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Conforme estabelecido no projeto da central de triagem, todos os veículos eram submetidos a um procedimento de recepção, classificação e aceitabilidade dos resíduos antes de serem destinados à área de triagem, este procedimento era realizado através de vistoria coordenada pelo gerente de operações e funcionários.

A fim de verificar a procedência dos resíduos na área de recepção eram recebidas as guias de controle de transporte de resíduos (CTR), as quais estavam devidamente

preenchidas e assinadas. Visando o cumprimento do Plano de Gerenciamento Integrado de RCD somente veículos com CTR eram autorizados a entrar no recinto. As Figuras 4.18 e 4.19 ilustram a etapa de recepção, classificação e aceitabilidade dos resíduos.

Figura 4.18 – Sinalização da área de

recepção da central de triagem

Fonte: Autor, 22 de mai. 2009

Figura 4.19 – Veículo aguardando a recepção e

vistoria na área de recepção da central de triagem Fonte: Autor, 22 de mai. 2009

Neste período pode-se observar que os veículos particulares geralmente não possuíam CTR, porém para estes eram disponibilizadas CTR para serem preenchidas, os quais após o preenchimento podiam adentrar na área de maneira regular.

A Figura 4.20 ilustra o modelo de CTR adotado na Prefeitura Municipal de São Carlos, a qual possui o conteúdo mínimo estabelecido pelas NBR 15.112 e NBR 15.113 (ABNT, 2004).

Figura 4.20 – Modelo de CTR adotado pela Prefeitura Municipal de São Carlos Fonte: PMSC, 2009

Cabe informar que durante as vitorias eram efetuadas rejeições de cargas que continham material proibido, gesso, resíduos com mais de 20% de material diferente do classificado como Classe “A”, resíduos de poda e capina que possuem fácil degradabilidade como folhas e aparas de grama ou ainda resíduos de poda e capina que possuam espinhos e características urticantes.

Os resíduos de poda e capina rejeitados eram encaminhados para a horta municipal, onde atualmente estão implantadas composteiras para o tratamento desses resíduos.

Durante o período do trabalho verificou que em média eram rejeitadas 4 caçambas de resíduos impróprios para serem destinados a central de triagem e aterro, que representavam cerca de 20 m³/dia.

Depois da liberação do veículo da recepção, os funcionários realizavam uma triagem superficial do material retirando os materiais que estão no topo das caçambas como recicláveis, volumosos (isopor e pneus) e resíduos sólidos domiliciares (RSD). Após essa triagem superficial o funcionário responsável destinava o transportador para o descarte adequado dentro da área.

Na área objeto deste estudo não eram permitidos o recebimento resíduos volumosos como grandes embalagens, móveis e equipamentos domésticos inutilizados. Porém, pode-se verificar a existência de alguns volumosos no recinto, os quais eram armazenados em uma área junto à central de triagem, os quais seriam posteriormente reaproveitados, desmontados para reaproveitamento energético ou ainda destinados ao aterro sanitário.

Assim, cada resíduo era destinado para um setor da área, na qual se realizava uma triagem mais detalhada e/ou um beneficiamento. Os resíduos de construções e demolições eram destinados ao aterro de RCD situado após a área de triagem e os resíduos de poda e capina eram encaminhados para uma área próxima a área de recepção.

Posteriormente, os RCD encaminhados ao aterro eram basculados dos veículos formando pilhas, nas quais os catadores efetuam a seleção dos materiais que ficam nas faces destas como, por exemplo, materiais reutilizáveis, recicláveis ou de valor para recuperação energética (madeiras).

As Figuras 4.21 e 4.22 ilustram os resíduos volumosos armazenados na central de triagem no período de amostragem.

Figura 4.21 – Área de armazenamento de

resíduos volumosos

Fonte: Autor, 16 de mar. 2009

Figura 4.22 – Resíduos RSD e embalagens

encaminhados ao aterro sanitário

Fonte: Autor, 18 de mar. 2009

Depois de triados os resíduos eram levados para o galpão, onde seria feita uma nova seleção, triagem e armazenamento para posteriormente serem pesados e comercializados. O procedimento de transporte dos resíduos da cava para o galpão era feito mediante o uso de carrinhos de mão confeccionados pelos catadores que tornava cansativo, lento e pouco eficiente o processo de triagem, em virtude do peso dos resíduos e da grande distância e declividade existente entre a cava e o galpão.

As Figuras 4.23 e 4.24 ilustram a triagem dos RCD pelos catadores e o local de armazenagem desses materiais triados.

