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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 AS REDES INTER-ORGANIZACIONAIS E AS EMPRESARIAIS DE

NEGÓCIOS

Etimologicamente, o termo “rede”, do Latim rete, significa teia. Loiola e Moura (1996) adotam o mesmo significado que Ferreira (1999), ou seja, que a denominação diz respeito ao entrelaçamento de fios, cordas, cordéis, arames, etc., com aberturas regulares, fixadas por malhas, formando uma espécie de tecido. Marcon e Moinet (2001) destacam que o termo originou-se nos tempos remotos da caça, quando o homem utilizava uma armadilha construída

1 Trata-se de um neologismo. Esse termo foi criado na década de 1990, como fusão das palavras

por linhas que se entrelaçavam. Os pontos de intersecções, chamados de “nós”, serviam para dar sustentação à estrutura e permitiam a qualidade do instrumento de caça.

Empregado em diversas ciências, o termo “rede” é muito abrangente e, por isso, recebe diversos significados e aplicações. Balestrin e Vargas (2004), por exemplo, explicam que no Século XIX o termo ganhou um sentido mais abstrato, passando a ser denominado como “um conjunto de nós interconectados”, definição esta, também aceita por Castells (1999).

Enfatiza-se, no entanto, que estes conceitos variam em amplitude e aplicação nas diversas áreas. No cotidiano, observam-se diversos empregos do termo, como, por exemplo, na Informática, onde “rede” é o conjunto de computadores, terminais e demais equipamentos periféricos, interconectados por linhas de comunicação. Na Arquitetura e Urbanismo, uma “rede de abastecimento” é a denominação dada ao conjunto das canalizações destinadas a distribuir água potável a uma cidade ou edificação. Na Engenharia Elétrica, “rede elétrica” é o circuito distribuidor de corrente elétrica, que serve para ligar uma fonte geradora de tensão e diversas unidades de consumo. Na Cultura Popular Brasileira do Nordeste, “rede de quatro chinelos” designa um leito balouçante, feito de tecido resistente de linho, algodão ou qualquer outra fibra e pendentes pelas extremidades terminadas em punhos ou argolas, em que dorme um casal (FERREIRA, 1999, p. 1723).

No escopo das Ciências Sociais, há uma ampla variedade de estudos sobre relações e redes inter-organizacionais, porém com limites pouco definidos, diferentes focos de pesquisa e distintos exames de desenvolvimento. A cada dia, surgem, neste escopo, novos estudos e, muitas vezes, com abordagens que estão na vanguarda desta ciência, que objetivam cobrir lacunas teóricas existentes.

Apesar do considerável incremento no volume de estudos no campo das Ciências Sociais, Oliver e Ebers (1998) discorrem que tal crescimento não assegura uma definida ou especializada acumulação do conhecimento, ou mesmo a consolidação conceitual. Ao contrário, o fato contribui, segundo eles, para “[...] uma situação mais propriamente de confusão ou de dificuldade, marcada por uma cacofonia de conceitos, de teorias e de

resultados heterogêneos de pesquisa.” (OLIVER; EBERS, 1998, p. 549)2. Observa-se, desse modo, que o campo de pesquisa é vasto, complexo e fragmentado.

Os dois autores acima citados fizeram também constatações acerca dos resultados de uma investigação em 158 artigos de periódicos que aceitam este campo do conhecimento. Dentre eles, o American Sociological Review, o Administrative Science Quarterly, o Academy of Management Journal e o Organization Studies. Eles destacaram que, mesmo quando duas vertentes distintas (das relações e das redes inter-organizacionais) têm suas diretrizes e desenvolvimentos diferenciados, é possível compartilhar interesses comuns. De acordo com os mesmos autores, estas aproximações ocorrem quando se busca identificar por que os atores forjam essas inter-relações, quais enlaces específicos e sob quais diferentes circunstâncias eles se desenvolvem, como também quais as suas conseqüências e as posições desses atores dentro do relacionamento.

Nas últimas duas décadas, observou-se uma proliferação de pesquisas sobre a temática das relações e redes inter-organizacionais. Uma característica teórico-multidisciplinar é observada por se verificar a diversidade de conceitos, bem como as diferenças nos resultados de tais pesquisas, mesmo quando aplicadas cientificamente. Neste contexto, qualquer estudo sobre redes requer cuidado e critério, antes de conceituá-las, de se observar seus resultados e como existem. Desta forma, primeiramente, procurou-se identificar os estudos que apresentassem configurações ou correntes teóricas mais consistentes.

