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Uma folha de papel foi colocada no chão e os participantes foram encoraja- dos a escrever os apelidos das partes do corpo, que eles conheciam especificamen- te, os das às íntimas. De início eles se mostraram acanhados; desejam escrever, mas não sabiam como fazê-lo e precisaram da ajuda dos membros da equipe.

Essa atividade busca proporcionar um ambiente onde as crianças possam fa- lar abertamente sobre o que conhecem, expor suas dúvidas e perguntar, sem receio

de serem reprimidos.

Uma vez escritos os apelidos, a conversa do grupo foi sobre os motivos por que colocamos apelidos nessas partes do corpo e não em outras. As razões colo- cadas foram que “as pessoas gostam das mais maliciosas”, e por “gostarem de sa- fadeza”.

A folha em que foram escritos os “apelidos” das partes íntimas do corpo foi rasgada, e o grupo se comprometeu a tratar com respeito e dignidade o próprio cor- po e o corpo do outro.

Quando perguntados sobre a possibilidade de mudar esse costume, apelidar as partes íntimas e tratar o corpo humano com malícia ficaram interessados em co- nhecer os nomes corretos e a maneira como poderiam saber se alguém tem algum tipo de doença. A orientação foi mostrar a necessidade de visitar o médico regular- mente e sempre que percebessem algo estranho no funcionamento do corpo. O me- lhor meio de se informar sobre a existência ou não de alguma doença e cuidar do corpo através de exames.

Utilizando o material Claves – partes externas do corpo (Figuras 6 e 7), foram abordadas as questões relacionadas com as transformações pelas quais o corpo humano passa quando se desenvolve da infância para a adolescência e, depois, para a fase adulta.

No grupo dos meninos houve curiosidade em saber por que alguns se inte- ressam por outros meninos e não por meninas, sobre relações homossexuais e ris- cos na relação anal.

Aproveitando o assunto levantado, a conversa tomou a direção da higiene do pênis, do exame do escroto e testículos. Riscos de lesões por pancadas durante brincadeiras, jogos e brigas.

Os garotos desejaram saber a respeito da polução noturna, sobre “o que dei- xa o pênis ereto” e se “é possível sair sêmem quando os garotos vão urinar”.

No grupo das meninas foram abordados, além dos nomes corretos dos ór- gãos genitais, assunto de higiene íntima, de fecundação e de como o bebê se for- ma, porque dói quando nascem os bebês, para que servem as mamas e como a- contece o prazer sexual (Utilizados os materiais Figuras 6, 8, 10, 12, e 14).

utilizando o material técnico. Porém, em alguns momentos as crianças retomavam a leitura da reprodução da obra de arte (Figura 1). Com a imagem da mulher grávida Esperança I, a leitura das crianças sobre a obra centrou o foco nas questões da sa- úde da mulher e da criança, com observações nas formas e figuras presentes na obra, “as decorações". A mulher da imagem poderia ser a mãe, a avó, a irmã, al- guém que eles conhecessem. As figuras tenebrosas ao fundo representavam de forma resumida as histórias que eles conheciam de enfermidades, perdas e mortes. Na leitura das imagens desse material, as crianças dirigiram suas observações para os aspectos do desenvolvimento do corpo humano. O interesse era o tempo em que aconteceriam as mudanças; no corpo deles ou de qualquer outra pessoa.

O filme Dada foi exibido e as crianças assistiram com atenção. Não houve tempo para reflexão em roda de conversa. Mesmo assim, uma garota afirmou que não terá filhos porque não desejava sentir dor; outra respondeu que, para evitar a dor, ela deveria usar preservativo.

Referindo-se ao personagem do filme uma garota disse que “ela queria fazer strip-tease para o garoto apertar suas mamas”, e que “as meninas gostam de mos- trar e ter prazer na hora do sexo; é para isso que servem as mamas”. Nesse mo- mento, a equipe priorizou orientar sobre as manifestações feitas logo após a exibi- ção do filme. Devido ao atraso para iniciar a oficina, não foi possível estender a con- versa em roda sobre o filme Dadá.

O atraso no início da oficina começou quando a equipe teve dificuldades para se locomover até o projeto Centro para a Criança e o Adolescente. A equipe preci- sou contar com outro recurso (táxi) e, ao chegar ao local, encontrou outras dificul- dades.

Assim, para a apresentação do filme, era necessário o uso da internet e, além desse item, foi preciso utilizar uma extensão para fazer a ligação dos equipamentos à rede elétrica. Tivemos dificuldades para conectar a internet e para usar a extensão (Equipamentos estavam sendo usados em outra atividade). O encontro encerrou com uma questão para reflexão: “O que queremos fazer da vida? Contar com a sor- te, ou planejar?”.

Oficina realizada no dia 10 de novembro de 2008 com quatro meninas e nove meninos, adolescentes de 12 a 15 anos de idade.

O encontro teve início com a reapresentação do filme Dada (Porta Curtas) e conversa sobre ele. Isso foi sugerido pelo grupo e acordado entre eles e a equipe.

A questão inicial foi o porquê da desconfiança dos amigos da Dadá em saber qual deles era o pai. Alguns afirmaram que, se havia essa desconfiança, era porque eles já haviam ficado com ela. Outra questão foi que a garota havia ficado grávida, mas não queria continuar morando na favela. Ela não gostava de morar lá; desejava algo melhor para seu filho. Sobre não gostar do lugar onde mora, uma garota afir- mou conhecer uma favela do Rio de Janeiro e que, quando esteve lá, viu crianças com armas na mão e sentiu muito medo.

Os participantes demonstraram apreciar o lugar onde moram, chegando a a- firmar que aquela sua comunidade era diferente daquela mostrada no filme. Partin- do da reprodução da obra de Gustav Klimt, A Esperança I (Figura 1), e depois de assistirem o filme Dada, os jovens fizeram um desenho com nanquim sobre papel canson. Esse suporte já havia sido preparado com fundo amarelo (cola branca e pó xadrez amarelo) e utilizado em outra atividade.

Para essa tarefa, a equipe decidiu utilizar a sobra desse material e nanquim. O uso do material motivou a preocupação da equipe em relação aos resultados dos trabalhos. O temor era com o resultado final dos trabalhos, se ficariam padroniza- dos. Contudo, o estímulo de observação e os exercícios de leitura de imagem pos- sibilitaram aos jovens a execução de trabalhos com características individuais na representação do corpo da uma mulher, da mulher grávida e do corpo do homem.

Foto 20 - Fazer artístico – Nanquim sobre canson. Adolescentes.