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ASPECTOS OBJETIVOS: PUBLICAÇÕES E MODELO DE MUDANÇA CONCEITUAL

4. PAPÉIS DA HFC NA HISTÓRIA DA ÁREA

4.1 ASPECTOS OBJETIVOS: PUBLICAÇÕES E MODELO DE MUDANÇA CONCEITUAL

Nosso primeiro movimento foi mapear nos periódicos específicos para pesquisadores e professores de Física as contribuições da HFC, tentando identificar as motivações, o motor epistêmico dessas publicações. Optamos por analisar dois importantes periódicos nacionais cujos nascimentos (um em 1979 e o outro em 1984) tiveram grande importância para a consolidação da área. O fato de serem publicações da área de Ensino de Física é decorrente do pioneirismo da Física dentro da área, como fica evidenciado pelo fato das primeiras pós-graduações em Ensino de Ciências terem tomado lugar nos Institutos de Física da UFRGS e da FEUSP, como já citado.

O Caderno Catarinense de Ensino de Física (CCEF) teve seu primeiro volume publicado em 1984 pelo departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é chamado Caderno Brasileiro de Ensino de Física e mantém, desde o primeiro volume, uma seção intitulada “História e Filosofia da Física (HFF)”. Analisando os sete primeiros anos de publicação (dezembro de 84 a dezembro de 91) contabilizamos 26 artigos publicados nessa seção, sendo a segunda seção do periódico em número de publicações. Para efeitos comparativos, citamos que a seção que publicou o maior número de artigos foi “Ensino de Física”, com 55 artigos publicados. Outras seções tiveram número de publicações semelhantes como “Laboratório Caseiro”, com 22 artigos; “Demonstre em Aula”, com 22 artigos, “Física Geral”, com 24 artigos e “Divulgação Científica”, com 25 artigos publicados.

Acreditamos que o grande número de artigos sobre História e Filosofia da Física (HFF) é um indício da valorização dessa temática na área que se consolidava. Além disso, a seção de HFF foi a única que mereceu edições especiais do periódico, que ocorreram em 1988, 1989 e 1990. A edição especial de 1988 trouxe os resultados de uma mesa-redonda, que teve lugar

em um dos SNEF´s, cujo tema foi a influência da História da Ciência no Ensino de Física.

Nossa primeira impressão foi que a história e a filosofia representavam para a comunidade científica um tema de fácil compreensão e, supostamente, de fácil exploração na pesquisa e no ensino. Para os pesquisadores com a formação inicial em ciência – Física, Química, Biologia ou Matemática (área em que a história sempre foi amplamente explorada) – a idéia de trabalhar com textos históricos e ensinar através da história e da filosofia pode ter parecido atraente por enxergarem na área de EC mais um campo aberto para publicação32.

Eu acho que teve essa aproximação por falta de mercado para o historiador da ciência. Onde tem História da Ciência no Brasil? Pelo que eu conheço, acho que tem no Rio de Janeiro, tem na PUC, tem uma cadeira de História da Ciência na Federal de Minas, mas geralmente não tem curso na área de História da Ciência. Então eu acho que o pessoal viu que na área de Ensino de Ciências tinha uma linha bastante forte de pesquisa em História da Ciência e acho que disseram: a gente vai se virar por aí, a gente vai para área de ensino, pega essa linha e “dá para meio que fazer” a ligação entre a área de ensino e a História da Ciência, mais para sobreviver como historiador da ciência. [Zico]

Eu vejo que como surgiram as revistas da área, da década de 80 para cá - a primeira foi a Revista Brasileira de Ensino de Física, depois foi o Caderno Catarinense, que depois virou Brasileiro, depois acho que foi a Investigações que já é mais... daí a Ciência & Educação, depois a Ensaios, a Ciência e Ensino da Unicamp - eu acho que quando essas revistas começaram a se especializar e ter sessões ou serem totalmente para pesquisa de ensino, também na área de História e Filosofia começaram a deslanchar as revistas dessa área. Então também esse pessoal teve onde publicar. [Dino]

A presença marcante da HFC nas publicações da área permanece até hoje33. Uma análise de um período mais recente da revista de Ensino de Física (REF) demonstra isso. O periódico surgiu em 1979, como publicação da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e o ano de 1993 marcou a inauguração da seção "Epistemologia e História da Física" que, posteriormente, foi chamada apenas "História da Física" e, a partir de 2000, "História da Física e Ciências Afins". No período de 1993 a 2003 foram publicados 44 números da revista. Nas seções específicas sobre História da Física encontramos um total de 68 artigos, sendo que 13 autores foram responsáveis por 53 artigos publicados, representando 78% da totalidade dos artigos e, um único autor responde por 27 artigos, ou seja, aproximadamente 40% dos 68 publicados na referida seção.