Figura 4.23 – Triagem do material nas faces

da pilha de resíduos

Fonte: Autor, 19 de mar. 2009

Figura 4.24 – Galpão de triagem e

armazenamento de resíduos comercializados Fonte: Autor, 18 de mar. 2009

Aspectos práticos de operação da central de triagem demonstraram que apenas materiais de valor econômico eram separados pelos catadores, isto ocorre devido aos

trabalhadores não estarem organizados no conceito de gestão coletiva, os quais poderiam ser capacitados e treinados visando à formação destes como agentes ambientais capazes de avaliar o melhor aproveitamento dos resíduos que são destinados a central de triagem.

Segundo dados da Secretaria do Trabalho, Emprego e Renda da Prefeitura Municipal de São Carlos os materiais recicláveis como ferro, plástico e papel foram vendidos entre R$0,20/kg e R$ 0,44/kg. Já os galhos triturados e madeira foram vendidos a R$ 20,00/t, resíduos este que eram recuperados energeticamente durante a queima em empresas de secagem de madeira, padarias e pizzarias.

Na prática, pequenas quantidades de resíduos Classe “B”, Classe “C”, Classe “D” e resíduos de poda e capina passavam pela triagem e eram destinados a cava do aterro, a qual é projetada para receber somente resíduos Classe “A”.

A área apresentava um constante risco de incêndio em virtude da existência de grandes quantidades de madeira, galhos, folhas e materiais combustíveis, tanto na área de triagem quanto na área do aterro, as quais são agravadas pelo não cercamento do local que facilita a ação de vândalos.

Segundo relato dos funcionários e catadores no local ocorreram incêndios devido a existência de materiais combustíveis no interior da cava como galhos secos, folhas e troncos. Segundo o grupo de catadores e funcionários o incêndio só pode ser extinto com a injeção de água no interior de valas abertas na cava.

As Figuras 4.25 e 4.26 ilustram os problemas da existência de grandes quantidades de madeira, galhos e raízes em aterros de RCD.

Figura 4.25 – Tocos, galhos e raízes de

árvores junto ao aterro

Fonte: Autor, 16 de mar. 2009

Figura 4.26 – Incêndio na área do aterro de

RCD

Durante o período de estudo, pode-se identificar que foram destinados grandes quantidades de resíduos de poda e capina a central de triagem, o que acabou por causar inúmeros problemas na área. Tais problemas detectados no gerenciamento destes resíduos geraram estudos e uma nova linha de pesquisa, a qual possuía como meta principal medidas de tratamento e disposição final dos resíduos de poda e capina.

Em virtude desta nova linha de pesquisa, Ramella (2009) desenvolveu um estudo dessa problemática, por meio da quantificação da geração média dos resíduos de poda e capina destinados a central de triagem de RCD do município e mediante o estudo de técnicas alternativas para o tratamento e disposição final para esse tipo de resíduo.

Portanto, pode-se verificar que um dos grandes problemas referente ao gerenciamento de RCD em centrais de triagem é a grande heterogeneidade destes resíduos que somadas ao volume e peso destes acabam por dificultar a seleção e triagem eficiente por meio de segregação manual.

Atualmente, o aterro de resíduos Classe “A” situado na antiga área da erosão encontra-se no limite de sua vida útil, sendo que alguns pontos do aterro já atingiram a cota recomendada em projeto.

Vale ressaltar que a vida útil deste aterro está sendo prolongada através de medidas de gerenciamento do local como, por exemplo, preenchimento das áreas que sofreram recalque, preenchimento de áreas junto ao perímetro do aterro e ainda manutenção das vias de acesso e áreas de recepção e triagem do local.

4.3 Estudo de Áreas de Tratamento para Grandes Volumes

O respectivo item deste trabalho avaliou de maneira detalhada a dinâmica operacional da Usina de Reciclagem de RCD do município de São Carlos-SP, no qual foi avaliado os ganhos obtidos com a introdução de um sistema de tratamento de grande volumes de RCD. Este estudo propiciou uma base de informação para a análise do balanço de massas apresentado no item 4.5 deste estudo.

4.3.1 Usina de Reciclagem de RCD

A caracterização da Usina de Reciclagem de RCD foi realizada por meio da aglutinação de informações obtidas de projetos da usina, entrevistas junto à autarquia municipal responsável pela administração desta unidade, denominada Progresso e Habitação de São Carlos S/A (PROHAB) e levantamento bibliográfico de dissertações, teses e observações pessoais focadas no estudo da dinâmica operacional do tratamento dos RCD.

4.3.1.1 Caracterização da Usina de Reciclagem de RCD e Fábrica de