Neste sentido, Oliver e Ebers (1998), ao investigarem a literatura mais aprofundada sobre as pesquisas em rede inter-organizacional, observaram que os pesquisadores interessados escolheram tratar as suas avaliações por meio de aproximações seletivas, concentrando seus esforços em edições ou literaturas teóricas particulares. Decidiram, então, trilhar um caminho diferente: eles ampliaram o foco do estudo dando ênfase aos grupos de conceitos e inter- relações das redes inter-organizacionais. Com esse direcionamento para os aspectos teóricos, aumentaram a quantidade e diversidade das pesquisas como objeto de estudo.

Deste modo, procuraram cobrir uma população inteira de pesquisas sobre o tema, não fazendo apenas a seleção de um subconjunto temático. Por outro lado, esta abrangência impôs um

2 “[…] the increase in the numbers of studies has contributed to a rather messy situation marked by a cacophony

custo empírico, que resultou na impossibilidade de aprofundar as discussões de resultados das pesquisas uma a uma.

Os estudos destes autores revelaram seis configurações teóricas derivadas da aplicação da técnica estatística multivariada de análise dos dados, em escalonamento multidimensional (MDS). A primeira delas apresentou as variáveis mais utilizadas ou aplicadas nos estudos da amostra (laços múltiplos, recursos imateriais e nível de análise organizacional), que foi distinguida por uma corrente comum. Entretanto, esta configuração não foi discutida com profundidade pelos autores, visto que apresentou um conjunto formado por muitas variáveis. De forma inversa à primeira, a segunda configuração compreendeu as variáveis que são menos freqüentemente estudadas na pesquisa de rede inter-organizacional. Estas duas correntes não foram objetos de investigação destes autores, devido à natureza de aspectos comuns e não distintos apresentados, o que justifica também sua ausência neste estudo. Assim, elas não figuram no Quadro 2, que apresenta as outras quatro configurações restantes, que evidenciaram perspectivas distintas no campo.

Oliver e Ebers (1998) observaram, pela aplicação da técnica estatística multidimensional, a aproximação destas configurações na ordem visualizada, conforme o Quadro 2. De acordo com eles, “[...] assim, a pesquisa da rede inter-organizacional parece forçar para os extremos entre dois pontos focais: um, a perspectiva da rede social numa ponta, e na outra, uma perspectiva de governança.” (OLIVER; EBERS, 1998, p. 568).3

3 “[…] Thus, inter-organizational network research seems to stretch out between two focal points: a social

Quadro 2 - Quatro Configurações Teóricas Distintas e Independentes da Pesquisa, a partir do MDS no Estudo de Oliver e Ebers (1998)

CONFIGURAÇÃO (1)REDES SOCIAIS (2)PODER E CONTROLE (3) INSTITUCIONALISTA (4)ECONOMIA INSTITUCIONAL E ESTRATÉGIA TEORIAS

Redes. Poder Político, Dependência de Recursos, Inter-

Trocas

Institucional Custo de Transação e Estratégia

LAÇOS (NÓS) Horizontais Políticos, Políticos Sociais Em Pares, Vertical, Posse, Contratual NÍVEIS DE

ANÁLISES

Individual Regional/Industrial Societal, Grupos de

Indivíduos Organizacional

ANTECEDENTES

Posição na

Rede Meta Consecutiva, Dependência, Conflito Densidade Organizacional, Confiança Coação de Mercado, Recursos Materiais, Estabilidade, Liberalidade de Recursos, Especificação da Propriedade RESULTADOS -- Poder/Controle, Centralização, Estabilidade, Participação Política Densidade, Conflito, Legitimidade, Extinção, Persistência, Comprometimento, Confiança, Tamanho Sucesso, Custo/Preço, Comando, Fabricação/Compra, Oportunismo. Fonte: OLIVER; EBERS, 1998, p.564.

Desta forma, estes autores concluíram que o campo de estudos das relações e redes inter- organizacionais, apesar de fragmentado, parece ser formado por um número razoavelmente limitado de configurações, de perspectivas distintas e, teoricamente, significativas.

Em outro estudo, Balestrin e Vargas (2004) procuraram consolidar os resultados obtidos por Oliver e Ebers (1998) e também por Caglio (1998), estabelecendo nove correntes teóricas, a saber: economia industrial; teoria evolucionária, ecologia populacional, contingencial; redes sociais; marxistas e críticas; dependência de recursos; custos de transação; comportamento organizacional; teoria institucional e abordagem estratégia, cujos principais aspectos estão apresentados no Quadro 3.

