• Nenhum resultado encontrado

A arquitetura e a composição celular geral dos vasos sanguíneos são as mesmas em todo sistema cardiovascular. Alguns aspectos da vasculatura mudam de acordo com as necessidades funcionais distintas de cada região, refletindo suas diferentes necessidades. Para suportar o fluxo sanguíneo e o fluxo pulsátil e a pressão sanguínea mais elevada nas artérias, suas paredes são mais espessas do que das veias. A espessura da parede arterial diminui conforme os vasos se tornam menores, mas a proporção entre a espessura da parede e o lúmen aumenta.

Os constituintes básicos das paredes dos vasos são as EC, as SMCs e a MEC, incluindo elastina, colágeno e glicosaminoglicanas. São formados de três camadas concêntricas: a túnica íntima, média e adventícia. A túnica íntima é a camada mais interna da parede vascular. Compreende de uma única camada de EC, com pouca quantidade de tecido conjuntivo subendotelial subjacente e se estende da luz do vaso sanguíneo até a lâmina elástica interna. Essa primeira camada de lâminas elásticas concêntricas que circundam a luz é

fina e tem um papel insignificante nas propriedades mecânicas da aorta (SILVER et al, 2001; ROBBINS & COTRAN, 2005).

Nas artérias de grande calibre ou elásticas são freqüentes a quantidade de lâminas elásticas na média. A túnica média é a camada mais espessa da aorta e é formada por camadas de SMCs organizadas helicoidalmente (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008). Essas células são encontradas em situações que necessitam de contrações lentas sustentadas ou rítmicas, isentas de controle voluntário. São fusiformes, apresentam um único núcleo com forma alongada ou elíptica de posição central. Os pequenos grupos de células são organizados em feixes por tecido colágeno fino contendo vasos sanguíneos e nervos (STEVENS & LOWE, 1995). Estende-se da parte interna da lâmina elástica interna até a parte externa da lâmina elástica externa. As camadas de SMCs da média, próximas ao lúmen recebem oxigênio e nutrientes por difusão direta a partir do lúmen do vaso, facilitada por orifícios na membrana elástica interna.

Contudo, em vasos médios e grandes, a difusão a partir do lúmen não é adequada para as porções mais externas da média, e, portanto, essas áreas são supridas por pequenas arteríolas provenientes de fora do vaso (chamadas vaso vasorum, literalmente “vasos dos vasos”), atravessando-os na metade ou nos dois terços mais externos da média. Essa túnica tem a função de regularizar o fluxo sanguíneo, sendo que os componentes elásticos da aorta permitem que ela se expanda durante a sístole, desta forma armazenando parte da energia de cada batimento cardíaco. No intervalo entre as contrações cardíacas, durante a fase diastólica do ciclo cardíaco, a retração elástica da parede vascular impele o sangue através do sistema vascular periférico. Com o envelhecimento, a aorta perde elasticidade e os grandes vasos não mais se expandem tão prontamente, principalmente quando a PA é elevada. Desta forma, as artérias de indivíduos mais idosos se tornam tortuosas e dilatadas (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999; ROBBINS & COTRAN, 2005).

Externamente à lâmina elástica externa encontra-se a adventícia, é a camada mais externa da aorta. Consiste principalmente de colágeno tipo I e algumas SMCs, tornando - se gradativamente contínua com o tecido conjuntivo do órgão pelo qual o vaso sanguíneo está passando. No interior da adventícia há pequenos vasos sanguíneos, os “vasa vasorum”, os quais enviam ramos penetrantes para o interior da média para supri-la com sangue (SILVER et al, 2001; ROBBINS & COTRAN, 2005; STEVENS & LOWE, 1995; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008). A aorta também é suprida por nervos- os “nervi vasorum” - que suprem

até três túnicas. Esses nervos recebem informações do sistema nervoso autônomo simpático para os vasos contraírem-se, modulando o diâmetro da mesma (WILLIAMS et al, 1995; GUYTON & HALL, 1996).

As proteínas fibrosas, elastina e colágeno, são os componentes estruturais-chaves da MEC dos vasos sanguíneos, fornecendo força e elasticidade à aorta, bem como permitindo variações de pressão durante cada batimento (MATSUDA et al, 1989; MATSUDA et al, 1993; JACOB, 2003). As propriedades funcionais dos vasos, particularmente das grandes artérias e veias, são muito dependentes da quantidade absoluta e relativa desses constituintes, e da configuração e quantidade relativa desses constituintes básicos supracitados, que variam no sistema arterial, em motivo das adaptações locais às necessidades mecânicas ou metabólicas.

Estas variações estruturais de um local para o outro ocorrem principalmente na média e na MEC (JACOB, 2003), onde a elastina confere elasticidade e o colágeno atua proporcionando rigidez para a parede das artérias, limitando a extensibilidade. O grau de relação entre as fibras colágenas e elásticas é importante para proporcionar as propriedades mecânicas que o tecido necessita, uma vez que 46% do peso da aorta correspondem a colágeno e 30% a elastina. Alterações na quantidade e qualidade de qualquer um dos constituintes da matriz podem ser determinantes para o desenvolvimento de doenças que afetam diretamente a aorta (CATTELl et al, 1996; SILVER et al, 2001). Diante do exposto, a figura 10, a seguir, ilustra um esquema representativo da parede vascular:

Figura 10: A estrutura de uma artéria de grande calibre normal. A artéria possue três camadas morfologicamente distintas. A íntima, a camada mais interna, é limitada por uma única camada de células endoteliais (EC) em contato com a luz do vaso e pela lâmina elástica interna (fibras elásticas). A íntima normal é uma região muito delgada (tamanho grande nesta figura) e é constituída de MEC (principalmente proteoglicanos e colágeno). A média, a camada intermediária, compreende de células musculares lisas (SMCs). A adventícia, a camada mais externa, consiste de tecido conectivo como fibroblastos e SMCs (LUSIS, 2000).

Documentos relacionados