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No Município da Chapada dos Guimarães, a maioria dos rios que formam o Cuiabá contém ainda água muito cristalina. Nesse município, o rio Coxipó tem as suas nascentes contendo diversos trechos encachoeirados. Destacam-se ainda os rios do Peixe, Mutuca e Claro, com seu afluente Córrego Paciência. Esses rios são afluentes do rio Coxipó.

Esses rios e córregos, nessa área, caracterizam-se pela existência em seus percursos de matas ciliares e galerias, que se destacam na paisagem com os tapetes verdes dos campos limpos, formando um belo contraste.

3.2.2. Características do Meio Biótico A. Vegetação

Fitofisionomicamente, a área estudada é caracterizada por cinco formações: Cerrado ___________________

46. Foram caracterizados também os solos do tipo Hidromórficos, Brunizens, Vertissolos, Plintisolos, Planossolos e Gleis, que ao lado dos solos estudados serão adaptados à Classificação do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos da EMBRAPA (1998).

47. As unidades geoambientais são as seguintes: 1 - Platô; 2 - Borda do Platô; 3 - Pequenas Colinas; 4 - Colinas Amplas e Vales Pouco Entalhados; 5 - Veredas; 6 - Morros Testemunhos Não Ruiniformes e 7 - Morros Testemunhos Alongados e Ruiniformes.

(Savana), Campo Cerrado (Savana Arbórea Aberta), Campo Limpo (Savana Gramino –lenhosa), Campo Sujo (Savana Parque), Cerradão (Savana Arbórea Densa), Matas (Ciliar e Galeria), Áreas Desmatadas e Florestas de Aluviais (D. AMARAL et. al., 1982; BITTENCOURT ROSA, D. et. al.,. ;1996).

Dessa forma, de acordo com a classificação adotada no Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1982), harmoniosa com aquela desenvolvida por Veloso et. al., (1991), a área do Parque Nacional, localizado no interior da APA da Chapada dos Guimarães, situa-se na Região Fitoecológica da Savana (Cerrado lato senso), mais especificamente na área de predomínio da formação denominada Savana Arbórea Aberta, com florestas de galerias, ocorrendo, também, áreas de Floresta Estacional e Áreas de Tensão Ecológica, constituídas pelo Contato Savana - Floresta Estacional.

No Projeto RADAMBRASIL (1982) a área de borda do Planalto dos Guimarães foi classificada como Área de Tensão Ecológica com Floresta Estacional Semidecidual: “Localizada nas bordas, as fisionomias da paisagem mudam devido ao relevo e a vegetação toma outro aspecto do tipo de savana que se estende sobre o relevo tabular das Chapadas”.

As altitudes exercem alguma influência na temperatura e precipitação, originando ainda vários solos, e condicionam formações vegetais diferentes em cada uma das mesmas. Na área de tensão ecológica ou regiões fitoecológicas ocorrem interpenetrações de fisionomias diferentes originando florestas.

Oliveira Filho (1984) realizou estudos florísticos e fitossociológicos num cerrado na Chapada dos Guimarães, identificando 125 (cento e vinte e cinco) espécies pertencentes a 35 (trinta e cinco) famílias botânicas, onde as seguintes espécies apresentaram os maiores índices de valor de importância: de pequeno porte e de grande abundância, Syagrus comasa, Myrcia lasyantha, Byrsonima verbascifolia, Kielmeyara rubriflora, Davilla grandiflora e Rourea induta; de grande porte e de grande abundância, Qualea grandiflora e Qualea parviflora; de grande porte e de menor abundância, Hymenaea stigonocarpa e Pouteria ramiflora.

Em 1986, Oliveira Filho & Martins (1986) realizaram estudo para avaliar a distribuição, caracterização e composição florística das formações vegetais da região da Salgadeira e da região da Baixada Cuiabana, próxima às escarpas do Planalto dos Guimarães.

