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As sílabas e os constituintes silábicos

No documento TESE 2011..8ª SÃ são final 11 5 2012 (páginas 33-37)

2.2. O que é a consciência fonológica? Noção e Constituintes (níveis)

2.2.2. As sílabas e os constituintes silábicos

As Sílabas são compostas de fonemas e são as unidades para formar as Palavras, pois estas são a junção das Sílabas. Existem casos especiais de formação das Sílabas, tais como: uma só Sílaba poderá formar uma palavra, exemplo: “rei, pé” (Silva, 1997, 2002, 2003, 2004; Sim-Sim et al., 2008; Sim-Sim, 1998, 2009; Martins, 1996, Martins e Silva, 2006; Freitas et

al., 2007; Viana, 2007, 2008; Lima, 2009).

Freitas et al. (2007) consideram que cada Sílaba tem as suas características específicas e que existem regras próprias para a sua formação.

Para a criança entender a noção de Sílaba será importante saber: a Sílaba é a junção de vários grafemas, que ocupam uma posição característica dentro da própria Sílaba.

Viana (2007) define: “ (…) A sílaba constitui uma unidade gramatical estruturadora do

conhecimento fonológico, desempenhando um papel fundamental na aquisição e no desenvolvimento das competências da leitura e da escrita” (pag.49).

Henriques (2009) ao definir - Sílaba- recorre aos estudos de Mateus, Brito, Duarte, Faria, Frota, Matos, Oliveira, Vigário e Villalva, os mesmos dizem “A sílaba é uma construção

perceptual, isto é criado no espírito do ouvinte, com propriedades específicas que não decorrem da simples segmentação fonética das sequências de segmentos. Na realidade, a sílaba tem uma estrutura interna organizada hierarquicamente.” (pag 40).

Henriques (2009) refere que facilmente se compreende que uma ou duas consoantes sozinhas (segmentos) dificilmente assumirão o seu som sem uma vogal (sílaba dupla e tripla). Pelo que existe uma relação de dependência entre as mesmas.

As vogais ora podem assumir sons abertos ou sons fechados e nasais. As vogais que têm um som mais pequeno têm a denominação de - semivogais- sem elas é impossível chegar à formação da Sílaba e assumem a nomenclatura de Núcleo.

É fácil de compreender que a Sílaba possui uma organização interior e de dependência perante os segmentos que a formam. As Sílabas diferem umas das outras conforme as diferentes posições que ocupam para se chegar ao produto final - Sílaba- que as unidades fonológicas ocupam e os constituintes internos (Ataque, Núcleo e Coda). Se a Sílaba for constituída por um único segmento, temos o - núcleo- e um único som final. (e.g. á-gua).

Na Sílaba, a rima (R) é um constituinte que é somente formado por vogais e ditongos. A consoante que antecede a rima é designada por ataque (A). Assim, a unidade Sílaba divide-se em sub-unidades principais: o ataque e a rima. Estes podem ser ou não ramificados.

A rima divide-se em núcleo (N) e coda (C). Por exemplo, na primeira Sílaba da palavra sal.ta, /s/, preenche o constituinte “Ataque” e /al/ é o constituinte “Rima”, que /a/ é o Núcleo e o /l/ é a “Coda”.

O Ataque é o constituinte da Sílaba que ora é constituído por nenhuma, uma e duas consoantes à esquerda da vogal

Existem três tipos de ataque: Ataque vazio aqui a consoante não é necessária como é o caso da palavra “á-gua”; Ataque simples só uma consoante é precisa para formar o som seguida da vogal, como é o caso da Sílaba da palavra ex.: pé; Ataque ramificado para formar um segmento são precisas duas consoantes, seguidas de uma vogal: pr.e-go.

Todas as consoantes da Língua Portuguesa podem ocorrer em ataque simples. O mesmo não acontece no ataque ramificado. Apenas algumas combinações são possíveis e estão as representadas na lista 1

Lista 7 de diversos tipos de ataque (Freitas et al., 2007).

Nas palavras “carro” ou” massa”, a segunda Sílaba é constituída por ataque ramificado. As sequências gráficas repetidas rr e ss representam, respectivamente, o som [r] e o som [s ]. Ao pedir-se à criança a translineação destas palavras, a mesma deverá ser feita: car-ro e mas- sa. Mas no caso da divisão silábica, a resposta deve ser ca-rro e ma-ssa. No ataque ramificado de nh, lh ou ch, tr, br, e os que são possíveis formar assumem um único som e precisam da vogal para serem consideradas Sílabas.

