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3.1.4. Propriedades biológicas da própolis:

3.1.4.2. Atividade Antioxidante

Antioxidante é um termo amplamente utilizado na sociedade atual, e pode ser definido como substância que impede a oxidação de outras substâncias químicas por ação do oxigênio (HUANG et al., 2005) e segundo a ANVISA é definida como substância que retarda o aparecimento de alterações oxidativas no alimento, enquanto a FDA define como substâncias utilizadas para preservar alimentos através do retardamento da deterioração, rancidez e descoloração decorrentes da autoxidação.

Esta atividade está relacionada com compostos capazes de proteger um sistema biológico contra os efeitos danosos de processos ou reações que causam oxidação excessiva, envolvendo espécies reativas de oxigênio (ARNAO, 2000). Na área de alimentos os

antioxidantes são amplamente utilizados por conferirem características organolépticas e permitem preservar a qualidade nutricional dos produtos.

Os antioxidantes podem ser diferentes substâncias (vitaminas, minerais, pigmentos naturais, polifenóis e enzimas), que bloqueiam os efeitos dos radicais livres, sendo considerada importante para prevenir a reduzir as enfermidades crônicas (OU et al., 2002). Diversos estudos sugerem que os compostos presentes na própolis auxiliam na prevenção de doenças crônicas, como alguns tipos de câncer (CHAN et al., 2013; KIMOTO et al., 2001; WATANABE et al., 2011), distúrbios metabólicos, doenças inflamatórias e enfermidades neurodegenerativas (HUANG et al., 2007; LAN et al., 2016; SZLISZKA et al., 2013; WANG et al., 2014).

A atividade antioxidante da própolis tem sido atribuída aos flavonoides, principalmente flavonol: quercetina, caemferol, ramnetina, quercetina dimetil ester, galangina, apigenina e crisina (BARBARIĆ et al., 2011; BUSCH et al., 2017; ESPINOSA et al., 2015; PARK et al., 2015). No entanto, os ácidos fenólicos, ácidos diterpenos, terpenoides, também tem demostrado capacidade antioxidante (ALENCAR et al., 2007; MACHADO et al., 2016; PARK et al., 2002). Diversas metodologias analíticas têm sido empregadas para determinar a capacidade antioxidante da própolis (BANKOVA et al.,2017). No entanto, não existe um método oficial padronizado e, portanto, é recomendável testar com diferentes métodos de medição e com várias condições de reação (FRANKEL; MEYER, 2000).

De acordo HUANG et al. (2005), os ensaios utilizados para medir a capacidade antioxidante são basicamente classificados em dois grupos, dependendo do mecanismo de reação: métodos baseados na transferência de átomos de hidrogênio e métodos baseados na transferência de elétrons. Na maioria dos ensaios baseados na transferência de átomos de hidrogênio, a reação é um processo competitivo, no qual o antioxidante e o substrato competem por radicais peroxilos gerados termicamente por meio da decomposição de compostos azoicos (ZULUETA et al., 2009). Os ensaios baseados na transferência de elétron medem a capacidade de um antioxidante reduzir um oxidante, que muda de cor quando reduzido, sendo que o grau de mudança de cor está correlacionado com a concentração de antioxidante na amostra (HUANG et al., 2005; ZULUETA et al., 2009).

Segundo DÁVALOS et al. (2004) o ensaio de ORAC (capacidade de absorção de radical oxigênio), atua capturando o radical peroxila, gerado pela decomposição de AAPH [dicloreto de 2,2’azobis (2-amidinopropano)] na presença de oxigênio atmosférico, reagindo com um indicador fluorescente formando um produto não fluorescente. Na presença de antioxidantes, a fluorescência é preservada. A atividade antioxidante é determinada pela redução da fluorescência (excitação a 485 nm e emissão a 520 nm).

De acordo com OU et al. (2002), no ensaio FRAP, ocorre a redução do ferro, na presença de antioxidantes que atuam como doadores de elétron. O complexo Fe3+-TPTZ [2,4,6-tri(2-piridil)-1,3,5-triazina] é reduzido a Fe2+-TPTZ, gerando uma mudança de coloração de azul clara para azul escuro. A atividade antioxidante é medida pelo aumento de absorbância a 593 nm.

De acordo com GÓMEZ-GUILLÉN et al. (2010) no ensaio de ABTS+ o radical ABTS+ (ácido 2,2'-azinobis-3-etilbenzotiazolino-6-sulfônico) é estabilizado na presença de antioxidantes doadores de hidrogênio, apresentando uma mudança de cor de verde escura para verde clara. A atividade antioxidante é medida pela redução de absorbância a 734 nm.

O ensaio de eliminação de radicais de DPPH é um dos ensaios mais utilizados para avaliar a capacidade antioxidante em amostras de própolis (BANKOVA et al., 2016). DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) é um radical livre estável que reage com compostos que podem doar um átomo de hidrogênio. Este método baseia-se na eliminação da DPPH através da adição de uma espécie radical ou de um antioxidante que causa a descoloração da solução de DPPH. A atividade é estimada pela diminuição da absorbância em 517 nm gerada pela mudança de coloração violeta para amarela (SHARMA; BHAT, 2009).

ALENCAR et al. (2007), estudaram a própolis vermelha, coletada na região de Alagoas-Brasil. A fração de hexano apresentou a maior concentração de flavonoides totais, demonstrando a melhor atividade sequestrante para o DPPH de radicais livres.

ANDRADE (2017) determinou os compostos bioativos presentes nas própolis brasileira (marrom verde e vermelha) e avaliou a atividade antioxidante pelos métodos DPPH, ABTS+, FRAP e ORAC. Os resultados revelaram elevado potencial antioxidante na própolis vermelha, e uma positiva correlação entre compostos fenólicos e atividade antioxidante de

FRAP e ORAC. O autor concluiu que os compostos fenólicos são responsáveis da atividade antioxidante da própolis.

NYAKAYAMA (2004) analisaram própolis de várias origens geográficas e verificaram que os extratos etanólicos de própolis da Austrália, China, Hungria e Nova Zelândia possuem alta atividade de sequestro do radical livre DPPH, enquanto os EEP da China, Argentina, Chile e Hungria demonstraram alta atividade pelo método de β-caroteno (peroxidação lipídica). A atividade sequestrante do composto puro artipilin C, foi em torno de 80%. Da mesma forma, o éster fenólico do ácido caféico (CAPE) isolado de própolis de climas temperados, tem se mostrado um potente inibidor de radicais livres (OZGUNER et al, 2005).

BANSKOTA et al. (2000) observaram que extratos aquosos de própolis do Brasil e da China, apresentaram atividade sequestradora de radicais livres contra o 1,1-difenil-2- picrilhidrazil (DPPH) maior que os extratos metanólicos, enquanto extratos metanólicos de própolis da Suécia e Peru exibiram forte atividade sequestradora de radicais livres contra o DPPH. Os mesmos resultados foram obtidos para própolis de Argentina. MORENO et al. (2000). Observaram forte atividade sequestradora contra DPPH em própolis de Tucumán e Santiago.

Estudos realizados por PARK et al. (2000) mostraram que amostras de todos os grupos de própolis analisados apresentam atividade antioxidante acima de 80%, exceto o Grupo 10 (Ceará) que apresentou atividade menor que 80% e o Grupo 9 (Pernambuco) que não apresentou atividade antioxidante. A atividade antioxidante foi analisada pelo método da oxidação acoplada do β-caroteno e ácido linoléico.

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