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3 RIO DAS OSTRAS: ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO

3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO EM RIO DAS OSTRAS ENTRE OS ANOS

3.3.1 Aspectos legais

De acordo com a Constituição Brasileira, o poder executivo municipal é exercido pelo prefeito (BRASIL, 1988). No entanto, para colaborar na gestão do município ele conta com secretários municipais, incumbidos dos setores específicos do município, pelo tempo que ele julgar conveniente. A prefeitura municipal de Rio das Ostras é composta por um grupo de diversas secretarias, tais como Secretaria Municipal de Planejamento, Secretaria Municipal de Fazenda, Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio, Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia e Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Petróleo (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2012).

Os municípios brasileiros gozam de certa autonomia legislativa, mas estão submetidos à Constituição Federal e à Constituição Estadual na qual estiverem inseridos. São regidos por Lei Orgânica e demais leis específicas criadas e sancionadas pelo prefeito e pela câmara de vereadores (BRASIL, 1988, art. 29 e 30).

A política pública de turismo vigente no município de Rio das Ostras, entre os anos de 2009 e 2012, seguiu as diretrizes da Lei Orgânica Municipal de 09 de junho de 1994, do Plano Plurianual 2010-2013, das Leis de Diretrizes Orçamentárias para o período, das Leis Orçamentárias Anuais e do Plano Diretor, sancionado no ano de 2006.

Dentre os pontos referentes à política de turismo na lei máxima municipal, a Lei Orgânica, destacam-se os representados na SEÇÃO VIII – POLÍTICA DE TURISMO:

SEÇÃO VIII

POLÍTICA DE TURISMO

Art. 254 - O Município promoverá e incentivará o turismo, como fator de desenvolvimento econômico e social, bem como de divulgação, valorização e preservação do patrimônio cultural e natural, cuidando para que sejam respeitadas as peculiaridades locais, não permitindo efeitos desagregados sobre a vida das comunidades envolvidas, assegurando sempre o respeito ao meio ambiente e a cultura das localidades onde vier a ser explorado. § 1º - O Município definirá a política municipal do turismo, buscando proporcionar as condições necessárias para o pleno desenvolvimento da atividade.

§ 2º - O instrumento básico de atuação do Município no setor será o Plano Diretor de Turismo, que deverá estabelecer, com base no inventário do potencial turístico das diferentes regiões do Município, e com a participação dos administradores envolvidos nas ações de planejamento, promoção e execução da política de que trata este artigo.

§ 3º - Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, caberá ao Município, em ação conjunta com o Estado, promover especialmente: I - o inventário e a regulamentação do uso, ocupação e função dos bens naturais e culturais de interesse turístico;

II - a infra-estrutura básica necessária à prática do turismo, apoiando e realizando investimentos na produção, criação, e qualificação dos empreendimentos, equipamentos e instalações ou serviços turísticos, através de linhas de créditos especiais e incentivos;

III - o fomento do intercâmbio permanente com outros municípios da Federação e com o exterior, visando o fortalecimento de fraternidade e aumento do fluxo turístico nos dois sentidos, bem como a elevação da média permanência do turista em território do Município.

Art. 255 - O planejamento do turismo municipal visará, sempre que possível, a participação e o patrocínio da iniciativa privada voltada para esse setor, e terá como objetivo a divulgação das potencialidade culturais, históricas e paisagísticas do Município de Rio das Ostras.

Art. 256 - O Poder Público criará lei que disporá sobre a elaboração do calendário anual de eventos turísticos. (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 1994)

No Plano Plurianual 2010-2013, o turismo é contemplado através das ações previstas para a Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio que estão incluídas no Programa Desenvolvimento do Turismo. Seu macro objetivo é, de acordo com o Plano, “turismo para o desenvolvimento”, e o objetivo:

Fomentar a economia do município através da promoção do turismo, divulgando as potencialidades locais, realizando e participando de eventos, atraindo investimentos para o segmento, estabelecendo mecanismos para melhorar as informações turísticas, participando da integração regional e estimulando a participação do empresariado e da comunidade local.

O público-alvo deste programa, segundo o Plano Plurianual, é a população em geral e as ações planejadas são: construção do centro de convenções e eventos; campanhas, promoções, participação e realização de eventos turísticos e institucionais; fomento ao turismo sustentável; subvenção social à Associação das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Rio das Ostras (AESBCRO) e à Associação de Blocos Carnavalescos de Rio das Ostras (ABCRO); e melhoria da informação turística.

Dentre as ações propostas no Plano Plurianual 2010-2013, a construção do centro de convenções e eventos se repete enquanto planejamento, visto que esteve também incluída no Plano de 2006-2009 e, no entanto, não foi realizada.

No que tange às Leis de Diretrizes Orçamentárias e à Lei Orçamentária Anual, o montante destinado à Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio aumentou entre os anos de 2008 e 2012. O percentual neste ano foi de aproximadamente 2,3%, enquanto naquele foi de 1,69% (PREFEITURA DE RIO DAS OSTRAS, 2007 apud MÜLLER, 2008).

O Plano Diretor, obrigatório para municípios com mais de 20mil habitantes e áreas de interesse turístico, está definido como instrumento básico para orientar a política de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana pelo Estatuto das Cidades (Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001) (BRASIL, 2001). Este Plano é uma lei municipal que deve ser elaborada pela prefeitura com a participação da Câmara Municipal e da sociedade civil e tem como objetivo organizar o crescimento, o funcionamento e o planejamento territorial da cidade, orientando os investimentos.

