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2.5.2 ATENUAR A EXPOSIÇÃO DOS VITELOS A AGENTES PATOGÉNICOS ATRAVÉS DO CONTROLO AMBIENTAL, MONITORIZAÇÃO E ISOLAMENTO

Os vitelos que têm predisposição de serem mais sensíveis, quer pela idade ou outras razões, devem ser isolados do resto da manada tanto quanto possível. O vitelo considerado clinicamente infectado age como amplificador biológico, elevando uma pequena, mas suficiente dose infecciosa, a um nível alto de contaminação ambiental proporcionando um grande risco de transmissão por contacto directo. Devido ao aumento da carga ambiental, ocorre a ultrapassagem do limiar da dose infecciosa, de indivíduos que foram resistentes ao nível ambiental prévio. Os indivíduos mais infectados apresentam infecções mais graves, devido à dose acentuadamente mais elevada, o nível ambiental é exponencial e um surto está em andamento. A evidência deste efeito cascata é fornecida por um estudo de efectivos em que vitelos que nasceram após a data media de ocorrência de partos foram duas vezes mais propensos a desenvolver diarreia do que aqueles que nasceram antes (Clement, et al, 1995). Uma vez iniciado o efeito cascata a capacidade de o suprimir é de grau reduzido, comparando com a prevenção do mesmo. Vários estudos evidenciaram que a incidência de diarreia em vitelos era proporcional ao tamanho da manada, onde um maior número de indivíduos, proporcionava um maior o risco. Esta descoberta

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sugere que o tamanho dos grupos deve ser minimizado tanto quanto possível, alguns pesquisadores sugerem que o tamanho do grupo ideal é de 50 efectivos. (Pence, et al, 2001).

Todos os agentes etiológicos comuns que causam diarreia neonatal em vitelos estão frequentemente presentes em grau reduzido no ambiente dos vitelos. Todos os agentes são primariamente transmitidos pelo contacto feco-oral, por isso a estratégia colectiva para minimizar a exposição a agentes patogénicos de vitelos deve ser focado na diminuição da exposição à contaminação fecal. Percebendo que cada sítio ou exploração têm as suas próprias peculiaridades sobre as instalações e equipamentos, os seguintes comentários e sugestões devem ser lidos como afirmações gerais. As modificações específicas devem ser individualmente projectadas consoante o sistema de produção. (Godden, et al, 2008).

Em manadas leiteiras ou de carne em que os partos se realizam em áreas confinadas, as seguintes medidas de biossegurança devem ser praticados para minimizar a exposição ao agente patogénico:

1. Remover progenitoras de última gestação de áreas com elevada contaminação de fezes, como as zonas de alimentação de inverno, um mês antes do parto para reduzir o transporte de agentes infecciosos entéricos provenientes da pelagem de animais portadores.

2. Separar as vacas com necessidade de acompanhamento e monitorização mais intensiva, como novilhas de primeira cria ou animais particularmente valiosos, dos restantes.

3. Mover as vacas prenhas para a zona confinada aos partos tão tarde quanto possível a fim de evitar riscos de contaminação.

4. Garantir que as casotas onde ocorrem os partos são higienizadas e bem acamadas antes e entre partos sucessivos.

5. Limpar o períneo e particularmente o úbere das vacas antes do parto.

6. Colher de colostro de úberes higienizados armazenando-as em recipientes esterilizados. Refrigerar ou congelar imediatamente em embalagens individuais de 1l se não for administrado a um vitelo prontamente.

7. Remover vitelos de raça leiteira imediatamente após o nascimento e criá-los em separado através de compartimentos individuais isoladas de outros vitelos e outras acções, até que as crias atinjam idade superior a 4 semanas.

8. Separar a progenitora da cria (bovinos de carne) para áreas distintas (aproximadamente 24 horas após o nascimento).

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Durante a fase de amamentação, desde o nascimento até ao desmame, os vitelos de leite, devem ser alojados em compartimentos individuais ou casotas para evitar o contacto entre indivíduos, e devem ser isolados de outros animais, vectores e seus efluentes. (McFarland, et al, 1996).

Os vitelos devem continuar alojados individualmente, até 7 a 10 dias após o desmame. Esta separação permite que os vitelos percam a vontade de sucção, evita o stress, no momento do desmame, de mudar a estrutura social e interacções, facilita a monitorização de consumo de ração durante a transição do desmame e permite mais observações precisas de características fecais e saúde em geral. (Flower, et al, 2003).

Os planos estratégicos de biossegurança de manadas de carne / leite usados na altura do parto nas pastagens são os seguintes:

1. 1.Separar o grupo de novilhas primíparas das outras vacas durante o último trimestre da gestação.

2. Usar as áreas destinadas ao parto e às novilhas separadamente das vacas. Essas áreas não devem ser utilizadas por animais antes da estação de partos e a zona deve ser limpa logo após o fecho da época de partos. Devem ser bem drenadas e colocadas afastadas das zonas que tendem a acumular contaminantes, especialmente nos sítios de águas paradas. 3. Minimizar a densidade populacional de vacas tanto quanto possível (ideal <50 animais).

São sugeridas áreas por faixa de vacas entre 1000-2000m2 (Radostitis, 2009).

4. 24h após o parto, separar para diferentes áreas progenitora/vitelo de carne e promover um fluxo unidireccional dos animais.

