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5.1 ANÁLISE DOS INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

5.1.2 Indicadores de Sustentabilidade de Organizações de Catadores

5.1.2.4 Aspecto Eficiência Operacional de Organizações de Catadores

O Aspecto Eficiência Operacional é composto por cinco indicadores. A Tabela 9 apresenta o resultado de cada um desses indicadores, bem como a média, máximo e mínimo.

Tabela 9 - Resultado dos Indicadores do Aspecto Eficiência Operacional

Município ISOC 13 ISOC 14 ISOC 15 ISOC 16 ISOC 17

Afonso Cláudio 0,00 0,25 0,96 0,00 0,75

Alegre 0,10 0,50 0,60 1,00 0,25

Alto Rio Novo 0,00 0,00 0,00 0,83 0,25

Baixo Guandu 0,00 0,00 0,00 0,63 0,50 Castelo 0,05 0,25 0,87 1,00 0,50 Colatina 0,00 0,00 0,00 0,76 1,00 Domingos Martins 0,00 0,50 0,74 1,00 1,00 Itaguaçu 0,00 0,00 0,00 0,40 0,25 Itarana 0,00 0,50 0,96 1,00 0,75 Iúna 0,00 0,00 0,76 0,60 0,25 Jaguaré 0,00 0,25 0,84 1,00 0,25 Laranja da terra 0,00 1,00 0,96 1,00 0,50 Mantenópolis 0,00 0,00 0,00 0,17 0,25 Marataízes 0,00 0,00 0,95 0,00 1,00 Marilândia 0,00 0,00 1,00 1,00 0,75 Muniz Freire 0,00 0,50 0,63 0,00 0,50 Nova Venécia 0,00 0,25 0,71 0,50 0,50 Pinheiros 0,10 0,00 0,00 0,33 0,25

São Domingos do Norte 0,00 0,75 0,77 0,00 0,75 São Gabriel da Palha 0,15 0,00 0,00 1,00 0,50

Sooretama 0,00 0,25 0,98 0,50 0,25

Venda Nova do Imigrante 0,35 0,25 0,82 1,00 0,50

Viana 0,00 0,25 1,00 0,50 0,25

Média 0,03 0,24 0,59 0,62 0,51

Máximo 0,35 1,00 1,00 1,00 1,00

Mínimo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,25

Nota: ISOC 13 – Adesão da população; ISOC 14 – Taxa de recuperação de materiais recicláveis; ISOC 15 – Taxa de rejeito; ISOC 16 – Autossuficiência de equipamentos e veículos; ISOC 17 – produtividade por catador.

Fonte: Autoria própria.

A adesão da população (ISOC 13) na visão da OCMR apresentou resultados muito desfavoráveis com média de 0,03. De forma geral, as organizações estudadas não têm controle e conhecimento do número de residências atendidas pela coleta seletiva. Apenas as OCMR de Castelo, Alegre, Venda Nova do Imigrante, São Gabriel da Palha e Pinheiros descreveram conhecimento desses quesitos, porém a aderência da população à coleta seletiva é baixa. Isso justifica os resultados ruins em relação à sustentabilidade para este quesito. Apesar de possuir o segundo maior

peso dentro do conjunto (0,91), o ISOC 13 foi o indicador que apresentou o pior resultado na média (0,03). Do ponto de vista da administração pública, esse resultado corrobora com o valor medido pelo ISCS 6, que também mede a aderência dos domicílios e nesse caso obteve média de 0,07.

As OCMR também se encontram fragilizadas em relação à TRMR (ISOC 14) visto que a maioria (74%) apresentaram resultados muito desfavoráveis. Além de este resultado indicar que uma grande quantidade de recicláveis é aterrada, também evidencia que o sistema de coleta seletiva é ineficiente. Portanto, as organizações, com o apoio das prefeituras, necessitam desenvolver ações para reverter tal situação. Verificados sob a ótica da administração pública, o resultado do ISCS 7 que tem a mesma forma de medição, descreveu que 67% dos municípios pesquisados também apresentaram resultados muito desfavoráveis.