No município de Rio das Ostras o Plano Diretor trata das estratégias para o desenvolvimento do turismo, do licenciamento de empreendimentos e ações voltados para o setor, da criação de um Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Turismo e da elaboração de um selo de certificação da qualidade dos serviços e produtos turísticos oferecidos no Município:

SEÇÃO II DO TURISMO

Art. 52. São objetivos da Municipalidade quanto ao turismo colocá-la entre os principais destinos turísticos estaduais, nacionais e internacionais com vistas ao desenvolvimento do turismo de lazer, negócios e saúde e outras modalidades similares como eixo do desenvolvimento socioeconômico local. Art. 53. São diretrizes para o desenvolvimento do turismo:

II – articular o turismo rural com a atividade agropecuária com vistas ao desenvolvimento recíproco;

III – desenvolver o turismo de negócios, para os idosos, o ecoturismo, o turismo rural, o turismo cultural, e o turismo associado a eventos esportivos; IV – fortalecer o turismo dentre as demais atividades econômicas existentes no Município.

V – realizar campanhas periódicas de conscientização da população para a vocação turística do Município;

VI – promover a capacitação da mão de obra local para as atividades turísticas e de apoio ao turismo;

VII – promover e divulgar a cidade como produto turístico direcionado para segmentos específicos, vedada à exposição da cidade na mídia do turismo de massa;

VIII – garantir a continuidade da prestação dos serviços públicos locais durante o período de alta temporada turística.

Art. 54. O licenciamento de empreendimentos, projetos e atividades voltadas para o turismo, inclusive de edificações, como hotéis, bares e restaurantes fica condicionado ao parecer prévio do órgão municipal responsável pela execução das políticas municipais de turismo.

Art. 55. O poder executivo promoverá a elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Turismo, observadas as diretrizes para o desenvolvimento sustentável local expressas nesta lei, até 31 de dezembro de 2005.

Art. 56. O Governo Municipal instituirá, em parceria com as entidades do setor, um selo de certificação da qualidade dos serviços e produtos turísticos oferecidos no Município, a ser concedido aos estabelecimentos comerciais e/ou prestadores de serviços, dentre os quais, serão obrigatoriamente incluídos o respeito e a observância das normas sanitárias, ambientais, e de posturas municipais. (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2006)

No entanto, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Turismo que deveria ter sido elaborado até 31 de dezembro de 2005 com o intuito de criar ações de planejamento turístico não foi realizado até o momento de nossa pesquisa. O selo de certificação da qualidade dos serviços e produtos também não foi criado até o final do ano de 2012.

A Lei Orgânica de Rio das Ostras também prevê a criação de diversos conselhos municipais:

TÍTULO XII

DOS CONSELHOS MUNICIPAIS

Art.265 Os Conselhos Municipais são órgãos de cooperação governamental que têm por finalidade auxiliar a Administração no planejamento, execução, fiscalização, controle e na decisão de matérias de sua competência.

Art.266 Lei específica definirá as atribuições do Conselho, sua organização, composição, funcionamento e forma de eleição de seus titulares e suplentes, além do prazo de duração de seus mandatos, observados os seguintes princípios;

I Os Conselhos Municipais devem ter sua Composição em número par, assegurada conforme Legislação Federal, a representatividade paritária entre a Administração Pública Municipal e as Organizações não Governamentais (ONGS), facultada ainda por decisão das respectivas

conferências municipais para estes fins, a participação de pessoas de notório saber na matéria de competência dos Conselhos;

II Dever, para os órgãos e entidades da Administração, de prestar as informações técnicas e fornecer os documentos que lhes foram solicitados. Art.267 A função de Conselheiro constitui serviço público relevante e será exercida gratuitamente.

Art.268 A criação dos Conselhos Municipais é ilimitada, atendendo às necessidades do Município, ficando, desde já, estabelecido o seguinte: Parágrafo Único Ficam criados os seguintes Conselhos Municipais, que serão regulamentados por Lei Ordinária

a) Conselho Municipal de Saúde ;

b) Conselho Municipal da Criança e do Adolescente; c) Conselho Municipal de Educação;

d) Conselho Municipal de Turismo e Esporte; e) Conselho Municipal de Meio Ambiente;

f) Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Deficiente; g) Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável; h) Conselho Municipal de Defesa do Consumidor;

i) Conselho Municipal de Assistência Social; j) Conselho Municipal do Idoso;

k) Conselho Municipal de Cultura;

l) Conselho Municipal da Cultura Afrobrasileira;

m) Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável; n) Conselho Municipal dos Direitos da Mulher;

o) Conselho Municipal de segurança e ordem pública;

q) Conselho Municipal antidrogas (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 1994, grifo nosso)

O Conselho Municipal de Turismo e Esporte embora tenha sido criado automaticamente pela Lei Orgânica, bastando apenas uma Lei Ordinária para sua regulamentação, nunca foi instituído. A única iniciativa que se viu por parte do poder público para por em prática tal ação foi a realização de uma Conferência Municipal de Turismo (ANEXO A) no ano de 2008 que tinha como propósito, entre outras coisas, eleger os membros para um Conselho de Turismo. Contudo, o resultado da Conferência, segundo o Diretor do Departamento de Turismo da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio, Sr. Paulo Roberto Sepulveda Vieira2, foi a criação de um Conselho que nunca teve sequer a nomeação de seu presidente.

Em resumo, apesar de tanto a Lei Orgânica do Município como o seu Plano Diretor do Município prever a criação do conselho municipal de turismo e a elaboração de um plano de desenvolvimento turístico, até a conclusão de nossas pesquisas nenhuma ação concreta para isso foi verificada.

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