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CAPÍTULO 3 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO ENSINO SUPERIOR: ENTRE O UNIVERSAL E O FOCAL

3.2 A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA UFF: AS FACES DA HISTÓRIA DE SUA IMPLEMENTAÇÃO

O esforço de argumentação empreendido até aqui guiou-se pelo intuito de problematizar as mediações necessárias à compreensão da Política de Assistência Estudantil no ensino superior, ao realizar as devidas conexões com a conjuntura histórica brasileira. Nessa direção,

prosseguimos nossa discussão a partir de uma aproximação com a experiência de constituição da Assistência Estudantil na Universidade Federal Fluminense (UFF).

A trajetória de consolidação e regulamentação da Assistência Estudantil na UFF guarda estreita relação com o processo de adesão ao REUNI. Todavia, é sabido que desde a criação desta instituição, já se registravam o desenvolvimento de ações de assistência ao estudante de forma pulverizada e dispersa pelos setores (PINTO, 2015).

Em fins da década de 1960, a UFF passou por uma reestruturação em virtude da Reforma Universitária, com base na lei nº 5.54064 de 28/11/1968, neste momento houve a criação do Departamento de Assistência Social (DAS). À época, com recursos próprios da instituição, o DAS, articulado ao Departamento de Serviço Social (DSS), ofertava aos estudantes três modalidades de bolsas:65 Bolsa Empréstimo, Alimentação e de Trabalho (PINTO, 2015).

A Bolsa Empréstimo consistia no repasse financeiro ao estudante com a condição de devolução à instituição, caso a situação do discente se modificasse. O DSS era responsável pela avaliação e concessão da bolsa, cujo valor poderia ser de 70%, 50% ou 30% do salário mínimo vigente da época (PINTO, 2015). A Bolsa Alimentação era concedida para estudantes provenientes de outros Estados ou estrangeiros, nas seguintes modalidades: 100%, 50% ou 30% do valor da refeição, todavia os documentos institucionais que dispõem desta bolsa não informam com clareza se a referida refeição consistia apenas do restaurante universitário ou em outros estabelecimentos com serviço similar. Por conseguinte, a Bolsa Trabalho tinha como público atendido estudantes da UFF com comprovada situação de “carência” de recursos financeiros, que consistia na inserção do estudante em atividades laborais dentro da universidade. Esta bolsa foi regulamentada pelo Ofício Circular nº. 01/1970 da DAS (PINTO, 2015).

64 A Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968, fixou normas de organização e funcionamento do ensino superior

e sua articulação com a escola média, e dá outras providências (BRASIL, 1968). Segundo Pereira (2007, p. 158), o “[...] modelo universitário exposto na lei 5.540/68, sob forte influência norte-americana, foi implantado sem serem criadas as condições concretas para a sua efetivação: assim, se a Reforma Universitária constituía-se como uma aspiração antiga da sociedade civil de vertente progressista, com a defesa da extinção da cátedra, esta foi tomada pelo regime militar e esvaziada em seu conteúdo político. O governo, que a princípio aliou-se aos estratos conservadores e defensores da cátedra, percebeu que seria possível reformar a universidade, modernizá-la, sem a ameaça ao status quo. Assim, modernizou, conservando, a universidade, moldando-a de forma funcional ao padrão de desenvolvimento então implementado e, com diversas medidas legais e repressivas, despolitizando-a, através de sua tecnocratização”.

65 Cabe explicitar que se tem poucos registros, em documentos públicos, sobre a história de constituição da

Assistência Estudantil na UFF, assim como um insuficiente detalhamento sobre as primeiras modalidades de bolsas assistenciais destinadas aos estudantes. Os dados apresentados, portanto, foram coletados a partir das análises desenvolvidas por Pinto (2015).

Mesmo diante do frágil detalhamento de informações disponibilizado pelos documentos encontrados sobre a dinâmica das primeiras iniciativas de assistência ao estudante na instituição analisada, é notório perceber que sempre se fez presente na instituição a perspectiva de oferta de bolsas aos estudantes.

