• Nenhum resultado encontrado

3.1 O PARQUE NACIONAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES

3.1.1 Aspectos gerais

O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses integra o rol dos 60 PARNAs existentes no Brasil36. O ato de sua criação é justificado pelo ensejo de preservar os ambientes naturais, promover a Educação Ambiental e a visitação pública, a partir do Decreto Federal 86.060/81 o qual estabelece em seu artigo 1º:

Fica criado, no litoral do Estado do Maranhão, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, com área estimada em 155.000 ha (cento e cinqüenta e cinco mil hectares), subordinado ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IBDF, Autarquia Federal vinculada ao Ministério da Agricultura.

A partir de 1989, com a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, a administração do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses passou a ser regida por esse Instituto. Atualmente,

35 Dados apresentados na página 97.

o IBAMA/Barreirinhas é responsabilizado pelas ações de fiscalização e proteção dos ecossistemas locais e tem alegado muitas dificuldades na execução de suas atividades. Além disso, o PNLM, em setembro de 2003, teve seu plano de manejo homologado pela Portaria 48-N/03 do IBAMA. Este documento, essencial para direcionar o manejo e as ações de incentivo à visitação turística e infraestrutura de suporte, ainda não foi implementado e já carece de atualizações.

Enquadrado no Bioma Marinho Costeiro (IBAMA; WWF, 2007), o PARNA em questão tem ainda como fins de uso, a proteção da flora, da fauna e das belezas naturais da região, e estão sujeitas ao regime especial do Código Florestal, instituído pela Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (BRASIL, 1981).

Quanto ao aspecto geográfico, o PNLM faz parte do litoral oriental do Maranhão – Estado da região Nordeste do Brasil (Figura 3.2) – apresentando uma área costeira regular, com 270 km de perímetro e grande parte de sua extensão coberta por vasta faixa de dunas de areia. A imensidão de dunas e lagoas – estas formadas, principalmente, em decorrência do alto índice pluviométrico – está localizada entre as coordenadas geográficas de 02º19’S a 02º45’S, 42º44’W a 43º29’W, abrangendo os municípios de Santo Amaro do Maranhão (42,15%), Primeira Cruz (6,89%) e Barreirinhas (44,86%) (MMA; IBAMA, 2003a).

Figura 3.2 – Localização do Estado do Maranhão. Fonte: www.ibge.gov.br/mapas/. S/E: sem escala.

Em termos mais práticos, limita-se ao norte com o Oceano Atlântico, ao sul com os municípios de Santo Amaro do Maranhão e Barreirinhas, a leste com Paulino Neves e a oeste com Primeira Cruz e Santo Amaro do Maranhão. Os meios de chegar ao PNLM ocorrem por vias rodoviárias – 260 km da capital, São Luís do Maranhão – e marítima, partindo de São José de Ribamar – na Ilha de São Luís – distando 80 km de Humberto de Campos, aproximadamente 70 km de Primeira Cruz e 100 km de Santo Amaro. A partir dos municípios anteriores, adentra-se ao Parque através dos rios Periá e Alegre. Ademais, Barreirinhas, Santo Amaro e Primeira Cruz dispõem de campos de pouso para aviões de pequeno porte, diversificando as possibilidades de acesso aos Lençóis (Figura 3.3).

Uma descrição mais didática sobre a geografia local é encontrada em estudo de Aziz Ab’Saber (2001, p. 98), no qual os Lençóis Maranhenses são caracterizados como

[...] um campo de dunas da ordem de aproximadamente 1.500 quilômetros quadrados, completados a leste por dois pequenos ‘lençóis’. As dunas regionais se estendem ao longo da costa em um eixo leste-oeste, por 75 a 80 quilômetros, adentrando de 25 a 30 quilômetros na mancha central. Em seu corpo total, os Lençóis Maranhenses têm um formato de um pastel alongado com terminações bem marcadas para outros setores e ecossistemas da planície costeira do nordeste maranhense.

Resumidamente, os Lençóis Maranhenses ocupam desde o Golfão Maranhense até a foz do rio Parnaíba. O limite do Parque a leste é o rio Preguiças. Entretanto, o vasto campo de dunas se estende ainda por um longo trajeto até desembocadura do Parnaíba, próximo ao município de Tutóia. O Preguiças, assim, separa os ‘Grandes Lençóis’, a oeste, dos ‘Pequenos Lençóis’ situados à margem direita do referido curso fluvial.

Traço interessante sobre a dialética espaço e tempo, é a percepção das comunidades locais sobre as estações do ano definidas pela ocorrência e término das precipitações. Com a proximidade da Linha do Equador, as estações não são bem definidas como em regiões com maior latitude e, dessa forma, identificam-se apenas dois momentos: o verão e o inverno. Este é caracterizado pela grande quantidade de chuva, momento de buscar o meio de sobrevivência na plantação dos produtos disponíveis na região, enquanto aquele se relaciona à estiagem, período ideal para a pesca artesanal (D’ANTONA, 2002).

Figura 3.3 – Mapa de acesso ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. S/E: sem escala. Fonte: DER – MA. Mapa rodoviário do Estado do Maranhão. 1998.

Retratando bem o modo tradicional do residente da região do PARNA dos Lençóis Maranhenses, o autor referido percebe o ‘calendário social’ no qual o deslocamento físico dos moradores ocorre do interior para o litoral, no verão, e do litoral para o interior, no inverno. Em outras palavras,

Nas mudanças entre o verão e o inverno marca-se, pelos lugares e pelas práticas, a relação do tempo com o espaço nos Lençóis Maranhenses. O deslocamento, contudo, não deve ser generalizado a todos os indivíduos, de todas as localidades. Nem deve ser entendido apenas como deslocamento físico, literal. Este tipo de deslocamento, verificado em várias famílias, é acompanhado por uma diferença de enfoque, representação ou associação de idéias mesmo entre aqueles que não se deslocam: verão, litoral, pesca; inverno, interior, lavoura (D’ANTONA, 2000, p. 25).

Em pesquisa realizada sobre o povoamento dos Lençóis Maranhenses, D’Antona (2002) identificou, até 1997, mais de 500 localidades totalizando pouco mais de 49 mil pessoas. Destas, 53 localidades – com mais de três mil habitantes – estavam no interior do PNLM e 46 – com mais de 13 mil moradores – se encontravam em uma faixa de 3,5 km ao redor da unidade de conservação aludida (D’ANTONA, 2002).

Visando a sistematização das informações, apresenta-se abaixo algumas peculiaridades da região dos Lençóis, tendo em mente, a abordagem geral das riquezas naturais e a complexidade dos ecossistemas envolvidos que, na totalidade, formam o conjunto dos atrativos turísticos do Parque Nacional em questão.