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ASPECTOS METODOLÓGICOS DAS BASES DE DADOS UTILIZADAS

PARTE I I – CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL DOS

4.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DAS BASES DE DADOS UTILIZADAS

4.1.1 Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC

A MUNIC, realizada pelo IBGE desde 1999, inclui registros administrativos relativos às prefeituras de todos os municípios brasileiros. Esta pesquisa censitária é importante fonte de informações sobre o aparato institucional de planejamento público local, finanças públicas, programas sociais, oferta de serviços e de infra-estrutura. Aproveitando a oportunidade apresentada pela MUNIC de 2002 de incluir a temática ambiental num

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A cluster analysis é um método estatístico com o qual é possível sintetizar o universo de análise por meio da formação de grupos (clusters) a partir de características selecionadas, buscando-se obter homogeneidade dentro dos grupos e heterogeneidade entre eles (Johnson e Wichern, 1988).

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suplemento específico e ampliar o conhecimento sobre a realidade ambiental local, foi elaborada, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente62, a MUNIC Meio Ambiente, cujo questionário contém 121 questões e 280 quesitos que abordam os seguintes temas:

a) Estrutura administrativa das prefeituras no que concerne à gestão ambiental; b) Articulação institucional em meio ambiente;

c) Agenda 21 local;

d) Recursos financeiros destinados ao meio ambiente; e) Legislação ambiental no município;

f) Percepção dos gestores locais sobre a condição do meio ambiente municipal;

g) Instrumentos de gestão ambiental e programas e ações praticados na área ambiental; h) Unidades de conservação municipais.

Segundo o IBGE (2005b), tais questões foram investigadas junto ao órgão ambiental de maior hierarquia na estrutura administrativa de cada prefeitura. A partir de um primeiro contato com a prefeitura de cada município, o pesquisador do IBGE realizou, sempre que possível, uma entrevista presencial, e acompanhou o preenchimento do questionário junto à pessoa indicada no sentido de esclarecer os conceitos utilizados na pesquisa. Na ausência de uma secretaria específica, departamento, assessoria, setor ou órgão similar responsável pelas questões ambientais, o questionário deveria ser respondido pelo prefeito ou pessoa por ele delegada, desde que ela fizesse parte da estrutura administrativa do município.

A pesquisa investigou o universo de 5.560 municípios instalados até 31 de dezembro de 2001 no território nacional63. No decorrer da coleta, o IBGE efetuou uma supervisão dos trabalhos em alguns estados, com o objetivo de corrigir possíveis distorções metodológicas e conceituais. Três municípios não preencheram o questionário: Buritis (Rondônia), Martinópole (Ceará) e Serra de São Bento (Rio Grande do Norte). Desse modo, os resultados da pesquisa se referem a 5.557 municípios. A coleta das informações ocorreu no primeiro

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A participação do Ministério do Meio Ambiente no processo foi fundamental e faz parte da agenda de estatísticas ambientais que vem sendo construída entre ambas as instituições no sentido de produzir informações e gerar indicadores para subsidiar as ações públicas ambientais.

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Cabe ressaltar que em 2001 foram criados 54 municípios, que somados aos 5.507 já instalados faria um total de 5.561 municípios. Entretanto, em 2001 a instalação do município de Pinto Bandeira foi anulada judicialmente e o território correspondente reincorporado ao município de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul (IBGE, 2005b).

semestre de 2003, sendo os dados coletados referentes à data da entrevista, exceto para as seguintes variáveis (IBGE, 2005b):

- Número de funcionários ativos em meio ambiente: refere-se a 21 de dezembro de 2002;

- Terceirização na área ambiental: refere-se a 2002;

- Realização de reuniões pelos Conselhos Municipais de Meio Ambiente e implementação de convênios, cooperação técnica ou outro tipo de parceria com vistas a desenvolver ações na área ambiental: referem-se aos doze meses anteriores à data da entrevista;

- Recursos financeiros destinados ao meio ambiente: referem-se a 2001;

- Percepção dos gestores locais sobre a condição do meio ambiente municipal: refere-se aos 24 meses anteriores à data da entrevista (com exceção daquelas relativas ao assoreamento de corpo d´água e à contaminação do solo);

- Instrumentos de gestão ambiental, programas e ações praticados pela prefeitura: referem-se aos doze meses anteriores à data da entrevista.

A MUNIC Gestão Pública realizada em 2004 não contém um suplemento específico de meio ambiente. Entretanto, seu questionário contemplou quinze quesitos que abordam a estrutura administrativa e a articulação institucional do município no trato de questões ambientais. Esses quesitos são comparáveis com as informações do questionário da MUNIC Meio Ambiente de 2002.

