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Atividade de Natureza Científico-Pedagógica Individual

A heterogeneidade da prestação motora constitui uma realidade insofismável no contexto da lecionação de educação física. Compreender essa realidade, caraterizando- a, destacando as suas causas e evidenciando as suas consequências é, de acordo com Fernandes (2014), uma questão essencial para elevar o nível da intervenção dos profissionais com responsabilidades no processo de ensino-aprendizagem desta área disciplinar.

No nosso caso, esta realidade apresentou-se de modo particularmente evidente no momento do primeiro contato com a turma atribuída para lecionação no âmbito do mestrado em educação física no ensino básico e secundário. Até esse momento, a nossa prática de lecionação resumia-se às aulas ministradas a colegas de curso e à intervenção na área do treino com crianças e jovens na modalidade de futebol.

Segundo Barreiros & Neto (s.d.) existem três fatores que influenciam a heterogeneidade da prestação motora:

1. Fatores biológicos, limitadores de aptidões específicas e tendências de desenvolvimento e limites à performance;

2. Fatores socioculturais, orientadores de opções individuais, grupos e de género; 3. As experiências motoras, adquiridas anteriormente quer sejam elas de cariz

organizado e estruturado, de carácter formal ou informal.

A Educação Física e as matérias de ensino que a constituem, dependem fortemente de uma interação dinâmica com o outro, o que pode ser fortemente perturbado pelos diferentes níveis apresentados pelos alunos.

Em concreto, quais eram os elementos caraterizadores da diferença de nível da prestação motora da turma em que assumimos a prática turma? O artigo de Fernandes (2014), dá-nos resposta à questão: “A manifestação da heterogeneidade da prestação motora dos alunos foi mais evidente no grupo taxonómico dos Desportos Coletivos

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(JDC), cujas modalidades são caraterizadas pela relação de cooperação/oposição e por uma forte e constante interação”.

Por outro lado, nos desportos de combate verificamos que a heterogeneidade se manifestava em torno dos seguintes itens:

Diferente recetividade, atitudes e pré disposição para a matéria (entradas sensoriais) Leitura do outro e processo tomada de decisão distintos entre alunos (tratamento central de informação e saídas motoras)

Foi neste quadro de reflexão e comparação, instigada pela realização da avaliação diagnóstica dos nossos atuais alunos, que surgiu a perspetiva de procurar respostas práticas para solucionar as incontornáveis disfunções emergentes da acentuada diferença de prestação motora entre os indivíduos que constituem a turma de lecionação.

7.1.1 Objetivos

7.1.1.1 Objetivo Geral

O estudo realizado comparou, no espaço de uma turma, as consequências da adoção de diferentes estratégias para lidar com a heterogeneidade em grupos taxonómicos diferentes.

7.1.1.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos consistiam em testar diferentes respostas para a problemática da heterogeneidade da prestação motora

- As que se baseiam nessa heterogeneidade e promovem-na como elemento catalisador do processo de ensino-aprendizagem;

- As que procuram diferenciar esse processo, promovendo exercícios e atividades em que os alunos surgem organizados por grupos de nível.

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7.1.2 Operacionalização

Para a realização deste estudo recorremos à gravação das situações em contexto de aula. Foram entregues aos alunos pedidos de autorização dos encarregados de educação, na qual se elucidava o fundamento para a realização da gravação. Os vídeos depois de concluídos foram cuidadosamente analisados e retiradas as respetivas conclusões. A aula foi configurada de maneira a proceder ao registo das seguintes situações:

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7.1.3 Reflexão

O trabalho de estudo e busca de soluções para a problemática da heterogeneidade da prestação motora dos alunos deu forma à Ação científico-pedagógica de responsabilidade individual que fazia parte do plano de estágio.

Essa atividade realizou-se a 27 de fevereiro de 2014, no período previsto para a reunião semanal de GD, contando com a participação de 32 elementos. A intervenção durou 70 minutos repartidos pelos dois professores estagiários (aproximadamente 35 minutos a cada um).

Cumpriram-se as tarefas afetas a este item, sendo produzido um poster (Anexo L) e um artigo contendo o essencial dos conteúdos abordados, os quais foram apresentados em seminário organizado pelo Departamento de Educação Física e Desporto da UMa. O surgimento da temática ocorreu da lecionação das aulas de Educação Física mais precisamente durante a avaliação diagnostica onde apuramos uma diferença acentuada no desempenho dos alunos. Desta maneira, o estudo sobre esta problemática visava o cumprimento das tarefas estipuladas no documento orientador de avaliação para os professores estagiários e privilegiou novas aprendizagens por parte dos estagiários na forma de atuação no processo de E-A dos alunos.

De forma a potenciar a gestão do tempo necessário para realizar a ação e aprofundar o tema na medida possível para extrair conclusões passiveis de serem utilizadas no imediato, organizamos a ação de maneira que a professora Inês Fernandes, aprofundasse uma parte mais conceptual da problemática com o tema “Compreender a problemática da heterogeneidade da prestação motora para elevar o nível de intervenção profissional”, cabendo-nos abordar as

problemática da heterogeneidade: Exemplos ao nível dos Desportos Coletivos e dos Desportos de Combate”, num registo de cariz mais prático onde foram empregues exercícios aos alunos, registando-os em vídeo, analisando e retirando as respetivas conclusões.

As ações previstas dos estagiários decorreram de forma positiva, havendo uma boa participação de todos os presentes, com debate sobre os conteúdos apresentados. No

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entanto parece-nos que em momentos da apresentação havia alguns conceitos com necessidade de uma melhor clarificação.

O tema revelou-se pertinente acrescentando novos conhecimentos aos presentes e facultando-lhes de novas estratégias de intervenção em turmas heterogéneas. No final da intervenção, foram muitos os colegas que endereçaram felicitações aos estagiários. Em termos pessoais considero que a ação decorreu muito bem, superando as expectativas iniciais. A consolidação da intervenção ficou alicerçada, através de uma argumentação bem fundamentada apresentada no período de debate, durante o qual foi possível sustentar as razões que deram origem à abordagem, o desenvolvimento teórico e aplicado desenvolvido, bem como as perspetivas de intervenção possíveis e as defendidas pessoalmente.

Registe-se, por fim, o facto de não se ter procedido à elaboração e aplicação de um questionário, que tivesse por objetivo aferir, de forma mais concreta, a opinião dos presentes sobre os conteúdos a abordados e identificando aspetos que poderiam ter sido melhor realizados.

Esta circunstância, sem comprometer a ideia recolhida de que os objetivos da ação foram completamente alcançados e que os participantes ficaram satisfeitos com a mesma, não permitiu um registo mais preciso dessa situação.

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