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CAPÍTULO 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 ASPECTOS AMBIENTAIS E GEOHIDROLÓGICOS

O Estado de São Paulo está dividido em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI), em que o perímetro urbano de Araraquara está inserido na Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos Tietê-Jacaré (UGRHI-13) (MEAULO, 2007; FULLER, 2008), mais precisamente nas sub-bacias do Ribeirão das Cruzes e Ribeirão do Ouro. Os aquíferos representados na UGRHI 13, e consequentemente no perímetro urbano de Araraquara, são o Bauru, Serra Geral e o Guarani, segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Tietê – Jacaré (CBHTJ, 2016), e como mostrado na Figura 4.

Figura 4 – Mapa dos três sistemas aquíferos da UGRHI-13

Fonte: Comitê da Bacia Hidrográfica do Tietê – Jacaré (2016)

Praticamente a totalidade da área urbana de Araraquara está inserida na UGRHI-13, mas os limites municipais também avançam para a UGRHI Mogi-Guaçu. No total, aproximadamente 1,5 milhão de habitantes e 34 municípios estão inseridos na UGRHI-13, sendo 96% desta população residente em áreas urbanizadas que compreendem 4% do território da UGRHI (PERES e SILVA, 2013a; 2013b). Na Figura 5 estão ilustrados as 22 UGRHI do Estado de São Paulo e os limites da UGRHI-13, e nas Figuras 6 e 7, respectivamente, as densidades demográficas dos municípios e as taxas de urbanização (CBHTJ, 2016).

Segundo Peres e Silva (2013b), a aprovação do Plano de Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré, em 2008, significou um expressivo avanço na qualidade de um importante instrumento para a gestão. Entretanto, apesar deste potencial, o plano é predominantemente “[...] centrado somente no corpo hídrico, com poucas análises, proposições e interlocuções com o uso da terra” (Ibidem, p.18).

Figura 5 – Inserção do perímetro urbano na UGRHI-13

Fonte: Adaptado do Sistema Ambiental Paulista (2018)

Figura 6 – Densidade demográfica na UGRHI-13

Figura 7 – Taxas de urbanização na UGRHI-13

Fonte: Comitê da Bacia Hidrográfica do Tietê – Jacaré (2016)

As principais microbacias da área urbana de Araraquara estão representadas pelas bacias do Ribeirão do Ouro (ao sul) e do Ribeirão das Cruzes (ao norte), que dividem o perímetro urbano quase simetricamente (FULLER, 2008). A partir dos dados fornecidos pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de Araraquara (PMA, 2016; 2017b), estas bacias foram contrapostas à mancha urbana do ano 2017, por meio de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), como ilustrado na Figura 8. A partir disso, os aspectos morfométricos essenciais destas microbacias foram extraídos do estudo dos mapas do Atlas Ambiental Urbano de Araraquara (AURA)41 (PMA, 2003a), e Cheliz

(2016), e georreferenciados de modo a proporcionar uma sobreposição com a mancha e o perímetro urbanos de Araraquara. Cabe destacar uma constatação feita por CBHTJ (2016), afirmando que Araraquara registra um dos índices mais críticos dentre as erosões registradas na UGRHI-13. Nas Figuras 9 à 12 estão representados estes dados.

41 Uma proposta de estudos ambientais urbanos transdisciplinares, fundamentados em informações cartográficas,

Figura 8 – Microbacias predominantes no perímetro urbano araraquarense

Fonte: Elaboração do autor

Figura 9 – Índices de Concentrações de Erosões (ICE) na UGRHI-13

Figura 10 – Compartimentos do relevo das bacias do Ribeirão das Cruzes e Ribeirão do Ouro segundo Cheliz (2016)

Figura 11 – Hipsometria no Município de Araraquara

Fonte: PMA (2003a)

