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Compreender a atividade jurisdicional de qualquer vara cível é fundamental para se compreender o andamento dos processos, a ter por vista o tempo de sua tramitação. É cediço, que além da atividade judicante, propriamente dita, existem inúmeros, outros, atos que são essenciais ao andamento do processo, e que, muitas vezes não são reconhecidos. A expedição de mandados, a juntada de documentos, a remessa dos autos, a realização dos cálculos, a designação de audiências, a degravação das audiências, etc., inúmeros atos que são realizados e que demandam um tempo e que muitas vezes não são observados pelos operadores do sistema.

Nesse contexto, a doutrina, tem se debruçado no sentido de que o magistrado deve assumir uma postura de líder, a fim de liderar a equipe e fazer o cartório trabalhar, e para, além disso, ter ânimo para tal. A esse respeito José Luiz Leal Vieira (2009, p. 18):

Dentro dessa perspectiva, a maioria dos juízes da primeira instância acostumou-se com a idéia de que sua atribuição consistia apenas em despachar, presidir audiências e julgar processos afetos à sua Comarca ou Vara. A administração judiciária sempre foi tratada com certa reserva e discrição na Magistratura. Aliás, essa a característica principal do velho paradigma do juiz, que não assumia sua face de gestor, atividade-meio da prestação jurisdicional. O perfil desse magistrado era de alguém que não interagia com a comunidade em que estava inserido. Mantinha uma relação de total distanciamento dos servidores que integravam o seu cartório, os quais mantinham verdadeiro sentimento de medo de sua figura. A única preocupação era com a correção dos despachos que proferia nos processos, com a técnica das sentenças que prolatava e com o cuidado que tinha de manter na condução de suas audiências.

O juiz, portanto tem deixado de ser uma figura que só se pronuncia nos autos, distante, portanto, das partes e dos funcionários do cartório, para ser alguém mais próximo e responsável por liderar a equipe. Se apresenta, assim, um novo modelo de juiz. O juiz administrador;

[...] que não se limita às suas atribuições jurisdicionais, mas exerce seu papel de gestor de sua unidade jurisdicional. Esse perfil de juiz não olvida que possui uma equipe de servidores que, juntamente com ele, formam a sua unidade jurisdicional. E que é fundamental que essa equipe seja eficientemente administrada. (VIEIRA, 2009, p. 27).

Portanto, é essencial para um bom andamento funcional das atividades cartorárias que haja um juiz preocupado com o funcionamento e andamento das atividades.

A vista disso existem estudos consagrados de que o juiz, deixou de ser uma figura “encastelada no seu gabinete” (VEIRA, 2009 p. 19), passando a um modelo de juiz gestor.

José Luiz Leal Vieira (2009, p. 20), citando Dalmo de Abreu Dallari (2002), assevera que:

Para que o Poder Judiciário cumpra seu papel institucional, contribuindo para a harmonização rápida e justa dos conflitos individuais e sociais sobre direitos, impõe-se a reforma e modernização de equipamentos e métodos. É imprescindível que sejam eliminadas práticas burocráticas antigas, só mantidas pela força da inércia, racionalizando-se os procedimentos e simplificando-

se o que for possível simplificar sem prejuízo da qualidade dos resultados.

Nesse contexto é possível sustentar a tese de que o magistrado tem deixado de ser meramente um “prolator” de decisões e tem se transformado em um gestor, que se preocupa com o andamento dos processos e com a entrega da prestação da tutela jurisdicional às partes.

Nesse sentido, a Terceira Vara Cível da Comarca de Ijuí apresenta, atualmente, em trâmite 6.399 (seis mil trezentos e noventa e nove) processos, conforme mapa de janeiro a dezembro de 2011. Desses 2.191 são processos de conhecimento e que, portanto, exigem dilação probatória.

Observa-se no gráfico, que o número de processos de conhecimento, é significativamente maior do que processos de execução:

Número de Processos em Trâmite na Terceira Vara Cível da Comarca de Ijuí

Sinala-se que no ano de 2011, na terceira vara cível foram iniciados 2.983 (dois mil novecentos e oitenta e três) processos e extintos foram 2836. Observa-se, assim, que o número de processos iniciados é superior ao número de processos terminados.

Além do número de processos iniciados ser maior do que o número de processos terminados, a terceira vara cível ainda possui 6.169 (seis mil cento e sessenta e nove) processos vindos do ano anterior, ou seja, passam para serem julgados, em 2012, 6.316 (seis mil trezentos e dezesseis) processos.

Interessante é verificar que os processos de execução fiscal são os grandes responsáveis, pelo número de demandas distribuídas a 3ª Vara Cível. Observa-se que vieram de 2010 para serem “julgados” em 2011, 1.595 (mil quinhentos e noventa e cinco) processos, sendo que iniciados foram 338 (trezentos e trinta e oito) e extintos 414, passando ao ano de 2012, 1.519 processos.

Sinala-se que dentre as 1055 sentenças proferidas no ano de 2011, sejam elas meramente homologatórias ou não, foram interpostas 836 apelações das decisões, ou seja, quase 80% das sentenças proferidas foram apeladas. Esse dado demonstra que as sentenças, em sua grande maioria, são recorridas.

Ainda é preciso referir que entre janeiro de 2011 à dezembro de 2011 a terceira vara cível realizou 667 audiências. Nestas foram ouvidas, 614 pessoas, tendo sido proferidas 197 sentenças em audiência.

É possível notar, que a atividade jurisdicional em primeiro grau não limita- se ao ato de julgar os processos. Existem inúmeras atividades que são desenvolvidas pelos serventuários, juízes e partes, que são essenciais para o deslinde do feito, a exemplo, da produção de provas, expedição de mandados etc.

Não há dúvida, que com o recebimento da ação pelo julgador, existem, uma série de atos, até que o mesmo possa prolatar a sentença, sendo, essencial a atividade dos funcionários do cartório para o andamento do processo.

3.2 Fatores que implicam no tempo da tramitação do processo na terceira vara

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