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Caracterização da Avaliação Interna e Externa

7. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

7.2. Análise global dos resultados

7.2.5. Caracterização da Avaliação Interna e Externa

A forma de liderar/ dirigir um estabelecimento de ensino está diretamente relacionada com a avaliação interna e externa de escolas, acabando estes processos por influenciar as práticas. Esta grande categoria, aquando da entrevista, era parte integrante da grande categoria Caracterização da Liderança. Contudo, pela especificidade deste parâmetro, e pelo valor dos dados obtidos, optámos pela separação, viabilizando o tratamento da mesma à luz do impacto que tem nas dinâmicas da escola.

A tabela seguinte (Tabela 12) ilustra a categoria, subcategorias e indicadores definidos para a abordagem da grande categoria, Caracterização da Avaliação Interna e Externa. A apresentação dos resultados será feita com base na preponderância que cada uma das subcategorias tem neste âmbito, recorrendo aos indicadores estipulados numa ótica de operacionalização crescente.

Tabela 12. - Apresentação dos dados da grande categoria de análise Caracterização da avaliação interna e externa

Categorias Subcategorias Indicadores N %

13.AVALIAÇÃO INTERNA E

EXTERNA

13.1. Contributo da Avaliação Interna

13.1.1. Reconhecimento da importância 13.1.2. Regulação da avaliação Interna 13.1.3. Delegação de responsabilidade 13.1.4. Atividade cíclica 20 56%

13.2 Avaliação externa das escolas como reguladora das práticas de liderança

13.2.1 Reconhecimento da Importância 13.2.2. Assunção de responsabilidades 13.2.3. Elemento regulador 16 44%

A grande categoria Caracterização da Avaliação Interna e Externa integra um total de trinta e seis unidades de significado, o que corresponde a 7% das menções da entrevista. Foi definida uma categoria, denominada Avaliação Interna e Externa, a qual foi dividida nas subcategorias, Contributo da avaliação interna, que integra 20 unidades de significado, e avaliação externa das escolas como reguladora das práticas de liderança que integra 16 unidades de significado, o que corresponde a 56% e 44 % das menções respetivamente.

7.2.5.1. Contributo da Avaliação Interna

Neste âmbito, a diretora refere-se ao contributo da avaliação interna enquanto organizadora das práticas do agrupamento que dirige. Reconhece a importância deste processo avaliativo, referindo a relevância que está a ser dada à análise de resultados, expressando que “estamos a comparar resultados do último ano, do terceiro período do ano

passado, com o primeiro período deste ano, ano a ano, e já pensando, agora, em termos pedagógicos”, e “Estamos simultaneamente a comparar os nossos resultados internos com os resultados externos”.

A Avaliação interna do agrupamento está a ser concebida “com vista à avaliação

externa“. A entrevistada revela, mais concretamente, que “uma vez que está definida uma avaliação externa, nós estamos a trabalhar de modo a dar respostas àquilo que a avaliação

externa virá a observar na escola”. Neste sentido, estão a ser utilizados os parâmetros que a

avaliação externa utiliza aquando do seu processo avaliativo.

A responsabilidade de realizar a avaliação interna neste mega agrupamento foi atribuída a uma empresa de consultoria. A justificação para esta escolha, segundo a diretora, reside no facto de “nós não temos formação específica e cada vez mais acho que temos de

fazer as coisas bem-feitas e fazer questionários qualquer um de nós pode fazer questionários, fazer outro tipo de tarefas, mas se elas forem feitas por pessoas que têm formação especializada, tanto melhor”. Desta forma, atribui-se a uma entidade externa a

responsabilidade de encabeçar este procedimento, independentemente da definição interna de uma equipa que desenvolve as tarefas emanadas pela empresa de consultoria.

7.2.5.2. Avaliação Externa das Escolas como Reguladora das Práticas de Liderança

Relativamente à avaliação externa de escolas como reguladora das práticas de liderança, a diretora reconhece a importância da mesma, expressando “encaro sempre a

avaliação e a inspeção como (…) podendo vir a dar um contributo para que se melhorem as práticas e haja uma visão do exterior”.. Contudo, o agrupamento que dirige ainda não foi

alvo de avaliação externa, tendo sido realizadas, até ao momento, duas intervenções inspetivas. Neste âmbito, a diretora volta a revelar a importância do contributo de todos os elementos da comunidade educativa, salientando que “é muito importante que alguém observe

numa perspetiva diferente e que ouça todas as pessoas envolvidas”.

