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4 CONTEXTO DA PESQUISA

6 APROXIMAÇÕES POSSÍVEIS ÀS RESPOSTAS DAS QUESTÕES E O PRODUTO DE PESQUISA

6.1 RESPONDENDO A PRIMEIRA QUESTÃO DE PESQUISA

6.1.3 Aspectos característicos das formas de organização do campus

Sobre a organização institucional, todos os professores expressaram que, em sua rotina, participam de reuniões e de outras atividades. Dentre as respectivas atividades, Angélica enfatiza sobre o arranjo administrativo e pedagógico do IF em contribuir com o desenvolvimento local e regional, por meio da oferta de cursos e programas de formação inicial e continuada à comunidade, bem como, de convênios de parceria entre o campus com a prefeitura municipal para a realização de trabalhos conjuntos em áreas, como: educação, serviços gerais, projetos de ensino, pesquisa e extensão etc. Sobre o assunto, Márcio ainda destaca o fato dos cursos ofertados pelo campus estarem em acordo com as demandas locais e regionais. Tal particularidade vem ao encontro de Hengemuhle (2011, p. 197), que coloca que “uma escola de qualidade não se faz entre quatro paredes, é preciso que ela esteja aberta e integrada com o contexto”.

Também relacionada às formas de organização da Instituição, uma das atividades destacada pelos professores foi a participação em comissões e a apropriação de informações e estudos relativas a elas. Embora destacado pelos professores, a participação em comissões não é uma exigência institucional, sendo a adesão a elas voluntária.

Outra informação referendada por praticamente todos os professores foi o uso do e-mail institucional utilizado para receber informações tanto dos setores do campus quanto de outros campi que compõem o IFFar. Entretanto, a sinalização

desse instrumento de comunicação se deu em razão do excesso de tempo que ocupa diariamente na rotina dos professores, visto o acúmulo de mensagens recebidas.

Por outro lado, a professora Janaina também coloca que, apesar do tempo empregado para leitura dos e-mails, tal instrumento é pertinente para a organização do campus, e que é por meio dele que a maioria das informações são repassadas e que acessá-lo diariamente é fundamental.

Sobre o uso do e-mail institucional, Fábio, servidor do Setor Pedagógico relacionou a questão com vistas à formação continuada de professores e servidores do campus comentando que:

[...] as pessoas mandam e-mail que não é importante pra todos, então talvez isso fosse necessário ensinar para as pessoas, aí talvez já caberia uma formação, esses mínimos detalhes também fazem parte da formação, a gente não se forma só com leituras ou cursos, se prepara melhor observando o mundo, observando a realidade, as necessidades.

Também foi mencionado pelos professores como integrante ao seu trabalho em razão da organização do campus e, pelo fato de serem iniciantes, a identificação de siglas para identificar setores, a apropriação de abreviaturas utilizadas em documentos e o fato de terem que conhecer os setores existentes no campus e saber qual a sua função. Tal informação, num primeiro momento pareceu-nos irrelevante, contudo, pela ênfase que teve nos relatos e pelo fato destas apropriações ocuparem um tempo considerável na rotina dos professores e, principalmente, pelo fato da professora Eliana, conforme relato abaixo, ter mencionado que mesmo com 01 (um) ano na Instituição ainda não tem plena clareza sobre a função de alguns setores, achamos importante elencar em nossas análises:

Isso é uma coisa bem complicada pra mim tá, porque eu ainda tô assim, como é que eu vou te dizer, eu tenho o maior contato mesmo são com aqueles chefes imediatos. Agora tem setores que eu não sei, nem sei dizer qual o nome e o que fazem.

Fica evidente que, para a professora, além de não ter clareza de quais são os setores existentes no campus, ela também não sabe a função de cada um, particularidade que nos preocupou, visto que, a professora, possivelmente, não recebeu toda a assistência que poderia ter recebido, seja para assuntos de ordem

pessoal, quanto para as atividades docentes no período que iniciou no campus e ainda não usufrui de tudo o que a Instituição dispõe.

Aliada às formas de organização do campus, os professores também salientaram as questões burocráticas. Nesse sentido, a professora Eliana destacou sobre os inúmeros documentos que precisou tomar conhecimento quando iniciou no campus e precisa preencher no decorrer do semestre/ano letivo, tais como: planos de ensino, diários de classe, formulários de acompanhamento dos alunos etc. Além disso, destaca sobre o Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA) e o ponto eletrônico, sendo que o primeiro é utilizado para o registro de informações relativas às turmas e aulas ministradas e o segundo com a finalidade de registrar a frequência de professores e servidores. Ambos, encontram-se em fase de implementação na Instituição e, por isso, ainda se encontram muito instáveis, apresentando muitas falhas, o que, por vezes, ocasiona retrabalho e dúvidas a docentes e servidores técnicos administrativos.

Sobre o excesso de burocracia, mas por outro viés, o professor Márcio nos trouxe um ponto de vista importante, no que tange a burocracia aliada à organização do espaço, como vemos no trecho a seguir:

[...] questões burocráticas, de ponto, que se tem um monte de formulário, se pede um carro precisa de formulário, precisa isso, precisa aquilo, eu acho, claro a gente sempre quer tirar um pouco dessa burocracia que tem, mas ao mesmo tempo eu digo que ela é importante porque ela organiza a Instituição e mais especificamente ao meu fazer de professor.

Tal colocação, tem proximidade com o que Gama; Terrazzan (2015, p. 23) mencionam ao colocar que “é a partir de regramentos adotados para organizar os tempos e os espaços que se determinam as ações de rotina escolar”.

Sobre as questões burocráticas, os professores relataram que em seus processos de inserção buscaram apoio e tiraram dúvidas com seus colegas de salas e com os professores que estavam há mais tempo no campus. Podemos vincular essa informação pelos achados de Stivanin (2013), que aponta que o estreitamento das relações objetiva tanto a superação das dificuldades que surgem na iniciação à docência como em um local.