racismo em sala de aula e em cada disciplina, bem como experimentar quais mecanismos poderiam ser mais eficientes na luta por um processo educativo de desconstrução do racismo na escola. Segundo Ana Célia Silva:

A mediação, a ação do professor podem possibilitar a reelaboração, a análise, a crítica e a reconstrução do saber. Nesse sentido, a escola pode ser um espaço de formação de consciências críticas e participantes do processo de transformação social. Também o livro didático utilizado de forma crítica,

purificado das ideologias do recalque da diferença, pode vir a ser um instrumento poderoso de reflexão do aluno.

Nesse sentido, a escola pode não só reproduzir lógica da dominação, como também e da resistência e da luta social (GIROUX, 1983, p. 58). O que justifica investimentos na formação do professor e na expansão de escolas alternativas (1997, p. 37).

Em 1988, o MNU da Bahia e de Pernambuco organizaram em Recife/PE o VIII Encontro de Negros do Norte e Nordeste (ENNNE). O tema ―O Negro e a Educação‖, que foi debatido por diversas organizações negras do país e tratado, segundo Jesus (1997, p. 46), como se fosse o

início da luta pela reformulação do ensino no Brasil, que passa principalmente pela construção de um currículo que contemple também a cultura negra, que reverencie seus heróis, que seja instrumento de transformação do negro num cidadão deste país, também negro (JESUS, 1997, p. 46).

Para Marcos Pereira, ativista do MNU de Pernambuco, a tônica dos debates desenvolvidos neste encontro teve a preocupação de criticar veementemente a ausência da população negra na História do Brasil e na formação cultural brasileira trabalhados ―através dos meios oficiais de educação do país‖ (1988, p. 12). O MNU considerava-o um debate urgente a ser feito, por sua amplitude e profundidade. Segundo o autor, essa necessidade vinha do fato de que:

a história nega e existência do negro, da forma como ela é contada para as pessoas. Mas a educação não é só a história. É todo um processo de formação da mente do individuo, que no Brasil se processa exatamente no sentido de fazer com que o elemento não se conheça enquanto pessoa, enquanto individuo (1988, p. 12-13)

No contexto dos debates, Fátima Matos, ativista do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará/CEDENPA, fundado em 1980, apresenta uma série de propostas defendidas pela entidade que transversalizavam tanto com as pesquisas desenvolvidas pela intelectualidade negra e a parceira não-negra quanto pelas experiências do próprio movimento. Quais sejam:

01 – Incluir, o ―20 de novembro‖ como Dia Nacional da Consciência Negra, no calendário escolar.

02 – Revisão da História do Brasil por Historiadores comprometidos com a questão do negro.

03 – Revisão dos livros didáticos realizados por professores empenhados na causa do negro.

04 – Criação, nas Secretarias de Educação da rede Estadual e Municipal, de grupos de estudos voltados para discutir a questão específica do negro. 05 – Aproveitamento do material produzido pelos movimentos negros, como material didático.

[...]

07 – O movimento negro deve, junto às entidades ligadas a educação, mobilizar-se para participar no processo de discussão da Lei de Diretrizes e Bases.

08 – Inclusão nos currículos escolares de 1º e 2º graus no Estado onde

houver possibilidades, a disciplina ―História do Negro‖.

09 – Incluir em História Geral um item sobre a História da África. 10 – Garantir que no curso de magistério se discuta a questão do negro. 11 – Que se inclua nas Universidades e no Centro de Letras um

Departamento de Línguas Africanas e, no de História, a ―História da África‖.

12 – Na disciplina recreação (magistério) incluir danças e atividades lúdicas de origem Afro.

13 – Que os livros didáticos de todas as disciplinas contenham maior quantidade de ilustrações de crianças negras (1988, p. 71-72).

Essas propostas tratam, em si, sobre a busca pela qualidade das relações raciais, uma vez que elas, no âmbito da educação, possuem a mediação da família. A construção de uma intervenção educativa antirracista – seja pela educação formal ou pela educação informal − para além da sala de aula, que se estenda para a comunidade que faz parte da escola onde o trabalho seja desenvolvido, enriquece o patamar de envolvimento e contribuição desses grupos sociais para a melhoria das relações raciais. Nesse sentido, sobre a importância do dia 20 de novembro para este processo, destaca Henrique Cunha Junior:

O dia 20 de novembro é dedicado a uma reflexão sobre o passado, o presente e futuro das relações raciais do Brasil. Inspirados pelo nosso passado heróico de luta demonstrado pelo Quilombo de Palmares, os movimentos negros estão neste dia, convidando toda a sociedade brasileira a refletir sobre as condições de vida, sobre as dominações sofridas e sobre as formas de organização e resistência do povo brasileiro (CUNHA JUNIOR, 1992, p. 123).

João Balula126, ativista negro paraibano, na oportunidade, levou ao debate a contribuição da experiência com a história em quadrinhos realizada na Paraíba. No entanto, a maior contribuição do encontro, para Edson Cardoso, foram os destaques dos grupos temáticos a respeito do ―Racismo no Livro Didático‖ e da ―Introdução da História da África e

126 A fala de João Balula se encontra a pág. 74, dos Anais do VIII Encontro de Negros do Norte e Nordeste,

do Afro-Brasileiro nos currículos escolares‖. O ativista e intelectual negro defende a tese de que desse encontro saiu o embrião da Lei 10.639/2003127.

