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As Relações Institucionais do Processo Político de CT&I Segundo a Teoria da Agência

6. ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1. As Relações Institucionais do Processo Político de CT&I Segundo a Teoria da Agência

A Teoria da Agência considera os conflitos gerados na separação entre propriedade e controle, devido principalmente aos interesses divergentes e a informação assimétrica, em que as partes (principal e agente) passam a dispor de informações diferentes para tomada de decisão. O controle interno da burocracia pública depende da forma como são construídos, em cada sociedade, arranjos institucionais que limitem os possíveis comportamentos oportunistas dos agentes, considerando que são as instituições que organizam as relações.

A aplicabilidade de um controle interno pode contribuir para reduzir os problemas de agência que se opõem à ação de buscar o cumprimento de metas e objetivos determinados pelo agente político e transferidos à burocracia pública por meio da delegação de autoridade da administração pública.

A partir dos pressupostos da Teoria da Agência foi analisada a relação institucional entre FINEP e agência de fomento na execução do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas – PAPPE. Esta relação institucional possibilitou estabelecer, por meio de convênio, o repasse de recursos financeiros e o apoio às atividades de pesquisa e desenvolvimento de projetos tecnológicos para os setores produtivos de Minas Gerais. Da mesma forma, a relação institucional entre a agência de fomento do Estado de Minas Gerais, as instituições de ensino/pesquisa e os pesquisadores beneficiados por meio do Termo de Outorga foi devidamente investigada.

Buscou-se, com o referido objetivo específico, identificar a possibilidade de aplicação do modelo teórico “Teoria da Agência”, com vistas a analisar os instrumentos legais que suportam a relação entre a esfera federal e estadual no cumprimento de desenvolvimento de projetos tecnológicos relevantes do PAPPE para o setor produtivo de Minas Gerais.

6.2. Descrição do Convênio (PAPPE) Firmado entre as Agências Federal e Estadual de Fomento

O convênio é uma forma de ajuste entre o poder público e entidades públicas ou privadas para a realização de objetivos de interesse comum, mediante mútua colaboração. As relações institucionais estabelecidas entre os órgãos públicos (federal e estadual) não se

caracterizaram como a delegação de serviços públicos, mas como uma modalidade de fomento de forma a possibilitar que o poder público incentive a iniciativa privada de interesse público.

No estudo empírico das relações institucionais inseridas no processo de implementação de políticas de CT&I, o convênio PAPPE propôs o desenvolvimento de atividades de pesquisa e desenvolvimento por meio da relação de cooperação técnica- financeira entre FINEP e a agência de fomento do Estado de Minas Gerais com enfoque na execução de projetos tecnológicos inseridos nas diretrizes da política de ciência, tecnologia e inovação.

Como resultado de outras parcerias (PADCT III) anteriormente estabelecidas entre os órgãos federal e estadual, novamente se estabelece uma relação de mútua cooperação técnico- financeira.

A relação de cooperação foi firmada no primeiro governo de Aécio Neves, no período de 2004 a 2007, por convênio com a associação da FINEP, SECTES e agência de fomento do Estado de Minas Gerais para aproximação de empresas mineiras com instituições de ensino/pesquisa, com o intuito de gerar inovações tecnológicas no Estado de Minas Gerais.

Considerando que a Ciência e a Tecnologia se tornaram, cada vez mais, estratégicas no desenvolvimento econômico e social do Estado, o referido convênio teve por objetivo financiar atividades de pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos inovadores em fases que precedem os processos de comercialização. As atividades de pesquisa e desenvolvimento foram empreendidas por pesquisadores atuando diretamente ou em cooperação com empresas de base tecnológica sediadas no Estado de Minas Gerais, em consonância com as normas emanadas pelo Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas PAPPE/FINEP, aprovado pela Resolução da Diretoria 0198 de 22/10/2003, que é parte integrante do convênio.

A execução do convênio PAPPE ficou a cargo do MCT, representado pela FINEP, que assumiu a coordenação geral. Ao Estado de Minas Gerais, representado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES), coube a intermediação do convênio junto à agência de fomento mineira e o governo federal, objetivando compatibilizar e racionalizar políticas e programas de ciência e tecnologia para a promoção da inovação tecnológica, tendo em vista assegurar a transferência de conhecimento das instituições de ensino/pesquisa para o setor produtivo e o alcance do aumento da competitividade das empresas. Em contrapartida, à agência de fomento coube assumir o gerenciamento do PAPPE, que o fez por orientação

Dessa forma, o Estado, em atendimento às diretrizes das recentes legislações notadamente da política industrial, tecnológica e de comércio exterior – PITCE, a Lei Nacional de Inovação e do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado – PMDI enfatizou a ampliação da atuação da agência de fomento na implementação e execução do PAPPE.

A relação de cooperação presente no convênio entre os órgãos federal e estadual teve como meta proporcionar, reciprocamente, a cooperação e o apoio técnico, administrativo, financeiro e operacional essenciais na execução do PAPPE.

Mediante o cenário brasileiro, marcado há duas décadas pelo grande distanciamento em termos de desenvolvimento econômico, tecnológico e apropriação de conhecimento por meio da inovação, isto em relação aos países de mesmo nível econômico, insere no contexto do estado mineiro, a relevância do papel da CT&I para a substituição competitiva de importações e ampliação da competitividade de produtos e serviços inovadores.

