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2 METODOLOGIA DESCRITIVA E ANALÍTICA

3.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL,POLÍTICAS E INSTRUMENTOS DE

AMAZONIA

Os órgãos governamentais responsáveis pela implementação das políticas públicas para o setor florestal, assim como da fiscalização do cumprimento da legislação, requerem ferramentas especiais para acompanhar todas as fases quanto ao uso e conservação desses recursos, e manter um permanente controle de monitoramento quanto à procedência dos produtos florestais.

De forma resumida, as principais políticas implementadas e a cronologia correlata no período mais recente pode ser assim descrita:

A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) é um marco legal que estabeleceu os conceitos, objetivos, instrumentos, mecanismos de aplicação e de formulação e institui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), no ano de 1981.

Com a revisão do Código Florestal Brasileiro, em 1998, houve nova abordagem sobre a vegetação original a ser preservada nas propriedades particulares, o que gerou intensa discussão sobre os critérios técnicos e socioeconômicos dos zoneamentos que orientam o uso da terra.

O início da Certificação Florestal pela iniciativa privada na Amazônia deu-se em 1997, tendo por finalidade identificar a origem dos produtos florestais e os processos utilizados na sua retirada. Tornou-se foco de esforços governamentais e privados no estabelecimento de critérios de sustentabilidade e produção justa. Hoje a certificação encontra-se avançada, com selos de garantia de origem da matéria-prima e dos processos produtivos ao longo da cadeia de produção.

O Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA), lançado no final dos anos 1990, incentiva projetos que implementam atividades produtivas sustentáveis e de conservação de recursos naturais, principalmente na Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal, sendo voltado, prioritariamente, às comunidades tradicionais e organizações de pesquisa.

O Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), criado no final dos anos 1990 para incentivar o uso sustentável, conservação e preservação de recursos naturais, em áreas de beleza cênica privilegiada e de alta prioridade na preservação de espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção, potencializa o financiamento de vários programas e ações na área florestal, principalmente de pesquisa, desenvolvimento e conservação.

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O Programa Nacional da Diversidade Biológica (PRONABIO), também criado no final dos anos 1990, incentiva várias ações para o uso e conservação de florestas, ressaltando o Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO), que tem por objetivo a identificação de ações prioritárias, estimulando o desenvolvimento de atividades que envolvam parcerias entre os setores público e privado e dissemina informação sobre diversidade biológica e sua conservação.

O Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PREVFOGO), desenvolve atividades de prevenção, monitoramento, controle de queimadas e combate aos incêndios florestais no Brasil, avaliando seus efeitos sobre os ecossistemas, a saúde pública e a atmosfera. Tem como finalidade definir ações que objetivem mobilizar a força-tarefa criada para atender emergências em combate a incêndios florestais de grandes proporções.

O Programa de Prevenção e Controle das Queimadas e Incêndios Florestais no Arco do Desflorestamento (PROARCO), foi criado com a finalidade específica de prevenir, monitorar e controlar queimadas e combater incêndios florestais no arco do desflorestamento na Amazônia. Ao identificar as áreas de maior pressão antrópica sobre as florestas e de riscos ao fogo na Amazônia, o PROARCO tem se mostrado um instrumento imprescindível no apoio às ações públicas para conservação florestal.

O Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7) foi uma iniciativa do governo e da sociedade brasileira, em parceria com a comunidade internacional, que teve a finalidade de desenvolver estratégias inovadoras para a proteção e o uso sustentável da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica, associada às melhorias na qualidade de vida das populações locais.

O PPG-7 teve como objetivo promover a identificação e formulação de diretrizes para políticas públicas voltadas para a diminuição da oferta de produtos de origem predatória. Buscou aumentar a oferta de matéria prima oriunda de áreas manejadas de forma sustentável, desenvolvendo e testando um sistema operacional integrado piloto de monitoramento e controle da atividade florestal em áreas selecionadas. Isto possibilitaria a disseminação dos resultados e a ação integrada e eficiente dos órgãos atuantes na região amazônica.

O Programa Nacional de Florestas (PNF) foi instituído pelo Decreto n° 3.420 de 20 de abril de 2000, tendo como objetivo geral a promoção do desenvolvimento sustentável, conciliando a exploração com a proteção dos ecossistemas e a compatibilização da política florestal com os demais setores, de modo a promover a ampliação do mercado interno e externo e o desenvolvimento institucional do setor.

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Nesse contexto, o PNF envolve os aspectos ambientais, sociais e econômicos do setor florestal brasileiro, englobando entre seus objetivos específicos: o estímulo ao uso sustentável de florestas nativas e plantadas; fomento das atividades de reflorestamento, notadamente em pequenas propriedades rurais; a recuperação das florestas de preservação permanente, de reserva legal e áreas alteradas; o apoio às iniciativas econômicas e sociais das populações que vivem em florestas; a repreensão de desmatamentos ilegais e a extração predatória de produtos e subprodutos florestais; contenção de queimadas acidentais e prevenção de incêndios florestais; a promoção do uso sustentável das florestas de produção, sejam nacionais, estaduais, distrital ou municipais; o apoio ao desenvolvimento das indústrias de base florestal; a ampliação dos mercados interno e externo de produtos e subprodutos florestais; a valorização dos aspectos ambientais, sociais e econômicos dos serviços e dos benefícios proporcionadas pelas florestas públicas e privadas; o estímulo à proteção da biodiversidade e dos ecossistemas florestais.

