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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Os dados obtidos e seus desdobramentos

4.1.1.2 Atividade B

Na segunda atividade, menos reprodutiva que a anterior190, orações principais eram dadas e, com relação às orações relativas a serem completadas, foram indicados elementos que induzissem seu desenvolvimento, como pronomes relativos e/ou verbos (exceção para a frase 3). Os dados coletados foram os seguintes (as construções criadas pelos informantes serão sublinhadas):

Informante 1191:

(*) 1. Das ist der Mann, den ich ein Kind habe. ● Das ist der Mann, mit dem ich ein Kind habe.

[Este é o homem com quem tenho uma criança/um filho.]

(*) 2. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der sie wie ein Schauspilare lauft. ● Ich rede immer mit meiner Ärztin, die wie eine Schauspielerin läuft. [Eu converso sempre com minha médica, que corre/anda como uma atriz.] 3. Wir haben drei Kinder, die Mechnikel werden wollten.

● Wir haben drei Kinder, die Mechaniker werden wollten. [Nós temos três filhos que queriam se tornar mecânicos.]

190 De acordo com a tipologia de Neuner et. al. (1981) esboçada na parte 2 deste trabalho (item 2.2.1.2),

correspondente ao tipo B em uma escala de progressão em que o exercício de tipo A é o mais controlado ou reprodutivo, e o de tipo D, o mais livre ou produtivo.

4. não foi feita.

5. Margarinien ist ein kleines Land, in dem Pistole wohnte. [Margarínia é um pequeno pais no qual Pistole morava.]

Informante 2:

1. Das ist der Mann, den alle geloben.

● Das ist der Mann, den alle gellobt haben/lobten. [Este é o homem que todos elogiaram/elogiavam.]

2. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der ich alles erzählen kann. [Eu converso sempre com minha medica, a quem posso contar tudo.] 3. Wir haben drei Kinder, die viele Energie haben.

● Wir haben drei Kinder, die viel Energie haben.

[Nós temos três crianças/filhos que têm muita energia.]

(*) 4. In der Sprachenschule, in dem wir lernen, die gute Lehrer hat. ● In der Sprachenschule, in/an der wir lernen, gibt es gute Lehrer. [Na escola de idiomas na qual estudamos há bons professores.] 5. Margarinien ist ein Land, in dem Pistole wohnte.

[Margarinien é um país no qual Pistole morava.]

Informante 3:

(*) 1. Das ist der Mann, den ein großes auto hat. ● Das ist der Mann, der ein großes Auto hat. [Este é o homem que tem um carro grande.]

(*) 2. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der ist die besten in mein land. ● Ich rede immer mit meiner Ärztin, die die beste in meinem Land ist. [Eu converso sempre com minha médica, que é a melhor no meu país.] 3. Wir haben drei Kinder, die sehr intelligenten sind.

● Wir haben drei Kinder, die sehr intelligent sind. [Nós temos três filhos que são muito inteligentes.]

(*) 4. In der Sprachenschule, der **** ist wir lernen, ___________.192

● In der Sprachenschule, in/an der wir lernen, ________. [Na escola de idiomas, na qual nós estudamos, _______.] (*) 5. Margarinien ist ein kleines Land, das Antek Pistole wohnte. ● Margarinien ist ein kleines Land, in dem Antek Pistole wohnte. [Margarínia é um pequeno país no qual Antek Pistole morava.]

Informante 4:

1. Das ist der Mann, den ich mich nicht erinnern kann. ● Das ist der Mann, an den ich mich nicht erinnern kann. [Este é o homem do qual eu não consigo me lembrar.]

(*) 2. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der immer um mich gekummert hat. ● Ich rede immer mit meiner Ärztin, die sich immer um mich gekümmert hat. [Eu converso sempre com minha médica, que sempre cuidou de mim.]

(*) 3. Wir haben drei Kinder, denen an der Porto Seguro Schule besuchen. ● Wir haben drei Kinder, die die Porto-Seguro-Schule besuchen. [Nós temos três filhos que frequentam a escola Porto Seguro.] (*) 4. In der Sprachenschule, der bei wir lernen, heißt ****. ● Die Sprachenschule, an/in der wir lernen, heißt ****. [A escola de idiomas na qual estudamos se chama ****.] 5. Margarinien ist ein kleines Land, in dem Pistole wohnte. [Margarínia é um pequeno país no qual Pistole morava.]

Informante 5:

1. Das ist der Mann, den ich getroffen habe. [Este é o homem que eu encontrei.]

(*) 2. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der mein Nachbar auch ist. ● Ich rede immer mit meiner Ärztin, die auch meine Nachbarin ist.

