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A central de triagem e aterro de RCD de Cidade Aracy I foram inaugurados em 16/09/2006, com tempo previsto para operação do aterro de três anos. Segundo Lopes (2007), o projeto levou cerca de um ano e meio para sua conclusão e começou sua operação apenas com a Licença de Instalação Provisória aguardando obras exigidas pela CETESB para obtenção da Licença de Operação.

No estudo para projeto do aterro de resíduos de construção e demolição apresentado a Prefeitura Municipal ficou estabelecido que somente os resíduos denominados Classe “A” pela Resolução CONAMA nº 307/2002 poderiam ser dispostos neste local.

Compondo a infra-estrutura do local foi indicada a construção de uma guarita de entrada na área, reservatório de água elevado, redes de água e esgoto, banheiros para as pessoas que trabalham no local, e galpão com 50 m² para triagem e estocagem de resíduos Classes “B”, “C” e “D”.

Segundo dados existentes no estudo, o aterro foi projetado com uma área de 12.750m² e volume de disposição na cava de 60.650 m³, o que segundo a NBR 15.113 (ABNT, 2004), classifica este como não sendo um aterro de pequeno porte. Assim, a referida normatização exige a construção de sistemas de monitoramento de águas subterrâneas e monitoramento de águas superficiais, podendo este sistema ser dispensado pelo órgão ambiental competente em função da condição hidrológica local.

Para a operação da unidade foi adotado uma central de triagem e armazenamento, a qual consistia em selecionar “in loco” os resíduos destinados a este local. Para a triagem foi sugerida as operações de recepção, classificação e avaliação, as quais deveriam ser coordenadas pelo gerente de operações e trabalhadores da Cooperativa de Catadores de RCD e serem devidamente posicionados em um espaço reservado a triagem dos resíduos.

Cabe informar que neste projeto de triagem ficou estabelecido que os recipientes, equipamentos, veículos autorizados e caçambas que contiverem um valor acima de 20% em volume de resíduos classificados como não sendo resíduos Classe “A” não poderão ser recebidos na área. No caso de descarte errôneo de resíduos inadequados no local ficou estabelecido que a responsabilidade pela retirada dos mesmos fosse do transportador responsável.

Segundo consta no projeto para atender as determinações estabelecidas pelas NBR 15.112 e NBR 15.113 (ABNT, 2004) a central de triagem e o aterro de RCD só poderiam aceitar os resíduos transportados por veículos que possuam guia devidamente preenchida denominada pelas referidas normas de “Controle de Transporte de Resíduos” (CTR). Segundo as normas NBR 15.112 e NBR 15.113 (ABNT, 2004) a CTR é o “Documento

emitido pelo transportador de resíduos que fornece informações sobre: gerador, origem, quantidade e descrição dos resíduos e seu destino, conforme diretrizes contidas no Anexo A”.

Com isso, vale informar que a CTR visa ser um instrumento primordial na construção de índices para o acompanhamento da gestão e gerenciamento de RCD, tanto por geradores e transportadores como também para o poder público.

Na central de triagem e aterro de RCD foram previstas a construção de dispositivos de drenagem para garantir um correto escoamento da água superficial e ainda a construção de drenos profundos em virtude de afloramentos de água no interior da cava. Vale ressaltar que neste estudo foi indicada a reformulação de projetos de captação de água e esgotos situados nas proximidades da cava, a fim de não prejudicar a operação da área.

O projeto ainda contemplou recomendações de compactação do material, no qual foram recomendadas a remoção ou redução de tamanho de resíduos de maior volume como, por exemplo, vigas, pilares, pedras de mão e grandes peças de concreto.

Durante a operação o projeto privilegiou a compactação do material por veículos e equipamentos de esteira com o desejável umedecimento da superfície, a fim de propiciar uma melhor acomodação da camada e ainda reduzir a emissão de material particulado.

A Figura 4.16 apresenta o fluxograma elaborado no estudo para o sistema de triagem e destinação final dos resíduos encaminhados ao local.