O Plano Amazônia Sustentável (PAS), aprovado em 2004, tem como objetivo geral implementar um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia brasileira, pautado na valorização das potencialidades de seu enorme patrimônio natural e sociocultural, voltado para a geração de emprego e renda, a redução das desigualdades sociais, a viabilização de atividades econômicas dinâmicas e inovadoras, com inserção em mercados regionais, nacionais e internacionais, e o uso sustentável dos recursos naturais, com a manutenção do equilíbrio ecológico, com as seguintes diretrizes:

a) Promoção do ordenamento do território, mediante a regularização fundiária, a proteção dos ecossistemas, os direitos das populações tradicionais e a melhor destinação das terras para a exploração produtiva;

b) Minimização do desmatamento ilegal associado à transformação da estrutura produtiva regional, impedindo-se a replicação do padrão extensivo de uso do solo que caracterizou a economia de fronteira na Amazônia nas últimas décadas;

c) A capacitação tecnológica dos setores tradicionais, de forma a propiciar adequada inserção comercial, a introdução de novos empreendimentos baseados em conhecimento técnico-científico avançado, em especial com relação ao uso sustentável da floresta, e outras ações que permitam a agregação de valor à produção regional;

d) Estímulo ao desenvolvimento com equidade, evitando-se a reprodução de uma sociedade desigual, em que poucos se beneficiam dos investimentos e iniciativas organizadas para a região;

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e) Estímulo à cooperação entre os entes federativos;

f) Fortalecimento e empoderamento da sociedade civil da região, para que o avanço da presença do Estado na região se construa em sinergia com o engajamento da sociedade local (BRASIL, 2004).

Os desencontros de governo e choque de visão na estratégia de implementação do PAS dentro do governo prejudicaram a implementação deste plano estratégico para a Amazônia.

Segundo a FAO (2002), as principais estratégias e mecanismos para implementação da política florestal brasileira deveriam compreender as seguintes ações: definição e detalhamento do programa nacional de florestas; estabelecimentos de mecanismos de crédito e financiamento; desenvolvimento de um modelo de gestão participativa para as florestas; criação de um sistema de concessão pública de áreas nativas; desregulamentação dos instrumentos para facilitar o desenvolvimento do reflorestamento e o manejo florestal; controle do desflorestamento, queimadas e incêndios florestais; apoiar o desenvolvimento de atividades de assistência aos pequenos e médios produtores florestais; estímulo às atividades de manejo comunitário e agrosilviculturais; treinamento e capacitação para mudança do perfil da indústria de base florestal; apoio ao desenvolvimento de critérios e indicadores de sustentabilidade e a certificação voluntária de áreas de manejo florestal e apoio a indústria de base florestal, com objetivo de melhorar a qualidade e produtividade do setor.

Considerações

A base institucional relacionada à gestão e governança florestal foi impulsionada após 1965, com a criação do Código Florestal Brasileiro, mas principalmente a partir de 1981, com a instituição da PNMA, do SISNAMA e de legislações subsequentes, que estabeleceram os elos entre as esferas federais, estaduais e municipais envolvidas na governança florestal na Amazônia, definindo critérios e mecanismos para o uso e conservação dos recursos florestais na região.

Entretanto, observa-se que as políticas e incentivos da União na área florestal são difusas, descontínuas e com orçamentos reduzidos, se comparados à demanda do setor. Os fundos e mecanismos de apoio e fomento às atividades florestais também não correspondem a grandiosidade das florestas brasileiras e em particular da Amazônia.

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O ZEE do Brasil logrou avanços consideráveis, entretanto, as maiores conquistas deram-se quando os estados chamaram para si a responsabilidade pela sua elaboração e implementação.

O PPG-7, maior programa de cooperação multilateral relacionado a uma temática ambiental de importância global, em áreas de floresta tropical, conseguiu avançar nas experiências e ações relacionadas ao uso e conservação dos recursos florestais na Amazônia, logrando resultados que foram e podem ser aproveitados para a implementação de políticas públicas para o setor.

Conclui-se que sem o enfrentamento às vulnerabilidades institucionais e a destinação de recursos financeiros pelo Estado, em quantidade suficiente para o cumprimento de uma política florestal na Amazônia, de acordo com as demandas que a área requer, torna-se difícil superar, no curto e médio prazo, os principais gargalos estruturais para o uso e conservação sustentável dos recursos florestais.

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4 A EVOLUÇÃO DA BASE INSTITUCIONAL NA GOVERNANÇA E GESTÃO

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