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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Os dados obtidos e seus desdobramentos

4.1.2.5 Balanço dos dados do Grupo B

Observe-se, nas tabelas abaixo, os balanços quantitativos dos resultados obtidos junto a cada atividade:

Tabela 10 – Balanço quantitativo da atividade B, Grupo B

atividade informante total

frases compreens. verbo pos. pron. gen. pron. num. pron. caso pontuação

B 1 4 4 1 1 0 1 n/a 2 4 4 0 0 0 0 n/a 3 4 4 0 0 0 1 n/a 4 5 5 0 0 0 0 n/a 5 4 3 1 0 0 1 n/a 6 5 5 0 3 2 4 n/a

No balanço quantitativo da atividade B, relativo ao grupo B, que nos oferece esta tabela, observa-se a baixa incidência de orações com problemas de compreensibilidade (1 caso, já comentado, em que a oração não pode ser entendida como relativa, a saber, “ich rede immer mit meiner Ärztin, der Kopfschmerzen ich habe”), bem como apenas 2 ocorrências de erros de posição verbal, cometidos por 2 diferentes alunos que construíram as demais frases com o verbo na posição correta. Observa-se, como no caso do grupo A, que o critério caso do pronome relativo foi aquele que apresentou maiores dificuldades aos informantes, atestando, assim, o desafio que alunos brasileiros de ALE encontram no momento de declinar em alemão.

Tabela 11 – Balanço quantitativo da atividade C, Grupo B

atividade informante total

frases compreens. verbo pos. pron. gen. pron. num. pron. caso pontuação

B 1 2 1 0 1 0 1 n/a 2 2 1 0 0 0 0 n/a 3 2 1 0 0 0 0 n/a 4 2 0 0 0 0 0 n/a 5 2 1 0 0 0 0 n/a 6 2 2 0 1 0 2 n/a

A tabela 11 nos mostra que, na atividade C, prevalecem erros de caso do pronome relativo, seguidos dos de gênero. O fator compreensibilidade se viu afetado, excepcionalmente, em todas as frases que denunciam o aparente desconhecimento, por parte de seus autores, do correlato “Roman”. Não fosse esse caso, os resultados provavelmente seriam mais satisfatórios, dada a incidência majoritária de construções compreensíveis em todas as demais atividades.

Tabela 12 – Balanço quantitativo da atividade D, Grupo B

atividade informante total

frases compreens. verbo pos. pron. gen. pron. num. pron. caso pontuação

B 1 5 5 0 2 0 2 0 2 5 5 1 1 0 1 0 3 4 4 0 0 0 0 0 4 5 5 0 1 0 0 0 5 3 3 0 0 0 0 0 6 4 2 0 0 0 2 0

A tabela 11 nos mostra, assim como as anteriores, a maior incidência de problemas de caso do pronome relativo, seguidos de problemas de gênero e a ocorrência de apenas 1 erro de posição verbal. A compreensibilidade de 2 frases elaboradas pelo informante 6 se viu afetada, uma vez que não podem ser compreendidas como relativas de forma inequívoca. Também é notória a assimilação da regra de pontuação envolvida na escrita das orações relativas (seu isolamento por meio de vírgulas).

Observe-se, neste ínterim, a ocorrência de orações relativas no nominativo na atividade D. É notória a prevalência de orações dessa categoria, devido à maior facilidade dos alunos ao mobilizarem esse caso e àsua maior ocorrência na língua alemã (DÜRSCHEID, 1999).

Tabela 13 – Orações relativas no nominativo, Grupo B, Atividade D

Informante Or. relativas construídas Orações no nominativo

1 5 3

2 5 3211

3 4 4

4 5 5

5 5 (212)

Adiante, proceder-se-á à análise de ocorrências de erros intra e interlinguais, assim foi feito no caso do grupo A.

Tabela 14 – Erros intra e interlinguísticos na produção geral do Grupo B

Identificação (Atividade/ Informante/ Frase) Erro analizado Intra/ Inter (IA/IE/ ?) Subtipo

B/1/1 „Das ist der Mann, den suche ich“. IA generalização B/1/2 „Ich rede immer mit meiner Ärztin, der

mir hilft.“ ?