Figura 4.16 – Fluxograma do Sistema de Triagem dos Resíduos e sua Destinação Fonte: PMSC (2004) adaptada pelo autor12

12 Veículos, caçambas que contiverem mais de 20% de seu volume ocupado por esse tipo de resíduos não

deverão ser aceitos

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Segundo o projeto os resíduos deveriam ser dispostos em 3 (três) compartimentos, sendo o primeiro compartimento – o qual constitui o corpo do aterro – por resíduos granulares e finos Classe “A” e os dois outros compartimentos por material fino (solo ou solo orgânico) ou material selecionado ( solo argiloso ou orgânico) respectivamente.

Neste projeto, foram também previstos alguns incidentes que podem ocorrer durante a operação como, por exemplo, a constatação de que algum resíduo inadequado foi disposto na cava. Assim, o projeto estipulou que neste caso tais resíduos deveriam ser removidos pelos funcionários e destinados a lugares que satisfaçam as condições de disposição final destes resíduos indesejáveis.

Este estudo ainda contemplou medidas de isolamento da área, de segurança no local, de segurança de trabalho e treinamento aos funcionários e de prevenção a emissão de ruídos e material particulado.

Por fim, o estudo da Prefeitura Municipal adotou como medida de ocupação, após o preenchimento da cava, a implantação de uma área verde no local mediante o plantio de um bosqueamento esparso com árvores nativas, que sejam adequadas para as condições do local. Neste bosqueamento também foi recomendada uma forração com gramínea, a fim de evitar o carregamento do material e o surgimento de novas erosões no local.

Portanto através da análise do estudo para projeto do aterro verificou-se que este segue as determinações estipuladas pelas NBR 15.112 e NBR 15.113 (ABNT, 2004) propiciando ao município um instrumento adequado de manejo de RCD e disposição final de resíduos de construção e demolição Classe “A”.

4.2.3.3 Caracterização da Central de Triagem e Aterro de Cidade Aracy I

(2009)

Por meio da caracterização da área em estudo através de visitas feitas in loco pode-se constatar que a área está localizada próxima a um núcleo urbano denominado Bairro Cidade Aracy I, a área possui dois acessos fáceis e totalmente asfaltados, sendo o primeiro por meio da rota que se inicia no bairro Cruzeiro do Sul e termina na Avenida Integração que dá acesso ao bairro de Cidade Aracy I. A segunda rota utilizada inicia-se na Rodovia Washington Luiz (SP-310) no trevo com a Rodovia Luiz Augusto de Oliveira (SP-215), a qual segue esta última no sentido do município de Dourado acessando a Avenida José Antonio Migliato.

Atualmente, a central de triagem e aterro de Cidade Aracy I é de responsabilidade administrativa da Secretaria Municipal de Serviços Públicos, a qual definiu inicialmente que o horário de funcionamento do local seria de segunda a sexta das 7 às 18 horas e aos sábados das 7 às 12 horas.

Conforme observado na visita a área possuía sinalização adequada na entrada e em seu perímetro, também foi observada a existência de uma placa junto ao portão de acesso, na qual estão discriminados os resíduos que são permitidos e os que são proibidos.

A Figura 4.17 ilustra a placa de sinalização da unidade de triagem, a qual apresenta claramente o horário de funcionamento, bem como os tipos de resíduos com descarte permitido e proibido no local.

Figura 4.17 – Placa de sinalização na entrada identificando o local Fonte: Autor, 25 de fev. 2009

Neste estudo foi constatado que a área em questão era apta para receber somente RCD Classe “A” – materiais de construção, ferragens, tijolos e blocos, concretos, caibros e madeiras – e resíduos de poda e capina – galhos e troncos de árvores. Quanto às proibições era restringida a entrada de resíduos como: resíduos sólidos industriais (RSI), resíduos sólidos domiciliares (RSD) e resíduos volumosos (isopor, pneus e móveis).

Dentre as proibições nada constava na sinalização quanto aos RCD Classe “C” e Classe “D”, os quais na prática eram impedidos de serem descartados no local. Porém pequenas quantidades de resíduos Classe “C” e Classe “D” acabavam por entrar na central de triagem de maneira despercebida, pois geralmente estavam misturados ou no fundo das caçambas.