Notamos também uma grande diversidade na origem desses autores, provenientes de várias regiões do país. Comparando com um estudo realizado anteriormente por Moret34 (1994), percebemos uma situação diferente daquela encontrada nos dez primeiros anos da revista, quando existia uma predominância de autores da região sudeste do Brasil, mais precisamente, autores do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Outro fato que chamou-nos a atenção foi a multiplicidade de abordagens desses artigos e de autores. Alguns pareciam impulsionados pela idéia simples de que conhecer a história da Física por si só agregaria motivação e facilitaria a aprendizagem de conceitos físicos. Isso parece ser conseqüência da crença de que um material adequado seria suficiente para garantir a aprendizagem, como vimos na interpretação de alguns eventos da história da área.

Como a preocupação inicial era a produção de material didático científico de qualidade, onde se destacaram os projetos de ciências, a produção de textos históricos para inserção da HFC nos projetos e nos livros didáticos era um nicho de trabalho interessante, ainda que muitos não conseguissem produzir qualquer articulação com o ensino.

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Também em publicações de fora do Brasil a HFC tem lugar garantido. Um exemplo, é a revista Science & Education que desde 1991 é especializada no estudo do papel da História e Filosofia das Ciências no ensino das Ciências (Cachapuz et al., 2001)

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Eu vejo que isso acontece também na História e Filosofia das Ciências, então [vejo] pessoas que trabalham puramente com História até pessoas que inserem mesmo a História e Filosofia no ensino. Então, eu vejo que às vezes é até difícil classificar se esse trabalho é de Ensino de Ciências ou não quando ele tem o viés histórico, porque às vezes ele fica mais puramente na História, na Filosofia, na Epistemologia. Outros realmente vão a campo e inserem, não é? [Dino]

A aplicação em sala de aula eu já acho um pouco mais difícil. Confesso que eu tenho uma dificuldade de ver os alunos lendo... Sei que existem experiências que fazem isso, de leitura de textos de fonte primária ou mesmo a utilização de outras metodologias no Ensino Médio, mas... Confesso que tenho dificuldade de fazer uma ligação com a área de ensino. Toda vez que tenho que pegar a questão da HC e fazer uma ligação com o ensino eu tenho uma certa dificuldade. Em geral daí eu converso com as pessoas, tem gente que é dá área de ensino no projeto, e as pessoas conseguem fazer a ligação. [Zico]

Outros artigos que encontramos justificavam o uso da HFC em aulas para desmitificar a imagem da ciência e o trabalho do cientista, evidenciando as controvérsias científicas, a não-linearidade da produção científica, aumento da cultura geral dos alunos e dos professores, entre outros aspectos.

Para propiciar uma reflexão sobre a natureza da ciência, sobre o empreendimento, essa coisa que hoje todas as reformas curriculares acentuam, que não basta ensinar os conteúdos de ciências, é preciso que se reflita sobre a natureza do empreendimento científico, a história é imbatível. [Vilas]

Acho que eu sempre tive uma coisa na minha cabeça. Era a questão do aprendizado mesmo, eu tive dificuldade em um conteúdo de Química e eu tinha ganhado do meu avô um volume sobre Química que tinha uma introdução enorme sobre História da Química, foi lendo aquilo que me ajudou a entender a Química. Isso nunca saiu da minha cabeça. [Roma]

um paradigma. Tudo bem, isso é uma discussão estática. Se você quiser entender, então, como essa lei é formulada, validada, tem que recorrer a história. [...] Por que quando eu passei a dar aula eu percebi que tinha uma certa arbitrariedade para você apresentar. Os alunos, em alguns momentos, gostariam de saber da onde que as coisas vem, e a gente sempre usava a receita construtivista, na época não tinha esse instrumento todo. Quando você conhece a história, você tem mais argumentos. Você pode falar um pouco do processo, quer dizer, você consegue lidar melhor com essa dimensão do ensino e aprendizagem.[Peter]

Esse tipo de abordagem exemplifica uma primeira exploração da HFC que focalizou o Ensino Médio. Não somente houve pesquisas procurando textos históricos capazes de apontar a semelhança entre as idéias dos cientistas (por exemplo, de calor e temperatura de Black, ou de inércia circular de Galileu) e as dos alunos, mas também foram propostas experiências didáticas caracterizadas pelo uso em sala de aula desses textos, que deveriam desempenhar um duplo papel: de indicar o caminho da mudança e sustentar a auto-estima e o esforço dos alunos.

Embora o número de trabalhos que tratavam de experiências concretas em sala de aula fosse limitado, encontramos relatos de alunos que, de fato, apontavam o efeito estimulador de saber que grandes cientistas compartilharam de idéias semelhantes às dos estudantes e de entrar em contato com suas dúvidas.

