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As tecnologias e o ensino de geometria

3. AS TECNOLOGIAS E A EDUCAÇÃO

3.5. As tecnologias e o ensino de geometria

O ensino de Geometria no Brasil tem encontrado, nas últimas décadas, alguns problemas que podem desencadear dificuldades e defasagens na sua aprendizagem. Alguns desses problemas estão relacionados à formação dos docentes; outros, ao desleixo para com o ensino desse conteúdo ao longo dos anos.

Na busca de corrigir problemas relacionados à formação profissional, muitos educadores têm investido em formação continuada - cursos de especialização e pós- graduação – e no aprendizado de novas metodologias e recursos didáticos, entre tantas outras estratégias que permeiam o universo dos professores através das inúmeras trocas de experiências.

Entre as alternativas que vão sendo aproveitadas particularmente no ensino- aprendizagem de Geometria Espacial estão as TIC´s - Tecnologias da Informação e Comunicação - através dos diversos softwares que têm permitido um trabalho diferenciado, seja porque possibilitam uma relação mais próxima com o objeto de estudo, seja porque dão autonomia ao aluno e o colocam como elemento ativo nesse processo. E especificamente no caso da Geometria Espacial, porque permitem ao aluno uma melhor visualização dos sólidos. Alguns softwares estão elencados entre aqueles que são preparados para a sala de aula; outros são aproveitados no sistema de ensino como ferramentas didáticas auxiliares, visto que foram descobertos pelos profissionais que atuam na educação.

Todavia, não se trata apenas da inserção da informática nos currículos escolares e sim da alteração dos pressupostos do processo educativo de modo a possibilitar a construção e a elaboração de conhecimentos a partir das características específicas

das novas tecnologias computacionais. Além disso, como ferramentas didáticas auxiliares constituem-se em uma das possibilidades de ação pedagógica e metodológica para a superação de algumas dificuldades no ensino de Matemática em todos os níveis (ANDRADE; NOGUEIRA, 2005, p.148).

Atualmente o uso do computador como interface do ensino-aprendizagem de Geometria tem incorporado as discussões teóricas que o pontuam como Geometria Dinâmica. Isso ocorre porque os softwares utilizados permitem que os estudantes “manipulem” os sólidos, deslocando-os sem que os mesmos percam suas propriedades construtivas. Dessa forma, o uso da geometria dinâmica representa uma alternativa de ensino-aprendizagem de Geometria.

Deve-se ressaltar também que a presença da informática na escola pode representar, além de um auxílio para o ensino-aprendizagem, uma possibilidade de colocar o aluno em contato com as tecnologias como mostra Tenório (2001).

É na escola, para a maioria, que se dá a única chance de aquisição do conhecimento acumulado, da ciência e da tecnologia. Isto se reveste da maior importância se considerarmos que a tecnologia informática é o mais poderoso instrumento tecnológico já desenvolvido pelo homem, com alto poder de transformação, produção e dominação; além disso, tal tecnologia pode constituir- se em poderosa ferramenta para veicular o conhecimento significativo e ainda propiciar novos e eficientes métodos e técnicas pedagógicas (TENÓRIO, 2001, p.20).

A utilização dos recursos tecnológicos é reforçada pela intensidade com que as tecnologias atingem o cotidiano das pessoas. São igualmente importantes a outras ferramentas utilizadas, mas seu potencial reflete-se na melhor visualização dos sólidos e no fato de consistir, quando dentro de um uso bem definido, em um poderoso estímulo para que o aluno seja protagonista de sua aprendizagem. Também podem contribuir dando suporte aos alunos para um melhor entendimento e fundamentação do pensamento sobre o trabalho com a Geometria Espacial, como mostram Silveira e Bisognin (2008):

O uso desses recursos tecnológicos vem proporcionando mudanças não só na área educacional, no processo de ensino e aprendizagem da Matemática, mas em todos os setores da sociedade. Quando usados adequadamente, esses recursos facilitam a construção de conhecimentos geométricos de maneira significativa. A interface dinâmica, a interatividade que esses programas propiciam e os recursos de manipulação e movimento das figuras geométricas que se apresentam na tela do computador, contribuem no desenvolvimento de habilidades em perceber diferentes representações de uma mesma figura, levando desta maneira a descoberta das propriedades das figuras geométricas estudadas (SILVEIRA; BISOGNIN , 2008, p.2).

Os estudos de Gravina (1996) já apontavam caminhos para o ensino de Geometria a partir do uso das tecnologias. Segundo a pesquisadora, o uso dos Softwares pode contribuir para que os alunos evidenciem propriedades geométricas. Em seu entendimento, esse é um recurso didático que possibilita ampliar o leque de observações do aluno, facilitando o entendimento de propriedades que poderiam ficar enclausuradas a partir das representações em lápis e papel.

São ferramentas de construção: desenhos de objetos e configurações geométricas são feitos a partir das propriedades que os definem. Através de deslocamentos aplicados aos elementos que compõe o desenho, este se transforma, mantendo as relações geométricas que caracterizam a situação. Assim, para um dado objeto ou propriedade, temos associada uma coleção de “desenhos em movimento”, e os invariantes que aí aparecem correspondem às propriedades geométricas intrínsecas ao problema. E este é o recurso didático importante oferecido: a variedade de desenhos estabelece harmonia entre os aspectos conceituais e figurais; configurações geométricas clássicas passam a ter multiplicidade de representações; propriedades geométricas são descobertas a partir dos invariantes no movimento (GRAVINA, 1996, p. 6).

Dessa forma, cabe trazer o pensamento de Borba e Penteado (2001), que dá ao ambiente informatizado, frente às questões de ensino e aprendizagem, o tom do lugar onde professores e alunos podem participar juntos da incerteza e da dúvida. É o ambiente em que nem tudo está enclausurado e programado pelo professor.

Ao caminhar em direção à zona de risco, o professor pode usufruir do potencial que a tecnologia informática tem a oferecer para aperfeiçoar sua prática profissional. Aspectos como incerteza e imprevisibilidade, geradas num ambiente informatizado, podem ser vistos como possibilidades para desenvolvimento [...] do aluno, desenvolvimento do professor, desenvolvimento das situações de ensino e aprendizagem (BORBA; PENTEADO, 2001, p.63).

Disso resulta um dos aspectos mais importantes que esses ambientes de aprendizado podem revelar aos nossos alunos: a vontade de testar diferentes alternativas, de avaliar o que acontece com uma figura ou sólido e a possibilidade dos movimentos. Tudo se encerra em uma infinidade de testes rápidos gerados pela curiosidade do aluno na busca do aprendizado. É também nessa perspectiva que se podem apresentar os diversos recursos dos softwares como um recurso de potencial considerável ao ensino da Geometria Espacial.