Quadro 3 - Principais Correntes Teóricas sobre Redes Inter-organizacionais

ABORDAGEM ENFOQUE AUTORES

Economia

Industrial Entender como as diferentes classes de custos de produção (economias de escala, escopo, especialização e experiência) explicam a eficiência das redes. R.J.Ecccles, C. Turati e D.J. Teece. Evolucionária, Populacional, Contingencial

Entender as relações e efeitos dentro da rede, sob a ótica do ambiente ou da contingência.

R. Nelson, C. Freeman e C. Oliver.

Redes Sociais

(Social Networks) Entender como a posição das firmas dentro de determinada rede pode afetar a firma individual. W.W. Powell e R.S. Burt. Marxistas e

Críticas Entender como as relações são estabelecidas dentro de uma estrutura de rede, sob a ótica do poder e da dominação.

J. A. Whitt, R. Perucci e H.R. Potter.

Dependência de Recursos

Entender o processo por meio do qual as organizações reduzem suas dependências

ambientais com uso de estratégias para aumentar o próprio poder no sistema.

J. Pfeffer e G.R. Salancik.

Custos de

Transação Evidenciar a viabilidade econômica das redes, com ênfase na redução da ineficiência de transações da organização e atores econômicos.

O. E. Williamson. Comportamento

Organizacional Estudar temas como confiança e cooperação dos atores no momento de se organizarem em redes. A. Caglio, K.R. Harrigan; W.H. Newmann; H. Simon.

Teoria Institucional Tratar a dependência de recursos de legitimação e não de recursos materiais, como um conceito central na configuração das redes.

P. DiMaggio; W. Powell; P. S. Tolbert; L. G. Zucker.

Estratégia Entender como as relações inter-organizacionais vão impactar nas estratégias das empresas e compreender como seus resultados afetam a posição estratégica e vantagem competitiva.

M. Porter, J.C. Jarrilho, J.B Quinn et al, M. Marcon e N. Moinet. Fonte: Adaptado de BALESTRIN; VARGAS, 2004.

Verifica-se, ainda, que parte da variedade, diferenças e mesmo certa confusão no campo das redes inter-organizacionais se deve à sua complexidade e ao fato de que muitas questões primárias foram parcialmente respondidas, ou ainda não obtiveram respostas. O próprio conceito de rede parece ainda estar em discussão.

Em Ciências Sociais, as redes inter-organizacionais são entendidas como formas complexas de organizações, devido à sua própria natureza. A obra de Marcon e Moinet (2001), dois pesquisadores ligados à Universidade de Poitiers, sudoeste da França, discutem as redes de atores, atores em rede e a estratégia. Propõem, ainda, a necessidade de ampliar a reflexão entre redes de relações e redes de organizações.

Estes autores observaram que as empresas, administrações, associações, clubes, escolas superiores e laboratórios universitários constituem laços profissionais nos quais os indivíduos representam as organizações. Apesar disso, “[...] esses representantes podem ser substituídos sem que os laços entre as organizações se desfaçam. Por sua função, cada um pode ser ator dessas redes variadas que constituem suportes de estratégias-redes.” (MARCON; MOINET, 2001, p. 166). As possíveis interações e laços entre Redes de Relações e Redes de Organização propostos pelos autores estão simplificados na Ilustração 1.

Ilustração 1 - Redes de Relações e Redes de Organização Fonte: MARCON; MOINET, 2001, p. 166

Neste ambiente, pode ser observado o caráter sistêmico das redes, sendo que o entendimento deste atributo está amparado pela teoria sistêmica.

A partir da Teoria dos Sistemas, Ludwig Von Bertalanffy (1968) estabeleceu que o conceito de “sistema” é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas, que decorrem de um objetivo ou propósito e da totalidade (Ibid.). A qualidade da totalidade pode ser verificada quando a ação de mudança em qualquer um dos componentes tem grande probabilidade de produzir mudanças ou alterações em todos os outros.

Redes de Organizações Rede de Afinidade Rede Profissional Rede de indivíduos, cópia de uma rede entre as organizações das quais são membros.

Laços profissionais individuais que não comprometem as organizações às quais os indivíduos pertencem.

Laços de amizade e familiares considerados em si mesmos.

Laços pessoais com indivíduos-membros de organizações em rede.

Constatam-se, então, diversas abordagens no âmbito dos sistemas das redes de relações das organizações. Pode-se, também, estender esta verificação para as empresas em rede e para as redes de negócios.