Já o indicador taxa de rejeito (ISOC 15) apresentou valor médio de 0,59, ou seja, favorável, indicando que a separação dos resíduos na fonte geradora e na triagem ainda demanda maior eficiência, necessitando de ações de educação ambiental para a sociedade e capacitação para os catadores. Quando comparado com a mesma informação declarada pela municipalidade e medida pelo ISCS 8, verificou- se que os resultados apresentaram média de 0,69.

O município de Salvador/BA descreveu taxa de rejeito de 3% em suas OCMR, obtendo assim um resultado muito favorável, conforme menciona Fechine (2014). Na pesquisa de Reis (2015) em que foram estudados programas de coleta seletiva de municípios da região metropolitana de São Paulo sem a participação de catadores, a maioria dos municípios apresentaram resultados favoráveis ou muito favoráveis, ambos com taxa de rejeito menor que 10%.

A pesquisa de Campos (2013) pode explicar a situação encontrada na presente pesquisa ao estudar 12 OCMR no Brasil. Segundo a autora, os catadores triam apenas os resíduos que possuem valor no mercado. Assim, os resíduos somente viram matéria para reaproveitamento ou reciclagem quando os custos de sua recuperação são iguais ou inferiores a seu valor no mercado, podendo, dessa forma, aumentar a quantidade de rejeitos. Isso ocorre pois os recursos obtidos com venda dos materiais são a única fonte de renda, quando não são remunerados pela prestação dos serviços de coleta seletiva e triagem.

O indicador autossuficiência de equipamentos e veículos (ISOC 16) teve média de 0,62 (favorável). Porém, observou-se que apenas cinco OCMR (21,74%) possuem a relação entre “equipamentos próprios” e “total de equipamentos”, como muito desfavorável. Apesar da maioria das OCMR disporem de equipamentos próprios, não atendem às quantidades mínimas definidas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) conforme verificado por Dutra (2016).

Chaturvedi (2011), Velis e outros (2012), Tirado-Soto e Zamberlan (2013), Gutberlet (2015a) e Garcia (2016) destacam a deficiência ou precariedade de equipamentos como disfunção que inviabiliza a operacionalização de atividades básicas como triagem e estocagem de materiais.

Em relação ao indicador produtividade por catador (ISOC 17), foi verificado que apenas três OCMR (13,04%) apresentam resultados muito favoráveis de produtividade, com valores superiores a três ton/mês/catador, enquanto a maior parte (39%) apresentam valores muito desfavoráveis, ou seja, inferiores a uma ton/mês/catador. Dutra, Yamane e Siman (2018) apontaram que em 91% das 11 OCMR do ES pesquisadas por eles, os catadores triam em média 0,109 ton/dia /catador, que se considerar 20 dias úteis de trabalho no mês, corresponde a uma média de 2,18 ton/mês/catador.

Sembiring e Nitivattanon (2010) ressaltam que a baixa produtividade está muitas vezes relacionada aos problemas de gestão das organizações, associados à falta de coordenação das atividades produtivas e dos recursos humanos. Para Damásio (2010) o principal desafio para o aumento da eficiência operacional das OCMR é o acesso a maiores volumes de resíduos recicláveis, que depende da ampliação da cobertura da coleta seletiva municipal. De maneira geral, os problemas que as OCMR enfrentam, afetam diretamente a eficiência operacional. Para Tirado-Soto e Zamberlan (2013) a falta de investimentos em infraestrutura e tecnologia impedem as organizações de agregarem valor aos resíduos recicláveis ficando sujeitas a ações de intermediários.

Problemas estes também identificados por Freitas e Fonseca (2011) em 83 OCMR de diversas regiões do Brasil no qual 60% delas encontram-se em situação de baixa ou baixíssima eficiência. Os autores constataram carência de infraestrutura de

edificações, equipamentos, condições de trabalho, acesso aos resíduos e capacitação dos catadores.

Nesse sentido, Freitas e Fonseca (2011) ressaltam que devido a essa baixíssima eficiência, o produto resultante da coleta e triagem de resíduos costuma ser inferior aos custos de produção, só se tornando viável com ajuda de políticas públicas. Portanto, fica clara a importância e a necessidade destas políticas para o funcionamento e desenvolvimento iniciais das organizações de catadores.

5.1.2.5 Aspecto Condições de Trabalho, Saúde e Segurança do Trabalhador de