A realização da avaliação externa de escolas tem subjacente uma assunção de responsabilidades. A este nível, a entrevistada revela que o facto da avaliação externa estar associada a uma estrutura externa, que afere as práticas na escola, faz com que “a primeira

tendência que as pessoas têm é a de desculpar e dizer que aqueles resultados aparecem por isto ou por aquilo”. Não obstante este apontamento, a diretora refere-se à avaliação externa

como um elemento regulador, referindo que “quando eu tive de definir o meu projeto de

intervenção, quando tive que pensar uma escola nova, claro que isso me levou a ler tudo o que tinha a ver com isso, me levou a uma determinada preparação e a fazer algumas coisas de, de maneira diferente”, expressando, porém, que “quando eu estou a gerir não estou a pensar: olha, agora vou fazer isto porque no parâmetro da avaliação externa, na liderança isto deve acontecer.”

7.2.5.3. Discussão dos Resultados

A avaliação escolar “estrutura-se com base na autoavaliação, a realizar em cada escola ou agrupamento de escolas, e na avaliação externa”15

. A avaliação interna de escolas é obrigatória, caracterizando-se por ser um processo contínuo da responsabilidade da própria escola. A avaliação externa, de âmbito nacional, alicerça-se num quadro de objetivos específicos do sistema de avaliação, que se assumem como termos de análise e em apreciações sobre o cumprimento normativo, pedagógico, didático, administrativo e de gestão.

Face ao exposto, é possível aferir que a avaliação dos estabelecimentos de ensino está prevista na lei e se pode assumir como um mecanismo de monitorização interno ou externo.

A avaliação interna contribui para a organização das práticas dos estabelecimentos de ensino, e este facto coaduna-se com a perspetiva de Martuccelli (2002, citado por Simões, 2007), ao referir que a produção de um conhecimento operacional, compreendido pelos agentes educativos, conduz a um desempenho mais consciente e a um maior comprometimento com as dinâmicas do estabelecimento de ensino.

A conceção da avaliação interna do mega agrupamento em estudo realiza-se com base nos pressupostos da avaliação externa. Este facto revela-se adequado na medida em que, segundo o IGEC (2013), a própria avaliação interna é alvo de apreciação por parte da avaliação externa de escolas.

A responsabilidade de realizar a avaliação interna neste mega agrupamento foi atribuída a uma empresa de consultoria, alegando para o efeito que se procurou um serviço externo que revela maiores conhecimentos neste âmbito. Esta empresa de consultoria define as linhas orientadoras da avaliação interna, as quais são postas em prática por uma equipa de docentes, definida para o efeito. Este facto coaduna-se com o promulgado por Simões (2007), ao referir que, não obstante o protocolo de auto avaliação da escola, “o quadro de referência do Programa obriga a um trabalho prévio de recolha e análise de dados, que coloca os atores perante a necessidade de dispositivos internos que viabilizem e sustentem este trabalho.” (p. 40). O autor ainda acrescenta que

“A pressão para a autoavaliação é por isto maior, intensificando-se a procura de conhecimento por parte dos atores educativos e, paralelamente, a oferta de “modelos”

15

prontos a usar (e a comprar). Paralelamente a esta corrente uniformizante de preocupação com o controlo de resultados, na vida das escolas correm outras lógicas e outras práticas, sedimentos de histórias e de sentidos construídos em contextos diferenciados, voluntária ou involuntariamente, com suportes cognitivos mais ou menos explícitos. É de supor que o encontro entre estas lógicas se repercuta na regulação interna das escolas e, consequentemente, na regulação da ação educativa, sendo importante perceber o quanto e o como.” (p. 40)

O ciclo de avaliação das escolas não se encerra na avaliação interna. A diretora reconhece a importância da avaliação externa de escolas como parte do processo avaliativo dos estabelecimentos de ensino. O seu agrupamento ainda não foi alvo da avaliação externa, reconhecendo que esta avaliação, feita por elementos exteriores à escola, fomenta a reflexão sobre as práticas. Segundo a IGEC (2012), a avaliação externa de escolas constitui-se como parte de um processo, contribuindo para a melhoria da escola pública através da promoção de práticas reflexivas e de aperfeiçoamento contínuo.

Segundo a mesma fonte, um dos domínios a considerar aquando da avaliação externa, refere-se à liderança e gestão. A líder refere não atuar tendo presentes os parâmetros da avaliação externa. Esta conceção coaduna-se com o promulgado por Ribeiro (2007), ao salientar que a complexidade das tarefas a desempenhar pelo diretor escolar “levanta a questão da sua preparação e formação específica para o respetivo desempenho, questão tanto mais importante quanto é de admitir que esse seja um fator relevante na forma como o próprio presidente perceciona e constrói os seus papéis.” (p.63)