Com finalidade específica, o PAPPE apoiou pesquisadores articulados com o desenvolvimento econômico e tecnológico do estado e do País, por meio do fortalecimento das empresas de base tecnológica e lançamento de produtos inovadores no mercado, atendendo às diretrizes das políticas de CT&I no estado. Dessa forma, o PAPPE propiciou o aumento do espaço de atuação profissional de pesquisadores nas diversas áreas prioritárias do programa federal.

Da mesma forma, a SECTES, desde o início da nova gestão do governo, no ano de 2004, defendia a idéia de um Estado direcionado para uma política estadual de CT&I mais pragmática e condizente com a política federal, com capacidade de promover à sociedade condições mais favoráveis no âmbito econômico, tecnológico e social. Assim, FINEP e SECTES atuaram junto a agência de fomento através de mecanismos de controle, fiscalização e sanções com duração de dois anos consecutivos.

Para a realização do PAPPE, durante o período de 2004 a 2006, foi destinado um total de R$ 12 milhões, sendo 50% repassados pela FINEP, 30% pela agência de fomento referente à contrapartida e 20% pela empresa proponente interessada no apoio financeiro para desenvolvimento de inovação tecnológica (DELGADO, 2006, p. 32).

Os recursos financeiros foram oriundos dos fundos setoriais federais, como Fundo Verde-Amarelo, CT-Biotecnologia, CT-Saúde, CT-Energia e CT-Agronegócios.

Na ocasião, a agência de fomento, juntamente com o CONECIT, se incumbiu de explorar no Estado as principais áreas a serem priorizadas, além das áreas federais previamente definidas.

Foram estabelecidas três fases para a execução do convênio. A Fase I teve duração de até três meses, com o cadastro e pré-qualificação das empresas candidatadas, do pesquisador e da proposta de projetos tecnológicos. A Fase II, com uma duração máxima de seis meses, possibilitou o apoio e a realização de estudos de viabilidade técnica, econômica e comercial dos projetos - EVTEC, com um plano de ação e identificação da estratégia de inovação sob a ótica da tecnologia a ser apresentada pela empresa. Por fim, a Fase III, com quinze meses para a execução vigorando o apoio para o desenvolvimento de novos produtos ou processos, já em vias de serem colocados no mercado (DELGADO, 2006).

O EVTEC, de acordo com o MCT, concentrou aspectos técnicos de produção e de desenvolvimento de um novo produto ou processo e enfatizou a relação destes com o mercado. Procurou-se demonstrar a empresa interessada em financiar o produto ou processo inovador se a proposta era viável, sendo, portanto, uma ferramenta muito útil no auxílio à tomada de decisão.

O ponto relevante do convênio recai sobre a agência de fomento na condição de ser a responsável pelos editais com a promoção da chamada pública para repasse do montante de recursos financeiros federais e estaduais.

Com a intenção de avaliar adequadamente as propostas do PAPPE, parâmetros de julgamento foram definidos pela FINEP, sendo complementados pelos parâmetros da agência de fomento mineira, de acordo com as condições e características locais. Dessa forma, a seleção das propostas de projetos tecnológicos, segundo a FINEP (EDITAL CHAMADA FAPEMIG N° 01/2004), foi feita tendo por base os parâmetros de avaliação agrupados em:

i. grau de inovação do projeto.

ii. potenciais impactos sociais e econômicos a serem gerados pelo projeto em âmbito local e regional.

iii. potencial mercadológico e empresarial do projeto.

iv. consistência do plano de pré-incubação ou de transferência de tecnologia apresentado.

v. adequação da metodologia proposta aos objetivos do projeto. vi. adequação do orçamento proposto aos objetivos do projeto.

vii. magnitude dos recursos financeiros oferecidos em contrapartida ao projeto por agentes públicos e/ou privados.

ix. definição da propriedade dos resultados, incluindo patentes e direitos de comercialização.

x. adequação dos procedimentos a serem adotados pelo proponente para assimilar, difundir.

xi. consistência, mérito, relevância e viabilidade técnico-orçamentária do conteúdo da proposta.

xii. clareza quanto à definição dos marcos e fatos do acompanhamento e avaliação da evolução dos trabalhos pela agência de fomento/FINEP.

xiii.exploração dos resultados, produtos e processos a serem desenvolvidos.

Com a exigência da FINEP, constituiu-se na agência de fomento, uma Comissão Especial de Julgamento para a consecução dos trabalhos de avaliação dos projetos tecnológicos. Couberam à Comissão Especial de Julgamento a avaliação do mérito e a pertinência dos projetos tecnológicos em relação à política de ciência, tecnologia e inovação no Estado de Minas Gerais. A Comissão Especial de Julgamento se compôs de quatro membros, sendo um deles da própria agência de fomento, com a intenção de manter o equilíbrio entre o viés científico e o tecnológico comercial. Os outros dois membros foram oriundos da FINEP (sede ou representações) e do sistema SEBRAE. O último membro variou de acordo com a presença das incubadoras de empresas locais, agentes de mercado, federação de indústrias locais ou empresário local convidado.

6.3. Descrição do Termo de Outorga entre Agência de Fomento, Pesquisadores e