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2. AGENDA DE POLÍTICAS DE CT&I PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO

2.2. Ministério da Ciência e Tecnologia

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) propôs nortear as diversas organizações, públicas e privadas, com pouca supervisão e controle; implementar mecanismos e instrumentos voltados para os interesses econômicos, sociais e políticos da sociedade; posicionar o governo diante da abrangência e da magnitude dos impactos dos avanços científicos e tecnológicos; e fazer com que o potencial do progresso da ciência e da tecnologia promovesse a qualidade de vida da população brasileira, com destaque para os setores da indústria, agricultura e de serviços.

A política de ciência e tecnologia visava à coordenação de políticas setoriais e as políticas nacionais, de modo a relacionar a ciência e a tecnologia ao futuro da sociedade brasileira, ao desenvolvimento econômico, ao desenvolvimento regional, aos requisitos humanos e materiais para o desenvolvimento científico, à pesquisa aplicada no setor público e na empresa nacional, à organização institucional da área no País e à participação da sociedade (MONTEIRO, 1999).

A Constituição Federal de 1988, nos artigos 218 e 219, dispõe as seguintes atribuições para o MCT:

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas.

Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos da lei federal.

Em 1991, teve início o PDACT II, concebido para injetar recursos em C&T e incorporar questões (como a da inovação tecnológica) suscitadas pelas reformas estruturais iniciadas em 1990, em particular no tocante à Política Industrial e à Política de Informática na empresa brasileira – TIB.

Em meados de 1995, ocorre a Reforma Gerencial, com foco político e administrativo e descentralização de atividades executivas, até então de exclusividade do Estado, transferindo às agências executoras e de fomento a capacidade de intervir, regular e gerir os serviços públicos prestados à sociedade. As novas diretrizes governamentais promovem em conseqüência, uma significativa reforma no setor de C&T e, assim, em 1998, novos instrumentos institucionais são criados para transformar o sistema de C&T em um sistema eficiente para inovação e/ou adaptação da tecnologia (o binômio C&T passa a incorporar a inovação com a respectiva abreviação de CT&I).

Institucionalmente, um Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) foi criado pela Lei 9.257, de 9 de janeiro de 1996, com a incumbência de propor, coordenar e regular a política e os planos governamentais com prioridades para CT&I, incluindo instrumentos e recursos, avaliação e a implementação da política de CT&I. Constitui-se, assim, a reforma do setor de CT&I, que instaura o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT III), criado pelo Governo brasileiro como instrumento complementar da política de fomento à CT&I (RESUMO DO DOCUMENTO BÁSICO PADCT, 1998).

Neste ínterim, com a introdução do conceito de inovação fortemente trabalhado pelos países desenvolvidos, os estados subnacionais convergem para uma estrutura institucional em que as secretarias de ciência e tecnologia assumem as funções de formulação de políticas e coordenação das ações, distribuindo às Fundações de Amparo (FAPs) de cada estado a operacionalização dos instrumentos de apoio e fomento a programas e projetos tecnológicos. Diante da importância dada à inovação para elevação da competitividade da base econômica, as novas fundações locais criadas, já na década seguinte, passam a referenciar CT&I na denominação de suas estruturas formais.

O objetivo do PADCT III visava, portanto, a melhoria do desempenho do setor brasileiro de C&T. Dispunha dos seguintes aspectos: i) participação crescente do setor privado no financiamento e execução de atividades de pesquisa e desenvolvimento; ii) maior formação humana e com maior qualidade em C&T para prover as necessidades da indústria e da comunidade científica; e iii) mecanismos adequados para supervisão, acompanhamento, avaliação e concepção de políticas para o setor de C&T.

Com a definição do PADCT III, as agências executoras e de fomento - FINEP, CNPq, CAPES e FAPs ingressam em parceria com o Estado para compor uma plataforma de suporte a projetos de pesquisa (CT&I) economicamente relevantes para o desenvolvimento de atividades de P&D em regiões carentes do Brasil; revisão de programas e atividades para propor planos de reforma ao CCT; monitoramento e avaliação setorial de serviços de

informação; fortalecimento dos direitos de propriedade intelectual, desenvolvimento e difusão de tecnologias e estudos de gerenciamento relacionados a tecnologia industrial básica e financiamento de projetos emergentes, imprevisíveis e sem solução com o objetivo de responder com agilidade as demandas de relevância socioeconômica.

De acordo com o PADCT III, as FAPs estaduais foram incentivadas a participar do desenvolvimento de capacidade regional de C&T e, para isso, se tornariam Agências Coparticipantes ou executoras para as subvenções de Capacidade Regional de C&T através de acordos que incluíram contribuições de recursos adicionais e responsabilidades de implementação.

A Figura 2.2 ilustra a estrutura organizacional para implementação do PADCT III com a orientação do Governo Federal estendido aos Governos Estaduais.

Entre o período de 1996 e 1999, cria-se o Plano Plurianual – PPA de CT&I do Governo Federal, com vigência de quatro anos, com as finalidades básicas de continuar o

Acordos e Convênios

Diretrizes

Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação CT&I

GOVERNO ESTADUAL GOVERNO FEDERAL

PADCT III Secretaria de CT&I

Reforma CT&I Reforma CT&I

FINEP CNPq CAPES FAPs

Programas e Projetos de Desenvolvimento Setorial/Regional (P&D)

Figura 4.1. Estrutura organizacional para implementação do PDACT III Figura 2.2. Estrutura organizacional para implementação do PDACT III.

processo de estabilização econômica, expandir o crescimento e consolidar a abertura externa. Nesse contexto, até fins de 1998, coube ao CNPq, dentre outras ações, auxiliar o Ministério na formulação, execução, acompanhamento, avaliação e difusão da política nacional de ciência e tecnologia.