Outro conjunto de artigos explorou as analogias entre as concepções alternativas dos estudantes e de cientistas de outrora, buscando caminhos para entender melhor o processo de aprendizagem da Física pelos estudantes e o aperfeiçoamento de seu ensino. Essa linha de artigos apareceu articulada com a discussão do Modelo de Mudança Conceitual e da Teoria da Equilibração de Piaget. Nesses casos a HFC representava um papel de suporte, fornecendo elementos para comparações e analogias.

A década de 1980, o movimento das concepções alternativas e via de regra as concepções cognitivistas, elas abriram um enorme campo para História e para Filosofia das Ciências, em dois ou três sentidos diferentes. Um desses sentidos

é o que você disse, ou seja, quando se ia estudar concepções alternativas era importante conhecer a História da Ciência. Porque era a tese do Piaget, de que no aprendizado individual você ia de novo percorrer [...] as etapas que a humanidade tinha percorrido na produção do conhecimento. Até que essa tese fosse criticada foi preciso muita pesquisa para mostrar que não era bem assim, essa tese tinha que ser tomada com “grão de sal”. Mas ali, portanto, você teve uma legitimação enorme para História da Ciência. Eu diria que um outro fator, ligado ao mesmo contexto, é que se fez muitas analogias com a aprendizagem e as mudanças de teorias científicas. [...] A analogia com a aprendizagem, então, se revelou mais problemática. Mas veja, foram dez anos que isso fez a vida de muita gente. Então, tudo isso junto teve no fortalecimento da área de ensino de ciências um enorme papel, uma legitimação do papel da história e epistemologia. [Vilas]

A incorporação dos resultados destas pesquisas (os textos históricos e seu uso nas experiências didáticas) nos cursos de capacitação de professores e nos cursos de formação inicial constituiu um meio de divulgação bastante eficiente sobre a fertilidade do acoplamento da HFC com o Ensino de Ciências.

Este acoplamento promoveu também a elaboração de variações sobre o modelo de mudança conceitual com a exploração das teses de filósofos pós- positivistas, onde a própria estrutura da ciência e de seu progresso estavam em foco. Assim alguns se dedicaram a desenvolver uma analogia sobre o EC a partir das idéias de Kuhn, Lakatos, Fayerabend, Laudan ou de Popper.

Depois do entusiasmo com o modelo de mudança conceitual pensei que poderia incrementar sua relevância explorando as idéias de Laudan que me pareciam mais flexíveis para dar conta da história efetiva da ciência. Foi neste trabalho que ficou clara para mim a importância decisiva da motivação dos alunos para a aprendizagem. [Niva]

Tem o caso, por exemplo, que o Chassot fala: a gente foi lá buscar, foi beber na HFC, por quê? Eu acho que os filósofos mais contemporâneos, o Kuhn, o Popper, o Lakatos, ao explicarem a organização, a estrutura da Ciência [...] eles colocam, se aproximam mais, da visão que os educadores em Ciências têm e como eles entendem a Ciência. E isso fez com que eles acabassem se

apropriando disso na pesquisa, no ensino até. E hoje eu perfeitamente discuto a questão da Ciência não ser linear, no meu grupo de estudo, via história e filosofia, não só na graduação como também na pesquisa. [Dino]

O caso mais significativo, que teve ampla divulgação também no exterior, foi a exploração da idéia de ‘perfil epistemológico’ de Bachelard para propor uma nova versão da mudança conceitual: a mudança do perfil conceitual (Mortimer, 1994).

Nessa segunda vertente a contribuição da HFC focalizou o Ensino Superior, promovendo disciplinas que divulgassem episódios historicamente significativos de mudança científica, como a passagem da teoria geocêntrica para heliocêntrica ou o nascimento da teoria da relatividade.

Quando percebi que durante minha formação fui enganado sobre a história da Relatividade, resolvi pesquisar sobre suas origens e complementar o ensino da teoria com informações mais confiáveis sobre sua história. [Niva]

Parece que a vontade de transmitir para as gerações mais novas aquilo que a comunidade científica recalcava (que as grandes mudanças científicas não são lineares, nem constituem a vitória da verdade) envolveu boa parte dos pesquisadores da área, e rapidamente estimulou alguns para pesquisar e divulgar uma HFC incluindo as ligações e os compromissos entre o desenvolvimento científico e o poder econômico e político. No início das pesquisas da área, esta tarefa era considerada como uma maneira de combater a ditadura militar, denunciando implicitamente o pacto entre universidade e governo.

Minha dedicação ao estudo e à divulgação da História e Filosofia da Ciência era uma parte do trabalho de conscientização dos alunos e dos professores. Tinha a impressão que denunciando a pretensa neutralidade da ciência estava ajudando meus alunos a serem mais críticos e a refletirem sobre a situação do Brasil. [Niva]

O interesse de alguns para fazer o acoplamento da HFC no Ensino Médio ou Superior não diminuiu, no entanto, as dificuldades para fazer a transposição didática do material histórico e produzir material que seja realmente viável para ser levado à sala de aula. Esses desafios permanecem até hoje.