A estrutura de criação do DAS se mantém até os anos 2000, quando houve a sua incorporação à Superintendência de Recursos Humanos66 e passou a se chamar Departamento de Assuntos Comunitários (DAC). O DAC tinha por finalidade “[...] promover, supervisionar, planejar e coordenar atividades relacionadas ao bem-estar da comunidade da UFF nas áreas de assistência social, alimentar e de saúde” (sítio da UFF). Cabe perceber que o DAC era responsável pelo atendimento de toda a comunidade universitária67 e estava inserido na área de Recursos Humanos. Constata-se, a partir desses elementos, que não se tinha um setor voltado, exclusivamente, ao atendimento dos alunos. Ademais, a vinculação deste Departamento à área de recursos humanos nos faz supor uma centralidade do atendimento aos servidores da instituição (PINTO, 2015). Conforme a argumentação da referida autora, “[...] o DAC estava voltado, em verdade, ao atendimento às demandas dos servidores que extrapolavam a capacidade de atenção e/ou a competência do Departamento Pessoal” (PINTO, 2015, p. 108).

Outro elemento que nos chama atenção é a presença da terminologia “assistência social” como uma das áreas de atuação do DAC, além disso em nenhum momento se faz referência à assistência estudantil. Este Departamento compreendia as seguintes ações: a oferta de bolsas assistenciais - bolsa alimentação; bolsa treinamento e bolsa emergencial; a gestão do Restaurante Universitário (RU); serviços de saúde (atendimento médico, odontológico e psicológico) (PINTO, 2015).

A oferta das referidas bolsas se efetivava mediante análise socioeconômica realizada pelo Serviço Social. Cabe esclarecer que a Bolsa Alimentação consistia na isenção ou redução do valor da refeição no Restaurante Universitário; a Bolsa Apoio Emergencial se destinava aos alunos que apresentassem dificuldades socioeconômicas, com o intuito de contribuir com as despesas do estudante com gastos relativos à vida acadêmica; a Bolsa Treinamento também se dava por meio de repasse financeiro ao estudante, em situação de comprovada “carência” econômica, vinculada à contrapartida da “[...] iniciação do estudante ao exercício profissional” em projetos cadastrados pela UFF (PINTO, 2015).

66 Atualmente foi substituída pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEPE). 67 A presente nomenclatura se refere a docentes, servidores técnicos e estudantes.

Instiga-nos algumas reflexões sobre a Bolsa Treinamento, a qual consistiu numa reformulação da Bolsa Trabalho e foi ofertada pelo DAC até 2007. Cabe destacar alguns aspectos para reflexão: o primeiro se refere a sua vinculação à concepção do trabalho, mediante a inserção do estudante, considerado “carente”, no exercício profissional na instituição, cujas atividades não apresentavam ligação com a área de formação do estudante. Outro aspecto consiste na “utilização” do bolsista para desempenho de atividades em substituição à falta de servidores efetivos (TRAINOTTI; CHUPEL, 2010).

Com a adesão desta instituição ao REUNI em 2007, consubstancia-se um processo de expansão no número de vagas para estudantes de graduação,68 que acarretou novas exigências à construção de uma política institucional direcionada para ações voltadas à permanência dos estudantes (PINTO, 2015). Somado a este cenário, houve a criação do PNAES no ano de 2010, a partir do Decreto 7234/2010, que contribuiu para impulsionar o processo de consolidação das ações destinadas à assistência estudantil na UFF, associado à necessidade de criação de um setor mais estruturado e totalmente voltado ao atendimento dos discentes (PINTO, 2015).

Sendo assim, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAES) foi implementada em 29 de novembro de 2010, sendo instituída e incluída no organograma da instituição, em substituição ao Departamento de Assuntos Comunitários (DAC), responsável até 2011 pela oferta de serviços médicos, odontológicos e psicossociais voltados à comunidade acadêmica, ou seja, docentes, técnicos-administrativos e discentes. A PROAES assume a responsabilidade de gerir a assistência estudantil, reestruturando as bolsas e auxílios, conforme as novas exigências presentes na normativa do PNAES para as instituições federais, tais como: moradia estudantil, alimentação, transporte, atenção à saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche, apoio pedagógico e acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e superdotação (BRASIL, 2010).