Assim, a partir de 1999, o PPA, visando o fortalecimento da infra-estrutura, cria os primeiros Fundos Setoriais para apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico, estes alocados ao FNDCT. Os Fundos Setoriais referem-se aos instrumentos de financiamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação do País, sendo representado por catorze Fundos relativos a setores específicos da indústria e dois transversais. Destes, um é voltado à interação universidade-empresa (FVA – Fundo Verde-Amarelo), enquanto o outro é destinado a apoiar a melhoria da infra-estrutura de Instituição Científica e Tecnológica - ICTs (Infra- estrutura).

A criação dos Fundos Setoriais representou o estabelecimento de um novo padrão de financiamento para o setor, sendo um mecanismo inovador de estímulo ao fortalecimento do sistema de CT&I nacional. Seu objetivo era garantir a expansão e a estabilidade financeira das atividades de CT&I e criar um novo modelo de gestão com a participação de vários segmentos sociais, além de promover maior sinergia entre as universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo (FINEP, 2006).

A FINEP constituiu-se responsável pela implementação do FNDCT e passa a operar por meio de três modalidades básicas de apoio financeiro:

a) não-reembolsável que consiste no apoio financeiro concedido a instituições públicas ou organizações privadas sem fins lucrativos para que possam realizar projetos de pesquisa científica ou tecnológica ou de inovação e outro, para realizar estudos ou eventos e seminários voltados ao intercâmbio de conhecimento entre pesquisadores;

b) reembolsável que consiste no crédito concedido a instituições que demonstrem capacidade de pagamento e condições para desenvolver atividades de P&D. Os prazos de carência e amortização, assim como os encargos financeiros, variam de acordo com as características, da modalidade de financiamento, do projeto e da instituição tomadora do crédito; e

c) subvenção econômica como um instrumento de estímulo à inovação tecnológica nas empresas, mediante o qual, a União, por intermédio das agências de fomento de ciência e tecnologia, promove e incentiva a implementação de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico com a concessão de recursos financeiros (FINEP, 2006).

As modalidades de financiamento foram concedidas pela FINEP por meio da celebração de um convênio com a organização proponente, no qual são especificados os objetivos, os resultados esperados, o plano de trabalho, os indicadores de desempenho, o

cronograma de desembolso, o prazo de apresentação do relatório técnico e da prestação de contas.

A partir de 1999, portanto, novas ações são definidas para nortear e transformar a ciência, a tecnologia acrescida do fator inovação em instrumentos de sustentabilidade do desenvolvimento nacional.

Na continuidade do PADCT III, agora constituído com prioridades máximas do Governo Federal, surgem novos Planos Plurianuais (PPA), iniciados no período de 2000- 2003, compreendendo quatro eixos orientadores da estratégia nacional de CT&I, conforme apresentado na Figura 2.3.

A proposta sugere um Plano Estratégico, de acordo com as diretrizes do MCT (2006) em:

i. consolidar, aperfeiçoar e modernizar o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, expandindo a base científica e tecnológica nacional;

ii. criar um ambiente favorável à inovação no País, estimulando o setor empresarial a investir em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação;

iii. integrar todas as regiões e setores em um esforço nacional de capacitação para a ciência, a tecnologia e a inovação;

iv. desenvolver uma ampla base social de apoio à estratégia nacional de ciência, tecnologia e inovação.

No transcorrer da nova administração do Governo Federal, a partir de 2003, a reformulação da estratégia nacional de CT&I contribuiu muito para que fossem focadas as ações do MCT, que avança mais firmemente e ajustado às prioridades das políticas de desenvolvimento do Governo Federal.

Figura 2.3. Estruturação do Plano Estratégico do MCT (2003 em diante)

Fonte: Ministério da Ciência & Tecnologia – MCT (2006).

O MCT, no primeiro eixo do Plano Estratégico, volta-se para a modernização industrial com aumento da capacidade inovadora das empresas, inserção no mercado internacional e aperfeiçoamento do ambiente institucional e econômico.

O segundo eixo concentra ações estratégicas para os setores de software, semicondutores, bens de capital, fármacos e medicamentos por serem considerados setores essenciais detentores de elementos fundamentais na produção industrial.

O terceiro eixo engloba as atividades do futuro - biotecnologia, nanotecnologia e energias renováveis voltadas para promoção de novas oportunidades científicas e comerciais para o desenvolvimento brasileiro.

Mais tarde, como conseqüência da evolução dos Planos Plurianuais de CT&I, para o período de 2004-2007, novamente as ações estratégicas do MCT se configuram em novos eixos estratégicos, e propõem:

i. promover a inovação nos marcos das diretrizes da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE;

ii. viabilizar programas estratégicos que salvaguardem a soberania do País; ESTRUTURAÇÃO DO PLANO

Estratégia de desenvolvimento de longo prazo

Dimensão econômica

Dimensão social

Planejamento estratégico do MCT

Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3

Política Industrial Objetivos Estratégicos Nacionais Inclusão Social

Expansão, Consolidação e Integração do Sistema Nacional de C,T&I Programas estratégicos Ações estratégicas (2004/2007) Prioridades máximas do Governo Federal Prioridades do MCT PPA 2004/2007 II e III Conferência Nacional de C,T&I Dimensão estratégica

iii. ampliar as oportunidades de inclusão e o desenvolvimento social, especialmente nas regiões mais pobres do Brasil, com base na CT&I.

Diante das novas diretrizes políticas e industriais, em março de 2004, o Governo Federal formula e implementa uma Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior – PITCE, de longo prazo, para propiciar uma mudança do patamar competitivo da base da indústria brasileira mais focada no fortalecimento e na expansão por meio da melhoria da capacidade inovadora das empresas.