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Pressupostos para a estruturação do

2- O atacante considera a relação com o adversário na tomada de decisão

6.7. Limitações do Estudo

Mas não podemos ignorar que todos os estudos têm limitações. Passamos a expor as que julgamos mais significativas relativamente à parte experimental. Durante a primeira situação foram realizados 73 remates na totalidade, ultrapassando os 50 previstos inicialmente sendo este acréscimo justificado pelo facto de ter sido possibilitado aos jogadores uma familiarização com a situação proposta, não se procedeu à eliminação deste devido ao facto de não se ter verificado grandes diferenças entre as situações de familiarização e as restantes. Na segunda situação, foram realizados um total de 164 remates (variando entre 30 a 35 por jogador), ficando aquém dos 250 previstos. Este facto justifica-se pela falta de coordenação dos jogadores e pelo limitado número de pessoas envolvidas na recolha de dados, multiplicando-se as tarefas para cada pessoa na operacionalização do diagnóstico, bem como limitações de tempo de treino, sendo limitado a 1 hora e 30 minutos, uma vez que treinam mais do que um escalão, no mesmo recinto. Face ao investimento feito na recolha de dados e para a melhoria das coordenações entre tarefas e de quem as operacionaliza, teremos como alternativa a este problema o aumentar do número de pessoas intervenientes na recolha de dados, ou a redução do número de repetições para facilitar a recolha de dados, sendo ainda a criação de rotinas para a recolha de dados igualmente um dos fatores a considerar.

Destacamos como fator limitativo do estudo, o n.º de amostras que realizaram o remate sendo que as conclusões e os valores obtidos (neste caso principalmente as médias) ficam fragilizados. No entanto, o que o estudo pretende é testar a validade da conjetura, não se visando um estudo de carácter empírico, o que solicitaria uma amostra superior e um maior número de repetições.

Outro dos objetivos passou por uma proposta de situações relativamente simples e que pudessem ser operacionalizadas pelos treinadores, durante os treinos, e que sem grandes custos (temporais, materiais, etc.) permitissem fazer o diagnóstico dos jogadores, obtendo assim informação sobre estes que lhes permita orientar o treino de uma forma mais rentável, sendo mais assertivo nas prescrições realizadas.

Destacamos igualmente como factor limitativo o tempo de tratamento de dados, que para um estudo desta natureza não constitui em factor pertinente, mas em situação de competição o tempo de tratamento de dados é fundamental para a máxima rentabilização dos capitais investidos. Sendo que todo o processo de diagnostico é condicionado pelos momentos competitivos.

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Capítulo 7

Conclusões

O diagnóstico constitui uma ferramenta que possibilita a caracterização do indivíduo, identificando as suas potencialidades e necessidades tornando-a uma ferramenta de extrema importância na rentabilização dos capitais investidos.

Neste estudo, analisou-se a metodologia de treino denominada de Periodização Tática, que se assume como uma metodologia com crescente popularidade, em que a sua conceção de jogo assenta na máxima “Tática como guia de todo o processo de treino”, sendo que o diagnóstico se baseia essencialmente nos princípios que o treinador pretende refletir em jogo, predominando um quadro de referência estático.

Face à análise dos resultados da pesquisa bibliográfica e entrevistas, concluímos que o diagnóstico na Periodização Tática assenta essencialmente nos princípios que o treinador pretende refletir em jogo; verificando-se a existência de diferenças entre fatores considerados em treino “jogador percecionado como um todo” e os fatores considerados em diagnóstico “jogador percecionado como partes possíveis de serem desmanteladas e analisadas separadamente”. Concluiu-se igualmente que os fatores implícitos na elaboração do diagnóstico centram-se quase exclusivamente nas saídas motoras, sendo categorizados através de adjetivos qualitativos. As fichas de diagnóstico não tomam em conta a sequência cronológica de evolução de variáveis durante uma época desportiva, nem consideram a variabilidade entre variáveis de natureza diferentes. Assim conclui-mos que a Periodização Táctica como perspectiva estática, não constituí a forma mais rentável na operacionalização da Actividade Desportiva.

Em alternativa, abordámos uma perspectiva dinâmica, tendo utilizado como referência o modelo das atividades desportivas coletivas proposto por Fernando Almada, ferramenta conceptual que nos permite uma operacionalização dinâmica da atividade desportiva. Depois de analisar e aprofundar a perspetiva em causa, definimos um conjunto de conjeturas visando operacionalizar o diagnóstico segundo esta perspetiva tendo posteriormente a necessidade de testar/refutar as mesmas. Realizámos assim uma situação nos permitisse compreender o efeito da pressão no remate no futebol.

Concluímos que no remate sobre pressão na presença do adversário existe a tendência para a diminuição da precisão de remate, bem como uma existência de alterações de distância entre a baliza e o local onde o remate é efetuado, dependendo das velocidades de deslocamento do defesa. No entanto, essas alterações serão dependentes de duas características equacionadas nos indivíduos:

87 1- O atacante lê o defesa, isto é, interpreta e considera a relação estabelecida entre eles ajustando a sua resposta perante este, de forma a ganhar vantagem no diferencial de tempos; o que levará a alterações nas variáveis de remate, das quais fazem parte a distancia.

2- O atacante não considera a relação estabelecida entre eles, procurando realizar o remate independentemente das ações do defesa.

Definiu-se valores de referência para variáveis como o tempos de deslocamento, velocidades médias de deslocamento sem e com pressão e a precisão de remate. Neste caso devido a utilização de amostra do escalão juvenil serão referência para o devido escalão (como referido no ponto anterior teremos que ter em conta o número reduzido de amostras). É igualmente possível a determinação das respostas típicas dos indivíduos perante a presença de oposição.

Equacionando os dados referidos (velocidades médias de deslocamento sem e com pressão, precisão de remate, tomadas de decisão típicas dos indivíduos) concluímos que os jogadores que não consideram o adversário na sua resposta independentemente do diferencial de tempos gerados e do opositor, a resposta dada tende em privilegiar o “não diálogo”, sendo ainda que as velocidades envolvidas nas ações tendem a ser semelhantes, não havendo ajuste conforme a oposição, tendo o jogador respondido tendencialmente da mesma forma e dentro dos mesmos limites. Por outro lado, concluímos igualmente que os jogadores que consideram o adversário na sua resposta independentemente da situação em que se encontram envolvidos procuraram preferencialmente respostas que privilegiaram o diálogo entre os intervenientes.

Pudemos assim verificar a importância do diagnóstico no futebol como instrumento essencial à rendibilização do processo de treino bem como a necessidade de considerar a operacionalização do mesmo visando o máximo rendimento possível que nos é permitido por um quadro de referência dinâmico e utilizando instrumentos (materiais e conceptuais) apropriados.

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Capítulo 8