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Capítulo I – Enquadramento Teórico

2.1. A avaliação

Muito se tem dito e investigado sobre a avaliação, no que concerne ao seu significado e à forma como esta se processa. Quando se refere o termo “avaliação”, deve ter-se em conta que este é, na realidade, uma forma de compreender o que se está a fazer para que se possa alterar e melhorar as ações, o que implica que a avaliação ocorra em qualquer nível da vida humana, tendo por isso diversos sentidos e podendo ser aplicada nos mais variados contextos e situações do dia-a-dia (Ferreira, 2007). Um dos contextos em que esta ocorre é na educação, dentro da qual existem diversos pontos que podem ser alvo de avaliação, os quais denominamos de objetos de avaliação. A avaliação educacional pode ter como objetos as instituições, os projetos e programas, os serviços prestados pelas escolas e respetivo funcionamento dos mesmos, os intervenientes nos contextos atrás referidos e os processos e produtos obtidos do processo de ensino-aprendizagem (Ribeiro, 1999). Dentro da avaliação dos processos de ensino e produtos obtidos encontra-se a avaliação da aprendizagem dos alunos. Considera-se consensual que todos, educadores e professores, pensem cada vez mais a avaliação como forma de auxiliar os seus alunos a melhorar, através da identificação das suas dificuldades e da seleção e alteração de estratégias tendo em consideração as mesmas, numa busca diária por uma melhoria da sua aprendizagem. No entanto, a avaliação em sala de aula é muitas vezes apresentada aos alunos como um fator externo à sua aprendizagem e que ocorre em momentos específicos, existindo alturas em que pode inclusivamente ser organizada por terceiros. Ainda assim, a avaliação é parte daquilo que é o trabalho do professor, sem a qual o seu papel fica incompleto, uma vez que é com a informação obtida através desta que surge o feedback necessário para apoiar as aprendizagens futuras (Lambert & Lines, 2000).

Pelo exposto, compreende-se que se considera aqui que a avaliação deve ser parte integrante do processo de ensino, e que, por isso, é planificada e ocorre durante todo o processo (Lopes & Silva, 2012). Por este motivo, esta avaliação não deve incidir apenas sobre os resultados apresentados pelos alunos, mas deve ocorrer durante todo o processo, tal como as aprendizagens dos alunos não devem centrar-se apenas nos conhecimentos teóricos que estes adquirem, mas também nas habilidades e atitudes que desenvolvem (idem, 2012).Isto implica garantir uma diversidade de instrumentos de recolha de dados que tenham como enfoque diferentes momentos e componentes do processo de ensino-aprendizagem, pois para que esta cumpra o seu papel de aperfeiçoamento do ensino, não pode focar-se apenas nos objetivos/produtosdefinidos na planificação, mas deve também observar fatores intelectuais utilizados na resolução das pequenas tarefas propostas

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durante o processo, pois é a perceção do que o aluno sabe, das suas conceções e falhas que permite ao professor auxiliá-lo e contribuir para a sua aprendizagem (Lopes & Silva, 2012).No fundo, a avaliação pressupõe a recolha de informação sobre as componentes/atividades de ensino proporcionadas, a interpretação da informação recolhida e a tomadas de decisão sobre o caminho a seguir (Lambert & Lines, 2000).

Nesta ordem de ideias, percebe-se que a avaliação implica, ou é na sua essência, a formulação de juízos de valor, uma opinião valorativa daquilo que se faz com base naquilo que se pretendia fazer (Ferreira, 2007). Para que isto aconteça tem de existir algo que se queira avaliar e algo com que se possa compará-lo, para elaborar o dito juízo de valor. Ferreira (2007) denomina o objeto real que se pretende avaliar como “referido” e aquilo com que o se vai comparar como “referente”. Tal como o mesmo explica, o juízo de valor que se elabora tem de ter por base algo real que se pretende analisar, o dito referido, que obviamente não se avalia na sua totalidade, sendo por isso necessário definir aquilo que se pretende analisar dentro/relacionado com o próprio referido, o que implica que a avaliação

“começa, então, pela identificação do objeto real que se pretende avaliar, pela determinação dos aspetos mais significativos (tendo em conta a realidade prevista), pelo estabelecimento de indicadores relativos a cada uma das unidades significativas concretas, a partir das quais se enunciam juízos de valor” (Alves, 2001 citado por Ferreira, 2007, p. 33).

As informações recolhidas sobre o objeto real são depois comparadas com o aquilo que era pretendido atingir, que seria a nossa norma, o modelo do que se considera que seria correto, sendo estes os nossos referentes (Ferreira, 2007).

Assim, e como atrás se mencionou, se a avaliação é parte integrante do processo de ensino- aprendizagem, pressupõe-se que a mesma permite perceber como o aluno aprende aquilo que o professor lhe ensina e como é que o seu trabalho escolar contribui para a sua aprendizagem. Esta informação é essencial, pois permite ao professor perceber quais as estratégias de ensino que são benéficas para os seus alunos e quais as que não contribuem para a sua aprendizagem, alterando as suas propostas em função dessa informação (Almeida, 2012). Por outro lado, os alunos podem também perceber se o seu estudo e o trabalho que realizam lhes permite atingir os objetivos.

“A avaliação acaba sempre por ser um espelho da dinâmica da escola, apreciando resultados atingidos, em relação aos objetivos fixados, às atividades realizadas e aos recursos envolvidos. Nesta altura, monitorando essa dinâmica, a avaliação deve ser capaz de apontar as mudanças necessárias nas práticas escolares” (Almeida, 2012, p. 76).

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Se, pelo exposto, a avaliação já se apresenta como um processo complexo, falta ainda explicitar que a mesma pode ter diversas funções ou realizar-se de formas variadas dependendo da sua finalidade, e que a sua classificação depende do modo como se analisa a informação que se recolhe e de como se constroem os instrumentos de recolha de dados. Assim, apresenta-se em seguida os principais tipos de avaliação utilizados em contexto de sala de aula.

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