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ASSOCIAÇÃO DA TIPOLOGIA GERADA COM O IDH-M E O PIB PER CAPITA

PARTE I I – CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL DOS

4.4 ASSOCIAÇÃO DA TIPOLOGIA GERADA COM O IDH-M E O PIB PER CAPITA

CAPITA MUNICIPAL

Grande ênfase tem sido dada à utilização de indicadores sintéticos que buscam mensurar as diversas dimensões da pobreza e do desenvolvimento social. Sem a pretensão de esgotar o tema a respeito dos diversos fatores envolvidos na relação entre proteção ambiental e desenvolvimento, optou-se por verificar a associação entre alguns indicadores selecionados (IDH-M, PIB municipal e PIB per capita municipal) e a tipologia de gestão ambiental gerada no nível dos municípios. A escolha desses indicadores baseou-se no seu reconhecimento na literatura como importantes indicadores de desenvolvimento, e na identificação dos principais contrastes espaciais brasileiros em termos sociais e econômicos, bem como na possibilidade de desagregação no nível municipal e sua abrangência nacional.

Em particular, no que se refere ao PIB municipal, a escolha se justifica porque o nível de atividade econômica é uma variável fundamental para definir a base tributária, sobre a qual se obtém os recursos para financiar a oferta de bens e serviços à população local 75. Outra questão é que se o crescimento econômico não é um empecilho para o desenvolvimento sustentável, então os municípios mais ricos, em termos de atividades produtivas, deveriam ter, também, uma gestão ambiental minimamente adequada e integrada com os setores produtivos locais. A idéia parte do pressuposto de que sociedades mais desenvolvidas têm maior consciência ambiental e empoderadamento para exigir políticas públicas voltadas à proteção ambiental e à melhoria da qualidade de vida. Entretanto, conforme mencionado anteriormente, existem muitos exemplos de políticas de desenvolvimento que geram impactos ambientais e sociais e que não trazem, necessariamente, melhoria na qualidade de vida da população.

No que diz respeito ao IDH-M, a escolha se justifica por ele ser o único indicador sintético disponível no nível municipal, e de abrangência nacional, cujo cálculo incorpora três dimensões (educação, longevidade e renda), que complementam os indicadores econômicos tradicionalmente utilizados para avaliar o desenvolvimento de uma nação. Segundo Barros et al. (2003) o IDH foi desenvolvido no inicio da década de 1990 pelo PNUD, a partir da necessidade de gerar um indicador escalar de pobreza que sintetizasse todas as suas dimensões relevantes, e que permitisse ordenar a situação social de países, regiões, além de avaliar as políticas sociais e o progresso no combate à pobreza.

Barros et al. (2003) mencionam algumas das deficiências geralmente apontadas sobre esse indicador sintético. A primeira delas se refere à seleção arbitrária dos indicadores que o compõe e dos pesos utilizados. Com efeito, o IDH é comumente criticado pelo seu tratamento simplista sobre o desenvolvimento humano, envolvendo apenas três dimensões. Entretanto, a ampliação do número de dimensões e o aumento do número de indicadores utilizados para representar cada uma das dimensões apresentam-se apenas como problemas de ordem prática, e não teórica, baseados na disponibilidade dos indicadores e nos níveis de abrangência geográfica que o IDH se propõe a contemplar.

Uma segunda limitação metodológica apontada por Barros et al. (2003) se refere à falta de agregabilidade desse indicador, ou seja, o IDH de um país não pode ser obtido como uma média ponderada dos IDHs dos estados que o compõem. Apesar dessas deficiências, o

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As atividades produtivas permitem inferir, também, sobre o tipo de pressão que as atividades humanas exercem no território. Desse modo, o ideal seria desagregar o PIB municipal para os setores agropecuária, indústria e serviços. Entretanto, este trabalho não se propõe a comparar a estrutura das economias locais com a gestão ambiental.

IDH tem sido amplamente utilizado como alternativa aos históricos indicadores baseados apenas na insuficiência de renda.

Com efeito, a partir do lançamento do IDH no início da década de 1990, vários indicadores sintéticos vêm sendo gerados com o objetivo de atender às necessidades de um indicador escalar de qualidade de vida. Entretanto, não é o escopo deste trabalho aprofundar e detalhar esses indicadores. Os seguintes exemplos podem ser citados: o Índice de Condições de Vida – ICV (IPEA, Fundação João Pinheiro e IBGE, 1998), o Índice Municipal do Instituto Pólis (Souto et al., 1995), o Índice de Qualidade de Vida – IQV (CIDE, 1998), o Índice de Desenvolvimento da Família – IDF (Barros et al., 2003), e o Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS (Fundação SEADE e Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo). No contexto das políticas ambientais, o exemplo mais conhecido se refere ao Índice de Desempenho da Política Pública de Meio Ambiente – IDPA, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais – SEMAD (RIBEIRO, 2006).

A associação da tipologia gerada com o IDH-M e o PIB per capita municipal foi verificada a partir dos seguintes procedimentos. Num primeiro momento, o IDH-M e o PIB

per capita municipal foram apresentados por meio de estatísticas descritivas (média, mediana

e desvio-padrão) para cada cruzamento dos diferentes níveis da classificação gerada, considerando-se as dimensões AI e AGA e cada uma das Grandes Regiões. Num segundo momento, observou-se a distribuição da freqüência de municípios para cada nível da tipologia gerada em relação a determinados intervalos de IDH-M e PIB per capita municipal. Por último, verificou-se a classificação da tipologia para o conjunto de 50 municípios com maior IDH-M, bem como para os 50 municípios com maior PIB municipal.

A seguir, apresenta-se a primeira etapa dos procedimentos metodológicos explicitados neste capítulo. A partir das considerações sobre as diferenças estruturais dos municípios brasileiros distribuídos nas cinco regiões político-administrativas do país, serão analisadas as informações disponíveis para cada temática do MUNIC Meio Ambiente de 2002, bem como aquelas comparáveis com a MUNIC Gestão Pública de 2004.

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CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL NO

BRASIL

Conforme mencionado nos capítulos anteriores, em face das tendências de redefinição do papel do Estado, a partir da Constituição de 1988, a ênfase na descentralização trouxe de volta a responsabilidade de políticas públicas ao poder local. Os maiores desafios do Sistema Nacional de Meio Ambiente, se referem ora à omissão dos órgãos encarregados da execução das políticas ambientais, ora à superposição entre órgãos das distintas esferas federais. Mas apesar da reconhecida timidez dos governos municipais nas ações de gestão ambiental, é importante identificar os diferentes comportamentos da gestão pública local no espaço e a multiplicidade de situações que se configuram, inclusive na relação com o executivo estadual.

Qualquer análise que leve em conta algum tipo de comparação entre os municípios do país deve considerar sua distribuição relativa nas diferentes regiões político- administrativas e Unidades da Federação. Inicialmente, o presente capítulo ilustra como persistem as disparidades regionais, no Brasil, em termos socioeconômicos e demográficos, e em seguida, explicita dados que revelam os limites e os condicionantes da ação dos municípios no campo ambiental.