Neste ponto, abre-se um espaço para definir o que seja negócio. O seu conceito é bastante diverso na literatura e causa muita discussão. No âmbito das empresas e o seu mercado de atuação, Kotler (1998, p. 78) explica que muitas delas têm uma perspectiva de entender que o seu produto, ou principais produtos, são o seu negócio. No entanto, o autor discute que as definições mercadológicas de negócio são superiores às definições de produto. “[...] Um negócio deve ser visto como um processo de satisfação do consumidor, não um processo de produção de bens. Produtos são transitórios, mas as necessidades básicas e os grupos de consumidores permanecem para sempre.”(Ibid.).

Ainda que as empresas devam evitar o erro apontado pelo autor e aplicar o conceito exposto, faz-se necessário destacar outro engano, por vezes encontrado no mundo dos negócios: o de entender empresa como negócio. Zaccarelli et al. (2008, p. 41) explica que a empresa e o negócio não são sempre sinônimos. “[...] Uma empresa pode atuar em mais de um negócio”. No mesmo sentido, os autores enfatizam que empresas componentes de uma rede não são permanentes ao longo do tempo e ocorrem mudanças, introdução de novas empresas, fechamento ou saída de outras. Além disso, nos relacionamentos da rede ocorrem diversos vínculos e transações. Dessa maneira, a definição mais adequada é aquela que considera que o negócio é a realização de duas transações remuneráveis, uma de compra mais outra de venda que viabilizam a empresa.

Com isto, retorna-se ao caminho sobre o que é uma empresa em rede. Segundo Castells (1999, p. 191), este é um tipo de empresa que pode ser assim conceituada:

[...] aquela forma específica de empresa, cujo sistema de meios é constituído pela intersecção de segmentos de sistemas autônomos de objetivos. Assim, os componentes da rede tanto são autônomos, quanto dependentes em relação à rede e podem ser uma parte de outras redes e, portanto, de outros sistemas de meios destinados a outros objetivos.

As noções sobre redes inter-organizacionais até aqui apresentadas permitem constituir uma base para a inserção da temática das redes empresariais de negócios. Ao se analisarem as correntes teóricas discutidas e apresentadas nos Quadros 4 e 5, respectivamente, propõe-se considerar as redes empresariais de negócios situadas nas abordagens da Economia Institucional e da Estratégia, segundo Oliver e Eber (1998), e/ou da Economia Industrial e Estratégia, conforme Balestrin e Vargas (2004).

Faz-se importante ressaltar que outros autores pesquisaram o tema sob a ótica dos negócios. Em uma abordagem empresarial, Miles e Snow (1986, p. 66) observaram a capacidade de empresas de um mesmo setor criar sinergia por meio da complementaridade, o que levaria à eficiência e inovação dos processos. Estes autores as denominaram “redes dinâmicas” e “sinergia das empresas de um setor”, devido à interdependência implícita entre os competidores. De acordo com Cocco (1998, p. 18), as redes correspondem a uma relação extremamente complexa entre ambientes interno e externo, das fases de produção e distribuição, caracterizadas pela flexibilidade organizacional.

Com o intuito de estabelecer uma noção de elementos componentes de redes a partir de importantes contribuições de autores para o tema, primeiramente, procurou-se elaborar uma síntese das definições de rede inter-organizacional e dos seus componentes. Para isto, partiu- se dos estudos de Castells (1999), Oliver e Ebers (1998), Marcon e Moinet (2001), conforme apresenta o Quadro 4.

Desse modo, as abordagens de Human e Provan (1997), no Quadro 5, com estudo em redes empresariais, além de Castells (1999), Oliver e Ebers (1998), Marcon e Moinet (2001), permitiram realizar uma comparação e compilação de características das Redes de Empresas, em setor de negócios. Elaborou-se, então, uma síntese adaptada, que pode ser observada no Quadro 6.

Faz-se necessário esclarecer que, apesar da objetividade que se procurou apresentar no Quadro 6, observa-se a sobreposição de atributos do tema apresentados pelos autores. Dessa maneira, para a orientação conceitual na definição de uma rede de negócios, buscou-se da eliminação dos excessos e convergiu-se para o elencamento de nove características mais evidentes: 1) Proposta alinhada para a auto-sustentabilidade; 2) Poder de troca; 3) Posição na rede; 4) Práticas informais ou regras, utilizadas ou respeitadas pelas empresas integrantes; 5) Competências sinérgicas ou complementares; 6) Compartilhamento de recursos; 7) Co- evolução; 8) Comunicação; 9) Reciprocidade. O “atrator” da rede pode ser entendido como um fenômeno de interesses de negócios.

