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O atacante não considera a relação com o adversário na tomada de decisão

Pressupostos para a estruturação do

1- O atacante não considera a relação com o adversário na tomada de decisão

Desenvolvendo a primeira situação (t>t’) esta terá como característica a oposição do defesa ao atacante uma vez que, face ao mesmo espaço que ambos têm que percorrer, o atacante apresenta

57 uma menor velocidade de deslocamento chegando mais tarde do que o defesa ao ponto de interseção entre as duas trajetórias de deslocamento.

Perante a oposição, prevemos que indivíduos que não considerem preferencialmente a relação com o defesa procurarão:

 O remate antes de chegar ao local onde se encontra o defesa evitando o confronto;

 O remate perante a oposição (mesmo que este não tenha sucesso);

A finta pré-estabelecida (automatizada);

 Aumento do espaço entre ele e o defesa através da alteração da sua trajetória.

Face à primeira resposta ao problema dada pelo atacante (remate antes de chegar ao local onde se encontra o defesa), esta poderá ser enquadrada como sendo efetuada por indivíduos que não consideram a relação estabelecida entre intervenientes; considerando fundamentalmente as mesmas características do remate independentemente da situação (t>t’, t=t’, t<t’) com que o atacante se depara.

Assim, para diferentes velocidades de aproximação do defesa o atacante terá a tendência de rematar do mesmo local mantendo o mesmo ângulo de saída de remate, esperando que tenha a mesma precisão. Confirmando-se esta tendência, consideramos como indicadores: distância que a bola passou do alvo, ângulo de saída, velocidade de aproximação do defesa e a frequência com que a resposta se manifesta. A frequência da mesma resposta perante diferentes problemas, mantendo as mesmas características indicará, possivelmente, uma tendência do atacante para evitar o confronto com o adversário. Com base nestes dados estaremos em condições de ajustar as componentes do remate de forma a obtermos um melhor rendimento.

Perante a segunda possibilidade de resposta ao problema (remate perante oposição), esta poderá ser enquadrada atendendo à repetição do mesmo face a mesma situação (t>t’), isto é, perante a mesma situação o indivíduo toma como opção rematar. No entanto, poderemos verificar situações em que para a mesma oposição o atacante altera a sua estratégia; este facto poderá ser explicado segundo uma lógica de tentativa-erro onde após o insucesso das primeiras tentativas de remate contra o defesa, o atacante retifica a seu insucesso alterando a sua estratégia continuando, no entanto, a tomar as suas decisões assentes em pressupostos menos rentáveis. Poderemos identificar se o atacante toma sistematicamente a mesma tomada de decisão independentemente da situação envolvida, no entanto, é necessário considerar o número de repetições e a frequência das mesmas, pois um número de repetições relativamente baixo pode não ser suficiente para determinar esta situação.

Assim, perante esta identificação do problema, poderemos ajustar a resposta do atacante para uma alternativa mais rentável. Definimos como indicadores a quantificar a velocidade de deslocamento do atacante e o número de vezes que dá a mesma resposta (remate contra o defesa).

58 A terceira resposta ao problema (finta pré-estabelecida/automatizada), poderá ser identificada atendendo a que face a diferentes situações (t>t’, t=t’, t<t’), o atacante utilizará sistematicamente a mesma finta independentemente da sua oposição, à semelhança do referido anteriormente face à tentativa-erro onde o atacante poderá alterar a sua estratégia. Constituem-se como indicadores a frequência e o tipo de resposta ao problema face à velocidade de deslocamento do defesa.

Por fim, a quarta resposta ao problema (aumento do espaço entre atacante e o defesa através da alteração da sua trajetória), na identificação da origem da resposta ao problema (atendendo ou não ao adversário) deparamo-nos com certas dificuldades, uma vez que saídas motoras iguais poderão resultar de comportamentos diferentes. Importa assim entender se eventualmente esta foi tomada perante o adversário, isto é, dependendo das características do adversário o atacante toma a decisão de executar essa estratégia pois aceita ser a mais rentável, ou simplesmente a executa independentemente do adversário de forma a evitar o confronto. Assim, perante diferentes situações (t>t’, t=t’, t<t’) o atacante responde alterando a sua trajetória de forma a não ter que confrontar o defesa. Definimos como indicadores a velocidade de deslocamento de ambos os intervenientes face ao espaço em que o atacante altera a sua trajetória. Assim perante diferentes velocidades de aproximação do defesa, o atacante altera a sua trajetória de forma a evitar a confrontação, enquanto que jogadores que tenham em conta o adversário na sua tomada de decisão para situações em que se encontram em desvantagem (t>t´) alteram a sua trajetória de forma a obter vantagem, já nas restantes situações (t=t’, t<t’) esses fenómenos não se verificam.