Verificaram que, devido ao relevo acidentado, à intrincada rede de drenagem das nascentes e ao encontro de dois embasamentos rochosos distintos, ocorrem os seguintes tipos de vegetação:

b) Cerrados de cabeceiras, associados ao relevo dissecado do fundo das ravinas; c) Cerrados interfluviais, sobre solos arenosos aluviais dos sopés da escarpa; d) Veredas, brejos curtigraminosos com buritis, associados a solos hidromórficos;

e) Florestas de Galeria, dispostas no fundo dos vales, em estreita faixa ao longo dos cursos d’água ;

f) Cerradões dos solos derivados do filito.

Em 1988, a FEMA, com recursos do Programa POLONOROESTE, desenvolveu um projeto na área do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, onde fez levantamento dos recursos naturais, visando ao Reordenamento dos Monumentos Ecológicos da Chapada dos Guimarães. A equipe de vegetação descreveu a florística e a fisionomia, avaliou as condições ambientais e teceu recomendações voltadas à conservação dos ambientes.

Nas áreas dos rios Claro e Mutuca, o levantamento citado encontrou Cerrado, Campo Rupestre, Campo Cerrado, Mata Semidecídua e Mata Ciliar, bem como documentou a descaracterização do ambiente em trechos desmatados das margens dos rios próximos a chácaras ou locais de concentração de turistas. Recomendou então a construção de trilhas evitando a passagem pela vereda devido à extrema fragilidade da área.

Na área da Salgadeira, os autores dos trabalhos descreveram as fisionomias encontradas e algumas espécies típicas, por formação e, devido ao desmatamento local, encontraram diversas capoeiras e o início de boçorocas. Recomendaram, nesses casos, que fossem providenciados, além da recuperação da Mata Ciliar, o controle do fogo e a instalação de um posto de fiscalização e educação ambiental no próprio local.

Na região do Buriti, Cachoeirinha e Véu de Noiva foram encontrado Mata Semidecídua, Vereda, Cerrado e Pastagens, chamando-se a atenção para o desmatamento e alterações feita às margens do rio Coxipózinho.

Em 1989, Prado & Damasceno (1989) fizeram um levantamento na região de Chapada dos Guimarães e listaram vários gêneros arbustivo-arbóreos encontrados, dentre eles: hymenaea, Copaifera, Ingá, Byrsonima, Kielmeyera, Qualea, Vochysia, Protium, Anacardium e subarbustivos e herbáceos como Eremanthus, Microlicia, Paepalanthus, Panicum, entre outros.

Em 1990, foi publicado o Relatório de Pesquisa nº 11 SCT/PR CNPq, do Programa Polonoroeste, elaborado pela equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro, trazendo as descrições das viagens, coletas e listagem de mais de trezentas espécies vegetais coletadas e identificadas. Atualmente é feito um relato diário das atividades e locais visitados, fornecendo breves, informações gerais sobre os ambientes e as condições encontradas. Trata-se de

importante contribuição para a região do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e para a área da APA (UFRJ, 1990).

Como forma de orientação e planejamento, o IBAMA (1994) reuniu uma equipe de técnicos em recursos naturais que elaboraram um Plano de Ação Emergencial para o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, onde são citadas e conceituadas as grandes fitofisionomias do PARNA. Denominaram e descreveram: Mata Semidecídua: Interpretada como Mata de Encosta e Ciliar; Savana Arbórea Densa: Cerradão; Savana Arbórea Aberta: Cerrado; Savana Gramineo Lenhosa: Campo Sujo; Savana Parque: Campo Cerrado; Campo Cerrado Rupestre (FEMA,1988).

Bordest (1992) elaborou sua Tese de Doutorado nas proximidades do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, com ênfase na caracterização de fragilidades ambientais, causadas por fenômenos naturais ou decorrentes do uso inadequado do solo, na bacia do rio Coxipó. Foi apresentado, nesse trabalho, um documento cartográfico sobre Vegetação e Uso da Terra, argumentando-se, também, que a vegetação da área é bastante frágil, merecendo atenção especial quanto a sua interação com os fatores físicos.