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As Submissões à CLPC

No documento Dissertação ASPAL PILAV 137721 BAPTISTA (páginas 116-119)

3.3 UNCLOS e as Fronteiras no Ártico

3.3.7 As Submissões à CLPC

Com exceção dos USA que ainda não ratificaram a UNCLOS111 (Wright, 2012; KATIGBAK, 2014), todos os restantes estados circumpolares a incluíram na sua legislação. Com efeito, tal como representado na figura com que iniciamos este subcapítulo, face à existência de áreas que não se encontram, por enquanto, sob jurisdição de qualquer Estado, não é praticável para os EUA apresentar uma proposta à CLPC, ao contrário dos restantes atores circumpolares, cujas submissões112 para a extensão da suas PC se têm sucedido ao longo da última década113 (UN, 2014).

Enquanto Estado pioneiro, a 20 de dezembro de 2001, a Rússia fez uma apresentação através do Secretário-Geral das Nações Unidas para a CLPC com vista à extensão da sua PC além do limite das 200NM, tendo sido aconselhada pela Comissão uma revisão da sua delimitação relativa ao Ártico (UN, 2009).

111

Aquando das primeiras negociações da UNCLOS, o presidente norte-americano Ronald Reagan decidiu não se juntar à Convenção por entender que esta poria em causa os interesses dos EUA. Ao longo dos anos, os EUA têm ficado mais próximos da Convenção, o que conduziu à sua assinatura em 1994 e à tentativa de ratificação em 2007 por George W. Bush, não conseguida por oposição republicana no Senado, por se entender que a adesão prejudicaria a soberania e liberdade, nomeadamente em ações militares no Pacífico, por parte dos EUA. Hoje, poderá estar mais próxima a concretização deste passo pelos EUA, face à pressão crescente sobre o Senado, tanto pelo Presidente Barack Obama como pelos líderes militares norte americanos, o que certamente traria mais e novas mudanças para a região alvo do nosso estudo.

112

Apenas consideramos as que se referiam a áreas compreendidas na região do Oceano Ártico. Com efeito, propostas apresentadas por estados ribeirinhos do Ártico referentes a outras zonas no globo não foram aqui contempladas uma vez que não vão ao encontro do objeto de estudo.

113

Apenas a título de curiosidade, para além dos 5 estados aqui considerados, também a Islândia apresentou em 2009 uma proposta parcial relativa ao limite da sua PC na bacia de Ægir, encontrando-se a aguardar as recomendações da CLPC.

Identicamente, o Reino da Noruega, a 27 de novembro de 2006, apresentou à CLPC as informações sobre os limites da plataforma continental além das 200 NM. A sua proposta referia-se a três regiões: Mar de Barents, Bacia ocidental de Nansen e “Banana Hole” no Mar da Noruega.

Relativamente ao “Banana Hole”, a proposta da Noruega colidia com as pretensões da Islândia e Dinamarca. Contudo, no mesmo ano, foram previamente celebrados acordos entre os referidos estados, referentes à delimitação da parte sul, e em 2008 à definição da fronteira marítima entre a Gronelândia e o Arquipélago de Svalbard (RAAEN, 2008) persistindo, no entanto, as disputas na restante área. É ainda de salientar a existência confirmada de reservas de recursos energéticos nesta área, pelo que se vislumbra a resolução de um acordo relativamente a esta fronteira, que não comprometa a sua exploração, não envolvendo meios coercivos.

No que concerne à Bacia Ocidental de Nansen, situada no Oceano Ártico, após as recomendações da CLPC decorrentes da submissão da proposta da Noruega a este organismo, os estados concordaram em abandonar as suas intensões de extensão das respetivas PC (RAAEN, 2008).

O principal atrito nesta área, reside na divergência com a Rússia, no que concerne ao limite Este encontrando-se, porém, a decorrer negociações entre os dois estados. Neste sentido e tendo em conta os desenvolvimentos ocorridos entre estes dois atores no Mar de Barents, será expectável uma resolução diplomática deste conflito de interesses, através de um acordo bilateral.

Em Dezembro de 2013, o Canadá submeteu à CLPC uma apresentação parcial, manifestando a sua intenção de apresentar em data posterior informações acerca dos limites da sua PC no Oceano Ártico, que se estendem para além das 200NM e, nas cordilheiras Alpha e Lomonosov, para além da restrição das 350NM, encontrando-se a aguardar as recomendações por parte da Comissão (UN, 2014a).

em conjunto com o Governo da Gronelândia, tendo apresentado propostas parciais114, referentes à extensão da plataforma continental norte da Gronelândia e encontrando-se presentemente a aguardar um parecer115 da CLPC (UN, 2014).

Primeiramente, o Reino da Dinamarca, a 26 de Novembro de 2013, submeteu uma apresentação parcial a este órgão, relativa ao limite exterior do nordeste da PC da Gronelândia. A delimitação proposta cria, no entanto, uma área de sobreposição com a PC da Noruega de cerca de 140 NM2 (UN, 2014c), de acordo com o que havia sido recomendado pela CLPC a este Estado anteriormente, o que significa que 2.450 NM2 de leito do mar, futuramente, também fariam parte da sua área (DURHAM UNIVERSITY, 2014).

Na segunda apresentação parcial, também referente à PC da Gronelândia, submetida a 15 de Dezembro 2014, pode ler-se que a cordilheira de Lomonosov, que atravessa o centro do Oceano Ártico, é morfológica e geologicamente parte integrante da margem continental norte deste território (UN, 2015). Neste sentido, o Reino da Dinamarca, conjuntamente com a Gronelândia, procuram definir uma fronteira que abrange a cordilheira e se estende até ao limite exterior da ZEE da Rússia, o que, sumariamente, se traduz por uma distância superior a 1000NM desde ponto mais próximo da costa da

Groenlândia116 (DURHAM UNIVERSITY, 2014).

A submissão prevê ainda a possível sobreposição com uma futura proposta que possa ser apresentada pelo Canadá ou pelos USA. Neste sentido, o sumário executivo ressalva que a Dinamarca consultou os referidos estados a respeito desta sua proposta, referindo-se a acordos de não-objeção por parte da Noruega e Rússia, que permitem que a CLPC tenha em conta esta apresentação, sem prejuízo da futura delimitação das áreas apresentadas pelas respectivas partes (UN, 2015).

114

Foi ressalvada a intenção de submeter separadamente reivindicações parciais, referentes a diferentes fronteiras da Gronelândia.

115

Esta submissão será incluída na ordem do dia, provisória, do trigésimo oitavo período de sessões da Comissão, a ser realizada em Nova York a partir de 20 julho - 4 setembro de 2015.

116

A área da PC definida nesta apresentação é de cerca de 895 mil quilómetros quadrados, sobrepondo-se às áreas de PC submetidas à CLPC pela Noruega (sobreposição de 3,020 NM2) e pela Rússia (sobreposição de 163,350 NM2).

No documento Dissertação ASPAL PILAV 137721 BAPTISTA (páginas 116-119)

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