Freitas et al. (2007) recorre a Freitas e Santos e a Mateus, Falé e Freitas que definem a Rima como um constituinte silábico que engloba o núcleo e a coda. A sua existência justifica- se pelo facto de nas várias Línguas do mundo existir uma relação fonológica mais forte entre os sons da Coda e do Núcleo, perante os sons do Ataque e os do Núcleo.

Ataque ramificado oclusiva+vibrante Pr.o-va; tr.i-bo; cr.i-me Br.a-vo; dr.a-gão; a-gr.a-do oclusiva+lateral Pl.a-no; a-tl.e-ta; cl.i-ma Bl.u-sa; gl.o-bo

fricativa+vibrante Fr.i-to li-vr.o

O Núcleo é constituído pelas Rima e pela Coda. As Rimas podem ser simples quando o núcleo tem uma vogal e ramificado quando estão presentes no núcleo duas ou três vogais.

Na coda estão presentes, tal como no Ataque só consoantes. Na nossa Língua, a coda é simples, o que implica somente a existência de uma consoante.

O Núcleo será o constituinte silábico que domina a vogal da Sílaba, quer esta se encontre ou não associada a uma semivogal ou vogal que formam os ditongos. A vogal aparece logo depois do Ataque e é simples se estiver associada a uma ou duas consoantes - CV- consoante- vogal ou CCV(eg. p.i.ar ou pr.a. ia)- núcleo simples- da rima. Temos que considerar a variante dos ditongos que podem ser crescentes e decrescentes. A rima pode ter duas variantes: nas Sílabas com CGV onde domina um ditongo crescente se a semivogal estiver antes da vogal ( eg.p.ia ) e nas sílabas com CVG ou CCVG onde domina um ditongo decrescente se a semivogal se apresentar depois da vogal (eg. p.au.ta;toa.lha e compa.nh.ei.ro). Os núcleos ramificados poderão ser constituídos: ditongos que ora assumem um som crescente ou decrescente conforme a articulação, as cordas vocais e intensidade usada pelo aparelho articulatório. Aqui podemos encontrar sílabas duplas e triplas.

A Coda é o último constituinte silábico formado por consoantes e ocupam a posição à direita da vogal. A coda na Língua Portuguesa apenas assume a nomenclatura de simples. Nas outras Línguas a coda pode ser ramificada. A coda acaba por corresponder ao chamado dígrafo inverso, como por exemplo: pa.s - ta; ru.s –ga, ma. l – ga; ma .r – co. Ou seja, pode ocorrer uma sílaba com o ataque vazio seguido da rima com núcleo simples e com Coda simples assumindo o nome de Sílaba inversa.

Para melhor se compreender a complexa junção dos grafemas se chegar às Sílabas e mais tarde às palavras, segue-se a lista 2 baseada no esquema de Freitas e Santos (2001) representado em Freitas, et al. (2007):

Formação das Sílabas

Ataque Rima

vazio Ramificado (duas consoantes) Simples (só uma consoantes) Núcleo (vogais) Coda (só consoantes) Pa la vr a batr áq uio Síl ab as ba b a trá tr á qui qu i o o Pa la vr a ca m ba lh ot a Síl ab as cam c a m ba b a lho lh o ta t a Pa la vr a pe ix in ho Síl ab as pei p ei xi x i nho nh o Pa la vr a pa pe l Síl ab as pa p a pel p e l

Lista 8. Formação das Sílabas

A criança terá de dominar os sons das consoantes e os seus correspondentes respectivos grafemas. Terá de perceber o papel importante das vogais e dos diferentes sons que ocupam na Língua Portuguesa, que a levam á consciência fonológica e ao complexo processo da aquisição da leitura e escrita.

As vogais imprescindíveis neste processo assumem vários sons conforme a posição que ocupam na Rima e outros sons quando estão acompanhadas de acentos graves, agudos, tils e acentos circunflexos. Acabam por ser as regras de fala e leitura da própria Língua Alfabética e a criança vai processando-a e adquirindo-a no seu longo percurso para adquirir a leitura.

2.2.3.Dimensões de consciência linguística: a consciência de palavra, consciência

No documento TESE 2011..8ª SÃ são final 11 5 2012 (páginas 33-37)