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Aspetos biográficos e profissionais

7. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

7.2. Análise global dos resultados

7.2.2. Aspetos biográficos e profissionais

A primeira categoria de análise refere-se aos aspetos biográficos e profissionais da entrevistada. Esta categoria foi subdividida em cinco subcategorias e estas em indicadores.

A tabela e a figura seguintes (Tabela 9 e Figura 2) apresentam o total de unidades de significado por cada uma das subcategorias e a sua percentagem. São também apresentados os indicadores de forma a estruturar a apresentação dos resultados.

Tabela 9. - Caraterização dos Aspetos Biográficos e Profissionais

CATEGORIA SUBCATEGORIAS INDICADORES N %

1. ASPETOS BIOGRÁFICO- PROFISSIONAIS

1.1. Tempo de Serviço

1.1.1. No agrupamento (o agrupamento só tem dois

anos) 3 14% 1.1.2. Na direção 1.2. Formação para o cargo 1.2.1. Formação pós-graduada 6 27% 1.2.2. Formação em contexto de trabalho

1.3. Experiência anterior em cargos de

direção

1.3.1. Outros cargos de chefia

4 18% 1.3.2. Perceção sobre a capacidade de exercer o

cargo de diretora

1.3.3. Importância do percurso em cargos de liderança

1.4. Pessoas significativas

1.4.1. Reconhecimento do papel dos outros na construção do papel de líder

2 9% 1.4.2. Perceção sobre a capacidade de construir

equipas de liderança

1.5. Motivação

1.5.1. Predisposição pessoal

7 32% 1.5.2 Capacidade para enfrentar desafios

1.5.3. Gosto pelo que faz (realização pessoal) 1.5.4. Exigência pessoal

Total 22 100%

Figura 2. - Distribuição, em termos percentuais, das unidades de significado pelas categorias de análise da grande categoria Aspetos biográficos e Profissionais.

Tendo como referência o total de unidades de significado desta categoria, obtiveram- se como resultados: 32% das menções para a motivação no desempenho do cargo de Direção; 27% para a Formação para o Cargo; 18% para a Experiência Anterior em Cargos de Direção; 14% para o Tempo de Serviço; 9% para as Pessoas Significativas.

No âmbito do tempo de serviço, a protagonista do estudo não referiu com exatidão o início das suas funções no âmbito da direção escolar, mencionando “há dezassete, dezoito

anos. Não posso agora precisar!”. O mega agrupamento em que exerce funções foi

inaugurado há dois anos e a entrevistada foi a responsável pela sua abertura.

14%

27% 18%

9% 32%

Aspetos Biográficos e Profissionais Tempo de Serviço Formação para o cargo Experiência anterior em cargos de direção Pessoas significativas Motivação

No que se refere à formação para o cargo, refere “ao longo da vida tenho feito aquelas

formações normais, mas a formação específica tem sido feita no terreno, no trabalhar em conjunto com os outros”. Mais acrescenta que concluiu, recentemente, um mestrado em

Gestão Intercultural e Ambiental.

Quando questionada sobre a sua experiência anterior, refere que desempenhou outros cargos de chefia, tendo sido vogal, adjunta, vice-presidente. Estes cargos deram-lhe a perceção de que tinha capacidade para exercer o cargo de diretora. Acrescenta: “Ao longo

deste tempo, fui adquirindo algumas competências que me permitiram chegar a uma determinada altura e considerar que estava preparada para liderar projetos”. Contudo,

relativamente à importância do percurso em cargos de direção, considera que “nunca se

chega diretamente a um cargo máximo de chefia”.

No seu percurso em cargos de direção reconhece a importância que outras pessoas tiveram na construção do papel de líder, aludindo que com essas pessoas tem adquirido saberes e confiança essenciais ao desempenho destas funções. Ainda no que se refere às pessoas, salienta: “Na minha tarefa de Diretora, todas as pessoas são importantes, mas

especialmente as pessoas que eu escolhi para a minha equipa e as pessoas que eu escolhi para as estruturas intermédias”.

Quando indagada sobre as suas motivações para dirigir um mega agrupamento, considera que houve uma predisposição pessoal para este facto, auto propondo-se para o cargo. Este facto está patente quando refere que “quando me candidatei foi para abrir a

escola da B, num novo desafio, numa escola diferente”.

7.2.2.1 Discussão dos Resultados

De acordo com a legislação em vigor, o desempenho de funções de direção escolar está devidamente previsto nos termos da lei. A atual organização do sistema de ensino público pressupõe a existência de uma escola sede de um agrupamento de escolas. O início de funções de direção obedece a uma nomeação para o cargo ou a um procedimento concursal, caso do presente campo de estudo, cujos contornos estão devidamente estipulados no Diário da República, 2.ª série — N.º 121 — 27 de Junho de 2011, p.26791. O referido procedimento concursal remete para a Lei 75/2008, o qual refere que podem ser opositores ao concurso docentes dos quadros de nomeação definitiva do ensino público, ou professores profissionalizados com contrato por tempo indeterminado do ensino particular e cooperativo

com, pelo menos, cinco anos de serviço e qualificação para o exercício de funções de administração e gestão escolar, nos termos do número seguinte. A protagonista do estudo, reunidas as condições para concorrer para a direção do mega agrupamento, foi escolhida para o efeito.

A entrevistada é uma docente com vários anos de experiência em cargos de direção, que tem feito formações obrigatórias conforme previsto no Estatuto da Carreira Docente10. Paralelamente a estas formações, concluiu um mestrado.

A capacidade de liderar, no entender da entrevistada, foi-se desenvolvendo ao longo do tempo, salientando que efetuou grandes aprendizagens “no terreno”, beneficiando dos saberes de pessoas que lhe foram próximas. Acrescenta ainda que na sua função de líder todas as pessoas são importantes, depositando uma grande confiança nas pessoas que alocou como líderes das estruturas intermédias. Este facto coaduna-se com o promulgado por Rego e Cunha (2013) ao referirem que num tempo em que as organizações necessitam de aprender a ajustar-se constantemente às alterações do ambiente envolvente, a humildade dos líderes (e de toda a organização) é crucial. Permite que a aprendizagem contínua seja a regra e ajuda a aprender com os erros. Para os mesmos autores, os bons líderes sabem escutar quem lhes mantém uma atitude desperta, podendo ser colaboradores de um qualquer nível.

Esta líder revela que o que a move para esta função é o facto de se manter motivada ante novos desafios. Neste âmbito, Novoa (2001) considera que a liderança escolar é, não só, uma exigência burocrática, mas também uma legitimidade para os profissionais da educação que podem aspirar ascender a estas funções.