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Aspectos das implicações da implementação curricular do PBL no curso de

No documento Evaneide Barbosa de Oliveira (páginas 53-56)

CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL TEÓRICO 21

2.12 Aspectos das implicações da implementação curricular do PBL no curso de

Esse trabalho introduz e analisa a metodologia do Problem-Based Learning, um método de ensino que é utilizado na Escola de Medicina e que tem sido intensivamente avaliado na literatura médica pela habilidade de incorporar experiências reais na sala de aula. Um modelo de experiência desenvolvido baseado em Boshuizer e Schmidt (1992 apud JOHNSTONE; BIGGS, p. 407) provê uma moldura cognitiva para entender a relevância da repetição da experiência, com o significado de desenvolver com rapidez a experiência nos estudantes de Contabilidade. Vantagens e desvantagens do PBL são passíveis de discussão e sugestões de implementações devem ser oferecidas para que se possa capacitar o ensino contábil para a implementação do PBL na sua grade curricular.

Segundo Johnstone e Biggs (1998, p. 407), “o modelo de experiência desenvolvido nesta área é proveniente do entendimento no qual a experiência realística repetitiva desenvolve habilidades relevantes nos estudantes ao longo do curso de Medicina.” Da mesma forma, ao observamos o curso de Ciências Contábeis, o desenvolvimento dessa experiência repetitiva também fornecerá habilidades relevantes nos profissionais da área, desde que sua implementação observe:

a) o Problem-Based Learning (PBL) deve ser implementado apenas depois que conhecimentos técnicos contábeis básicos tenham sido adquiridos pelos estudantes ao longo do curso;

b) as estratégias de resolução de problemas devem ser explicitamente ensinadas e orientadas, para que não se apresentem riscos de confusão entre o conhecimento técnico básico e o desenvolvimento das habilidades de raciocínio, criticidade e tomada de decisões;

c) abordagens inovadoras para ensinar a habilidade de resolução de problemas devem ser encorajadas, uma vez que não existe no Problem-Based Learning (PBL) uma única solução na resolução de problemas;

d) os membros responsáveis pelo ensinamento do Problem-Based Learning (PBL) devem possuir experiência de alto nível nas técnicas do conhecimento contábil da área objeto da aplicação da metodologia;

e) recomenda-se, nos dois primeiros anos do curriculum do curso, um foco intensivo em desenvolver as habilidades técnicas dos alunos e na sequência dos últimos anos, a aplicação do Problem-Based Learning (PBL) em matérias da grade curricular em que os estudantes necessitem utilizar como fonte de pesquisa não somente o problema para determinar uma possível solução, mas também toda a técnica aprendida nos anos preliminares.

Os autores Johnstone e Biggs (1998, p. 422), em “Um exemplo de planejamento de estratégia para reforma curricular”, observam três aspectos importantes para um planejamento estratégico da reformulação curricular seguindo o seguinte escopo:

a) Definição do objetivo do curso – O objetivo do curso de Ciências Contábeis é construir conhecimento e vincular o conhecimento obtido com casos realistas e as experiências internalizadas durante os quatro anos do curriculum do curso. Neste ponto, objetivos específicos relacionados aos estudantes são importantes, como: atingir conhecimento complexo sobre os assuntos de contabilidade, desenvolver e dominar um processo que pode ser aplicado nos assuntos complexos da contabilidade, aprender a identificar e usar apropriadamente recursos eletrônicos, integrar conhecimento e recursos na área contábil, assumir responsabilidade sobre seu próprio aprendizado, desenvolver a habilidade da comunicação efetiva para a elaboração de conhecimento prévio sobre um determinado assunto durante as discussões em grupo.

Em relação à unidade de ensino superior há a responsabilidade de prover a oportunidade da instituição de ensino aplicar o Problem-Based Learning (PBL) em sua essência e observar o desenvolvimento de seus estudantes com a nova metodologia e fornecer treinamento para os tutores que suportarão os alunos nesta nova abordagem de ensino. E é fato que quanto mais professores são treinados para aplicar a metodologia mais rapidamente a ferramenta expandir-se-á ao longo dos quatro anos de curso.

b) Definição da expectativa dos estudantes – O objetivo do curso de Ciências Contábeis com aplicação do PBL é ser utilizado para pequenos grupos de estudantes visando a interação entre os mesmos e a exploração pelo tutor de casos realistas com mais propriedade. Neste ponto os estudantes são responsáveis por: usar o seu próprio grupo para promover as habilidades profissionais, incluindo a partilha do seu conhecimento e aprendizado para criticar e ser criticado pelos membros do grupo; aplicar um diagnóstico do processo que inclua circunstâncias de se conhecer os fatos e a definição do problema, identificando as informações necessárias, gerando e avaliando as possíveis soluções do problema e decidindo qual solução é apropriada para o caso realista; decidir como alocar os recursos coletivos para encontrar e limitar as informações adicionais adquiridas independentemente das reuniões dos grupos em sala de aula.