Pinto (2015) argumenta que, durante o processo de mudança do DAC para a PROAES, houve profundas alterações na dinâmica de ações e serviços direcionados à assistência estudantil. Com isso, tem-se a criação de novas modalidades de bolsas e auxílios aos estudantes, bem como a diversificação de seus serviços.

Atualmente, a estruturação da PROAES abrange quatro coordenações: Coordenação de Apoio Social, Coordenação de Apoio Acadêmico, Coordenação de Gestão de Moradia Estudantil e Coordenação de Gestão de Restaurante Universitário. A estruturação destas

68 A UFF foi a instituição que mais expandiu o número de vagas para cursos de graduação. Conforme Censo de

coordenações teve por intuito diversificar as ações, atendendo às especificidades do público- alvo atendido em cada programa oferecido (sítio da UFF).

A Coordenação de Moradia Estudantil é responsável pela oferta do serviço de moradia estudantil durante o período de duração do curso de graduação na Universidade. “Cada moradia estudantil, doravante denominada ME, terá como finalidade prover residência a estudantes de graduação da UFF com reconhecida dificuldade socioeconômica, propiciando ambiente de convivência e estudo, desta forma contribuindo para a sua permanência na Universidade” (UFF. REGIMENTO GERAL, 2012, p. 03). A forma de acesso a este serviço se dá mediante processo seletivo, que envolve as seguintes etapas: análise do cadastro socioeconômico, entrevistas, visitas domiciliares e exame médico. Define-se como público-alvo os alunos em situação de dificuldade socioeconômica, regularmente matriculados nos cursos de graduação presencial da Universidade, que residem em locais situados à distância mínima de 32 km da unidade.

Atualmente, a UFF dispõe de duas moradias estudantis69 localizadas no Campus Gragoatá em

Niterói e no Polo Universitário de Rio das Ostras (UFF, 2017).

Cabe perceber que a forma de acesso dos estudantes ao serviço de ME não se dá de forma universal, à medida em que há uma focalização deste acesso através do processo de seleção direcionado aos alunos em situação de dificuldades econômicas. Outro elemento que nos preocupa é o reduzido número de moradias estudantis, que postulamos não ser suficiente para abarcar a expressiva demanda de estudantes, proveniente em especial de outros Estados, a partir da adesão da UFF ao REUNI, adoção ao ENEM/SISU e a Lei de Cotas. Em breve análise, pode-se destacar que em 2014 (ano seguinte à inauguração das moradias estudantis), a UFF compreendia um total de 39.416 estudantes em cursos de graduação presencial, o Polo de Niterói tinha 22.816 alunos e os Polos localizados no interior apresentavam um total de 9.172 discentes. Ademais, dos estudantes oriundos de outros Estados, destaca-se que, neste mesmo ano, tinha-se 485 alunos provenientes de São Paulo, 294 de Minas Gerais e 154 do Espírito Santo (UFF. SISTEMA DE TRANSPARÊNCIA). Infere-se, portanto, que o número de moradias e vagas ofertadas (Polo de Niterói – 314 vagas e, Polo de Rio das Ostras – 48 vagas)

apresentam discrepâncias em relação ao quantitativo de estudantes da instituição.70

69 A Moradia Estudantil localizada no Polo Universitário de Rio das Ostras foi inaugurada em 10 de janeiro de

2013, com capacidade de 48 vagas. Já a unidade de Niterói iniciou suas atividades em 16 de setembro de 2013, tendo capacidade de 314 vagas (sítio da UFF).

70 Cabe esclarecer que não foram encontrados, em documentos públicos, informações sobre o quantitativo de

A Coordenação de Gestão de Restaurante Universitário, também inserida na PROAES, tem a finalidade de gerir e acompanhar toda a oferta de serviço do RU, conhecido popularmente como “bandejão”. Direciona-se a uma cobertura de atendimento ampla, que abrange toda a comunidade acadêmica, pautando-se numa concepção universal de seu acesso. Tem como unidades de refeitórios todas localizadas em Niterói: Gragoatá; Praia Vermelha; Hospital Universitário (HUAP); Reitoria (UFF, 2017). É importante considerar também que seu acesso é pago, através de valor simbólico71 que se mantém em razão das lutas do movimento estudantil. Ademais, chama-nos atenção para a concentração de RU no Polo de Niterói, e a sua ausência nos Polos localizados no interior.