5. Realizar um sistema rotacional de áreas de alimentação durante o período de nascimentos para evitar a contaminação fecal e desenvolvimento de agentes patogénicos.

Os vitelos que apresentam sinais de letargia ou diarreia devem ser removidos do grupo o mais rapidamente possível e colocados em áreas de isolamento. Devem ser instituídos tratamentos com base nos sinais físicos, e se possível, através de dados laboratoriais. Os procedimentos de diagnóstico, tais como culturas fecais, flutuação fecal, e estratégias de identificação viral devem ser realizados. Estes testes são especialmente importantes quanto há distinção da infecção por Salmonella spp de outrem. A identificação de infecções por Rotavírus, Coronavírus e Criptosporidium spp, são indiscutivelmente menos essenciais para propósitos de diagnóstico, porque na maioria dos surtos de diarreia aguda indiferenciada, os vitelos apresentam

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com frequência, um, dois ou todos os agentes etiológicos simultaneamente. (Godden, et al, 2008).

A detecção de um agente patogénico numa manada através de ensaios laboratoriais, que à priori se encontrava livre deste, indica que houve uma violação da biossegurança do efectivo. Os vitelos em recuperação devem ser colocados em quarentena longe de outros animais pelo menos três semanas ou até o agente patogénico diminuir para níveis mínimos. (Godden, et al, 2008).

Além da Salmonella spp., agentes patogénicos entéricos neonatais com o maior tempo de exposição são o Rotavírus e Coronavírus. (Naylor, 2002).

Os animais adquiridos fora da exploração devem ser colocados em áreas separadas em quarentena antes de se misturar com animais da manada existente, especialmente se os animais são comprados em leilões públicos, porque a probabilidade de que estes animais tenham sido expostos a altas doses de múltiplos agentes patogénicos é elevada. Os surtos repentinos e intensos de diarreia em vitelos são frequentemente associados com a aquisição prévia de um vitelo de leite de outra exploração para substituir um animal perdido por causa de distócia ou algum outro motivo. Um período de quarentena de 21 dias deve ser adequado para permitir a identificação clínica de animais que estão ou não a incubar alguma infecção devido a esses agentes entéricos no momento da compra. A quarentena de animais mais velhos por igual período justifica-se devido à probabilidade de aumento do surto patogénico entérico durante períodos de stress. O procedimento de diagnóstico como a cultura bacteriana, detecção viral por microscopia electrónica e flutuação fecal de ovos do parasita também pode ser considerado. Embora seja improvável que estes testes dêem uma vantagem significativa em comparação com observação clínica e isolamento, podem determinar os agentes etiológicos envolvidos. O uso de tais testes em animais mais velhos é menos benéfico, porque com a excepção da Salmonella spp., estes animais libertam baixos níveis de vírus entéricos. Devido ao potencial de resultados falso-negativos, os testes podem levar a uma falsa sensação de segurança e insuficientes práticas de gestão de biossegurança. (Maunsell, et al, 2008).

O fluxo de pessoal e do gado são componentes importantes de biossegurança para a exploração. (Pence, et al, 2001). O primeiro passo fundamental é estabelecer protocolos de controlo de infecção, de preferência com a entrada daqueles que serão responsáveis por executá- los. O treino de rotina e monitorização de pessoal para garantir que entendem os protocolos de controlo de infecção e que estão a executá-los devidamente são situações críticas para o sucesso de biossegurança. Porque alguns aspectos desses protocolos envolvem um esforço adicional

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significativo, uma compreensão do porquê desse mesmo esforço ser necessário, provavelmente resultará numa melhor afluência por parte dos produtores. O pessoal e fluxo de equipamentos, bem como o fluxo de gado e respectivos efluentes devem ser de sentido único, dos mais jovem mais susceptível a doença, para os mais velhos, animais mais resistentes. Em explorações com suficiente pessoal e equipamento, as tarefas devem ser divididas entre os pessoal que permanece limpo, para tarefas como mistura e entrega de alimentação líquida, daqueles que são potencialmente contaminados através da realização de tarefas como pegar garrafas de leite vazias, tratar de vitelos doentes, e assim por diante. O pessoal ao serviço que é potencialmente contaminado através do trabalho com animais idosos ou vitelos doentes e correspondente equipamentos não deve retornar a áreas com vitelos susceptíveis, até mudarem as roupas exteriores e usarem procedimentos adequados para desinfectar as mãos, botas e equipamento. Alguns autores têm recomendado que os vitelos que saem ainda jovens de grupos susceptíveis, como os que necessitam de cuidados veterinários com o respectivo isolamento, não devem retornar a esses mesmos grupos antes das 3 semanas (Thomson, et al, 1997).

Um rigoroso controlo de visitantes às explorações deve ser mantido, porque muitos agentes patogénicos podem ser transportados por seres humanos ou objectos inanimados, como automóveis, tractores e equipamentos de movimentação e alimentação do gado. Para a saúde de ambos (visitantes e animais), deve ser desencorajado o contacto entre eles e seus efluentes. Se o contacto com o animal é necessário aos indivíduos que visitam a exploração, devem ser fornecidos os meios para lavar as mãos e calçado antes e após o contacto. Devem ser usadas protecções entre instalações separadas para evitar a contaminação cruzada. (Maunsell, et al, 2008); (Woodger, 2011).

2.5.3. - SUAVIZAR A GRAVIDADE DA DOENÇA EM VITELOS ATRAVÉS DA

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