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ASSISTÊNCIA SOCIAL

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FONTE: Plano Municipal de Assistência Social (PMAS) 2018-2021.

É importante destacar as unidades de Atendimento Psicossocial, em especial Álcool e Drogas. Na Zona Norte se encontra apenas uma unidade localizada no bairro Potengi. A Zona Norte de Natal é reflexo do crescimento desigual, e da ausência de políticas públicas de Saúde, Educação, Lazer, habitação, trabalho, entre outras, o que reflete os resultados atuais que encontramos, com os vazios na assistência a população; onde se encontram as políticas sucateadas e focalizadas, paliativas ao mesmo tempo que ocorre o crescimento da população de Natal, onde segundo dados do IBGE referente ao ano de 2018, o aumento é equivalente a quase 10% em 8 anos.

4.2 COMBATE AO CONSUMO E AO TRÁFICO DE DROGAS PELA SEGURANÇA PÚBLICA EM NATAL

A partir dos desafios identificados com relação à redução da oferta de drogas e a mortalidade de jovens em Natal, o presente estudo se propõe a realizar a exposição das iniciativas do Estado e Sociedade civil para atenuar a problemática. Do que trata das drogas, do tráfico, e da atenção ao jovem, a Constituição Federal de 1988, tratava no §3º do art. 227, VII da prevenção e atendimento especializado às crianças e adolescentes, apenas com a Emenda Constitucional Nº65, de 13 de julho de 2010 os jovens são incluídos na redação: VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins (CF, Art. 227, §3º, VII).

Posterior a carta cidadã temos outras Leis e Decretos que tratam da questão da repressão ao tráfico e uso de drogas, assim como leis que dispõem sobre a prevenção e tratamento. A Lei 11.343 de 23 de agosto de 2006 chamada de Lei de Drogas, estabelece prevenção, reinserção dos usuários, bem como repressão ao tráfico de drogas, na qual já sofreu diversas alterações, como a de 2019 através da Lei 13.840 de 5 de junho, trazendo mudanças que dispõe sobre o Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas - SISNAD. A Lei 11.343/2006 estabelece, também, o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas, e altera questões como o aumento da pena para o crime do tráfico de drogas. Foram aprovados decretos na qual dispõem sobre a questão das drogas, como o Nº 9.761 de 11 de abril de 2019, que aprova a terceira Política Nacional Sobre Drogas (PNAD), que traz a perspectiva da necessidade de articulação com outras áreas das políticas públicas, como educação, saúde, segurança pública, assistência.

A urgência do tema exige a implementação de ações de modo articulado e cooperativo entre o governo e a sociedade civil, alcançando as esferas de prevenção, tratamento, acolhimento, recuperação, apoio e mútua ajuda, reinserção social, ações de combate ao tráfico e ao crime organizado. (CAPTANDO, 2020. P.72)

Nessa política é considerada as particularidades dos usuários, questões econômicas, culturais, representando um avanço. É fundamental o enfrentamento da dependência química, buscando recuperar o usuário para ser incluído novamente na sociedade e para cortar o financiamento ao tráfico de drogas que ocorre devido o abuso por esses usuários. Além disso, atua no combate a outras questões, referente a redução da oferta de drogas como em crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e crime organizado. Se mantém através de recursos do Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD), onde os bens apreendidos nas detenções relacionadas ao crime de tráfico e crimes

conexos, ocorre a alienação de leilão onde o dinheiro adquirido é revertido para o FUNAD, que é usado para financiar as políticas públicas sobre drogas. É fundamental ações voltadas para redução da oferta e da demanda de drogas, diante do ciclo que precisa ser enfrentado onde, a oferta gera demanda e, por sua vez, gera mais produção e oferta. Em Nossa Senhora da Apresentação, foi identificada a ausência de políticas públicas eficazes, onde o Estado não tem sido presente diante da problemática, dando espaço às organizações criminosas se fazerem presentes. Nesse sentido, os vazios assistenciais em determinada região representam a ausência do Estado em implantar políticas eficazes, o que aumenta a pobreza e a vulnerabilidade dos moradores que não conseguem acesso aos seus direitos, ou que acessam serviços sucateados.

Isso pode ser visto no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, onde os moradores relatam a dificuldade de acessar direitos, o que acabou dando espaço para iniciativas da própria comunidade. Alguns moradores relatam iniciativas locais para atenuar a violência relacionada ao tráfico de drogas e que atinge principalmente os jovens. De acordo com o estudo de SILVA (2012), um representante comunitário que o autor chamou com nome fictício de “Paulinho” relatou criar uma rádio difusora em seu quintal a fim de divulgar as reais necessidades e problemas da população, como a falta de políticas públicas de saúde, educação, creches, segurança pública, ausência de lazer para os jovens, além dos homicídios que ocorrem na região. Sua iniciativa visa também dar impulso à participação social dos moradores. De acordo com Silva, Paulinho relata as condições do bairro:

[...] Infelizmente não tenho tantas notícias boas a te dar: aqui os índices de homicídios são alarmantes, inclusive há uma semana decapitaram um rapaz a poucos metros daqui. Outros crimes vêm acontecendo com maior frequência, como estupros e até sequestros relâmpagos com visitantes. Os problemas de lixo, esgotos e doenças são de fazer dó. Estou lutando para a vinda de uma escola e um posto de saúde, mas está sendo tudo em vão. Montei uma rádio em minha casa para denunciar os problemas da comunidade. (SILVA, 2012, p. 139).

A cobertura de escolas, creches, delegacias, dentre outros serviços não consegue absorver a crescente demanda que aumenta devido ao crescimento populacional, ao mesmo tempo que a pobreza e violência. Os moradores relatam que em meio à o cenário de sucateamento de políticas públicas e segurança, os jovens são os mais atingidos, onde não há espaços de lazer para esse público.