Pode-se perceber que a unidade não possuía área para própria e sinalizada para o armazenamento temporário de resíduos Classe “C” e Classe “D”.

No tocante ao isolamento da área foi verificada a inexistência de cercamento e anteparos como cerca viva arbustiva ou arbórea no perímetro do local, o que por sua vez causou problemas de segurança e operacionais, pois permitiu o acesso de pessoas estranhas e animais.

Alguns casos observados durante a pesquisa foram o acesso de pessoas querendo cruzar a área, as quais foram devidamente notificadas e impedidas pelos funcionários. Outro fato relatado foram acessos de pessoas estranhas ao local durante o horário que o aterro estava fechado, as quais supostamente poderiam ter ocasionado um incêndio em uma caçamba que armazenava madeiras.

Na central de triagem pode-se verificar que atuava um grupo de catadores – atualmente 25 pessoas envolvidas, que efetuavam a separação de materiais que possam ser reutilizados como, por exemplo, tijolos, blocos e telhas em bom estado, ferragens e tubos; reciclados em geral como plásticos (PET, PVC, garrafas, embalagens), alumínio, vidros, ferro, cobre e ainda materiais passíveis de reaproveitamento energético como madeiras e galhos. Vale ressaltar que esses trabalhadores não possuíam uma organização baseada nos conceitos da Economia Solidária, cada um recebia pagamento individual pela quantidade separada.

Os trabalhadores que cooperavam com a triagem eram assessorados pela Secretaria do Trabalho Emprego e Renda, a qual orientava estes na comercialização dos materiais separados. Segundo informações da secretaria os cooperados chegavam a receber uma renda de um salário mínimo em média.

Durante as atividades da central de triagem não foram vistos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como sapatos, óculos, máscaras, protetores auriculares, capacetes, luvas e identificação pessoal (crachás).

Cabe informar que o poder público responsável pelo gerenciamento de tais áreas deveria fornecer EPIs, bem como promover a realização de cursos de instrução e treinamento do pessoal quanto à necessidade e uso correto de tais equipamentos de proteção. Em contrapartida, o poder público poderia exigir o cumprimento dessas medidas de proteção à saúde do trabalhador, mediante fiscalização e advertência para os trabalhadores que insistam em não fazer uso dos EPIs.

Segundo dados da PMSC (2007) foram investidos R$ 200.000,00 para a construção da central de triagem no local, a qual atualmente é composta por uma guarita na portaria e um galpão de 300 m² que visa dar suporte ao grupo de catadores do local, tanto no armazenamento do material triado como socialmente ao propiciar melhores condições de trabalho. Este galpão é composto por um escritório de administração e treinamento do pessoal, sanitários (feminino e masculino), copa/ cozinha e um pátio de operação e armazenagem de resíduos recicláveis.

Dentre a infra-estrutura da central de triagem existem redes de água, esgoto, iluminação, energia, comunicação e hidrante no acesso da área.

Na área do aterro existiam quatro poços de monitoramento de água subterrânea, sendo um montante e três a jusante. Vale ressaltar que tais poços não possuiam sinalização adequada e acabamento superficial em concreto, e segundo informações de funcionários alguns podiam estar obstruídos.

No aterro não existiam medidas de controle de prevenção a emissão de materiais particulados e dispositivos de controle de contenção de ruídos, os quais geravam impactos ambientais e eram motivos de reclamações por parte da população e da escola localizada no entorno.

Na parte mais baixa da área do aterro pode-se observar a existência de um corpo hídrico, denominado de Córrego da Água Quente, nas águas deste córrego deságuam dois drenos que compõem as obras de drenagem de afloramentos existentes no fundo da cava da antiga erosão. Cabe informar que tal área do Córrego da Água Quente faz parte de uma Área de Preservação Permanente (APP) localizada no interior dessa unidade.

4.2.3.4 Estudo da Dinâmica Operacional da Central de Triagem e Aterro de