4.1.2 Produto Interno Bruto – PIB Municipal

A compilação do PIB dos municípios é coordenada pelo IBGE em conjunto com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus. Essas parcerias tiveram início em 1996 com a elaboração das Contas Regionais do Brasil, utilizando-se de metodologia compatível com os conceitos adotados pelas Contas Nacionais64, e comparável entre as Unidades da Federação (IBGE, 2005d).

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As Contas Nacionais são estruturadas para mensurar os principais agregados econômicos de um país conforme metodologia desenvolvida no âmbito das Nações Unidas.

O método de cálculo do PIB municipal consiste em um processo de repartição do valor adicionado das 15 atividades econômicas das Contas Regionais do Brasil, obtido para cada Unidade da Federação por meio de indicadores selecionados. Ou seja, primeiro estima-se o valor adicionado de cada estado (obtido a partir das Contas Regionais) e, em seguida, procede-se a distribuição para as atividades econômicas municipais. Por último, estima-se o valor adicionado da Agropecuária, da Indústria e dos Serviços, e agregando-se o dummy financeiro e os impostos sobre os produtos, chega-se ao PIB, por município, em valores correntes (IBGE, 2005d).

A base de dados utilizada neste trabalho envolveu o PIB per capita municipal de 2002, considerando o universo de 5.560 municípios.

4.1.3 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M

O IDH foi criado pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no início no início da década de 1990 com o objetivo de medir o nível de desenvolvimento humano dos países levando-se em conta três dimensões: educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda per

capita domiciliar. Seus valores variam de zero (nenhum desenvolvimento humano) a 1

(desenvolvimento humano total). No Brasil, a metodologia do Índice de Desenvolvimento Humano foi utilizada também para aferir o nível de desenvolvimento humano dos municípios, denominado IDH-M. Os trabalhos foram executados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, Fundação João Pinheiro e pelo escritório do PNUD no Brasil.

O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil é um banco de dados eletrônico que contém informações socioeconômicas para 5.507 municípios brasileiros e 27 Unidades da Federação. Baseado nos microdados dos censos de 1991 e de 2000 do IBGE este sistema disponibiliza informações sobre o IDH-M que contempla essas três dimensões, conforme resumido a seguir (IPEA; FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO; PNUD, 2003):

 Dimensão Educação: o acesso à educação de um país é geralmente mensurado pela taxa de matrícula nos diversos níveis do sistema educacional. No nível municipal, entretanto, esse indicador é menos eficaz, pois os estudantes podem morar em uma cidade e estudar em outra, distorcendo as taxas de matrícula. Por este motivo, opta-se por utilizar o indicador de freqüência à sala de aula baseado em dados censitários. Desse modo,

consegue-se aferir a parcela da população que vai à escola em comparação à população municipal em idade escolar. Outro critério para avaliar a educação de uma população é o percentual de alfabetizados maiores de 15 anos. Nesse caso, a taxa de alfabetização é obtida pela divisão do total de alfabetizados maiores de 15 anos pela população total de mais de 15 anos de idade do município pesquisado.

 Dimensão Longevidade: a dimensão da longevidade é mensurada tanto no IDH nacional como no IDH municipal por meio da esperança de vida ao nascer. Esse indicador mostra a média de anos que a população nascida naquela localidade no ano de referência deve viver - desde que as condições de mortalidade existentes se mantenham constantes. Quanto menor for a mortalidade registrada em um município, maior será a esperança de vida ao nascer. O indicador é uma boa forma de avaliar as condições sociais, de saúde e de salubridade por considerar as taxas de mortalidade das diferentes faixas etárias daquela localidade. Todas as causas de morte são contempladas para se chegar ao indicador, tanto aquelas ocorridas em função de doenças quanto as provocadas por causas externas - violências e acidentes. Para se chegar ao número médio de anos que uma pessoa vive a partir de seu nascimento, foram utilizados os dados do Censo Demográfico de 2000.

 Dimensão Renda: o PIB de um país é o valor agregado na produção de todos os bens e serviços ao longo de um ano dentro de suas fronteiras. O PIB per capita é a divisão desse valor pela população do país. Na avaliação da renda dos habitantes de um município, o uso do PIB per capita torna-se inadequado. Por exemplo: nem toda a renda produzida dentro da área do município é apropriada pela população residente. A alternativa adotada é o cálculo da renda domiciliar per capita, a partir dos dados do Censo Demográfico de 2000.

4.2 MÉTODOS ESTATÍSTICOS COMO SUPORTE PARA A AVALIAÇÃO DAS