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Capítulo I – Enquadramento Teórico

2.3. As técnicas de avaliação formativa no 1.º ciclo

No seguimento do exposto e não obstante a utilização de técnicas de avaliação formativa para a realização desta investigação, considera-se importante sublinhar que, como afirmam Lambert e Lines (2000), a avaliação formativa, independentemente do contexto em que se realiza, não tem tanto a ver com as técnicas aplicadas, mas sim com a forma como a avaliação é realizada. No entanto, existem várias técnicas abrangentes que diversos autores definem como situações que promovem a avaliação formativa, como por exemplo as discussões em grande grupo, as tutorias, os mapas de conceitos, os portefólios e o feedback individual (Lambert & Lines, 2000; Lopes & Silva, 2011; Lopes & Silva, 2012).

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Lopes e Silva (2012) no seu livro “50 Técnicas de Avaliação Formativa” identificam diversas tarefas que podem ser utilizadas nos mais variados níveis de ensino, e que correspondem, associadas a atitudes específicas do professor, ao que se considera técnicas de avaliação formativa. Como qualquer técnica utilizada para avaliar, estas devem ser selecionadas tendo em conta os objetivos a alcançar e as características do próprio grupo (Lopes & Silva, 2012). Assim, para a realização deste estudo foram utilizadas algumas das técnicas referidas por estes autores, que a seguir se apresentam.

A primeira técnica utilizada foi os bilhetes de entrada e de saída. Esta é uma técnica que se pode aplicar em qualquer momento da aula, e que permite a identificação de conceções alternativas dos alunos e promover a reflexão sobre o assunto abordado, levando-os a pensar sobre o que aprenderam e a forma como se relaciona com outras aprendizagens, enquanto permite ao professor verificar a compreensão de um conteúdo. A sua aplicação consiste na entrega de um bilhete de entrada antes da abordagem de um assunto, onde o aluno regista o que sabe sobre o mesmo. No final da aula ou de uma sequência de ensino, o professor faculta um bilhete de saída, onde os alunos deverão registar aquilo que nesse momento sabem sobre o assunto inicial. Para além de perceber as conceções alternativas dos alunos permite também ao professor identificar os níveis iniciais de compreensão com a aplicação do bilhete de entrada. O bilhete de saída dá um importante feedback ao professor do que foi aprendido e das dificuldades dos alunos, o que permite individualizar e diferenciar o ensino. Ao aluno, o bilhete de entrada permite ter consciência dos conhecimentos inciais sobre determinado assunto, estimulando a sua vontade de aprender e tornando-o consciente do caminho que tem a percorrer; o bilhete de saída contribuí para a sua autoavaliação, pois através do mesmo conseguem identificar os seus pontos fortes e fracos relativamente à aprendizagem efetuada.

A segunda técnica utilizada foi a técnica dos cantos. Com esta técnica espera-se que os alunos optem por uma opção entre várias, justificando as suas escolhas. A sua aplicação consiste na colocação de uma pergunta abrangente que permite ao aluno ter a hipótese de escolher uma das opções expostas nos diversos cantos. O aluno deverá ter tempo para pensar e, aquando da indicação do professor, deverá deslocar-se para o canto escolhido. Nos cantos os alunos são organizados em pares e devem dizer ao seu colega qual o motivo da sua escolha, que irá partilhar essa informação com o restante grupo. No final dessa partilha, o professor deverá selecionar aleatoriamente um elemento de cada grupo para expôr aos alunos que selecionaram outro canto quais os motivos apresentados no seu canto pelos colegas. Os alunos dos restantes cantos devem ser capazes de repetir os motivos apresentados pelo colega que o professor selecionou. Esta técnica permite que os alunos desenvolvam a capacidade de justificar as suas escolhas ao mesmo

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tempo que aprendem a estar atentos às opiniões dos outros. Utilizada no início de uma aprendizagem, os diálogos estabelecidos pelos alunos permitem ao professor identificar conceções prévias e durante a aprendizagem de um conteúdo dá ao professor feedback sobre a compreensão do aluno sobre determinada temática, possibilitando a decisão sobre as próximas intervenções. Tudo isto permite ao aluno refletir sobre as suas ideias e o que aprendeu sobre determinado assunto ao ter que efetuar a sua escolha e justificá-la e, em simultâneo, pela escuta da partilha dos seus colegas com uma escolha idêntica ou diferente, consolidar ou restruturar as suas ideias ou conceções.

Por fim, foi também utilizada a técnica fazer perguntas e misturar respostas. Nesta tarefa, cada aluno escreve uma pergunta e a respetiva resposta em dois cartões, ou pedaços de papel, sobre o assunto que tem vindo a ser estudado ou uma unidade de ensino que tenha terminado. De seguida, o professor verifica a pertinência e correção das perguntas e respostas e, após a valiadação das mesmas, recolhe os cartões com as respostas, deixando ao aluno o seu cartão com a pergunta. Os cartões com as respostas são redistribuídos aleatoriamente pela turma, ficando assim cada aluno com dois cartões, um com a pergunta que efetuou e outro com a resposta de um colega. Seguidamente, o professor seleciona de forma aleatória um aluno para iniciar a atividade. Este aluno deverá ler a sua pergunta e os alunos que considerem ter o cartão ou pedaço de papel com a resposta correta devem identificar-se e ler a resposta em voz alta. Se a resposta estiver correta, o aluno lê a sua pergunta para dar seguimento à atividade. Esta técnica permite essencialmente ao professor verificar a compreensão de um tópico, permitindo-lhe decidir quais os passos seguintes. Por outro lado, esta tarefa dá a possibilidade ao aluno de se autoavaliar, identificando o nível de conhecimento que possui sobre a temática em questão e quais os aspetos em que apresenta maior dificuldade. A aplicação desta técnica permite ainda a todos os alunos fazerem uma revisão dos aspetos importantes relacionados com o assunto em causa.

Como podemos compreender, qualquer uma das tarefas utilizadas só servirá como avaliação formativa se o professor utilizar a informação recolhida com as mesmas para adaptar as suas intervenções às necessidades do grupo, diferenciando o ensino. É também percetível o lado formativo das mesmas pelo feedback que estas disponibilizam e a autoavaliação e reflexão por parte do aluno que implicam para a própria realização da tarefa, características essenciais a este tipo de avaliação.

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