[Eu converso sempre com minha médica, que também é minha vizinha.] 3. Wir haben drei Kinder, die sehr schöne sind.

● Wir haben drei Kinder, die sehr schön sind.

[Temos três crianças/filhos que são muito bonitas/os.]

4. In der Sprachenschule, in der wir lernen, etwas komische passiert ist. ● In der Sprachenschule, in der wir lernen, ist etwas Komisches passiert. [Na escola de idiomas na qual estudamos aconteceu algo estranho.] 5. Margarinien ist ein kleines Land, in dem Antek Pistole wohnte. [Margarinien é um pequeno país no qual Antek Pistole morava.]

Informante 6:

1. Das ist der Mann, den ich aus Margarinien kennengelernt habe. ● Das ist der Mann, den ich in Margarinnien kennen gelernt habe. [Este é o homem que eu conheci em Margarínia.]

(*) 2. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der eine sehr interessante Frau ist. ● Ich rede immer mit meiner Ärztin, die eine sehr interessante Frau ist. [Eu converso sempre com minha médica, que é uma mulher muito interessante.]

3. Wir haben drei Kinder, die sehr schönen sind. ● Wir haben drei Kinder, die sehr schön sind. [Temos três crianças que são muito bonitas.]

4. In der Sprachenschule, bei der wir lernen, sind wir. ● Wir sind in der Sprachenschule, in/an der wir lernen. [Estamos na escola de idiomas na qual estudamos].

5. Margarinien ist ein kleines Land, in dem Pistole wohnte. [Margarínia é um pequeno país no qual Pistole morava.]

Observando-se os dados acima transcritos, registra-se um total de 16 orações morfossintaticamente bem formuladas, se se consideram os requisitos mínimos para a construção de orações relativas alemãs gramaticalmente corretas (posição, gênero, número e caso do pronome relativo, posição do(s) verbo(s) na frase) de um total de trinta, resultando em 53,4% de orações certas. Nesta asserção, consideram-se como corretas, de acordo com a concepção de erro que se adota neste trabalho e sobre a qual se discorre no capítulo 1 da dissertação, construções que correspondam ao modelo de

orações relativas apresentados aos aprendizes pelos LDs analisados e empregados e endossados pelos professores-voluntários193, uma vez que estes últimos, nos depoimentos contidos no anexo, declaram não haver ensinado aos alunos outros paradigmas gramaticais de formulação de orações relativas no alemão194.

Faz-se notório o emprego de uma estratégia específica por parte de cinco dos seis informantes no tocante à frase de número 5, que consistiu na cópia de uma oração contida no exercício anterior (“Margarinien ist ein kleines Land, in dem Pistole wohnte”). Considera-se que a estratégia de retirada da resposta da atividade anterior, apesar de seu caráter reprodutivo195, é válida; entretanto, se desconsideramos o item 5, no qual a cópia da resposta era possível, obtemos um total de 25 frases, das quais 8 estão corretas.

São diversas as implicações relacionadas aos erros e acertos dos aprendizes nessa questão. Primeiramente, temos de considerar outros conhecimentos de língua alemã, além daqueles referentes à formulação das orações relativas, que constituem pré- requisitos para a elaboração de períodos sintática (e semanticamente) adequados de acordo com as regras de funcionamento do alemão-padrão. Além do domínio das orações relativas e elementos que as compõem, faz-se mister que o aluno conheça o gênero dos substantivos implicados e suas flexões, bem como a valência dos verbos

193 Correspondendo à norma culta do alemão-padrão.

194 Evidentemente, caso algum aluno formulasse uma sentença existente em certas variantes da língua

alemã como “Der Mann, wo ich sehe”, esse emprego de “wo” como pronome relativo não poderia ser sinalizado como incorreto. Competiria ao professor, nesse caso, explicar ao aluno autor dessa construção que implicações sociolinguísticas e comunicativas (pragmático-funcionais) estariam envolvidas no emprego dessa construção. Vale lembrar, porém, que não ocorreram registros dessa natureza e que, ainda segundo os professores-voluntários, os informantes não possuíam conhecimentos prévios da língua alemã, construídos a partir de outras fontes de insumos que não os cursos e aulas em questão, e não poderiam, assim, dominar conscientemente outras variedades de orações relativas correspondentes a diferentes registros linguísticos ou variantes diacrônicas ou diatópicas do alemão.

