• Nenhum resultado encontrado

4 CONTEXTO DA PESQUISA

6 APROXIMAÇÕES POSSÍVEIS ÀS RESPOSTAS DAS QUESTÕES E O PRODUTO DE PESQUISA

6.3 RESPONDENDO A TERCEIRA QUESTÃO DE PESQUISA

6.3.3 Demandas em razão dos aspectos pessoais e profissionais que integram o trabalho dos professores

No que tange à categoria por nós intitulada de Demandas em razão dos aspectos pessoais e profissionais que integram o trabalho dos professores percebemos que alguns professores, ao se inserirem no campus, enfrentaram dificuldades em se organizar nas atividades institucionais e nas atividades que permeiam o trabalho docente. Entendemos que tais dificuldades podem, além de acarretar danos pessoais aos professores, contribuir para a má qualidade de seu trabalho, por meio de situações de cansaço, desorganização, introspecção e, até mesmo, a vontade de desistir de seu contrato e/ou nomeação.

Entendemos que o SAP como um Setor de assessoria e acompanhamento dos professores poderia mediante pequenas ações, auxiliá-los nesse processo de adaptação e, de certa forma, organização inicial. Entendemos que tais ações não devem ter a pretensão de dizer o que e como o professor deve agir, mas sim,

assegurar os mínimos encaminhamentos nesse processo de inserção e descobertas do contexto no qual o professor está se inserindo.

Quanto à proposição de atividades paralelas às atividades que hoje realizam, os professores declararam o desejo de propor atividades como: confecção de materiais didáticos, participar do PIBID, instituir grupo de estudos para trabalhar literatura e para estimular a leitura etc. De acordo com os relatos, as atividades mencionadas não estão sendo completadas em sua rotina de trabalho pela falta de tempo.

Acreditamos que ter ciência desse fato, da vontade dos professores em propor atividades diversificadas é de extrema importância, não apenas para o professor, que ao fazer algo desejado terá satisfação pessoal, mas também para os alunos e para a Instituição. Além disso, tais atividades vão ao encontro de que a escola não pode se esgotar no ensino dos conteúdos estabelecidos nos currículos e nos livros didáticos, tampouco, apenas na sala de aula.

Em relação à satisfação pessoal dos professores recorremos a Freire (2004), que coloca que é necessário que o docente se assuma como ser social, transformador e criador, capaz de realizar não só os sonhos dos outros, mas também os seus. Por esse motivo, entendemos que tais atividades devem ser cada vez mais estimuladas no campus, sejam por meio de ações integradas entre os setores ou por iniciativas da Gestão.

Outra demanda inserida nessa categoria refere-se à proposição de projetos de ensino e pesquisa. A partir dos relatos verificamos que tais atividades foram destacadas como demandas pela professora Janaina, por ser professora substituta, pois essa condição a limita de propor essas ações. Sobre a referida questão, cabe ao SAP encaminhar à Gestão tal consideração, para ver se há algo que possa ser feito, já que essas proposições são mediadas via edital.

Sobre os momentos de formação continuada acreditamos que essa seja a principal demanda a ser enfrentada pelo SAP, tendo em vista, as raras proposições e pela importância que tais ações possuem em decorrência de aspectos como: trocas de experiências, qualificação profissional, contribuição para novos rumos à ação pedagógica, entre outras contribuições. Em consonância a esse entendimento, Freire (2004, p. 40), expressa que “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”.

Entretanto, devemos ter clareza que ações de formação continuada não se esgotam somente em cursos de atualização, congressos, seminários e simpósios, mas devem encaradas como um processo construído no cotidiano escolar de forma constante e contínua.

Com esse mesmo entendimento, da formação como um processo construído no cotidiano escolar, autores como Placco; Almeida; Souza (2011), Garcia (1999), entre outros, sinalizam que o Coordenador Pedagógico é um dos responsáveis pela proposição desses espaços na escola. Acreditamos, assim como os autores, que o CP é sim um dos motivadores para a realização de tais ações, contudo, também entendemos que se trata de uma construção coletiva, onde todos os envolvidos no cotidiano escolar podem contribuir para tais proposições.

Sobre os espaços com vistas à formação e qualificação docente realizadas no Campus Panambi, apesar de poucas sinalizações por parte dos professores e da ciência do SAP de que precisa se envolver e propor mais ações dessa natureza, o professor Márcio nos traz elementos importantes quando coloca que:

Pode parecer um pouco utópico eu falar isso, mas eu volto a dizer a questão de formação docente, porque se a gente não para pra pensar o que a gente quer, o que nós queremos nessa instituição, projetar não só para o presente mas a médio, longo prazo, eu acho que a nossa visão fica muito fechada, muito deficitária, claro que pra isso é preciso que o profissional docente também queira né, não dá pra dizer que vamos obrigá-lo a procurar um auxílio enfim, participar de formações. Eu acho que nesse sentido, eu volto a dizer os momentos de formação, de reflexão, acho que esse seria até um trabalho estratégico, claro que de repente precisaria tá relacionado com outras, alguns outros setores, desenvolvimento institucional, até as próprias coordenações pensar isso, o campus como um todo.

Observamos no relato do professor, considerações significativas quando em sua fala remete à questão do professor querer participar dos momentos de formação, que não basta apenas a Instituição oferecer, pois a consciência da necessidade e o interesse deve partir do professor. Tal percepção é compartilhada pelo TAE Fábio que menciona que a formação começa pelo interesse das pessoas em aprender e realmente fazer melhor a sua função, seja docente ou servidor técnico administrativo.

Tais colocações vêm ao encontro de Rios (2001) que menciona que refletir significa descontruir, envolve indagar, questionar e avaliar a prática cotidiana. Logo, descontruir para reconstruir melhor e diferente poderá, muitas vezes, doer.

Assim, inferimos que a questão da formação continuada pode ser considerada como uma “via de mão dupla”, pois, ao passo que ela é fundamental para propiciar reflexões, trocas e novas aprendizagens, é também um momento de autoconhecimento, de compreensão de suas possibilidades e, muitas vezes, limitações. Momentos que, por vezes, podem não ser prioridades de Coordenadores Pedagógicos, professores e, até mesmo, da Gestão.

Outra sinalização importante no relato de Márcio é no sentido de o mesmo expressar que tais ações podem propiciar resultados a longo prazo para a Instituição por meio de um trabalho estratégico envolvendo diferentes setores. Podemos relacionar esse aspecto com Garcia (2009) que traz o conceito de desenvolvimento profissional, como um processo que ocorre ao longo da trajetória profissional, envolvendo as dimensões pessoal, profissional, institucional e organizacional.