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2 PARÂMETROS ADOTADOS PELO STF PARA A SOLUÇÃO JUDICIAL DOS

2.3 Parâmetros utilizados pelo STF

2.3.1 Aspectos gerais da Repercussão Geral 793

A tese número 793, fixada a partir do reconhecimento da repercussão geral existente no Recurso Extraordinário nº 855.178, interposto pela União, insatisfeita com a manutenção da decisão que determinou o custeio de 50% do valor do medicamento, juntamente com o Estado de Sergipe, alegando ilegitimidade passiva e a existência e custeio do SUS, o que eximiria a União do pagamento.

O tema que envolve a Repercussão Geral 793 versa sobre a responsabilidade solidária dos entes federados quanto ao custeio de medicamentos e tratamentos médicos. Quer dizer, foi reconhecido pelo STF que se insere nas competências dos entes federados, conforme art. 23, da CF/88, o dever de promover, preservar e manter a saúde e os serviços necessários para o atendimento do mínimo existencial dos cidadãos.

Assim, a decisão que envolve a repercussão geral 793 (2015) se apresenta:

Configura obrigação solidária dos entes federados a promoção de atos necessários a tornar efetivo o direito à saúde, de modo que tais entidades estão legitimadas a compor, isolada ou conjuntamente, o polo passivo de demandas que versem sobre o fornecimento de tratamento e medicamentos por parte do Poder Público. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. “EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO À SAÚDE. TRATAMENTO MÉDICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERADOS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, porquanto

responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser composto por qualquer um deles, isoladamente ou conjuntamente.” (RE 855.178 RG/SE1, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2015, acórdão publicado no DJe de 16/3/2015)

Constata-se que mesmo que se tenha alguns parâmetros que auxiliam na tomada de decisão com relação ao fornecimento de medicamentos, o Supremo tribunal Federal precisa tomar a frente e urgentemente responder esse questionamento da responsabilidade solidária dos entes federados e por término a tantas divergências.

CONCLUSÃO

Ao término dessa pesquisa chega-se à conclusão que, a judicialização da saúde é um assunto que perpassará o tempo, visto que, a discussão sobre o fornecimento dos medicamentos e tratamentos esbarra, muitas vezes, nos princípios de controle orçamentário da administração pública.

Ao longo do trabalho, pode-se entender um pouco mais da sistemática de funcionamento para a efetivação dos direitos fundamentais, além de entendê-los como parte fundamental para a garantia dos direitos humanos na sociedade em que se vive, tendo em vista que é a partir deles que se pode garantir o mínimo para uma vida digna e saudável a todos.

Apurou-se ainda no primeiro capítulo, o surgimento destes direitos tidos como fundamentais na atualidade e seu desenvolvimento, além de medidas para sua efetivação, trazendo como principal, os fundamentos como a dignidade da pessoa humana, o mínimo existencial, o direito à saúde e à vida, bem como a garantia presente na Carta Magna de 1988, onde se tem a maior garantia da possibilidade de efetivação dos direitos sociais, garantindo a aplicabilidade imediata, se não da forma de políticas públicas voltadas a coletividade, por meios individuais, judicializando as necessidades.

Já no segundo capítulo, analisou-se os princípios conflitantes do mínimo existencial e da reserva do possível, que se contrapõem, um garantindo o mínimo para o desenvolvimento saudável do ser humano e o outro, enquanto o outro limita a disposição de valores pela administração pública. Diferencia-se ainda, os princípios do mínimo existencial e da dignidade da pessoa humana, que se somam na busca da garantia da efetivação prestacional realizada pelo Estado.

Por fim, ao realizar a análise aos casos concretos, observou-se que há m fornecimento indiscriminado de medicamentos, mesmo que necessários a garantia do bom desenvolvimento das pessoas. Surpreendente constatar que o Estado do Rio Grande do Sul, muito antes da decisão que reconheceu a responsabilidade solidaria dos entes federativos, já possui entendimento nesse sentido, de forma a garantir a distribuição dos valores, sem onerar excessivamente apenas um dos entes.

Após todos os estudos e leituras realizados para a elaboração deste trabalho, conclui-se que, de certa forma seria necessária a reestruturação do Sistema Único de Saúde para que funcionasse de forma a garantir efetivamente a prestação dos serviços de saúde de forma uniforme e sem necessidade de judicialização, uma vez que, da forma em que foi estruturado quando da sua criação, não houve um grande aproveitamento, culminando na situação precária que encontra-se agora.

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