Figura 12 – Clinografia no Município de Araraquara

Segundo Fuller (2008), Ladeira, Cheliz e Oliveira (2013), a malha urbana araraquarense está majoritariamente localizada em planaltos residuais da Formação Adamantina, e isto pode ser considerado um privilégio dentro do contexto das cidades brasileiras. Diferentemente das outras cidades, os primórdios da urbanização araraquarense ocorreram em “[...] amplas extensões de terrenos adequados à expansão urbana e de criticidade ambiental relativamente diminuta [...]” que possibilita ao município “[...] adotar políticas conservacionistas muito acima da média nacional, garantindo uma qualidade de vida ampla para seus cidadãos [...] [e] gerações futuras” (LADEIRA, CHELIZ e OLIVEIRA, 2013, p. 10).

Com exceção das áreas com elevadas vulnerabilidades ambientais e áreas de mananciais da região norte da mancha urbana araraquarense, os Planaltos Residuais “[...] caracterizam-se por menor criticidade físico-ambiental e detêm extensão suficiente para satisfazer amplamente as necessidade de expansão futura [...] sem comprometer compartimentos morfo-geológicos de maior fragilidade a usos urbanos” (LADEIRA, CHELIZ e OLIVEIRA, 2013, p.18).

Araraquara já foi nacionalmente conhecida por seu ótimo padrão de qualidade de vida, e por muito tempo esteve relativamente livre dos graves impactos ambientais que assolam grande parte das cidades brasileiras (LADEIRA, CHELIZ e OLIVEIRA, 2013). Entretanto, há menos de uma década a cidade mostra indícios de um processo de ampla transformação, com intensificação de enchentes, erosões, segregação socioespacial, e iminentes riscos à “[...] conservação das águas subterrâneas do Aquífero Guarani” (Ibidem, p.3).

2.3.1 Indicadores de Saneamento Ambiental

Atualmente, os indicadores de Saneamento Ambiental de Araraquara evidenciam boas condições de vida, com efetivo controle de fatores ambientais que podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar, físico, mental e social dos cidadãos. Segundo dados do Departamento Autônomo de Água e Esgoto (DAAE, 2017), 99,52% da população urbana e 97,12% da população total (rural e urbana) é atendida pelo sistema de abastecimento de água, com continuidade registrada em 99,99% do tempo e um índice de satisfação de 84%.

Com relação ao esgotamento sanitário, 99,85% da população urbana e 97,18% da população total possui coleta de esgotos, em que 100% destes são tratados à uma eficiência de 68,75% na remoção de cargas poluentes (DAAE, 2017). E sobre o manejo de resíduos sólidos, Araraquara possui 100% dos domicílios urbanos atendidos pela coleta de resíduos sólidos e 94,97%

atendidos pela coleta seletiva de recicláveis, em que todos os resíduos coletados possuem destinação adequada (Ibidem).

Segundo Peres (2012), as áreas verdes também são destaque em Araraquara, e apresentam indicadores bastantes adequados para a qualidade de vida, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), com um índice de 34,2 m² de área verde por habitante.

De maneira geral, a cidade ostenta uma imagem de oferta de qualidade de vida satisfatória aos habitantes, bom saneamento básico e condições favoráveis para o exercício de atividades empresariais (FULLER, 2008; PERES, 2012). Entretanto, Peres (2012) analisa que boa parte dos investimentos públicos em infraestrutura urbana são subutilizados em decorrência da especulação imobiliária, como apresentado anteriormente, uma vez que há locais dotados com 100% de infraestrutura, mas apenas 30% de ocupação, por exemplo.

A cidade também possui um relevo bastante sinuoso, com extensas redes hídricas que fragmentam e compõem o espaço urbano (FULLER, 2008). Nesse sentido, Peres (2012) destaca as áreas de mananciais do Ribeirão das Cruzes, que estão localizadas na região norte-nordeste do perímetro urbano, à montante da principal rede de drenagem natural que corta praticamente todo o perímetro urbano na direção nordeste – sudoeste.