• Nenhum resultado encontrado

A gestão das situações de aula encontra-se irremediavelmente associadas a três pontos fundamentais que, segundo Arends (1995), citado por Costa (2013, p. 21), estão associados à gestão preventiva da sala de aula, à gestão de comportamentos desviantes e perturbadores, e à exibição de confiança e exercício de influência.

As aula de EF foram lecionadas em dois blocos de 90 minutos, com a orientação do grupo disciplinar para que terminassem dez minutos antes do horário previsto, para proporcionar aos alunos tempo necessário para realizarem a troca de roupa e respetivo banho.

Neste sentido desenvolvemos algumas estratégias de implementação de rotinas com o objetivo de otimizar-mos o tempo efetivo de aula, iniciando-a sempre dentro do horário previsto, reduzindo ao máximo o tempo perdido em transições. O PDA foi uma ferramenta fundamental no auxílio a esta gestão, pois possibilitou a formação antecipada de grupos de trabalho e possível previsão de situações com conduziam a comportamentos desviantes.

A organização da aula é considerada por Fernando e Lopes (2011) como uma função de ensino que congrega todas as intervenções do docente no sentido de regular a participação dos alunos em aula.

Implementamos no início do ano letivo, uma distribuição de tarefas em que dois alunos, seguindo a lista nominal da turma, tinham a responsabilidade de realizar o levantamento/entrega do material requisitado pelo docente. Esta estratégia mostrou-se de extrema importância, pois para além de solicitar comportamentos nos nossos alunos de responsabilidade e autonomia, facilitaram o início atempado das aulas.

Uma tendência igualmente para facilitar o ambiente de aula, foi a deteção de alguns elementos que apresentavam de forma sistemática comportamentos desviantes e

72

perturbadores. Com o decorrer das aulas e algumas vezes recorrendo a caraterização da turma efetuada por nós, tentamos compreender o porquê desses comportamentos.

A maioria dos alunos assinalados, eram alunos com fraco aproveitamento escolar na grande maioria das disciplinas, mas que exerciam grande influência sobre a turma. Ora, a estratégia assentou nessa forte influência sobre a turma, tentando ajustar os seus comportamentos em favorecimento do ambiente de aula. A estes alunos foi solicitado ao longo do ano, o desempenho de funções (habitualmente de auxílio ao docente na montagem e desmontagem de material, na exemplificação de exercícios, no controle e contagem de presenças) que lhes atribuíam algum grau de importância sobre a turma, o que se traduziu numa melhoria significativa do comportamento destes e por consequência no comportamento da turma.

Na organização de material, as aulas de ginástica de solo e desportos de combate devido à necessidade de montagem e desmontagem de colchões, exigia a colaboração de todos o que na maioria das vezes foi conseguido.

Relativamente aos espaços de aula atribuídos deparamo-nos com algumas dificuldades em situações de aula de dança. Os espaços atribuídos para o presente ano letivo não eram os mais favoráveis, pois eram espaços partilhados por outras turmas, o que provocava nos alunos alguma timidez, muitas vezes conduzindo-os a um não aproveitamento da aula. Para colmatar esta situação recorremos, ao uso de separadores conferindo ao espaço de aula uma maior conforto para os alunos e ambiente mais estável.

As aulas foram geridas sempre tendo em conta uma participação considerável de todos os alunos, potenciando sempre o tempo de empenhamento motor. Para que tal sucedesse foi necessário um equilibro entre o número de intervenções a realizar, que por norma funcionou com a aplicação de intervenções organizativas direcionadas para a turma em geral, enquanto as intervenções centradas nos alunos eram realizadas de forma individualizada, sem interromper a restante tarefa através de “feedbacks”.

Estes “feedbacks” tinham como principal foco, uma informação de retorno ao alunos sobre a sua prestação motora, tentando orientar o comportamento cognitivo e motor, para a superação das tarefas com o êxito pretendido.

73

O facto de querermos muitas vezes conduzir os alunos através de um estilo de ensino assente numa descoberta guiada, através de alguns “feedbacks” interrogativos, originou em alguns casos uma informação pouco especifica, o que originava a uma aprendizagem mais ténue. Contudo achamos que a compreensão dos alunos através deste estilo, direciona-os a ganhos de aprendizagens mais duradouros e estáveis.

A tendência foi claramente, desde inicio prevalecer as intervenções positivas de aprovação o que resultou ao longo do ano letivo num relacionamento professor/aluno muito construtivo. Prova disso, e provavelmente o melhor controlo de qualidade das aulas, foi a presença assídua dos alunos para as aulas.

O resultante das dificuldades iniciais encontradas com a heterogeneidade da resposta motora dos nossos alunos, conduziu-nos na procura de soluções. Este consideramos ser o verdadeiro sucesso das nossas aulas, pois desta forma foi possível flexibilizar objetivos, respeitar diferentes ritmos de aprendizagem encaminhando os alunos para a obtenção do êxito pessoal e grupal, através da aquisição de novas aprendizagens.

As estratégias em que baseamos o nosso comportamento, foi a criação de grupos homogéneos de trabalho, com o uso de constrangimentos de maneira a condicionar o comportamento dos alunos às transformações que pretendíamos que fossem induzidas pelos nossos alunos.

Esses constrangimentos tinham aplicação nos objetivos do jogo, dimensão do espaço de jogo, número de intervenientes e nas ações técnico-táticas. Através destes era possível manipular variáveis como a velocidade e o espaço no sentido de aumentar ou diminuir a complexidade das ações nas tarefas propostas.