B/1/5 „Margarinien ist ein kleines Land, das

ich wohnte“. ?

B/3/5 „Margarinien ist ein kleines Land, das

meine Tante wohnte“. ?

B/5/1 „Das ist der Mann, den Ich mag nicht“. IA generalização B/5/2 „Ich rede immer mit meiner Ärztin, der

Kopfschmerzen ich habe“.

? B/5/5 „Margarinien ist ein kleines Land, das

Antek wohnte“. ?

B/6/1 „Das ist der Mann, den Deutschkurz

lernt“.

? B/6/2 „Ich rede immer mit meiner Ärztin, der

meinen Freund liebt“. ?

B/6/3 „Wir haben drei Kinder, denen in Schule studieren“.

?

211 Houve uma tentativa de uso do pronome relativo no dativo, porém erroneamente empregado em

posição de sujeito (“... die Bohnen, denen mir schmeckt nicht,...”), constituindo um caso do que Kleppin (1998, p. 33) denominaria supergeneralização (“die Ausweitung einer Kategorie oder Regel auf

Phänomene, auf die sie nicht zutrifft”) – neste caso, manifesta na extensão do uso do dativo, exigido pelo verbo schmecken, aos seus dois complementos obrigatórios, sendo que um deles deve ser nominativo. Na terminologia de Figueiredo, F. (2004), também deparamo-nos com uma generalização.

212 Análise impossibilitada devido à aleatoriedade aparente dos erros e a problemas de compreensibilidade

B/6/4 „In der Sprachenschule, in den wir lernen, ist größer.“

? B/6/5 „Margarinien ist ein kleines Land, den

Antek Pistole wohnte“. ?

C/1/a „Die Geschichte von Antek Pistole ist der Roman, den Besen macht“.

? C/1/b „Zwischen Europa und Asien liegt die

Türkei, das ein klein Land ist.“

IA Erro único C/6/a „Die Geschichte von Antek Pistole ist

der Roman, den aus Margarinien ist“. ? C/6/b „Zwischen Europa und Asien liegt die

Türkei, dem in Süden ist“. ?

D/1/3 „Sie wohnen in der Schweiss, den die

besser Schokolade produziert“. ? D/1/4 „Carolina arbeitet in eine Schokolade

Geschäft, die auch meine Tante arbeitet“.

IA

D/2/2 „Die Bohnen, denen schmeckt mir

schlecht, waren kalt!“

IA Erro único D/4/3 „Ich arbeite bei ein Verlag, das nur

Bücher produziert“. ?

D/6/1 „Ich habe einen Job, den sehr schlecht

ist“. ?

D/6/2 „Ich habe zur meinen Job gefahren, den

Job in Berlin liegt“.

? D/6/3 „Ich fahre bei meinen Auto oder bei

Bus, den ich über die Huberstraße

parke“.

?

D/6/4 „Meinen Kollegen haben sehr iteressantes aktivitätes, denen Sie den

Job lieben“.

?

Nesta tabela, pode-se observar a ocorrência de erros intralinguais que podem ser vistos como únicos, em cuja estrutura se identifica a aplicação de uma hipótese formulada com relação ao funcionamento gramatical da língua-alvo, sem que se observe a influência da língua materna. Para esses casos, pode-se também falar em uma extensão equivocada de uma regra gramatical a um elemento linguístico ao qual ela não se aplica. Tome-se como exemplo a frase „Die Bohnen, denen schmeckt mir schlecht, waren kalt!“. É notório que a regra segundo a qual o verbo “schmecken“ é acompanhado de um objeto no dativo, já comentada anteriormente nesta análise de dados, foi extendida ao pronome relativo, que deveria, ao exercer a função de sujeito, estar no nominativo. No caso da sentença „Zwischen Europa und Asien liegt die Türkei, das ein klein Land ist“, vê-se que o pronome relativo concorda com o predicativo