A Coordenação de Apoio Acadêmico foi criada com o intuito de realizar o apoio na execução de eventos acadêmicos, culturais e esportivos. Atualmente, integra a Comissão de Eventos Culturais e Recreativos; Bolsa Atleta; além dos Programas: Acolhimento Estudantil; Material Didático; Altos Estudos; Bolsa Desenvolvimento Acadêmico (inscrição de projetos de pesquisa) (UFF, 2017).

Cabe destacar que, através da Coordenação de Apoio Social, são ofertados serviços direcionados à prevenção e promoção à saúde do estudante, mediante atendimentos médicos e psicológicos. Compõe-se também, como atribuição da referida Coordenação, a execução de bolsas e auxílios, quais sejam: Bolsa Desenvolvimento Acadêmico, Bolsa Transporte, Bolsa de Apoio ao Aluno com Deficiência, Auxílio Moradia, Auxílio Alimentação para os estudantes das Unidades Acadêmicas fora da Sede, Auxílio Creche, Auxílio Saúde, Bolsa Acolhimento para Estudantes Ingressantes e Bolsa Apoio Emergencial (sítio da UFF). Segue tabela abaixo com os auxílios e bolsas ofertados:

TABELA 8 - RELAÇÃO DE BOLSAS E AUXÍLIOS E SEUS OBJETIVOS

AUXÍLIOS E BOLSAS OBJETIVOS

Auxílio Alimentação para os

Estudantes das Unidades Fora da Sede

Atender estudantes matriculados em cursos de graduação presencial, situados em municípios fora da sede (Niterói), para auxiliar nas despesas com alimentação.

Auxílio Creche Auxiliar os estudantes matriculados em cursos de graduação

presencial, que tenham filhos em idade de Educação Infantil, que compreende a idade de 0 a 6 (zero a seis) anos incompletos, nas despesas com creche e prestação de serviço similar.

71 Os valores pagos para acesso ao RU, consistem em: R$ 0,70 (setenta centavos) para discentes; R$ 2,50 (dois

reais e cinquenta centavos) para técnico-administrativo ou terceirizado; R$ 5,00 (cinco reais para professor); R$ 8,00 (oito reais para visitante) (sítio da UFF).

Auxílio Moradia Atender estudantes matriculados nos cursos de graduação presencial que residem em cidades do interior do estado do Rio de Janeiro ou de outros estados, no auxílio das despesas com república, vaga, pensionato, dentre outros.

Auxílio Saúde Auxiliar os estudantes matriculados em cursos de graduação

presencial, que tenham doenças crônicas, com despesas de saúde, como compra de remédios ou pagamento de consultas médicas.

Bolsa Acolhimento para os

Estudantes Ingressantes Atender aos estudantes ingressantes nos cursos de graduação presencial que apresentam situação de vulnerabilidade socioeconômica, propiciando recurso financeiro para sua manutenção na universidade.

Bolsa de Apoio ao Estudante com Deficiência

Atender aos estudantes que apresentem deficiência motora, sensorial ou múltipla, matriculados em cursos de graduação presencial. Auxilia nas despesas referentes ao deslocamento, aquisição de instrumentos pessoais indispensáveis e de apoio aos estudos. Bolsa Desenvolvimento Acadêmico Integrar as ações de apoio socioeconômico ao acadêmico, a fim de

contribuir para o pleno desenvolvimento dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica e garantir a permanência e conclusão dos estudantes na Ensino Superior. Por meio desta bolsa, o estudante é integrado em projetos de pesquisa, com orientação dos professores da UFF.

Bolsa Apoio Transporte Auxiliar os estudantes matriculados nos cursos de graduação

presencial, nas despesas diárias no deslocamento em transporte coletivo entre sua residência e a universidade.