Quadro 4 - Discussão Teórica sobre O Que É Rede Inter-organizacional e Quais os seus Componentes

AUTORES DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICAS E FORMAS DE INTERAÇÕES

Oliver e Ebers (1998)

Atores que se inter-relacionam por aproximações de

atividades, dependência de recursos e poder político ou controle.

Posição – espaço ou posicionamento interno na Rede; Meta – capacidade de realizar metas consecutivas; Dependência e Conflito – definem níveis de poder e controle, estabelece densidade organizacional e legitimidade;

Confiança – estabelecimento de comprometimento e cooperação;

Liberalidade – flexibilidade e adaptabilidade na utilização de recursos, no direcionamento de um mercado, na estabilidade, entre outros.

Castells (1999)

Um conjunto de atores que atuam em sistema aberto, altamente dinâmico e suscetível à inovação.

Adaptabilidade e Flexibilidade – para uma cultura de construção e reconstrução contínuas e políticas para o processamento de novas crenças; busca suplantar o tempo e o espaço;

Inovação – baseia-se em ações de inovação e globalização;

Posicionamento Interno – oferece condições às empresas participantes de ganhar vantagem competitiva em sua posição relativa.

Marcon e Moinet (2001) Um conjunto de pessoas ou organizações inter- relacionadas direta ou indiretamente. Deve haver: a) recursos a trocar; b) info- estrutura (conjunto de regras de funcionamento e ética); c) infra-estrutura (meios práticos de ação – orçamento, local, comunicação, material, dentre outras).

Fluidez – capacidade de flexibilidade e adaptabilidade, que permitem efetuarem inter-relações dentro do espaço, do tempo, do ponto de vista social e do organizacional; Finalidade – razão de ser: política, religiosa, filosófica, científica, econômica, cultural e social;

Capacidade de realizar Economias Relacionais –reduz a dispersão de esforços; permite ganho de tempo – agilidade;

Capacidade de Aprendizagem – aprendizagem coletiva, ou seja, no ciclo de aprendizagem cada um evolui em função do outro. Conhecimento distribuído entre os seus atores.

Fonte: Adaptado dos autores referenciados no quadro.

As características apresentadas podem ser consideradas como componentes de uma rede empresarial de negócios. Entretanto, a distinção desses elementos pode não ser compatível com a elaboração de modelos organizacionais de redes empresariais de negócios, devido à alta complexidade e possibilidade de interações.

Quadro 5 - Discussão Teórica sobre O Que É Rede de Empresas e Quais os Seus Componentes

AUTORES DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICAS E FORMAS DE INTERAÇÕES

Human e Provan (1997)

Em pequenas e médias empresas: um grupo formado, intencionalmente orientado para o lucro e geograficamente próximas; operam em

segmento específico; compartilham entradas e saídas (inputs- outputs); empreendem inter-relações para alcançar objetivos comuns nos negócios.

Compartilhamento – a capacidade de fazer trocas Inter- Firmas;

Credibilidade Organizacional – ganho de legitimidade externa pelo fato das empresas estarem associadas em rede;

Capacidade de Acessar Recursos – facilidade dos membros para acessar novos mercados e novas idéias de produtos;

Desempenho Financeiro – a possibilidade de alcance de benefícios econômicos aos membros, em curto espaço de tempo.

Fonte: Adaptado a partir dos autores referenciados no quadro.

Este entendimento é válido quando essas redes são tratadas sob um enfoque sistêmico. Em sistemas fechados ou mesmo em subsistemas abertos bem definidos, é possível listar todas as interações e explicar a natureza (abstrata) das mesmas. No entanto, Zaccarelli et al. (2008, p. 12-37) discorrem que, ao se analisar as redes de negócios de modo a entendê-las como Sistemas Sociais Complexos, não é possível explicitar e qualificar completamente as interações entre suas partes, devido à influência do arbítrio das pessoas, que freqüentemente mudam por livre decisão.

Os autores enfatizam que na maior parte das ocasiões essas pessoas não estão conscientes de sua participação no sistema e nem da existência desse sistema. Dessa maneira, a definição precisa de todas as interações do sistema é impossível, se utilizar uma análise nos moldes atuais. “[...] A multiplicidade e a diversidade das relações humanas a determinada informação inviabilizam a caracterização de um sistema a partir do inventário de suas interações.” (ZACCARELLI et al., 2008, p. 20).

Ainda sobre a natureza sistêmica de redes e clusters de negócios, esses autores enfatizam ser necessário que uma investigação desse tipo de objeto de análise dispense a condição de levantamento das variáveis internas de suas interações. E por verificarem que, para o propósito das redes e clusters de negócios, o sentido de que o todo desses sistemas não é