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2 METODOLOGIA DESCRITIVA E ANALÍTICA

3.1 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E FLORESTAL BRASILEIRA

A Constituição Federal de 1988 confere competência genérica à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para, em ações harmônicas, promoverem o desenvolvimento ambientalmente equilibrado, visando à melhoria da qualidade de vida da população, mediante a preservação das florestas, da fauna e da flora, dando poderes à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para criar e gerenciar florestas nas categorias de produção e de preservação.

Também confere competência legislativa concorrente da União, dos estados e do Distrito Federal, cabendo à União estabelecer as normas gerais. Na ausência de lei federal, os estados estão aptos a legislar sobre as matérias previstas neste artigo. Nessa hipótese, cabe aos estados exercer sua competência legislativa suplementar, tendo em vista às necessidades e interesses de âmbito regional.

A Constituição define o regime de concessão como uma das formas de relação entre o Poder Público e empresas privadas, no que diz respeito à prestação de serviços públicos. Estabelece como obrigatória a prévia licitação para concessões e para permissões, e fixa os parâmetros gerais. A lei 4.771/65 e a lei 9.985/2000 determinam que o Poder Público criará Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, com fins econômicos e o Decreto 1.298/94, e a Lei de Gestão de Florestas Públicas, de 2006, considera que as Florestas Nacionais deverão ser estabelecidas com o objetivo, entre outros, de promover o manejo dos recursos naturais, com ênfase na produção de madeira e de outros produtos vegetais.

A Constituição Federal relaciona a política agrícola brasileira com a atividade florestal e o setor privado. Disciplina as atividades agrícola, florestal, pecuária, pesqueira e agroindustrial, citando-as como parte integrante da política agrícola do País, inclusive determinando sua compatibilização com a reforma agrária. A concessão de utilização dos recursos ou produtos de Florestas Públicas, com a alienação ou concessão das terras públicas e regularização fundiária, foi regulada pela Lei de Gestão de Florestas Públicas, permitindo aos entes estaduais realizarem concessão florestal, desde que obedeçam os procedimentos legais exigidos.

O Poder Público define, nas unidades da federação, áreas e seus elementos constituintes que deverão ser especialmente protegidos, sendo qualquer alteração, modificação ou supressão permitida somente por meio de lei, desde que tal ação não conduza ao comprometimento dos atributos que justificaram a criação de tal área. Define, ainda, como patrimônio nacional, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o

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Pantanal mato-grossense e a Zona Costeira, que terão o uso de seus recursos naturais regulado por lei, de modo a assegurar a preservação ambiental.

A legislação ambiental relacionada ao uso dos recursos florestais está assentada em uma série de leis, decretos e normas técnicas que orientam a gestão racional, que visa o desenvolvimento sustentável, destacando-se:

O Código Florestal, a Lei 4.771/65, foi um marco legal na regulação da gestão florestal no Brasil, estabelecendo instrumentos para:

• Preservação permanente para áreas situadas ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, em faixa marginal, cuja largura mínima depende da largura do rio ou da inclinação das encostas;

• Criação de unidades de conservação incluindo Parques Nacionais, Estaduais e Municipais e Reservas Biológicas, com a finalidade de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas naturais, com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos. As Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais têm fins econômicos, técnicos ou sociais, inclusive áreas ainda não florestadas;

• Proibição de qualquer forma de exploração dos recursos naturais em determinadas áreas protegidas;

• Criação do regime de utilização sustentável, que vise a rendimentos permanentes; • Criação do limites para a exploração sob forma empírica das florestas primitivas da

Bacia Amazônica;

• Definição das condições de manejo florestal sustentado;

• Criação da reserva legal como sendo uma área percentual de cada propriedade que só poderá ser utilizada como regime de manejo;

• Proibição para que florestas heterogêneas nativas sejam transformadas em homogêneas;

• Estabelece mecanismos de reposição florestal obrigatória para os consumidores de matéria prima florestal como produto e como energia;

• Criação do serviço florestal para o fomento de grandes consumidores de recursos florestais;

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O Decreto nº 2.661/98 regulamenta o Código Florestal Brasileiro, quanto ao estabelecimento de normas de precaução relativas ao emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais.

