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1.4. TIC’ s e suas influências na educação infantil

1.4.2. As TIC’ s e o novo papel do professor e aluno da educação infantil

Mediante esse novo ambiente educativo que as TIC’s possibilitam, e essas competências e habilidades que elas ajudam a desenvolver, os professores como elemento mediador da aprendizagem dos alunos, também sofrem consequências dessa inserção tecnológica na escola, onde o seu papel, precisa ser revisto para assim adequar a demanda tecnológica dessa sociedade contemporânea. Como afirma Reis, Santos e Tavares (2012, p. 217): “os docentes precisam ter uma redefinição de seu papel e de sua interação com os alunos e com as inovações atuais. O professor é considerado fator importante para assegurar a integração das novas tecnologias no currículo escolar”.

E os alunos movidos pela descoberta e exploração do meio em que vive, sendo integrantes da “geração net ou nativos digitais, pois nasceram a partir dos anos 1990 e transitam, com muita desenvoltura, pelas tecnologias” (Prensky, 2001a, 2001b, apud Santo 2015, p. 19), totalmente sintonizados com os avanços tecnológicos, não se “conformam em ficar somente com uma forma de buscar informações, buscam os meios multimidáticos” (Moran, 2000, p. 21). Eles não

apreciam a demora, querem resultados imediatos. Adoram as pesquisas síncronas, as que acontecem em tempo real e que oferecem respostas quase instantâneas. Os meios de comunicação, principalmente a televisão, vêm nos acostumando a receber tudo mastigado, em curtas sínteses e com respostas fáceis (Moran, 2000, p. 20).

E muitos professores por sua vez, provenientes da “geração anterior, denominada “imigrantes digitais” , tiveram que aprender à força a fluência digital imposta pela contemporaneidade” (Moran, 2000, p.20). Precisam saber inter-relacionar e conectar os conhecimentos e sistemas que foram fragmentados, superando a matriz epistemológica cartesiana (Masetto, 2000), proporcionando atividades inovadoras que permeiam as tecnologias, visando mediar o desenvolvimento integral de seus alunos, nessa fase tão importante que é a educação infantil.

Surgindo assim, esses novos alunos buscam novo perfil de professor. Que compreenda e incorpore as novas linguagens, educando para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias, que facilitem o desenvolvimento das habilidades e competências integrais, incorporando nas aulas a interatividade que para Possari (2013, apud Santo, 2015) tem como fundamento, os princípios do construtivismo.

Certamente, quando o professor aceitar essas novas necessidades no fazer educativo e anseios de seus alunos pelas tecnologias, ele buscará atentar para capacitação que envolvam esses novos conhecimentos das TIC’s, acabando de uma vez com a educação bancária, que segundo Freire (2005, p. 67):

na visão “bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da ideologia da opressão – a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro. O educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem.

Desse modo, esse novo aluno precisa de mediações que os ajudem a transitar pela cibercultura que Lemos e Cunha (2003, p. 5) caracteriza como, “recheada de novas maneiras de se relacionar com o outro e com o mundo”. Não sendo meramente uma substituição de formas estabelecidas de relações sociais, mas do surgimento de novas relações mediadas.

Mediações essas que, segundo o RCNEI (1998) precisa contemplar o educar e o cuidar nessa fase de desenvolvimento da educação infantil, pois ele participa de práticas sociais deste quando nasce, mesmos sem ter consciência que estão inseridos nelas, pois eles são sujeitos

construídos socialmente e vão formando sua identidade, de modo a recuperar sua condição de construtores de sua vida pessoal e seu papel transformador,

isto é, sujeito pessoal e sujeito da sociedade. E nessa relação social as tecnologias e suas potencialidades estão inseridas (Libâneo, 2005, p. 23). Nesse sentido, o professor deve primeiro ter a consciência dessa mudança de seu papel no processo educativo e a mudança de perfil de seus alunos, para assim sair da “síntese precária” que Saviani (1999, p. 80) descreve como:

a articulação dos conhecimentos e experiências que detém relativamente à prática social. Tal síntese, porém, é precária uma vez que, por mais articulados que sejam os conhecimentos e experiências, a inserção de sua própria prática pedagógica como uma dimensão da prática social envolve uma antecipação do que lhe será possível fazer com alunos cujos níveis de compreensão ele não pode conhecer, no ponto de partida, senão de forma precária.

Nesse sentido, quando o professor sair desse estado de síntese precária, poderá analisar sua forma de ensinar, não mais dentro de estruturas autoritárias que para Moran (2000) pode ser eficiente a curto prazo, pois aprendem rapidamente os conteúdos, mas não aprendem a ser pessoas, a ser cidadãos. E assim, não contribuirá de forma significativa para a formação integral das crianças que estão na fase da educação infantil, que precisam estabelecer novas relações com o outro e com novas ferramentas tecnológicas.

Nesse contexto, Saviani (1999, p. 80) também destaca que muitos alunos precisam sair do “caráter sincrético”, pois, “por mais conhecimentos e experiências que detenham, sua própria condição de alunos implica uma impossibilidade, no ponto de partida, de articulação da experiência pedagógica na prática social de que participam” [...].

E como afirma Rezende (2002, p. 14), “o aluno de hoje, de todos os níveis de ensino, com o acesso (maior ou menor) às novas tecnologias em seu cotidiano, começa a desempenhar um novo papel no contexto escolar. Apresenta vantagens em relação ao aluno de dez anos atrás”. Justamente por que essas crianças já trazem para o ambiente escolar uma maior gama de conhecimentos prévios, com necessidades e expectativas quanto a sua aprendizagem, tendo a possibilidade de encontrar hoje professores sem a postura tradicional de detentor do poder e do conhecimento.

Contudo, para o professor exercer esse novo papel mediado pelas tecnologias, ele precisará

identificar quais as melhores maneiras de usar as tecnologias para abordar um determinado tema ou projeto específico ou refletir sobre eles, de maneira a

aliar as especificidades do “suporte” pedagógico [...] ao objetivo maior da qualidade de aprendizagem dos alunos (Kenski, 2008, p. 106).

Pois, seus alunos, vivem imerso no mundo tecnológico, sabem manusear as TIC’s com extrema facilidade e anceiam por desafios que os façam interagir, dinamizando seus ato de conhecer.