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CAPÍTULO II ESTUDO DE CASO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA

1.3 Aspectos Socioeconômicos

De forma geral, a formação socioeconômica dos Municípios costeiros do Estado de Santa Catarina apresenta certa homogeneidade. O desenvolvimento urbano e econômico do estado intensificou-se com a construção de rodovias a partir de 1950 e ampliação das mesmas a partir de 1970 ao longo do litoral e também no interior. A comunicação intermunicipal propiciada pelas novas estradas favoreceu as indústrias do sul de Santa Catarina, principalmente no setor cerâmico e turístico (NMD, 2009).

A partir de então, a trajetória de desenvolvimento do Estado vem sendo marcada pela dinamização de vários setores econômicos, industriais e agroindustriais, articulados aos mercados nacional e internacional, especialmente devido aos serviços portuários, além do binômio tradicional pesca artesanal e agricultura familiar, pesca industrial e da construção civil.

A hegemonia do setor de serviços está expressa no registro do Produto Interno Bruto dos Municípios:

Tabela 1 – Atividade econômica por setor – SDR de Laguna, 2004 e 2005. Municíp ios Agropecuária (R$) Indústria (R$) Serviços (R$) 2004 2005 2004 2005 2004 2005 Garopaba 7.189, 79 7.598, 50 27.102, 22 29.618, 93 67.342, 81 80.871, 17 Imaruí 41.393, 56 35.185, 64 6.971, 35 7.295, 96 34.708, 05 37.606, 47 Imbituba 19.528, 60 16.553, 49 108.664, 01 77.538, 47 214.550, 48 221.962, 46 Jaguaruna 39.682, 67 30.765, 06 25.126, 88 25.205, 92 54.847, 62 60.905, 75 Laguna 32.601, 72 33.103, 81 36.145, 22 39.372, 20 176.448, 40 202.964, 93 Paulo Lopes 6.489, 81 5.629, 31 11.018, 45 12.639, 66 21.676, 96 25.237, 95 Fonte: Brasil, (2008 apud GAROPABA, 2008a, p. 28).

Mais especificamente, o setor primário concentra as atividades agrícolas em suas várias possibilidades. A EPAGRI apresenta-se otimista em relação ao novo potencial de mercado visando “atender os turistas que se instalam ou visitam a cidade em busca de um estilo de vida mais próximo à natureza. Por isso, tem incentivado a olericultura e a fruticultura orgânica no Município” (GAROPABA, 2008a, p.143).

O objetivo é obter um maior valor agregado à produção, apoiando ações que possibilitem por meio de infraestrutura de comercialização e beneficiamento. Um destes exemplos é o mercado do produtor, cujos recursos aplicados estabeleceram como critério a comercialização de produtos orgânicos (GAROPABA, 2008a, p.143).

Outra preocupação relevante concerne adequação às exigências impostas pelo sistema de inspeção sanitária. Foi verificado que o Município ainda não conta com um Sistema de Inspeção Municipal [SIM], que garantiria a certificação e comercialização da produção no contexto municipal (SANTIN, 2005).

Já no que diz respeito à pesca, a exploração desenfreada de certas espécies mais vulneráveis, está promovendo uma diminuição das capturas e dos estoques importantes de algumas espécies em Garopaba como é o caso do mero, do miraguaia e da garoupa. Apenas os estoques de tainha e de enchova, conseguem garantir capturas expressivas para a pesca artesanal e ainda assim, com certas oscilações anuais (MAIA et al. apud GAROPABA, 2008a, p.144).

Também no setor pesqueiro, a Associação de Pescadores, o Ministério Público, a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o IBAMA, tem se posicionado no sentido de promover junto às comunidades pesqueiras, alternativas tecnológicas que proporcionem a pesca sustentável. Contudo, faltam ainda muitos incentivos à pesca e agricultura de forma que haja a capacitação do setor com vistas ao turismo rural (GAROPABA, 2008a, p.142).

Atualmente, apesar do ano de 2012 ter sido considerada uma temporada fraca em relação à captura da tainha, continuam emergindo iniciativas voltadas à geração de um plano de manejo que congregue alternativas tecnológicas para uma modalidade de pesca ecologicamente sustentável e para a educação das comunidades pesqueiras, num contexto do sistema de gestão da Área de Proteção Ambiental [APA] da Baleia Franca, com parcerias entre a Associação de Pescadores, o MP, o Fórum da Agenda 21 da Lagoa de Ibiraquera, a SEAP, a UFSC e o IBAMA (GAROPABA, 2008a, p.145).

No setor secundário, Garopaba conta com a indústria de vestuário e confecção voltada ao mercado de esporte e lazer, especialmente ao surfe. Nesse processo, destaca-se a participação da empresa MORMAII que, sendo a

maior fabricante de roupas de neoprene para esportes náuticos do Brasil, dentre outros produtos, é a principal empresa no Município e exerceu influência significativa na transformação de Garopaba em cidade turística voltada para o surfe, além de ser empregadora potencial. Atualmente, percebe-se uma dinâmica imobiliária bastante acentuada em Garopaba em função da instalação de equipamentos turísticos e residências de lazer. O setor da construção civil exerce papel fundamental no crescimento econômico da cidade nesse sentido, constituindo- se elemento-chave na geração de trabalho e renda (GAROPABA, 2008a, p.33).

Há também indústrias de eletro-eletrônicos, voltadas principalmente à detecção de metais e equipamentos de segurança, realizando inclusive exportações. Além disso, há indústrias de transformação e extrativas, e de carcinicultura. As agroindústrias, provenientes da agroecologia, representam uma preocupação das autoridades locais, com vistas à venda do produto não mais in natura, mas industrializado, como é o caso da cana e da banana, principalmente. Com isto, a tendência de aumento das agroindústrias locais vem de encontro à tentativa do Município de atender a demanda turística que busca uma vida mais saudável, possibilitando a permanência no campo (GAROPABA, 2008a, p. 148).

O setor terciário pode ser considerado aquele que responde pela geração do maior número de empregos no Município. Todavia, a maioria deles é de caráter informal e sazonal (GAROPABA, 2008a).

A qualificação profissional é, em geral, baixa no município, porém, este cenário tende a mudar, uma vez que, além da prefeitura fornecer transporte escolar para as Universidades das cidades vizinhas, de Tubarão, Palhoça e Florianópolis, foi recentemente instalado no município o Instituto Tecnológico vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina - IFSC. A demanda de estudantes pela utilização de tais serviços vem aumentando progressivamente. Importa registrar ainda a contribuição da Fundação Gaia Village. ONG que realiza em parceria com a Secretaria Municipal de Educação um programa de educação

ambiental em cerca de 25 escolas do ensino fundamental sediadas na região. Mantida pelo programa Mostra Professor José Lutzenberger – Escola Amiga do Ambiente, a parceria ocorre desde o ano 2000.