Para situações (t=t’) teremos as seguintes possibilidades:

 O tempo que o atacante demora a percorrer o espaço é igual ao do defesa;

 A velocidade de deslocamento do defesa é igual à do atacante;

 O atacante terá oposição.

À semelhança da situação anterior, esta situação terá como características a oposição do defesa ao atacante, pois apesar de o defesa não possuir uma maior velocidade de deslocamento do que o atacante, este porventura também não possui maior velocidade de deslocamento do que o defesa, resultando numa igualdade de tempo, levando irremediavelmente a uma situação de oposição. Perante o mesmo resultado do que a situação anterior (t>t´), prevemos que indivíduos que não considerem a relação com o defesa procurarão responder à pressão da mesma forma, isto é:

 O remate antes de chegar ao local onde se encontra o defesa evitando o confronto;

 O remate perante a oposição (mesmo que este não tenha sucesso);

A finta pré-estabelecida (automatizada);

59 Face a respostas definidas, atacantes que não consideram a relação estabelecida entre intervenientes, como referido anteriormente, executarão remates com as mesmas características independentemente da situação (t>t’, t=t’, t<t’) com que se deparam, assim como a frequência das respostas dadas, sejam remate ou finta preestabelecida (tendência do atacante para evitar o confronto com o adversário), ou ainda alteração do espaço entre atacante e o defesa através da alteração da sua trajetória.

A terceira e ultima situação (t<t’) terá como características:

 O tempo que o atacante demora a percorrer o espaço é inferior ao do defesa;

 A velocidade de deslocamento do atacante é superior a do atacante;

 O atacante não terá oposição.

A não oposição do defesa ao atacante, por consequência de uma velocidade inferior comparativamente à do atacante resultando num maior tempo de deslocamento, provocará uma situação de não oposição, sendo que prevemos que indivíduos que não considerem a relação com o defesa procurarão responder à pressão das seguintes formas:

 O remate à distância que lhe permita a melhor relação força/precisão;

 Caso o diferencial de tempos for apenas ligeiramente favorável, coloca-se a hipóteses de finta pré-estabelecida (automatizada).

Ao contrário das restantes situações, o atacante, devido à vantagem que possui resultante de uma maior velocidade de deslocamento, é descartado como possíveis respostas: a finta pré-estabelecida (automatizada) e o aumento do espaço entre ele e o defesa, através da alteração da sua trajetória. Uma vez que o atacante já possui vantagem, não sendo necessário utilizar esses tipos de respostas, que procuram maioritariamente ganhar vantagem no diferencial de tempos em situações em que não a possui. Resumindo, a sua resposta será o remate com uma maior frequência.

A confirmação da tendência do indivíduo em não estabelecer relações com adversários (jogar com eles nos pressupostos mais rentáveis) não poderá ser confirmada apenas considerando dados de uma única situação específica, mas sim tendo em conta o comportamento do indivíduo perante a mesma situação repetidamente, de forma a evitarmos considerar comportamentos aleatórios que se proporcionaram isoladamente – significa isto que o diagnóstico nunca é um processo acabado. Teremos igualmente de considerar diferentes situações de jogo de forma a certificarmo-nos que o comportamento do atacante em análise se mantém constante, independentemente da oposição, bem como descartar situações onde a tomada de decisão é condicionada pela própria situação solicitando ao indivíduo tendencialmente a responder de determinada forma perante o mesmo adversário.

60 Em traços gerais, assumimos que um atacante não considera preferencialmente a relação estabelecida com o seu opositor se:

 Independentemente do diferencial de tempos gerado e do opositor a resposta dada tender a privilegiar o “não dialogo”;

 Independentemente do diferencial de tempos gerado e do opositor as velocidades das ações tenderem a ser semelhantes não havendo ajuste conforme a oposição;

 Independentemente do diferencial de tempos gerado e do opositor o atacante responder tendencialmente da mesma forma e nos mesmos limites (em caso do atacante alterar a sua resposta não significa forçosamente que este considere o adversário uma vez que poderemos estar perante uma situação de tentativa-erro como referimos).