A Lei nº 7.735/1989 criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o qual substitui o Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal (IBDF), criado em 1967, entre outros, sendo o órgão responsável pela execução da política de meio ambiente e florestal.

O Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) é responsável pelo arcabouço institucional e definição das responsabilidades das instituições correlatas, sendo o principal referencial para a gestão ambiental e florestal do Brasil. Tem a função de integrar a atuação dos órgãos componentes do SISNAMA, na execução da Política Florestal do País, por meio dos procedimentos e critérios de padronização, organização de sistemas e instrumentos de controle.

O SISNAMA foi instituído pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, estruturado pela Lei nº 7.804/1989 e regulamentado pelo Decreto 99.274, de 06 de junho de 1990, sendo constituído pelos órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios e pelas fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Atualmente é composto por um conselho de governo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), órgãos seccionais (estaduais) e órgãos locais (municipais).

A Lei nº 8.490/1992 criou o Ministério do Meio Ambiente, que é o responsável pelo planejamento e coordenação geral da política nacional de meio ambiente, em parceria com órgãos governamentais federais, estaduais e municipais, movimentos sociais, organizações ambientais e setor privado.

O Decreto nº 1.298 de 1994 regulamentou as atividades nas Florestas Nacionais, que veio a ser modificada e detalhada pela Lei de Gestão de Florestas.

O Decreto nº 2.788 de 1998 regulamentou o Manejo Florestal Sustentável, definindo normas técnicas para a exploração racional do recurso florestal.

A Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, estabelece as penalidades para todos os crimes contra a natureza, incluindo danos às florestas, principalmente às nativas.

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A Instrução Normativa nº 001/98 do Ministro do Meio Ambiente estabelece normas de manejo comunitário e empresarial, bem como a reposição florestal obrigatória, constituindo um importante marco legal para o incentivo ao Manejo Florestal Sustentável e combate à exploração predatória de espécies florestais.

O Decreto nº 1.966/98 proibiu a exploração do mogno e da virola em áreas não manejadas, como forma de proteção à extinção dessas espécies.

A Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000 criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUCs), dispondo sobre a classificação, criação e uso das unidades de conservação no Brasil.

Com a edição e regulamentação da Lei nº 9.393/96 foi estabelecido que o Imposto Territorial Rural (ITR) isenta áreas florestais manejadas, sobre regime de preservação permanente, reservas legais obrigatórias e áreas de florestas plantadas, como forma de incentivo legal aos proprietários.

O Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), estabelecido pelo Decreto nº 99.540 de 1990, o Decreto nº 707 de 1992 e o Decreto de 28 de dezembro de 2001, tratou do ordenamento territorial, criou a Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico- Econômico do Território Nacional e criou o Grupo de Trabalho Permanente para a Execução do Zoneamento Ecológico-Econômico, denominado de Consórcio ZEE-Brasil, além de outras providências, tornando-se um marco legal obrigatório para orientar o planejamento e uso da terra em todos os estados brasileiros.

A Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, instituiu na estrutura do Ministério do Meio Ambiente o Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Criou, ainda, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF), que está voltado ao desenvolvimento tecnológico, promoção da assistência técnica e incentivos para o desenvolvimento florestal sustentável. Regulamentou o uso sustentável das florestas públicas brasileiras e definiu as atribuições do SFB, órgão regulador da gestão das florestas públicas e fomentador das atividades florestais sustentáveis no Brasil.

Em 28 de agosto de 2007 foi criado o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), por meio da Lei nº 11.516, com a finalidade de fazer a gestão das UCs federais, implementando políticas para essas áreas de uso e conservação de recursos naturais.

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3.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL, POLÍTICAS E INSTRUMENTOS DE REGULAÇÃO

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