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O fazer artístico, utilizando várias técnicas, proporciona mais liberdade no processo criativo, valoriza a pesquisa individual, o compartilhamento de material, e a originalidade. Foi necessário orientar quanto ao tempo, porque alguns deles se dis- persaram enquanto faziam a pesquisa de imagens.

A oficina foi encerrada com a apresentação dos trabalhos e a conversa sobre a sua realização.

QUINTA OFICINA: PROTEGER O CORPO I

Oficina realizada no dia 1 de dezembro de 2008 com treze meninas e on- ze meninos, crianças de 9 a 11 anos de idade.

Nesse encontro, foram relembrados os temas anteriores e depois, enfatizado o que é normal acontecer no corpo da mulher e do homem. A partir daí, a enfermei- ra da equipe MCMB ressaltou alguns aspectos que servem de alerta para a saúde do corpo com relação a secreções. O autoconhecimento do corpo foi mencionado

como forma de se perceberem sinais visíveis de possíveis doenças.

Uma garota perguntou como faria para ver a própria vagina, ao que um garo- to respondeu que ela deveria usar um espelho. Essa resposta se deveu à orienta- ção passada em encontros anteriores nos grupos de meninas e meninos. A reação do garoto e a resposta reforçam a tese de que como é possível a educação ou a prevenção por pares.

Para falar das doenças sexualmente transmissíveis foi utilizado como recurso visual o álbum seriado Semina DST/AIDS (Figura 15) que tinha imagens de algumas dessas doenças.

Quando surgiu a imagem do vírus HIV, uma criança foi logo dizendo que “es- se não tem sinais no início, demora uns dez anos para aparecer, não dá sinal. Ta lá, fortão, e depois vai ver, a pessoa tá com AIDS”. Esse comentário demonstrou o que a garota aprendeu vendo os filmes, pela leitura das imagens, e refletindo sobre as questões que envolviam a saúde do corpo. A forma com que se expressou é carac- terística da sua faixa etária e tem relação com todo o seu repertório de vida.

Uma vez indagados acerca de como deveriam agir para se prevenir, uma cri- ança disse que deveria ir ao médico. Outra lembrou o uso do preservativo e outro completou que, na Unidade Básica de Saúde, é distribuído o preservativo. Essas questões foram discutidas e orientadas nos encontros anteriores, durante a leitura das imagens das reproduções de obra de arte, dos filmes de animação, ficção, ima- gens dos materiais técnicos e filme educativo (técnico).

O assunto seguinte versou sobre onde o vírus se instalava e alguns respon- deram que era no sangue e que matava os soldadinhos, referindo-se às células.

Quando o assunto foi o herpes de boca, surgiu a questão quanto à maneira de como algo que é comum manifestar-se na boca e pode aparecer em órgãos se- xuais. As crianças tiveram receio de falar, mas uma garota disse: “Porque ela chu- pou”. Foi esclarecido como isso acontece e que, com tratamento, os sintomas desa- parecem, porém não tem cura e pode reaparecer.

Uma das imagens que gerou espanto foi a da sífilis (Figura 15), e logo quise- ram saber se havia cura para essa doença. A explicação se estendeu detalhada- mente e foi dito que, sem tratamento, levava à morte, e sobre os prejuízos no caso de uma mulher gestante.

Ao ser exposta a ilustração da hepatite (não foram especificados os tipos), um garoto disse que havia tido a doença quando fez uma cirurgia. Descreveu todo o processo pelo qual teve que passar quando contraiu a doença; outros relataram ca- sos de pessoas que morreram por causa da hepatite.

Em seguida, passou-se para a demonstração do uso correto do preservativo, utilizando-se um modelo peniano e pélvico (Material Técnico Semina) e preservati- vos cedidos pelo Programa Estadual de Prevenção de DST/AIDS.

Um garoto disse que buscava preservativos na Unidade Básica de Saúde. Uma garota falou que nunca tinha visto um preservativo e outros comentaram: “Eu já peguei, é gosmento”, “Quando eu era pequena, eu vi meu tio com um pacotinho e perguntei, mas ele não falou direito”, “E o de menina, como é?”, “Tem de meninas?” Foi esclarecido que existe o preservativo feminino e que seria apresentado em outro momento.