195 Considera-se que a estratégia de cópia, embora mais reprodutiva que propriamente produtiva, também

acarreta implicações cognitivas relacionadas à compreensão dos insumos linguísticos ofertados ao aluno, uma vez que copiar uma sentença contida num texto significa, primeiramente, ser capaz de localizar a forma adequada e reproduzi-la em outro contexto em que também seja cabível. Na produção linguageira, de forma geral, produção e reprodução se confundem e sobrepõem constantemente, uma vez que parte significativa de nossa produção discursiva consiste na reprodução de formulações integrantes do sistema linguístico que não criamos, mas sim repetimos e empregamos, ainda que sejamos todos co-autores das línguas naturais que falamos e que estão em constante transformação. Quanto à noção de estratégia, baseio-me na definição de Cohen (1990, p. 5, apud ROSA; BASSO, 2010, p. 91), “processos de aprendizagem que são conscientemente selecionados pelo aprendiz”. Fonte citada pela autora: COHEN, A. D. Language learning; insights for learners, teachers, and researchers. Boston: Heinle & Heinle, 1990.

empregados. É relevante, ainda, o conhecimento de expressões idiomáticas e do uso geral da língua, no sentido de saber como se dizem as coisas. O não-domínio dessas questões resulta em frases como “Das ist der Mann, den ich ein Kind habe” (Inf. 1), em vez de “Das ist der Mann, mit dem ich ein Kind habe” (“Este é o homem, do qual/com o qual eu tenho uma criança”). Já uma construção como “Das ist der Mann, den alle geloben” (Inf. 2), incorreta devido à questão da flexão verbal, faltando ainda, ao final da frase, o auxiliar haben para o emprego bem-sucedido do Perfekt (o particípio passado ou Partizip II seria, então, gelobt), apresenta o registro adequado do pronome relativo e a posição correta do verbo, não sendo contabilizada, assim, entre os erros primários. No caso da construção “Das ist der Mann, den ich mich erinnern kann” (Inf. 4), observa-se um erro de valência verbal, sendo que o verbo sich erinnern abre espaço para um complemento preposicionado introduzido por an, que rege o acusativo, caso no qual o pronome indicado pelo estudante se apresenta. Em “In der Sprachenschule, der bei wir lernen, heißt ****” (Inf. 4), observa-se o pronome feminino devidamente declinado no dativo, em indicação de lugar, mas a preposição inadequada (provavelmente por interferência da combinação arbeiten bei), notando-se ainda a inversão da posição canônica preposição + pronome. Questões relativas à declinação de artigos e adjetivos não foram contabilizadas entre os erros que interferem na construção da oração relativa em si (ex.: “Ich rede immer mit meiner Ärztin, der ist die besten in mein[Ø] land”) (Inf. 3).

Dentre os erros que estão diretamente associados à estrutura oração relativa, encontram-se:

1) erros relativos ao paradigma de declinação – gênero, número e/ou caso – do pronome:

(*) a. In der Sprachenschule, in dem wir lernen, die gute Lehrer hat. (Inf. 2) (*) b. Das ist der Mann, den ein großes auto hat. (Inf. 3)

(*) c. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der sie wie ein Schauspilare lauft (1) (*) d. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der ist die besten in mein land. (Inf. 3) (*) e. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der immer um mich gekummert hat. (4) (*) f. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der mein Nachbar auch ist. (Inf. 5) (*) g. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der eine sehr interessante Frau ist. (6)

(*) h. Wir haben drei Kinder, denen an der Porto Seguro Schule besuchen. (4) (*) i. In der Sprachenschule, der **** ist wir lernen, ___________.196 (Inf. 4) (*) j. Margarinien ist ein kleines Land, das Antek Pistole wohnte. (Inf. 3)

Analisando-se os exemplos acima transcritos, observam-se seis ocorrências de troca de gênero do pronome (a, c, d, e, f, g) e três de caso (b, i, j). Não se registra ocorrência de troca de número. No caso das orações c, d, e, f, g, a questão identificada é relativa ao gênero, já que o pronome der foi empregado como nominativo em todas as sentenças, no lugar de die. Na oração „Ich rede immer mit meiner Ärztin, der sie wie ein Schauspilare lauft“ (Inf. 1), o pronome relativo, indicado no exercício, foi ignorado, e um pronome pessoal foi introduzido para assumir a função de sujeito da oração.

2) erros relativos à posição verbal:

(*) a. Ich rede immer mit meiner Ärztin, der ist die besten in mein land. (Inf. 3) (*) b. In der Sprachenschule, der **** ist wir lernen, ___________.(Inf. 3)

Na análise deste quesito, registraram-se apenas dois erros de posição verbal nas orações relativas, cometidos pelo mesmo informante. Pode-se afirmar, assim, que uma das características básicas das orações relativas, enquanto subordinadas, foi satisfatoriamente assimilada pelo grupo de forma geral, a saber, a situação do verbo ao final da frase.