Também permanece o desafio do enfrentamento do preconceito dentro dos institutos de Ciências (a pesquisa sobre ensino foi, e ainda é, vista por alguns como algo “menor”) e a necessidade de uma aproximação entre os historiadores das ciências e educadores que passa, entre outras coisas, pela dificuldade de superação da linguagem entre campos distintos de conhecimentos.

Ele tinha muito preconceito, era um cara da área dura, em Química. E é uma cara que acha que pesquisa de Ciências Humanas não tem muito valor. Não sei se ele acha isso hoje, mas naquela época (se referindo ao final da década de 1990) era bem claro isso. [Belo]

Tem um grupo de pessoas da Biologia preocupada com isso. Está no V ou VI Encontro de História e Filosofia da Biologia e no ano passado surgiu toda uma discussão sobre a qualidade da história que aparece nos livros didáticos, que em geral é uma história caricata, ruim. E teve toda uma reflexão sobre alguém ter que produzir esse material, e não é o cara do Ensino de Ciências. O cara tem que ter um bom material de História da Ciência para poder utilizar. Daí o pessoal meio que acolheu a idéia e acho que no final desse ano, em novembro, teremos o primeiro Encontro de Produção de Material Didático para História da Biologia. [Zico]

Eu tive que enfrentar esse medo. Mas, felizmente no meu caso, fui super bem acolhida por meus colegas de departamento (uma física, com atuação notória como historiadora da Ciência, referindo-se aos colegas físicos).[Emma]

Felizmente, podemos perceber nas falas acima que atualmente existem componentes novos e promissores no que se refere à articulação entre as distintas áreas, como a aproximação mais consistente entre pessoas com

formação nos campos da HFC, EC e Ciências duras e a valorização na formação inicial e continuada dos professores. Essa perspectiva otimista também pode ser observada na fala de outros entrevistados.

Agora com certeza está, mas antigamente não. Então agora a gente tem todos esses cursos de Pós-Graduação de Ensino de Ciências, com ênfase, que tem a área de História da Ciência. Certamente está formando gente e a situação daqui a dez anos vai ser completamente diferente, completamente. Mas acho que ainda não houve tempo de consolidar isso, a gente está numa fase de transição. [...] Pelo que estou percebendo nesses cursos de pós-graduação como o da Bahia, o GHTC de Campinas, o de Bauru, São Paulo e etc., a gente tem agora um número crescente de pessoas que vence essa barreira que havia entre o historiador que não trabalha com educação e o educador que quer usar História da Ciência e não está muito familiarizado com a coisa. Então agora você tem pessoas com os pés firmes dos dois lados, então é uma situação completamente diferente e eu acho que isso por um lado permite então uma colaboração melhor porque as pessoas entendem a linguagem um do outro. Ah, e se a moda não passar depressa, que é sempre um perigo, eu acho que a gente vai ter uma comunidade sólida e uma das melhores do mundo em uso da História da Ciência em Educação. Estou falando isso seriamente porque eu acho que o movimento aqui no Brasil está muito forte e está superando o da maioria dos países do exterior. Eu acho que a gente vai ter uma comunidade muito boa nessa área daqui a dez anos. [Roma]

Pelo menos aqui é um pouco diferente. A gente tinha um curso que era o famoso “Evolução dos conceitos da Física”, de 2 créditos. Quando eu cheguei aqui o curso era “do átomo grego até a mecânica quântica”, em 2 créditos. Às vezes, a gente brincava de fazer a conta de quantos séculos era por minuto. Mas agora a gente tem um curso de 4 créditos em História da Ciência e mais 4 créditos em Filosofia da Ciência, e algumas possibilidades de sala de aula de discutir isso. Pelo menos eu discuto. [Zico]

Eu me defino como historiador da Biologia, quer dizer, isso eu não sou na verdade. Esse ano eu trabalho com Filosofia da Biologia. Na verdade estou me definindo como biólogo teórico. [...] Mas eu tenho que dizer que eu sou mais um biólogo teórico e pesquisador em Educação, em Ensino de Biologia. Agora,

nessas identidades eu acho que não tem uma que sobressai mais que a outra, são as duas coisas mesmo. [Cris]

Assim, acreditamos que a simples colaboração entre dois tipos de resultados - de pesquisas em EC e em HFC tornou-se uma sugestão quase inesgotável de iniciativas e resultados na pesquisa em Ensino de Ciências, contribuindo de maneira decisiva para sua institucionalização no Brasil.

4.2 ASPECTOS SUBJETIVOS: REFERÊNCIA SIMBÓLICA E

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