Bolsa Apoio Emergencial Concedida ao estudante que, por algum motivo momentâneo e

inesperado, necessite de um auxílio financeiro para permanecer na Universidade. A Bolsa visa atender ao estudante regularmente matriculado em disciplinas de cursos de graduação presencial

Fonte: Elaboração Própria com base em informações dos Editais dos Programas de Assistência Estudantil (PROAES/ UFF).

Conforme Pinto (2015), a criação destes auxílios e bolsas de forma diversificada representou uma resposta da instituição às exigências do MEC ao que dispõe o artigo 3º do Decreto 7234 (PNAES), que delineia as áreas72 de atuação das ações de assistência estudantil. Cabe salientar também que os auxílios e bolsas da assistência estudantil têm por objetivo contribuir para a garantia das condições de permanência dos estudantes na universidade. A oferta destes auxílios e bolsas é prevista via transferência de renda, isto é, repasse financeiro ao estudante. Sua forma de acesso é pautada na focalização do público atendido mediante critério

72 “[...] I - moradia estudantil; II - alimentação; III - transporte; IV - atenção à saúde; V - inclusão digital;

VI - cultura; VII - esporte; VIII - creche; IX - apoio pedagógico; e X - acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação” (BRASIL, 2010, art 3º, §1º).

de seleção fundamentado pela renda, que se consubstancia na elegibilidade dos estudantes mais pauperizados.

Por conseguinte, salientamos que este processo de focalização se expressa na realidade institucional, à medida que a demanda pela assistência estudantil tem apresentado um crescimento exponencial, como poderemos verificar no gráfico abaixo:

GRÁFICO 4 – COMPARATIVO DAS VAGAS OFERTADAS COM O NÚMERO DE SOLICITAÇÕES – 2007 A 2014

Fonte: PINTO (2015, p. 129)

Observações: no gráfico não foram consideradas as vagas/solicitantes das bolsas Apoio Emergencial e Apoio aos Estudantes com Deficiência, devido a não divulgação por parte da Universidade do número de solicitantes das mesmas em todo o período analisado (PINTO, 2015).

GRÁFICO 5 – COMPARATIVO DAS VAGAS OFERTADAS COM O NÚMERO DE SOLICITAÇÕES – 2015 A 2017

Fonte: Elaboração própria com base em Mendonça (2017) e Relatórios de Gestão da UFF (2015; 2016; 2017). Com base no exposto nos gráficos 1 e 2, observa-se que, por mais que se identifique um aumento na oferta de bolsas e auxílio ao longo do período (2007-2017), este aumento não

23 90 23 90 25 40 71 85 7751 74 67 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7

acompanhou a expressiva demanda de estudantes solicitantes. Estes dados nos levam a pensar sobre a possibilidade de efetivação da Assistência Estudantil dentro das instituições, diante de um cenário de progressivo aumento da demanda de estudante, associado ao fato de ainda não se ter uma Política Nacional de Assistência Estudantil no Brasil, tendo em vista que o PNAES consiste em um decreto presidencial. Portanto, este não se efetivou como uma política pública permanente de assistência estudantil. Sendo assim, Pinto e Belo (2012) sinalizam:

[...] esse ponto elucida os desafios e os limites da atual configuração da Assistência Estudantil nas IFES, uma vez que a inexistência de um aparato legal que torne obrigatória a intervenção do Estado na questão, o caminho está livre para que a lógica que dirige a Reforma da Educação Superior reduza ou elimine os recursos destinados às ações de Assistência Estudantil Universitária. (PINTO; BELO, 2012).

O fragmento supracitado apresenta um dos grandes desafios para a consolidação da assistência estudantil no Brasil. Ademais, acreditamos que seja necessário que as ações da Assistência Estudantil na UFF possam avançar para além da perspectiva da transferência de renda, a qual rege a execução dos auxílios e bolsas na instituição. Portanto, concordamos com Lima (2017, p.22), ao defender a ideia de que as ações balizadas pela transferência de renda não “[...] sejam as únicas alternativas possíveis, daí a importância de implantar programas e frentes de trabalho cujo horizonte são as políticas sociais de caráter universal”.

3.3 A CONCEPÇÃO DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO PLANEJAMENTO E