Praticamente todos os parlamentares negros, até mesmo os mais reacionários tomaram alguma iniciativa no que diz respeito às mudanças de conteúdo e introdução de novos conteúdos positivos ou que expressem uma preocupação com a História e a Cultura Afro-Brasileira e Africana. A iniciativa que vingou tem origem no Movimento Negro de Pernambuco, que encaminha um projeto para Humberto Costa128, do Partido dos Trabalhadores de Pernambuco. Este vem para Brasília como Deputado Federal e o projeto é aprovado na Comissão de Educação com a emenda de uma deputada do sul129, porque alguém tinha que fazer uma emenda, uma vez que a Comissão de Educação não aceitava mais, desde a aprovação da LDB130, que houvesse a aprovação de projetos que propusesse a introdução de disciplina. Claro, sempre que convém, o Congresso Nacional faz como fez com a língua espanhola, mais a norma é o congresso não aprovar a introdução de disciplinas. É possível, através de projetos, sugerir conteúdos. Então a emenda dela no projeto é apenas transformando o original, que propunha a criação de uma disciplina, em um projeto que propunha a

127 A Lei 10639/03 que altera Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabelece

obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica e o Parecer Nº 1/04 do CNE que estabelece as Diretrizes Curriculares das Relações Étnico-Raciais, vem exigindo modalidades de atualização continuada para educadores, tanto para repertório informativo específico como para formação de excelência na matéria, conforme almeja a regulamentação. Segundo Kabengele Munanga (2005), ―a formação de professores que não tiveram em sua base de formação a história da África, a cultura do negro no Brasil e a própria história do negro de um modo geral se constitui no problema crucial das novas leis que implementaram o ensino da disciplina nas escolas. E isso não simplesmente por causa da falta de conhecimento teórico, mas, principalmente, porque o estudo dessa temática implica no enfrentamento e derrubada do mito da democracia racial que paira sobre o imaginário da grande maioria dos professores‖. Texto completo disponível em: <http://www.reportersocial.com.br/entrevista.asp?id=60>. Acesso em: 1 maio 2011.

128 O Movimento Social Negro de Pernambuco teve uma participação importante nesse processo de construção

da Lei nº 10.639. Discussões realizadas por vários ativistas e educadores do Estado resultaram numa primeira versão do projeto de lei que, por meio da articulação da escritora a ativista negra Inaldete Pinheiro, foi apresentado e discutido com o então Deputado Estadual de Pernambuco Humberto Costa, também do Partido dos Trabalhadores. Em 1993 o projeto foi apresentado na Assembleia Legislativa, não obtendo a aprovação. Eleito Deputado Federal 1994, Humberto Costa leva a proposição para a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados onde consegue sua aprovação. Entretanto, não consegue se reeleger no pleito de 1998 afastando-se do legislativo antes que pudesse apresentar o projeto de lei na Câmara dos Deputados. Ao ser consultado, encaminha tal projeto a seus companheiros de partido. Texto disponível em: <www.ufpe.br/cead/estudosepesquisa/textos/claudilene2.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2011.

129 A parlamentar citada é Esther Pillar Grossi, que foi Deputada Federal pelo Partido dos Trabalhadores/PT, do

Rio Grande do Sul, entre 1995 e 2002, cuja atuação foi prioritariamente na área da educação.

130 A LDB é a primeira lei educacional a fornecer um conceito de educação. Sua inclusão foi uma inovação do

Projeto de Lei da Câmara dos Deputados, que o Substitutivo do Senador Darcy Ribeiro manteve e foi aprovado pelo Relatório do Deputado José Jorge. Já no primeiro artigo da LDB surge a educação num sentido abrangente, que engloba, além do processo de escolarização, a formação que ocorre na família, na escola, no trabalho e na convivência em geral. Somente, no Código Civil Brasileiro, no artigo 384, havia uma indicação semelhante, quando dizia que ―compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, 1 – Dirigir-lhes a criação e a educação‖. O Estatuto da Criança e do Adolescente, também indiretamente, confirma essa conceituação. Claro que a intenção de um projeto global não se concretizou. A LDB acabou disciplinando educação escolar e não elaborou nada específico para a educação política, moral, social, para o transito, etc. Mas não foi excluída, por que no artigo 2º da LDB busca ser fiel ao artigo 205 da Constituição, declarando que os fins da educação e m geral são ―o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho‖. Texto disponível em: <http://302284.vilabol.uol.com.br/ LDB1.htm>. Acesso em: 29 abr. 2011.

introdução de conteúdos. Mas acontece que o projeto acabou arquivado. Durante a legislatura que acabava em 2002, eu liguei diretamente para Humberto Costa, porque com a experiência que eu tive no Congresso Nacional, uma nova legislatura deve começar com o parlamentar examinando projetos que foram arquivados. E tem muita coisa boa arquivada. Como o projeto estava arquivado, eu falei com Humberto Costa que pretendia desarquivar o projeto e ele falou que era ótimo. Então, na justificativa que eu redigi, ela deixa claro que o projeto do Deputado Federal Humberto Costa esta sendo desarquivado com autorização do autor. Quando nós verificamos que havia uma emenda da Deputada Federal Ester Grossi, eu falei que não era ético. Teve uma emenda dela, então é importante chamá- la para assinar o projeto. Eu a encontrei no corredor e pedi que ela assinasse. Ela assinou sem ao menos olhar direito o que era. Então o projeto terminou sendo aprovado. É algo que se tem uma longa História, é uma coisa do