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Critérios utilizados na seleção das variáveis

PARTE I I – CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL DOS

4.3 ANÁLISE DE AGRUPAMENTOS (CLUSTER ANALYSIS)

4.3.1 Critérios utilizados na seleção das variáveis

A exploração dos resultados da MUNIC Meio Ambiente realizada neste trabalho teve o objetivo de agrupar os municípios em termos de seu grau de comprometimento com a temática ambiental. Enquanto a dimensão Arcabouço Institucional – AI – procurou delimitar o sistema municipal de meio ambiente, a dimensão Ações de Gestão Ambiental – AGA – buscou representar a intenção do gestor municipal no sentido de inserir aspectos adicionais no trato de questões ambientais, além de suas responsabilidades constitucionais relacionadas a saneamento, educação, saúde, etc. Desse modo, a seleção das variáveis para representar a dimensão Ações de Gestão Ambiental foi balizada a partir do esforço adicional da prefeitura no sentido de denotar um maior comprometimento com a questão ambiental.

A seguir são detalhados os critérios considerados na seleção das variáveis pertinentes e passíveis de serem delimitadas a partir da MUNIC Meio Ambiente, no intuito de retratar o grau de comprometimento dos municípios com a gestão ambiental.

Em primeiro lugar, conforme mencionado no capítulo 3, são vários os instrumentos de gestão ambiental que tem implicação mais direta nos municípios. Do mesmo modo, existem diversos instrumentos de gestão urbana que têm um rebatimento na qualidade

ambiental do município. Apesar das diferenças estruturais dos municípios brasileiros em termos demográficos, econômicos e culturais, que fazem com que a capacidade institucional e política para articular tais instrumentos sejam extremamente variáveis, existem algumas diretrizes para que o município estruture seu sistema municipal de gestão ambiental e possa dar conta dos diversos impactos resultantes da exploração desordenada de seus recursos naturais e de seu meio urbano.

Dessa forma, houve a preocupação de enquadrar, na medida do possível, as variáveis-chave relacionadas à criação de um espaço institucional no município para lidar com questões ambientais. As variáveis território-específicas (participação dos municípios em comitês de bacia hidrográfica ou a participação do município em consórcios intermunicipais) e/ou que dependem da disponibilidade de recursos naturais específicos, como atividades extrativas ou criação de unidades de conservação municipais, não foram consideradas nesta etapa de agrupamento dos municípios.

Em segundo lugar, durante a exploração inicial dos dados para a formação dos grupos, verificou-se a pertinência de se retirar algumas variáveis de suas composições.

Conforme mencionado, o principal desafio da técnica de agrupamento é conseguir um equilíbrio entre grupos heterogêneos e o nível necessário de similaridade dentro dos agrupamentos.

É importante ressaltar que não houve eliminação de variáveis por causa da baixa incidência de resposta positiva. As variáveis foram escolhidas por sua importância na caracterização da gestão ambiental no âmbito municipal, tendo como referência: 1) o marco de referência conceitual explicitado na Parte 1 deste trabalho; 2) a disponibilidade de dados a partir da MUNIC Meio Ambiente de 2002; e 3) o resultado da análise de agrupamentos que considerou elevada homogeneidade interna dentro dos agrupamentos, e elevada heterogeneidade externa entre os agrupamentos.

Esses critérios levaram à escolha de cinco variáveis para representar os aspectos institucionais dos municípios na administração de seus problemas ambientais, ou seja, a dimensão Arcabouço Institucional – AI. São elas:

1. Existência de órgão municipal de meio ambiente – OMMA69;

69

A MUNIC Meio Ambiente investigou se o município tem a seguinte estrutura administrativa para lidar com as questões ambientais: i) secretaria exclusiva, ii) secretaria associada a outra área da prefeitura ou iii) departamento, assessoria, setor ou órgão similar para tratar da questão ambiental. Desse modo, este trabalho considerou todas as possibilidades citadas para considerar a existência de algum tipo de OMMA no município.

2. Existência de legislação ambiental municipal específica (Legislação)70; 3. Existência de Conselho Municipal de Meio Ambiente Ativo – CMMAA 71;

4. Contar com mais de 50% de participação da sociedade civil no CMMA (Participação CMMA); e

5. Existência de acordo administrativo ou protocolo com órgão de meio ambiente estadual que transfira para o município atribuições na área ambiental (Transferência de atribuições).

Os mesmos critérios considerados da dimensão AI foram utilizados para selecionar seis variáveis que retratassem o esforço adicional da prefeitura com a questão ambiental, ou seja, a dimensão Ações de Gestão Ambiental – AGA72. São elas:

1. Programa de Educação Ambiental;73

2. Programa de coleta seletiva de lixo e Reciclagem de lixo;74

3. Controle, monitoramento e/ou licenciamento da ocupação urbana;

4. Recomposição de vegetação nativa, inclusive de matas ciliares e manguezais;

5. Cassação ou não renovação da licença de funcionamento de atividades poluidoras;

70

A MUNIC Meio Ambiente investigou se o município tem legislação específica para tratar da questão ambiental nos seguintes formatos: Capítulo ou Artigo da Lei Orgânica, do Plano Diretor, do Plano de Desenvolvimento Urbano, do Zoneamento Ecológico-Econômico regional; Código Ambiental específico ou Lei de criação de Unidades de Conservação.

71

Segundo a MUNIC Meio Ambiente, CMMA ativo se refere ao fato de o Conselho de Meio Ambiente Municipal ter realizado pelo menos uma reunião nos 12 meses anteriores à data da coleta da pesquisa.

72

As ações contempladas no questionário da MUNIC Meio Ambiente de 2002

somam um total de 54 variáveis, distribuídas em seis temas: Monitoramento da qualidade do ar e da água, Gestão de recursos hídricos, Gestão de recursos florestais ou de Unidade de Conservação, Gestão do recurso solo, Gestão da atividade pesqueira, Outras ações de caráter ambiental. Subtraindo-se os itens “outras” relacionadas a cada tema, tem-se um total de 48 variáveis, que não correspondem diretamente ao amplo elenco de quesitos considerados em cada tema. Por exemplo, “reciclagem de lixo” e “fiscalização e combate ao despejo inadequado de resíduos domésticos” encontram-se no tema Monitoramento da qualidade do ar e da água. “Fiscalização de postos de gasolina” na Gestão de Recursos Hídricos.

73

A MUNIC Meio Ambiente não especifica a definição desta variável.

74

A MUNIC Meio Ambiente (IBGE, 2005b) considerou as seguintes definições. Programa de coleta seletiva

de lixo – programa que incentiva a separação e acondicionamento de materiais recicláveis em sacos ou

recipientes nos locais onde o lixo é produzido, objetivando, inicialmente, separar os resíduos orgânicos (restos de alimentos, cascas de frutas, legumes etc.) dos resíduos inorgânicos (papéis, vidros, plásticos, metais etc.). Esta prática facilita a reciclagem porque os materiais, estando separados, têm maior potencial de reaproveitamento e comercialização. Reciclagem de lixo - separação e recuperação de materiais usados e descartados e que podem ser transformados ou reutilizados. Com o objetivo de facilitar a análise de agrupamento, ambas variáveis foram consideradas de maneira conjunta neste trabalho.

6. Medidas judiciais e/ou administrativas obrigando a recuperação de áreas degradadas.