À instituição de ensino superior cabe a responsabilidade de facilitar o processo de aprendizado, não exclusivamente entregar conhecimento realista. Há a necessidade de realizar devoluções sobre o desenvolvimento do processo para os estudantes de todas as etapas por eles alcançadas ou não, para que avaliem o seu progresso, e transmitir aos estudantes que enquanto a solução final é exigida no caso real, o aprofundamento na resolução de problemas no processo é crucial para o desenvolvimento do sucesso a longo prazo.

c) Definição do processo de avaliação do estudante e da instituição de ensino – Os estudantes ao longo do curso completam a fase de trabalhos em grupo e a

responsabilidade da devolução da solução do problema e se avaliam no final do curso para entender e quantificar seu progresso. Os estudantes são avaliados pelo conhecimento da matéria exposta, pelo desenvolvimento da habilidade do autoaprendizado, pela habilidade da resolução de problemas, especialmente na aplicação do diagnóstico no processo do Problem-Based Learning (PBL), aquisição de informação e avaliação de habilidades efetivas de interagir entre grupos.

Os membros da Instituição de ensino devem comparar o autoaprendizado dos alunos, avaliar os membros dos grupos e realizar uma autoavaliação quando o curso estiver em sua fase final. Desta forma, todo aprendizado entre erros e acertos da aplicação da metodologia poderão ser observados, corrigidos, ampliados e até mesmo descartados conforme medição pela avaliação no final do curso.

Conforme Albanese e Mitchell (1993, p. 415), “O primeiro aspecto do Problem-Based

Learning (PBL) é que o conhecimento técnico básico é ensinado num contexto de casos

realistas no qual os estudantes devem completar este estágio de habilidade antes de dedicar-se aos trabalhos em grupo.” Os casos variam de complexidade e quanto maior e intensiva a aplicação do Problem-Based Learning (PBL), os casos requererão maior independência na aquisição de informação de recursos como bibliotecas, livrarias, internet e recursos eletrônicos, como programas e sistemas integrados. Neste aspecto os estudantes começam a emoldurar o entendimento dos conceitos técnicos a serem aprendidos.

Durante as aulas, a interação e a discussão com os membros do grupo servem para elucidar a importância do assunto abordado no caso. Os instrutores com frequência agem como tutores facilitando o aprendizado e agindo como transmissor de informações e desenvolvendo a habilidade dos estudantes do autoaprendizado.

Segundo Johnstone e Biggs (1998, p. 411), “a capacidade de gerar e avaliar múltiplas hipóteses com uma série de informações recebidas tem importantes implicações na prática da Contabilidade.” Por exemplo, num contexto de auditoria, Bédard e Biggs (1991 apud JOHNSTONE, 1998, p. 414) examinaram um modelo de reconhecimento e processo de geração de hipóteses analíticas na revisão de tarefas e detectaram que a geração de hipóteses estava no estágio do processo de decisão no qual os auditores, especialmente os auditores menos experientes, tinham muita dificuldade de gerenciar muitas informações recebidas e de diagnosticar hipóteses para a resolução de problemas. Os referidos autores ainda salientam que desde que o Problem-Based Learning (PBL) aumente a habilidade dos estudantes de produzir e avaliar múltiplas hipóteses a partir de um conjunto de informações dadas, o PBL pode ser uma metodologia educacional efetiva para o currículo de Ciências Contábeis.

pode ser muito apropriado depois da fase do conhecimento básico técnico do curso, o que normalmente acontece após os dois anos e meio do programa de estrutura curricular aplicada em sala de aula, desta forma a habilidade de resolver problemas, a argumentação, a ordem inversa da confiança em resolver problemas no conhecimento técnico fundamental, devem ser acompanhados e mapeados pelo tutor, do mesmo modo introduzir aos estudantes de contabilidade essas habilidades e educá-los sobre como as competências corretas para a aplicação do Problem-Based

Learning (PBL) podem ser utilizadas nas situações reais de forma apropriada é o

maior desafio desta ferramenta, se o processo fundamental da prática de muitos aspectos da contabilidade e da medicina são similares, por exemplo, especialistas em contabilidade diagnosticam problemas com a performance financeira ou com os reportes econômicos-financeiros dos negócios de uma empresa, enquanto os médicos são especialistas em diagnosticar doenças, se há o foco em diagnosticar problemas nas duas área de atuação em questão, apesar de serem diferentes, e possuem a mesma essência cognitiva e seus processos são similares, então pode-se vislumbrar a oportunidade de sua aplicação na essência na contabilidade e deste modo prover soluções para problemas inseridos em um contexto real.

No documento Evaneide Barbosa de Oliveira (páginas 53-56)