“Land“ e a idéia de país (Turquia), em vez de concordar gramaticalmente com o correlato feminino (“die Türkei”, nome de país que, em alemão, faz parte de uma lista reduzida de topônimos de gênero feminino e acompanhados obrigatoriamente de artigo). No caso dos demais erros, a grande maioria, repete-se a dubiedade interpretativa que se observou quando da análise dos dados do grupo anterior: relativas preposicionadas perderam a preposição e o que seria um dativo de lugar surge simplificado no nominativo („Margarinien ist ein kleines Land, das ich wohnte” – “Margarínia é um país pequeno que eu morava”), tendência de ampla presença e inclusive dominância no português brasileiro. Porém, pode-se encarar esse mesmo erro sob uma perspectiva intralingual, em um emprego generalizado da forma nominativa “das” devido à falta de memorização das formas e usos dos pronomes relativos nos diferentes casos, gêneros e números. Essa questão foi amplamente discutida no item 3.1.1.4, e as elocubrações ali realizadas quanto aos erros aqui considerados dúbios faz- se válida também nesta parte da análise. Ao intérprete de dados cabe não apenas reconhecer e identificar, mas igualmente atribuir sentidos aos dados, de tal forma que cada análise empreendida por pesquisadores distintos se mostre singular. No caso desta pesquisa, procurou-se deliberadamente abrir espaço para essas duas interpretações desse tipo de erros, uma vez que os dados de que se dispõe não se mostram suficientes para que se afirme, sem lugar a dúvidas, tratar-se exclusivamente de erros intra ou interlinguais.

No caso de „Das ist der Mann, den suche ich“, observa-se um erro intralingual, a saber, a generalização – e extensão – da regra V2 (posicionamento do verbo finito na segunda posição gramatical da frase) ao contexto da oração relativa, resultando em uma formulação que não resguarda semelhanças com a estrutura frasal portuguesa “que eu procuro” (literalmente, “den ich suche”). O mesmo ocorre com „Das ist der Mann, den Ich mag nicht“, onde não se identifica correspondência com a estrutura portuguesa, mas sim uma aplicação deslocada do posicionamento V2 na oração relativa.

Nos demais exemplos, vêem-se várias ocorrências de usos aleatórios e assistemáticos de pronomes relativos, todos tradutíveis como “que” em português (questão sumamente interlinguística), e talvez por isso pouco diferenciados, mas também se observa, no âmbito intralingual, a possibilidade de alternância de membros da mesma classe, provavelmente mal memorizados e ainda desorganizados e

indiferenciados na memória de trabalho dos aprendizes. Trata-se, por exemplo, dos seguintes casos de uso da forma acusativa em posição/função de sujeito:

„Die Geschichte von Antek Pistole ist der Roman, den Besen macht“. (C/1/a) „Die Geschichte von Antek Pistole ist der Roman, den aus Margarinien ist“. (C/6/a)

„Ich habe einen Job, den sehr schlecht ist“.(D/6/1)

„Sie wohnen in der Schweiss, den die besser Schokolade produziert“. (D/1/3) Nos seguintes casos, elaborados pelo informante 6, o dativo surge no lugar do sujeito:

„Wir haben drei Kinder, denen in Schule studieren“. (B/6/3)

„Zwischen Europa und Asien liegt die Türkei, dem in Süden ist“. (C/6/b)

Apesar dessas duas ocorrências de erros de mesmo perfil na produção do informante 6, verifica-se que ele também empregou o acusativo em posição de sujeito, o que corrobora pela conclusão de que essa variedade aleatória no uso dos relativos denota instabilidade da interlíngua e, principalmente, conhecimento não sedimentado e dados não memorizados, uma vez que se alternam irregular e assistematicamente. Prevalecem, portanto, erros dúbios que podem ser ocasionados pela influência do generalizado “que” português, bem como pode ser o caso de alternância de membros da mesma classe ou mesmo de confusão entre termos lexicais semelhantes.

Uma vez desenvolvida a análise dos dados dos dois grupos, proceder-se-á, nas considerações finais que se seguem, à retomada e verificação das perguntas de pesquisa, da hipótese inicial e das hipóteses levantadas durante a interpretação dos dados.