Sobre o uso do preservativo, um garoto disse que era só colocar, e pronto. Outro falou que precisava pôr dois, e outro, se era possível soltar.

Foram explicados todo o procedimento e cuidados necessários para que o preservativo fosse utilizado de forma correta, e as crianças interagiram fazendo co- mentários como: “Guarda na bolsa”. “Quando tirar, amarra e coloca no lixo”.

As crianças tiveram oportunidade de demonstrar o uso do preservativo no modelo peniano. Houve muito riso, mas muitos se ofereceram para fazer a demons- tração. Uma garota fez expressões de nojo e o riso aumentou. Depois de alguns terem participado fazendo a demonstração, os risos deixaram de existir, e todos fi- caram atentos fazendo observações que auxiliavam a demonstração: “Tem que buscar na UBS”. “Não pode pegar para fazer brincadeiras”. “Só pode ir buscar para fazer sexo”.

Para o encerramento da oficina foi conduzida uma conversa relacionando as escolhas feitas pelo artista Gustav Klimt para se tornar artista, com as escolhas fei- tas por uma pessoa para evitar as DSTs, com tantas outras escolhas que fazemos e que possam alterar curso de nossas vidas: decidir se estudamos ou não, decidir com quem tenho amizade, decidir o que ser como profissional, etc.

Oficina realizada no dia 1 de dezembro de 2008 com cinco meninas e oi- to meninos, adolescentes de 12 a 15 anos de idade.

A oficina foi iniciada com uma roda de conversas em que foram relembrados os temas tratados nos encontros anteriores.

Seguiu-se a exposição sobre as doenças sexualmente transmitidas, usando como recurso o álbum seriado do Semina DST/AIDS (Figura 15).

À medida que as doenças iam sendo abordadas e os adolescentes manifes- tavam as mais diversas reações como espanto, nojo, surpresa e silêncio.

Sobre o HIV, lembraram as formas de proteção: uso de preservativos nas re- lações sexuais com quem é e com quem não é soropositivo, e a abstinência por op- ção ou por orientação religiosa.

Na conversa sobre herpes, um garoto perguntou qual a forma de contágio; depois da orientação disse: “É melhor adotar um filho”. Sobre sífilis, os jovens não fizeram perguntas, permanecendo atentos.

Após esse período, foi demonstrado o uso do preservativo masculino, utili- zando um modelo peniano e pélvico (Material técnico Semina) e preservativos, ce- didos pelo Programa Estadual de Prevenção de DST/AIDS.

Um garoto se prontificou a fazer uma demonstração, e o fez sem esquecer nenhuma parte dos procedimentos. Os demais riam ao vê-lo manusear o modelo peniano. Logo em seguida, uma garota se ofereceu para fazer o exercício. Outro garoto também fez a demonstração, sempre, porém, com uma expressão de nojo, o que provocou risos dos demais.

Algumas dúvidas foram colocadas como: uso dos preservativos feminino e masculino ao mesmo tempo, relação sexual sem penetração (“Coloca só a cabeci- nha”.).

As meninas com mais idade da turma não quiseram fazer a demonstração. A oficina foi encerrada com a reflexão sobre o que cada um tinha como proje- to de vida, seus sonhos e planos futuros.

SEXTA OFICINA: PROTEGER O CORPO II

Última oficina com dez meninas e treze meninos, crianças de 9 a 11 a- nos de idade, realizada no dia 9 de dezembro de 2008.

A oficina teve início com a roda de conversa onde se refletiu sobre os fatores que podiam interferir na vida futura de uma pessoa. Em seguida foi apresentada a reprodução da obra de Gustav Klimt, O Beijo (Figura 3), seguindo a leitura de ima- gem com observações feitas sobre as cores, os ornamentos, as figuras que se bei- jam e a proporção. Uma criança comentou que o artista também desenhava ho- mens; não eram só mulheres.

Foto 37 - Leitura de Imagem. O Beijo - Gustav Klimt. Grupo de crianças.