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Atividade realizada pela aluna LA (12-11-2009)

Conforme apresentamos na foto 78 acima, as gravuras estão relacionadas pelo fato de serem escritas com a letra N depois de vogal. Dessa forma, a Professora Referência 2 pretendia ensinar convenções que regulam as relações fonemas e grafemas, envolvendo, neste caso, a letra N. Antes de entregar a atividade, a Professora Referência 2 explicou:

[...]

PR. 2: (...) a gente só vai fazer esse sonzinho aqui oh... sem::::: quando ele não tiver a vogalzinha ... aqui oh... não tem... aqui... oh Gab... en:::: não tem a vogalzinha aqui oh... pra acompanhar o ene (faz isso mostrando palavras do texto “Sem Barra” que está no cartaz) can::ta se tivesse a vogalzinha aqui GAB aí não iria ser can:: eu falava... can:: na se tivesse um a... entendeu?... como não tem a vogal... eu (...)

[ ISA: igual caneta

PR. 2: é mesma coisa que caneta... aqui oh.... boa lembrança ISA... oh.... GAB... a palavrinha aqui oh... ca-ne-ta (...) eu não posso ler assim oh... can::e-ta... não... por quê? porque o ene tem o companheiro dele... a vogalzinha.... então eu vou ler ca-ne... eu vou ler o ne... a mesma coisa é aqui oh... GAB... u... se tivesse o u aqui sozinho.... se o eme não tivesse o a aqui ele iria ler como? Crianças: um

PR. 2: mas como o a. então eu vou ler... u:::ma... entendeu GAB?. [...]

Nesse primeiro recorte, percebemos que a Professora Referência 2 explicava a nasalização da vogal precedente às letras M e N. Para isso, ela utilizou como exemplo algumas palavras do poema “Sem Barra”, de José Paes, escrito em um cartaz e, também, o exemplo dado pela aluna ISA. Na sequência, a professora explicou que havia trazido uma atividade para trabalhar o “sonzinho an”, mas, ao fazer isso, percebeu que as palavras seriam todas escritas apenas com a letra N para representar esse som:

[...]

PR. 2: e aí eu trouxe (...) eu trouxe... eu trouxe a atividadi-zinha que tem os desenhos que tem esse sonzinho... an.... só que eu acho que são todas com ene tá? Quais... eu já falei pra vocês... quais são as situações que a gente usa o eme?

THA: pê e o bê [

PR. 2: antes do pê... e o bê e outra situação? no fi-nal:::... com... sem... tem... bem...

Antes de as crianças começarem a realizar a atividade, a professora percebeu a necessidade de nomear as figuras, de modo que ficasse claro para elas o nome de cada uma. Logo na primeira figura, a professora procurou saber se as crianças sabiam o que era âncora:

[...]

PR. 2: desenho ÂN-co-ra...vocês sabem o que é uma âncora? JO. G.: é um negócio que põe no na-vio::

[

THA: âncora é um negócio que nóis bota no navio pro navio ficar é... [

MAR. D: parado [ THA: parado

PR. 2: é um componente que faz parte do navio... da lancha... do barco... [

PE. H: tia::: eu já vi uma âncora

THAI: meu pai... meu pai... meu pai... tia:: meu pai... trabalha lá na fabrica de celulose né?... lá na megatur ele pega os (povo) e leva pra lá pra ajudá a descarregá as carga... aí eu já fui lá dentro com papai né? de... (focus) o cara leva gente e volta (...)

PR. 2: ta... então serve (...) [

THAI: aí eu vi lá dentro da água (...) [

PR. 2: serve pra SE-gu-rar:::: as embarcações no fundo do mar (EVENTO 123 - 12/11/2009).

O diálogo iniciado pela Professora Referência 2 sobre o sentido da palavra “âncora” suscitou nas crianças participantes do diálogo uma atitude ativa e responsiva, pois, ao relacionarem a palavra âncora a suas vivências, a palavra deixou de ser apenas uma unidade da língua para se tornar um enunciado pleno, carregado de sentidos. Assim, JO.G disse que âncora é um negócio que põe no navio; MAR. D completou dizendo que serve para deixar o navio parado, e THAI relatou sua vivência (imaginária ou real) de ter visitado o Porto da Barra do Riacho – Aracruz e ter visto uma âncora no fundo mar.

Para finalizar, a professora continuou nomeando as gravuras e falando os sons das letras exatamente como se estivesse escrevendo. Sua intenção era fazer com que as crianças percebessem cada som das letras que compõem as palavras que deveriam ser escritas. Desse modo, como já mencionamos, essa atividade privilegiava a dimensão das relações entre sons e letras, e, por meio dela, a Professora Referência 2 tentou mostrar como os sons [n] e [m] produzem a nasalização da vogal precedente, mostrando também quando usamos a letra m ou a letra n. Porém, a possibilidade de uso da letra m foi brevemente mencionada.

Na sala de aula da Escola C, também era muito comum as crianças escreverem palavras para realizarem atividades relacionadas a textos estudados. Assim sendo, apresentaremos, agora, um recorte de uma sequência de atividades na qual a Professora Referência 2 tomou o poema “Sem barra”, de José Paulo Paes, para trabalhar a leitura, a escrita de palavras e alguns conhecimentos relacionados ao sistema de escrita. Essa sequência foi trabalhada durante três aulas, tendo sido as atividades assim distribuídas:

1ª aula: - Leitura das fábulas de Esopo e La Fontaine do livro de poesias Olha o bicho, de José Paulo Paes.

- Leitura de cartaz com a poesia “Sem Barra”, de José Paulo Paes. - Escrita de uma estrofe com base em palavras que rimavam na poesia.

2ª aula: - Interpretação do texto e cruzadinha relacionada à poesia.

3ª aula: - Escrita de texto de memória em dupla.

- Atividade mimeografada relacionada a palavras encontradas na poesia “Sem Barra”.

Considerando que nossa pesquisa foi realizada, na sala de aula da Escola C, durante o segundo semestre do ano letivo de 2009, constatamos que essa sequência estava em consonância com os conteúdos previstos no plano anual para serem trabalhados nesse período, nos eixos da leitura e linguagem escrita. São eles:

- participação nas situações em que os adultos lêem textos de diferentes gêneros como poemas, informativos, curiosidades, listas, letras musicais, lendas, etc., explorando de forma contextualizada o sistema alfabético e as características de cada gênero textual;

- uso de elementos constituintes dos textos poéticos: rimas, versos, estrofes, etc;

- reconhecimento de letras e palavras e/ou frases;

- prática de escrita espontânea, utilizando conhecimento de que dispõe, no momento, sobre o sistema de escrita da língua materna (listas, cruzadas, textos de memória, etc.);

- identificação e reconhecimento dos processos de formação de palavras e/ou frases e seus significados [...] (SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE ARACRUZ, 2006b, p. 11).

Nesse sentido, toda a sequência de atividades, inclusive a atividade que vamos analisar, atende, em grande parte, ao escrito no primeiro item das orientações, ou seja, trabalhar o sistema alfabético de “forma contextualizada”.

A foto 79 retrata um conjunto atividades em que as crianças deveriam encontrar palavras no caça-palavras e copiar, organizar sílabas e formar palavras e, por último, formar frases com palavras-chave retiradas do texto intitulado Sem barra, que

havia sido lido por elas e pela professora. Se considerarmos o que orienta o plano anual, esse conjunto de atividades trabalha o sistema alfabético de forma contextualizada.

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